The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 20
Epílogo – Damon’s POV.




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Epílogo – Damon’s POV.

Eu sabia que ela ainda estava acordada, e também que não iria querer conversar. Por isso fechei meus olhos e fiquei em silêncio, atento aos mínimos movimentos dela.

Ainda me lembro da noite em que eu me transformei. Não é fácil. Seu corpo inteiro está passando por alterações. Você vê, ouve, sente coisas que nunca vira, ouvira ou sentira. Seus sentimentos são multiplicados por mil, ou até mais, deixando sua mente numa confusão frenética. Isso sem mencionar a sede insistente, que, sinto muito informar, não melhora nem um pouco ao longo dos anos.

Aquela noite tinha sido longa. Pelo menos agora Nicholas estava morto e bem escondido no bosque. Nunca mais iria fazer mal a Elena. Fiz questão de enterrar a cabeça daquele imbecil longe de seu corpo, não segurando uma risadinha sarcástica enquanto o fazia.

Ingênuo. Mais um que caíra na conversa de Katherine. Se ela realmente passara todos aqueles anos ao lado do tal do Harris, algum interesse nisso ela tinha, sobre isso não restavam dúvidas. A Srta. Pierce nunca amara ninguém além de si mesma durante toda sua existência. E eu morrera tentando salvá-la...

Mas isso não importava. Havia coisas mais urgentes naquele momento, como a transformação de Elena. Eu precisava cuidar de alguns detalhes. Para começar, esperava que a bruxinha Bennett soubesse usar seus poderes para algo diferente do que me causar aneurismas, e ajudasse Elena a andar no sol. Já pensara em tudo: pretendia me valer do colar que ela sempre usava e que não chamaria nenhuma atenção em especial.

Depois, ela ainda precisava entrar em casa, mas esse não era um problema sério. Eu podia controlar facilmente a mente de sua tia.

Por algum motivo minha mente desviou-se até meu irmão mais novo, Stefan. Onde ele estaria agora? Longe daqui, eu presumi... Algo me dizia que ele não iria voltar. Ao contrário do que se possa pensar, a ideia não me agradava muito. Stefan era meu irmão, afinal de contas, e havíamos passado todos aqueles anos juntos. E ele tinha todo o direito de me culpar, claro. Mas o que eu poderia fazer? Olhe para Elena! Ela é tão... ela.

Argh... Isso soa tão idiota. E apaixonado.

Respirei fundo e inalei aquele cheiro característico dela. Elena cheirava a jasmins, canela... e mais alguma coisa indecifrável. Sem falar no gosto do sangue dela. Gosto que eu não iria mais sentir.

Elena era uma vampira agora... Não era algo que eu tivesse imaginado. Na minha mente ela sempre seria aquela humana frágil e constantemente metida em confusão. O fato de ela ter passado pela transformação elevava tudo a um novo nível. A eternidade.

Isso me assustava um pouco. Sim, Damon Salvatore também sabe sentir medo. Tudo estava bem agora, pelo menos aparentemente. Mas e se meu palpite se tornasse realidade? E se Stefan não voltasse? Como Elena reagiria? O que o tempo faria conosco?

Apertei-a entre meus braços e foquei-me em coisas mais agradáveis. Lembrei dela na floresta, a boca cheia do sangue daquele homem. Eu nunca a achara tão sexy, e olha que eu já a vira em muitos momentos propícios a isso. Mas alguma coisa me dizia que ela não iria levar aquilo adiante. Eu quero dizer, alimentar-se de humanos. Se eu bem conhecia Elena, ela tinha alguns pontos em comum com meu irmãozinho. Só esperava que ela não adotasse o vegetarianismo dele.

Mexi meu pescoço levemente. Não doía mais, o que era sinal de que as mordidas daquele idiota estavam curadas. E ele achando que iria arrancar meu coração fora. Imbecil...

Entre todos aqueles pensamentos, caí no sono, exausto. O dia seguinte seria comprido.

Virei a cabeça e pude visualizar Elena deitada de frente para mim, abraçada no seu travesseiro. Ela ainda parecia aquela frágil humana. Sua respiração era lenta, compassada, e eu não tive dúvidas de que ela dormia. Sem querer acordá-la, levantei silenciosamente e me vesti. Peguei o colar e o celular dela de cima do criado-mudo e desci até a cozinha, tirando uma bolsa de sangue da geladeira e não me preocupando em usar um copo. Disquei o número de Bonnie enquanto olhava o relógio. Era hora do intervalo.

Ela não demorou a atender.

- Elena! Fiquei preocupada com você, nã...

- Ei, bruxinha. Elena está bem. – interrompi sem muita paciência.

- Damon, o que você está fazendo com o celular de Elena? – o tom dela mudou imediatamente, e eu ri em voz baixa. Como gosta de julgar.

- Eu preciso que você venha até aqui agora. Elena está dormindo ainda, mas eu preciso da sua ajuda. Elena precisa. – enfatizei a última frase, certo de que isso a convenceria. – Traga o grimório. Você tem dez minutos.

Desliguei antes que ela pudesse responder e bebi mais um pouco de sangue. Depois abri o colar de Elena com cuidado, deixando com que a verbena caísse direto dentro do lixo. Oito minutos depois, ouvi um carro estacionando em frente à casa. Abri a porta antes que a Bennett pudesse tocar a campainha e despertar Elena.

- O que você fez com ela? – foi a primeira coisa que ela disse ao bater a porta no carro e marchar na minha direção. Abri um sorriso irônico e me apoiei no batente da porta, bloqueando a entrada.

- Sabe aquele vampiro que estava atacando Mystic Falls? Nicholas Harris. O idiota queria vingar-se pela morte de Katherine. Aquela vadia incomoda até morta. – revirei os olhos. – De qualquer forma, o corpo dele está em um lado da cidade e a cabeça do outro. Mas, antes que pudéssemos acabar com ele, o idiota quebrou o pescoço de Elena.

Como esperado, eu vi a garota em minha frente ofegar, a mão cobrindo a boca. Fiz um gesto de pouco caso com a mão, continuando minha história.

- Por sorte ela estava com bastante do meu sangue no seu sistema, e acordou um tempo depois. O que significa que agora você tem uma melhor amiga vampira. – completei com um sorriso fingidamente cordial.

Pela expressão que ela demonstrou eu fiquei em dúvida sobre qual das duas notícias ela achava pior: a morte de Elena ou o fato de ela ser agora como eu.

- Eu quero falar com Stefan. – ela balbuciou depois de alguns segundos, me fazendo balançar a cabeça.

- Resposta errada. – sorri de canto e ela me fuzilou com os olhos. – Eu lhe chamei aqui pois precisamos de você. – ergui a mão esperando que o meu enorme anel chamasse sua atenção. Ela olhou-o, mas pareceu não entender. – Preciso que você faça o mesmo feitiço presente nesse anel e possibilite Elena de andar durante o dia.

- Eu não acredito em você, preciso ver com os meus próprios olhos. – ela ergueu o queixo e cruzou os braços.

- Elena está dormindo depois de uma noite complicada para ela. E eu preciso que você resolva isso logo. – disse com firmeza, a expressão séria agora.

- Eu quero falar com Stefan. – ela repetiu e me fez bufar de irritação.

- Eu já falei que Stefan não está! É tão difícil de compreender?

Bonnie calou-se por um tempo. Os seus olhos estavam fixos em algum ponto do meu ombro, mas eu tinha certeza que ela não prestava atenção nele.

- Deixe seus julgamentos de lado por um tempo, bruxa. Elena é sua melhor amiga. – eu disse com veemência e ainda com um pouco de irritação.

- Elena... Vampira? – ela perguntou rouca, ligeiramente gaguejante. Eu bufei claramente impaciente.

- Sim, você ouviu muito bem. Se não fosse assim, ela estaria morta agora. É isso que você prefere? – Bonnie hesitou, mas com certeza não era devido ao meu tom firme.

Foi então que eu ouvi um ranger de madeira muito baixo, vindo da direção da escada. Na mesma hora soube que era Elena. Depois de alguns segundos, sentindo seu cheiro cada vez mais próximo, dei um passo para o lado, deixando-a visível para Bennett. A dela boca abriu-se ligeiramente ao ver Elena, numa mistura de sentimentos.

Alguns segundos tensos se passaram, enquanto elas encaravam-se fixamente. Naquele instante eu tive certeza de que ela nos ajudaria. Então eu vi os olhos de Elena encherem-se de lágrimas quando sua amiga atravessou a entrada da casa e se jogou nos seus braços. Eu sabia muito bem que aquilo significava problema.

Eu pude sentir a tensão no ar e notei as presas aparentes de Elena, as veias sob os olhos escurecendo-se também. Ela me encarou por cima do ombro de Bonnie, e eu fiz menção de me aproximar delas. Elena nunca se perdoaria se machucasse a melhor amiga, e eu não queria que isso acontecesse.

Ela cobriu a boca com as mãos e se afastou lentamente da bruxa, que respirou fundo, mantendo a calma enquanto encarava a sua nova melhor amiga.

Observei Elena respirando fundo e então sua expressão voltando ao normal. Não segurei um sorriso orgulhoso, vendo-a esboçar um também.

- Então... Você vai nos ajudar? - perguntei bem sério, interrompendo o momento das duas.

Ela me olhou sem entender. Bonnie, porém, virou-se e confirmou com convicção.

- Elena é minha melhor amiga. Não importa o que ela seja.

- Boa escolha, bruxinha. – disse com um sorriso e ela revirou os olhos.

Ergui a mão e deixei cair de dentro dela o colar de Elena, pendurado no meu dedo indicador. Ela me olhou confusa, mas continuei sorrindo de canto.

- Você quer poder andar no sol, não quer?

Todo o rosto dela iluminou-se enquanto a compreensão a atingia.

Bonnie pegou o colar e colocou-o na mesa de jantar enquanto eu fechava a porta. Elena sentou-se numa cadeira e eu parei logo atrás dela, apoiando a mão em um de seus ombros.

Ela tirou o grimório pesado de dentro da bolsa e depois passou os dedos pelas páginas rapidamente. Não demorou a achar o que procurava, e então ergueu a mão sobre o colar, fechando os olhos. Fiquei observando enquanto a bruxinha sussurrava algumas palavras que não faziam o mínimo sentido para mim. Depois de alguns segundos ela tornou a abrir os olhos e entregou o colar a Elena.

- Só isso? – perguntei com a sobrancelha erguida, um tanto desconfiado. Bonnie revirou os olhos para mim, mas não prestei atenção. Tirei o colar da mão de Elena enquanto largava o meu pesado anel na mesa. – Eu vou testar primeiro.

Ela segurou meu pulso, impedindo-me de me afastar. Ela era quase tão forte quanto eu agora, e pude notar nos olhos dela que aquilo a desconcertava. Abri a boca para retrucar e ela me olhou com aquela expressão teimosa bem típica. Essa garota sempre consegue o que quer. Balancei a cabeça e coloquei o colar ao redor do pescoço dela, afastando seus cabelos para conseguir fechá-lo.

Elena levantou-se foi até a janela. Estava pronto para mandá-la ir com cautela quando ela abriu com força as cortinas. Por um segundo eu me encolhi de receio, mas o sol forte que entrou pelas vidraças apenas iluminou o rosto dela.

- Obrigada... – ela disse para Bonnie, que sorriu um pouco e fez um gesto com a cabeça, indicando para Elena deixar para lá.

- É você. – ela disse simplesmente, antes de recolher o grimório e ir até a porta. – Qualquer coisa que precisar, Elena, você já sabe. – ela confirmou com a cabeça e Bonnie então saiu pela porta, não sem antes fazer um sinal com as mãos, indicando que Elena ligasse para ela.

Mais tarde levei Elena para casa. Entrei pelos fundos, controlei a mente de Jenna muito facilmente e fiz com que ela convidasse a sobrinha a entrar. Um problema a menos. Também fiz com que ela ligasse para a Xerife e inventasse uma desculpa qualquer, pedindo desculpas por ter mobilizado a polícia atrás de Elena. E a poupei de um bom sermão, devo acrescentar.

Prometi que voltaria e deixei-a sozinha um pouco. Tinha certeza de que ela tinha muito no que pensar. Fui até o Mystic Grill e arranjei uma mulher para me alimentar. Levei-a para os fundos do bar, não precisei de mais de alguns minutos e então apaguei sua memória.

Voltei para casa e tomei um bom banho na minha antiga banheira. A água quente liberava um vapor que tomou conta de todo o banheiro. Perdi a conta de quanto tempo fiquei ali, de olhos fechados.

Perguntei-me onde estava meu irmãozinho.

Está aí uma resposta que nem a eternidade me daria.

Mantive minha palavra e, algumas horas depois, apareci na janela de Elena. Fui até sua cama, onde ela estava deitada, e me ajeitei ao seu lado, beijando-a brevemente.

- Presumo que esteja com fome... – sussurrei contra a boca dela, e ela confirmou com a cabeça. - Vai ficar tudo bem... – voltei a sussurrar, ao notar a apreensão no rosto dela. Eu imaginava a confusão que ela estava sentindo.  – Desde que você se mantenha bem alimentada, você não vai fazer mal a quem não quer. – disse com convicção, tentando convencê-la.

Alguma coisa na expressão dela me avisou de que eu não gostaria do que estava por vir. Ela estava hesitando.

- Eu estava pensando em... caçar algum... animal. – ela falou com a voz fraca. Revirei os olhos. Stefan não estava por perto, mas a presença dele ainda estava lá. A chatice dele.

- Posso levar você, Elena, mas garanto que você não vai gostar. – eu sabia que tinha soado frio, mas não me importei naquele momento.

- Eu não quero machucar ninguém, Damon... – ela sussurrou enquanto alisava minha bochecha dele.  Encarei-a por alguns segundos, sem sorrir. Minha voz soou sombria quando eu falei.

- Não dá para fugir de quem você é agora.

Sua natureza é matar, eu completei internamente. Ela abriu a boca para retrucar, mas logo tornou a fechá-la. Mesmo assim, eu sabia o que ela tinha pensado. Meu irmãozinho conseguia. Mártir imbecil.

Levantei da cama e me afastei na direção da janela, apontando para ela e chamando Elena com a cabeça. Ela vestiu os tênis enquanto eu me perdia em pensamentos um tanto amargurados. Ela hesitou antes de pular da janela, mas o fez, logo seguida por mim. Fui caminhando entre as árvores e demorei um bom tempo para tornar a falar, e foi com certo tédio.

- Feche os olhos e concentre-se. Você vai poder ouvi-los.

Fiquei observando enquanto ela obedecia rapidamente, em seguida se embrenhando mais no bosque. Fui atrás dela e me escorei numa árvore enquanto ela se alimentava do coelho. Só o cheiro já me enojava. Aparentemente teve o mesmo efeito sobre Elena, que largou o animal no chão sem beber todo seu sangue.

Quando ela se virou para mim, eu a encarava com uma expressão de superioridade.  Revirando os olhos, ela saiu andando numa direção qualquer. Eu a segui, obviamente.

- Aonde você vai? – perguntei achando graça dela, toda emburrada. Ela bufou.

- Até sua casa, roubar seu suprimento de sangue.

- Então você vai beber sangue humano. – afirmei com uma risada.

- Sim, mas não direto da fonte. Faz toda a diferença. – ela resmungou de volta enquanto eu continuava a rir. Logo a segurei pelo braço e a fiz parar.

- Você está indo para o lado errado. – disse ainda achando graça. Ela arrancou o braço do meu aperto, mas me seguiu na direção que eu tomei.

Elena foi se adaptando bem às suas novas necessidades. Ela aparecia bastante na minha casa para beber o sangue que eu estocava, de forma que tive que fazer visitas mais frequentes aos hospitais dos arredores. Depois de alguns dias ela voltou a ir ao colégio. Fiz questão de ir buscá-la, e Elena estava tão cansada que parecia ter corrido por longos minutos. Realmente era preciso um bom esforço para se acostumar a ambientes tão cheios.

No entanto, eu sabia que ela estava orgulhosa de si mesma, já que não atacara mais ninguém.

No sexto dia após a transformação dela, eu ouvi uma batida na porta e soube que era ela. Abri rapidamente, imaginando que ela estava com sede, mas a expressão dela me pegou de surpresa. Ela parecia desesperada, o que se confirmou quando Elena se atirou nos meus braços e começou a chorar descontroladamente.

Eu não precisei pensar muito para compreender. Ela chegara à mesma conclusão que eu.

Stefan não voltaria mais.

Apertei-a entre meus braços e levei-a até meu quarto, deitando com ela na cama. Seus soluços eram o único som na casa inteira.

É claro que vê-la chorar me destruía por dentro, já que eu tinha aquele impulso de sempre tentar protegê-la. Mas vê-la chorar daquela forma torrencial pela partida do meu irmão me causava sentimentos conflitantes. Ciúmes e dor eram os principais. Eu a amava, e, exatamente por isso, era difícil admitir que eu dividia o coração de Elena Gilbert com o meu irmão.

O ciúme me queimou por dentro quando eu imaginei como seriam as coisas se ele não tivesse partido. Eu que teria acompanhado-a na transformação, que teria cuidado de tudo para que a vida dela fosse o mais normal possível, que teria a ensinado a caçar? Eu duvidava muito.

O dia já escurecia quando as lágrimas pararam de escorrer e ela ficou em silêncio. Elena levantou a cabeça e eu pude ver seus olhos vermelhos e seu rosto inchado. Ela bem encarou firmemente, e eu tentei ao máximo esconder a dor que estava sentindo naquele momento. Era egoísta da minha parte... Mas eu a amava tanto. Era compreensível querê-la só para mim.

Ela não demorou a adormecer nos meus braços.

E eu só esperava que o tempo estivesse ao meu lado.

Depois de meio ano, ela já estava mais do que acostumada à sua nova vida, e até aprendera a tirar certo proveito dela. Ela não era mais tão contra controlar algumas mentes por aí quando fosse necessário.

Ela passava a maior parte do tempo na casa que agora pertencia somente a mim. Quando não estava por lá, eu geralmente estava perto dela.

Após alguns momentos obscuros, as coisas começaram a se encaixar. A confusão de toda aquela mudança na vida dela foi passando assim como a dor pela partida de Stefan. Agora eu notava nos olhos dela um brilho totalmente diferente quando ela me via. Estar com Elena se tornara sempre a melhor parte do meu dia.

Ela decidira alimentar-se das bolsas de sangue que eu continuava roubando dos hospitais. Às vezes precisava até viajar um pouco mais, não querendo levantar nenhuma suspeita.

Eu não mudara nenhum hábito alimentar, mas estava terminantemente proibido de “brincar com a comida”, como Elena já repetira muitas vezes. Ela adorava, no entanto, que eu levasse as garotas para casa e bebesse seu sangue na frente dela. A expressão maliciosa que se formava no rosto dela me distraía da “comida” e me deixava louco para terminar logo e brincar com Elena. Depois de dispensá-las, minha boca procurava pela dela avidamente. Era como se choques elétricos percorressem nossos corpos e os deixassem quentes demais. Roupas se tornavam incômodas e eram espalhadas por todos os cantos. Nossos corpos reagiam um ao outro ainda mais agora que ela se tornara uma vampira. E nosso sexo se tornara ainda mais interessante, diga-se de passagem.

Demoramos alguns meses para começarmos a aparecer juntos, mas todo mundo comentou da mesma forma. Mystic Falls era uma cidade pequena, e não poderíamos esperar outra coisa. Eu, como responsável pelo meu irmão, fui até a escola comunicar sua transferência para a Itália. A desculpa não colou muito, e boatos circulavam. A Gilbert não se contentara com apenas um dos Salvatore, era o que as pessoas espalhavam por aí. Nem sempre as fofocas são falsas.

O meu consolo era que Elena não se importava. Tampouco dava atenção às recusas de Jenna e Jeremy em me aceitar. Era claro que eles iriam preferir Stefan. O bonzinho. Ao contrário de algumas garotas que eu já ouvira cochichando ao caminhar na rua. Aparentemente, e como já era de se esperar, eu tinha uma boa legião de fãs. Comida fácil.

Eu prometi a ela que, assim que terminasse o colégio, poderíamos ir embora dali. E todos esses fofoqueiros ficariam para trás. Nós havíamos falado pouco sobre o futuro até agora. O futuro, para nós, significava muito mais do que para pessoas normais. O nosso futuro significava a eternidade.

E, sinceramente, eu não me importaria de passar toda ela ao lado de Elena. Desde aquele dia em que chorara descontroladamente por Stefan, ela ia se tornando cada vez mais a Elena que eu desenterrara. Aquela Elena impulsiva, divertida, sensual. Viva. O que era irônico, pois tecnicamente ela estava morta.

Certa manhã eu acordara e meu anel simplesmente não estava no meu dedo. Eu apertei os olhos, observando Elena dormir. Eu sabia que aquilo era coisa dela. Levantei, me vesti e fui até a cozinha, bebendo uma boa quantidade de sangue e enchendo um copo para ela. Não precisei subir todas as escadas para saber que ela já estava acordada.

Quando entrei no quarto, ela estava se vestindo, e lançou um longo olhar para o copo na minha mão. Eu cerrei os olhos e dei um sorriso irônico.

- O que você fez com o meu anel?

- Do que você está falando? – ela perguntou com uma expressão inocente. Revirei os olhos, apoiando o copo no criado-mudo e me aproximando dela. 

- Eu quero meu anel de volta, Elena.

Ela abriu um sorriso travesso, entregando-se. Como se fosse preciso. Antes que eu me aproximasse mais, ela disparou pela casa, o que eu já havia previsto. Fui atrás dela. Elena sabia que eu não demoraria a alcançá-la. Os quase dois séculos a mais me davam certa vantagem.

Eu prensei Elena contra a parede gelada da cozinha quando finalmente a alcancei. Deixei minha voz baixa e perigosa, tentando intimidá-la.

- Onde está o meu anel?

- Eu não vou devolvê-lo. – ela falou em um tom de desafio, o queixo erguido. Bons tempos em que ela sentia medo de mim, por menor que fosse. Abri um sorriso sarcástico.

- O que você quer com ele?

Um sorriso malicioso espalhou-se lentamente pelos lábios de Elena. Eu deixei meus olhos deslizarem até a boca dela. Uma sensualidade enlouquecedora emanava dela desde que se transformara em uma vampira. Aquela Elena ingênua e certinha não existia mais por ali. Eu gostava de pensar que havia corrompido-a.

- Fazer você passar o dia inteiro aqui comigo. – ela murmurou em um tom rouco, também sem desviar os olhos dos meus lábios a centímetros dos dela.

Foi o suficiente para que eu a agarrasse e a colocasse sentada no balcão. Por um segundo pensei em levá-la até a mesa, até me lembrar de que havíamos quebrado-a. Às vezes podemos perder a noção da nossa força.

O nosso beijo era quase desesperado, o desejo fazendo com que nossas línguas se esfregassem. Ouvi o som de algo se rasgando e só então percebi que se tratava de minha camisa, cujos botões espalharam-se pelo chão da cozinha. Encolhi meu abdômen ao sentir as unhas de Elena me arranhando. Outra mudança desde sua transformação: ela tinha força o suficiente para me fazer sentir coisas como aquela. E eu adorava.

Livrei-me da blusa dela enquanto, com a minha boca, enchia de marcas seu pescoço e peito. Ela abaixou minhas calças e eu arranquei as dela. Minhas mãos passeavam indecisas e luxuriosas por todo o corpo de Elena. Eu não conseguia escolher um pedaço favorito. Ouvi-a gemer com força quando, com um único movimento do quadril, uni nossos corpos.

Trocamos a cozinha pela sala, depois pelo meu quarto e então pelo meu banheiro...  Não que ela realmente tivesse que ter escondido meu anel para isso. Eu passaria o dia inteiro grudado nela por vontade própria. Não era como se eu fosse cansar.

Elena me devolveu o anel quando já escurecia. Saí e passei por uma rua onde ouvia música alta. Parecia ter uma festinha em algum jardim. Contornei a casa e facilmente convenci uma garota a sair de lá comigo. Levei-a até minha casa e, assim que fechei a porta, ela atirou-se nos meus braços, apertando minha nuca e jogando a boca contra a minha.

Um segundo depois a garota estava no chão, desacordada. Elena estava parada na minha frente, a mão na cintura e um olhar irritado. Ela transbordava ciúmes, e eu abri um sorriso corrompido. Aquela nova possessividade dela me excitava. E muito.

- Já falei que você me deixa louco quando está com ciúmes? – sussurrei com malícia.

Momentos depois estávamos grudados um no outro, com uma necessidade tão forte que parecíamos ter passado dias separados. A comida poderia esperar.

A verdade de toda essa história é que eu fui atraído, primeiramente, pela semelhança física com Katherine. Elas eram idênticas, e foi impossível evitar que essa semelhança causasse alguns sentimentos dentro de mim. Afinal, eu passara mais de um século atrás daquela vadia. Admito também que sentia vontade de vingar-me de Stefan por tudo que acontecera em 1864.

Mas à medida que eu fui entrando na vida daquela garota que aparentemente não tinha nenhum atrativo além de ser igual a Katherine, eu fui percebendo que existia alguma coisa dentro dela. Por trás de todo aquele controle, aquele altruísmo e aquela bondade, havia alguma coisa adormecida que me deixara curioso. Minha obsessão se tornara, então, despertar aquilo.

O que começara há tanto tempo culminara naquela Elena Gilbert que eu via agora. E, em algum momento daquele extenso caminho, eu me vira apaixonado por aquela garota. Por todas as razões possíveis, menos pela semelhança física com Katherine. O que me atraíra no início deixara de me importar.

Elena Gilbert superara todas as minhas expectativas. De sem graça, passara à mulher mais incrível que eu já conhecera. Sim, eu estava ciente de que não era o melhor exemplo de pessoa... Ou vampiro, que seja. Mas se tinha algo que eu sabia era como fazer Elena feliz, como satisfazer aquela mulher teimosa, corajosa, sexy. E eu iria dar o meu máximo para que isso acontecesse.

Tudo porque o meu coração agora pertencia a ela, correndo o risco de soar clichê.

Tudo porque ela me fizera sentir mais vivo do que em todos os meus últimos 146 anos.

THE END


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Notas finais do capítulo

Então é isso. O fim. Eu já estou ficando nostálgica, e vocês?
Primeiramente gostaria de agradecer a todo mundo que doou um pouquinho de seu tempo para ler essa fic, mesmo sem ter deixado nenhum review. Um obrigada especial para todos que deixaram sua opinião e que recomendaram a fic. Queria citar nomes mas tenho medo de deixar alguém de fora. TODOS foram importantes para mim, e fizeram com que fosse muito prazeroso escrever todos esses 19 capítulos, essas quase 100 mil palavras! É ótimo saber que teve tanta gente que acompanhou minha imaginação fértil e minhas ideias sobre Delena. Foi incrível poder colocar tudo isso no “papel” enquanto nada acontece na série.
Espero não ter decepcionado a ninguém, peço desculpas por ter demorado algumas vezes ou por qualquer outra coisa que tenha acontecido ao decorrer da fic. E digo com orgulho que foi a única fic que eu acabei chegando até o fim, sem abandonar ela no meio. E devo muito disso a vocês.
Se alguém quiser manter contato comigo é só me mandar uma mensagem aqui pelo Nyah que eu fico feliz em conversar com qualquer um. Também queria fazer um pedido do fundo do meu coração. The Death of Me terminou, mas ela continuará aqui, e sempre que tiverem a oportunidade de recomendar uma fic Delena não se esqueçam de mim!
Espero encontrá-los em outras fics no futuro! Um beijo no coração de cada um e um obrigado muito, mas muito sincero. Continuem torcendo por Delena na série, assim como eu. Espero que nossa vontade se realize em alguma futura temporada!

“You will be the death of me.
I won't let you bury it, I won't let you smother it, I won't let you murder it. Our time is running out, you can't push it underground.”

P.S.: Posso chorar agora? HAHAHAHA



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