The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 18
If you want blood, you've got it.


Notas iniciais do capítulo

Prontos para o capítulo mais importante de toda a fic?
Mas antes disso, eu queria dizer que hoje faz exatamente 6 meses que eu comecei The Death of Me! É um bom tempo, né. Foi muito divertido escrever tudo isso, ler os reviews de vocês, compartilhar minhas visões sobre Delena e sobre o Damon gostoso. Obrigada a todo mundo que fez parte dessa história junto comigo, seus lindos! E pronto, boa leitura agora :)



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If you want blood, you've got it.
Se você quer sangue, você terá.

Stefan ergueu a cabeça quando ouviu o som da porta da frente se abrindo. Ele parou momentaneamente de trocar de canal pelo controle remoto e esperou Damon aparecer na sala.

- Por que você voltou mais cedo? – Stefan perguntou.

- Do que você está falando, irmãozinho? – Damon perguntou com a sobrancelha erguida, atravessando a sala até o bar. – Aliás, por que você não está na casa de Elena?

Ele abriu uma gaveta do bar e tirou uma bolsa de sangue, servindo um pouco num copo. Após alguns segundos de silêncio do irmão, ele virou-se para o sofá sem compreender.

- Você não estava na casa dela? – Stefan perguntou em choque.

- Não... Eu mantive os olhos nela o dia inteiro, Stefan. – o copo que Damon levava até os lábios parou na metade do caminho quando a sua ficha caiu. – Elena... – ele murmurou rouco, o olhar aterrorizado encontrando o do irmão.

Num segundo Stefan não estava mais sentado no sofá. A porta da frente ficara aberta após a passagem dele, deixando o vento frio da madrugada entrar na casa. Damon bebeu em apenas um gole todo o sangue que servira no copo, e então desapareceu em um piscar de olhos também.

Quando chegou na casa de Elena, menos de um minuto depois, Stefan já saía pela janela aberta do quarto dela. O mais novo não precisou falar nada ao aterrissar no pátio para que Damon compreendesse.

Estava claro na sua expressão. Elena sumira.

Ela piscou os olhos lentamente. Foi o suficiente para que as memórias voltassem à sua mente, trazendo o pânico como companhia. Ela apagara no momento em que o vampiro desconhecido a pegara nos braços e a tirara da cama.

Tentou se mexer e percebeu que estava com as mãos amarradas, encostada a uma árvore. Observando com atenção, viu que se encontrava numa clareira. A lua cheia brilhava lá em cima e era a única fonte de luz na floresta. E então seus olhos encontraram o seu sequestrador. 

Ele estava de costas para Elena, parcialmente iluminado. Porém, unida àquela voz que ela sabia conhecer de algum lugar, a imagem dele pegou-a desprevenida e chocou-a. Não, não podia ser.

- Ah, Elena... Você acordou. – Nicholas Harris disse ao virar-se para ela com um sorriso que a encheu de medo.

Ela apenas encarou-o com os olhos arregalados. Algumas coisas estavam começando a fazer sentido agora. Sabia como ele conseguira entrar na casa dela, por exemplo. Outras, no entanto, apenas confundiram-na ainda mais. Se era ele o tempo todo, por que ele demorara tanto?!

- O que você quer comigo? – Elena perguntou gaguejante, a voz fraca.

- Você facilitou tanto as coisas para mim, Elena. – ele disse ignorando a pergunta dela, aproximando-se de onde ela estava atirada. Ela, automaticamente, tentou recuar, mas foi barrada pelo tronco atrás de si. Nicholas deu um sorriso ao ver o medo estampado no rosto dela. – Esse seu jeito tão amigável... Você me acolheu, me levou até sua casa, me convidou a entrar... – ele alargou mais o sorriso.

- Por que você demorou tanto? – Elena perguntou rapidamente, tentando distraí-lo a todo custo, torcendo internamente para que Damon e Stefan percebessem sua falta.

- Eu me deixei levar... Eu gosto de jogos. – Nick deu de ombros. – Mas valeu à pena esperar. Observar a sua cara ao receber aquele coração? Ou ao atender minha ligação? Não tem preço.  – ele deu uma risada fria e agachou-se em frente a ela, aqueles olhos como esmeraldas que uma vez Elena achara tão bonitos na altura do rosto dela. Agora eles brilhavam diferente. – Você se parece tanto com ela... – ele murmurou a centímetros da garota.

- Você conhecia Katherine? – Elena perguntou surpresa, sem conseguir desviar os olhos dos dele, o coração batendo tão rapidamente que ele certamente poderia ouvir.

- A primeira vez que a vi não consegui acreditar. – Nick disse perdido nos próprios pensamentos. Ele levou a mão até o rosto dela, que tremeu ligeiramente com o toque. – É incrível.

Então ele afastou-se subitamente, como se voltasse a se concentrar, colocando a mão no bolso da jaqueta de couro e tirando o celular de Elena dali.

- Seus cachorrinhos estão demorando a lhe achar... – ele disse com um tom debochado, mexendo em alguma coisa no celular. – Os dois, Elena? Stefan não dá conta do recado? – Nick perguntou com uma expressão maliciosa. Então pareceu lembrar-se de alguma coisa, levantando os olhos para Elena e ficando subitamente interessado. – Me diga... Qual você prefere? Katherine nunca respondeu a essa pergunta. – depois de alguns segundos em que Elena apenas o encarou em silêncio, ele sorriu de canto. – Stefan é claramente entediante... Pela cara que você fez quando Damon apareceu no Mystic Grills com aquelas garotas, lembra disso? E pela forma como você parecia estar gostando enquanto se agarrava com ele no vestiário da escola, eu diria que a resposta seria ele. É, Elena, minha memória está intacta. – ele apontou o dedo para a cabeça, dando uma risada. – Mas foi engraçado fingir. E também foi engraçado observar Stefan indo atrás da verbena... Mesmo que ele continuasse sua viagem, não acharia nada por todo o sul e sudeste dos Estados Unidos. Foi um plano brilhante, Elena, você precisa admitir. – Nicholas falou com orgulho.

- Por que você teve todo esse trabalho? O que você quer comigo? – ela repetiu e novamente foi ignorada.

- É patética a forma como eles fazem tudo por você. Os dois irmãos aos seus pés, dividindo-se para ficar de olho na frágil Elena. O que Stefan pensa, afinal? Que Damon está fazendo isso por ter um bom coração? Porque todos sabemos que ele não faria isso sem um motivo real. – ele revirou os olhos, ainda debochado. – De qualquer forma, eles parecem ocupados hoje, já que ainda não apareceram procurando por você. Será que acharam outra garota para servir como almoço? – Nicholas deu um sorriso sádico. – Ah, é, Stefan só se alimenta de animaizinhos. Idiota.

- O que eu sei de verdadeiro sobre você? – Elena mudou de assunto, aproveitando que ele parecia a fim de conversar.

- Meu nome é Nicholas Harris e eu vim de Chicago. – Nick assumiu uma expressão inocente, dando um sorriso educado e ao mesmo tempo envergonhado, parecendo aquele Nicholas que ela conhecera há meses.

- Foi Katherine quem transformou você? – ela perguntou arrancando dele uma risada sem humor algum.

- Eu tenho só uns 200 anos a mais do que ela. – então Nicholas ergueu a cabeça, concentrado. Elena deu um gritinho quando ele se materializou em frente a ela, puxando-a pelos cabelos e fazendo-a ficar de pé. A voz dele automaticamente ficou fria e perigosa, de um legítimo predador, enquanto ele observava com atenção as árvores ao redor. – Sem truques, caros Salvatore. Apareçam na clareira com as mãos para cima, caso queiram que o pescoço dela continue no lugar.

Alguns segundos se passaram, e Elena podia sentir a tensão pairando sobre sua cabeça. Então, lentamente, eles apareceram da escuridão da floresta. Damon vinha à sua direita, e Stefan mais à sua esquerda. Deram alguns passos, aproximando-se, e por fim pararam. Os três vampiros na clareira ficaram imóveis, parecendo animais na hora da caça.

- Finalmente estou cara a cara com os famosos irmãos Salvatore. – Nicholas quebrou o silêncio, dando um passo à frente e atirando Elena no chão. Stefan fez menção de se mover, e Nicholas ergueu o dedo em riste para ele, forçando um sorriso cordial. – Não banquem os espertinhos.

- Eu sabia que você não era confiável. – Damon falou com a sua voz gelada, controlada, os olhos fixos no rosto de Nicholas, que riu com um tom superior.

- O ciúme fazia você dizer isso, Salvatore. Nunca desconfiou de verdade, porém. – Nicholas percebeu Stefan dando uma ligeira olhada para o irmão, que o ignorou. – Qual é a graça que elas vêem em vocês, afinal? – ele perguntou com a testa franzida em uma expressão de desgosto.

- Como você nos conhece? – Stefan indagou com a voz firme.

- Katherine. – Damon falou entre dentes, e Nicholas olhou-o com uma expressão forçada de surpresa.

- Alguém pensa por aqui. Sim, Katherine. – ele virou-se para dar uma olhada para Elena e logo voltou a encarar os Salvatore. – Como isso é possível? Elas são idênticas.

- O que você quer aqui em Mystic Falls? – perguntou Stefan novamente.

- É apenas mais um idiota que caiu na conversa de Katherine. Posso nos ver nele, irmãozinho. Menos bonito, claro. – Damon disse com um sorriso cínico, imitado por Nicholas.

- Desde quando você a conhece? - tornou a perguntar Stefan.

- Chicago, há quase 60 anos. E ela não passou um dia sequer longe de mim, até... – a expressão dele fechou-se subitamente. – Até aquele em que ela acordou, decidiu que viria até Mystic Falls e me prometeu que voltaria.  Tenho certeza de que vocês sabem o resto da história. – a voz dele estava cheia de fúria reprimida.

- Olha, irmãozinho. Ele voltou para vingar a sua querida e amada Katherine. – Damon disse com sarcasmo.

- Exatamente. Vocês tiraram Katherine de mim. Nada mais do justo do que tirá-la de vocês. – Nicholas disse com um sorriso vingativo, apontando para Elena que estava atirada no chão logo atrás dele. Então ele virou-se para ela brevemente, a voz forçadamente suave. – Não é nada pessoal, querida. São só coisas da vida. E eu acho uma pena que alguém tão bonito tenha que morrer. – ele terminou de falar enquanto tornava a olhar para os Salvatore, dando de ombros com uma expressão fingida de dó. - Aliás... – Nicholas se aproximou da garota, pegando-a pelos cabelos e fazendo-a ficar de pé em frente a ele. – Já que vocês vão assistir, como vocês preferem que seja? Posso quebrar o pescoço dela... – ele segurou-o com as duas mãos, os dedos alisando a pele de Elena. – Posso quebrar a coluna dela... – os dedos dele deslizaram pelas costas dela, que tremia levemente. – Posso drenar até a última gota de sangue do corpo dela... – ele roçou os lábios no pescoço dela, causando-lhe um arrepio de medo. Então ele levantou a cabeça e seus olhos brilharam empolgados com uma ideia. – Ou posso arrancar o coração dela também. Assim vocês podem guardá-lo como lembrança! – ele deu um sorriso sádico. – Mas quem ficaria com ele? Acho que teríamos que dividi-lo ao meio. Não é, Elena? – ele olhou para ela e deu uma risada maliciosa quando Elena o encarou de volta com raiva.

A alguns metros, Damon tinha as mãos fechadas em punhos, as veias saltadas contra a pele clara dos seus braços enquanto ele respirava fundo e tentava se acalmar, os olhos raivosos fixos em Nicholas. Stefan, por sua vez, encarava Elena com uma expressão protetora, mas nem por isso menos furioso.

- Aliás, já que estamos falando de sua morte, acho que você deveria escolher. Como será, Elena? – Nicholas perguntou enquanto tocava o rosto da garota, erguendo o queixo dela para que o encarasse.

- Acabe logo com isso e deixe-os em paz! – ela exclamou com raiva, tentando fugir do toque dele.

- Tão nobre. – Nicholas levou a mão até o coração com uma expressão de admiração forçada. – Mas você sabe que isso não fará diferença. Eu vou matá-los de qualquer jeito.

Ele tornou a atirá-la no chão, e Elena encolheu-se, recuando um pouco, as mãos ainda amarradas nas costas.

- Não ouse tocar nela novamente. – Stefan falou entre dentes, ameaçador, o corpo inclinado na direção de Nicholas como se estivesse pronto para atacar.

- Ou o que? Vocês vão me matar? – Nicholas perguntou com deboche.

- Não se esqueça de que nós somos dois e você apenas um. – Damon disse com um ar de superioridade, a raiva brilhando nos seus olhos.

- Corrigindo: vocês são um e meio, já que um se alimenta de coelhinhos, não é, Stefan? – ele forçou um sorriso. – E considerando que eu sou mais de 500 anos mais velho do que vocês, eu ainda consigo sair com vantagem. – Nicholas disse confiante, dando um passo na direção dos irmãos, que estavam parados em posição de alerta, as costas ligeiramente curvadas.

Elena olhou de um para o outro. Stefan encarava Nicholas fixamente, mas ela sabia que a mente dele deveria estar funcionado a mil por hora. Damon vez ou outra desviava os olhos do vampiro, como se procurasse por alguma coisa na clareira.

Então, rápido demais para os olhos humanos de Elena, Stefan atirou-se em cima de Nicholas, derrubando-o no chão. Assim que caíram, o Salvatore rolou para o lado, e Damon surgiu subitamente com uma estaca de madeira vinda de algum lugar que Elena não saberia dizer. Quando Damon estava prestes a cravá-la no coração de Nicholas, ele deu um tapa no braço do Salvatore, deslocando-o e fazendo-o acertar o abdômen, e não o lado esquerdo do peito.

Com os olhos quase vermelhos de tanta fúria, Nicholas derrubou Damon e levantou-se, arrancando a estaca do próprio corpo e atirando-a no chão. Agora foi Damon, que já se erguera, quem investiu contra ele. Mas Nicholas desviou-se surpreendentemente rápido, parando a alguns metros de distância dos Salvatore. Lentamente, um sorriso mortal foi se formando nos lábios dele.

Nos poucos segundos em que tudo aquilo acontecia, Elena levantara-se e correra o mais rápido que conseguira, afastando-se dos três. Quando estava quase alcançando o lado oposto da clareira, soltou um grito ao ser puxada para trás. Nicholas a manteve a alguns centímetros do chão, erguendo-a pela gola da blusa. Os Salvatore estavam paralisados observando, e Elena olhava-os em pânico.

- Quais suas últimas palavras, bonitinha? - os olhos de Nicholas brilharam com um prazer maligno, que transparecia também em sua voz.

Antes que ela pudesse responder, as mãos dele deslizaram pelo pescoço de Elena. E então, com um movimento quase imperceptível, o pescoço dela foi girado de uma forma não natural. Mesmo a metros de distância, o som dele se quebrando ecoou nos ouvidos de Damon e Stefan.

Nicholas abriu um sorriso de triunfo. Quando o pescoço pendeu para o lado, os olhos de Elena Gilbert ainda encaravam os irmãos Salvatore fixamente, sem vida.

Stefan levou a mão ao peito, como se estivesse sentindo algum tipo de dor física, o rosto contorcido de desespero. Damon não enxergava nada à sua frente. Era como se tudo estivesse envolto em uma cortina vermelha, uma cortina de fúria. Naquele segundo, foi como se tivessem arrancado o pouco que restava de humanidade dentro dele.

E então, sem nenhuma combinação, sem qualquer tipo de raciocínio prévio, os dois irmãos atiraram-se sobre Nicholas. Não lhes restava nenhum motivo para viver, nada para protegerem. Não estavam preocupados com a sua sobrevivência. Eles queriam vingança, nem que aquela fosse a última coisa que fariam.

Nicholas jogou o corpo de Elena longe, mas não foi rápido o suficiente para escapar de Damon, que chegou primeiro. Ele derrubou o outro no chão, mas não conseguiu segurá-lo por muito tempo. Nicholas rolou na grama, ficando por cima do Salvatore, e cravou os dentes no pescoço dele.

Foi a distração necessária para Stefan. Ele surgiu de algum lugar, segurando um galho imenso. Ele cravou-o nas costas de Nicholas, que afastou as presas da pele de Damon e soltou um grito de agonia. Damon conseguiu escapar de Nicholas, que esticou o braço e arrancou o galho das próprias costas com um só puxão. E então arremessou-o na direção de Stefan, que foi acertado no braço e voou alguns metros para trás, batendo a cabeça no chão.

Damon aproveitou e agarrou Nicholas pelas costas, afundando as presas no pescoço dele, arrancando fora um pedaço da carne. Ele, no entanto, apenas levantou o braço e deu uma cotovelada para trás, atingindo Damon bem no meio da testa, jogando-o contra a grama.

Vendo que Stefan ainda estava tentando livrar-se do galho, atirado no chão, Nicholas abaixou-se e segurou Damon pela camisa, arremessando-o contra o tronco de uma árvore. O Salvatore segurou-se para ficar de pé, ligeiramente tonto pela queda anterior, os olhos mortais fixos em Nicholas. Damon passou a mão pela boca, limpando o resto do sangue dele.

Nicholas abriu um sorriso de superioridade, virando-se para trás no exato momento em que Stefan investia contra ele silenciosamente. Ele acertou o rosto de Stefan com apenas um movimento do braço, fazendo-o voar novamente para trás.

Então Nicholas tornou a olhar para Damon, que quebrara um galho da árvore, e que o chamou com um gesto da mão, um de seus típicos sorrisos pendurados nos lábios. Nicholas jogou-se contra Damon, prensando-o contra o tronco, os dentes agora estraçalhando o outro lado do pescoço do Salvatore.

Ele, por sua vez, alcançou o ouvido de Nicholas com a boca e sussurrou rouco, mas ainda assim sarcástico, resistindo à dor.

- Ela só usou você, assim como ela fazia com todo mundo. Katherine era uma vadia egoísta e manipuladora. E agora você vai morrer por ela.

Nicholas afastou as presas da pele de Damon e então o olhou furioso, sussurrando de volta em um timbre mortal.

- Você não devia ter feito isso. – ele ergueu a mão na direção do peito de Damon, pronto para arrancar mais um coração em Mystic Falls.

- Você que não devia ter feito nada disso. – Damon repetiu triunfante, ao mesmo tempo em que, com um grito de dor que arrepiaria qualquer ser humano normal, o braço de Nicholas pendeu ao lado do corpo. Damon respirava ofegante, o corpo quase se fundindo contra o tronco em que estava encostado.

O grosso galho atravessara todo o corpo de Nicholas, partindo de suas costas, e aparecera no lado esquerdo de seu peito, quase acertando Damon também. Ele jogou o corpo de Nicholas no chão, virando-se para Stefan com uma careta.

- Só não precisava ter tentado me matar junto, irmãozinho. – ele sorriu de canto e então pegou mais um galho que Stefan lhe atirou, abaixando-se e cravando-o ao lado do outro no peito já sem vida de Nicholas Harris.

Damon levantou-se, observou o vampiro por um segundo, e então chutou-lhe a cabeça com tanta força que ela voou longe, separando-se do resto do corpo.

Então os dois irmãos se encararam. Toda a adrenalina causada pela luta foi se esvaindo do corpo deles, até que suas expressões tornaram-se vazias. Eles haviam se vingado. E agora?

Ambos viraram a cabeça para o corpo de Elena ao mesmo tempo. A pele clara dela brilhava à luz da lua, dando-lhe um aspecto um tanto sobrenatural. Eles aproximaram-se a passos lentos, Stefan, que estava mais perto, chegando primeiro.

Os olhos arregalados e sem vida dela pareceram esmagar o peito de Damon, fazendo alguma coisa incômoda subir pela garganta dele. Só quando sua visão ficou um tanto turva foi que ele percebeu que seus olhos haviam se enchido de lágrimas.

Stefan sentou-se ao lado dela, esticou os dedos e fechou os olhos de Elena, alisando-lhe o cabelo em seguida. Enquanto Damon, de pé, discretamente limpava as suas, as lágrimas escorriam livremente pelas bochechas do mais novo.

Eles estavam passando por tudo aquilo novamente. Há quase 150 anos, os irmãos Salvatore sofreram pela perda da mulher que ambos amavam. Acontece que aquela morte fora uma mentira, orquestrada por ela mesma, e eles sofreram à toa. Agora, mais uma vez, por culpa indireta, ou nem tanto, de Katherine Pierce, eles choravam pela mulher amada.

Stefan segurou o pescoço de Elena e o posicionou da forma certa, tirando-o daquela posição grotesca e suspirando. Elena Gilbert era boa. Não se comparava em nada a Katherine. Estava sempre procurando proteger a todos que amava, não era egoísta em momento algum. Ela não merecia aquilo.

- É minha culpa... – sussurrou Stefan com a voz embargada, sem desviar os olhos dela. – Se eu estivesse cuidando dela, se eu não tivesse achado que era o seu turno, as coisas seriam diferentes...

- Você sabe que não é verdade. – Damon pigarreou para deixar a sua voz firme. – Ele teria conseguido, em algum momento. Ele podia entrar livremente na casa dela.

- Se eu tivesse me esforçado mais, se eu tivesse investigado mais... – Stefan falava de forma entrecortada pelos soluços. – Nicholas era novo na cidade, ninguém sabia nada sobre ele... Fazia sentido. Se eu tivesse pensado um pouco mais...

- Stefan! – Damon interrompeu-o ligeiramente irritado. – Para de se martirizar, para variar um pouco. As coisas já estão ruins o suficiente, não piore! E nós fizemos o que podíamos.

- Para você é fácil falar... – murmurou Stefan enquanto suas lágrimas continuavam escorrendo.

Stefan não poderia estar mais errado. Damon deu um sorriso sem humor algum, desviando novamente os olhos para Elena, sentindo-os mais uma vez marejados. Não se preocupou em limpá-los agora. 

Stefan não imaginava a dimensão do sentimento que seu irmão nutria por ela, ou sequer imaginava que ele existia. Não sabia dos encontros, não sabia dos beijos, não sabia das declarações... Aquele vazio que o inundava por dentro não era nada comparado ao que ele sentira em mais de um século de sofrimento por Katherine. Enquanto ela despertara o lado mau, o lado egoísta, o lado sádico de Damon, Elena mostrara-o que ele podia ser bom, que ele podia se importar com algo mais do que ele mesmo. Podia se importar com ela. E agora o destino a levara dele.

Quanto mais ele pensava, mais o desespero tomava conta dele. Lembranças começaram a inundar a sua mente, desde antes do primeiro beijo dos dois até a tarde anterior. Recordou-se de sentir ciúmes, de discutirem, de machucá-la, de arrepender-se, de dar-lhe seu sangue...

Então ele arregalou os olhos. A compreensão tomou conta de seu corpo enquanto ele encarava Elena com a boca ligeiramente aberta. Foi como se alguém tivesse arrancado aquela bola que estava presa em sua garganta e que o impedia de respirar.

Enquanto Stefan ainda chorava silenciosamente sobre o corpo de Elena, tocando-lhe ocasionalmente o rosto, Damon ficou paralisado, apenas observando. Os minutos se arrastaram na clareira, e ele ia ficando cada vez mais ansioso. Depois de bastante tempo em silêncio, o mais novo levantou-se, esfregando os olhos.

- Vamos levá-la daqui. Temos que pensar em alguma coisa para dizermos a... – Damon, que não desviara o olhar de Elena, não prestou atenção, apenas apontou o dedo para Stefan para calá-lo.

Stefan virou-se novamente para o corpo e então ele congelou, em choque. Elena erguera uma mão, esfregando lentamente um dos olhos. Ela fechou as pálpebras com força, com o rosto franzido, e sua boca abriu-se apenas um pouco. Stefan atirou-se ao lado dela novamente, pronto para tocá-la, mas parou ao ouvir o nome que ela pronunciou num sussurro.

- Damon... – a voz saiu rouca, quase sem forças. Ela esticou uma mão às cegas, e Damon abaixou-se para segurá-la, todo seu corpo vibrando de alívio. Seu palpite estava certo.

Só ao sentir o toque dele foi que ela abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes. A outra mão ela levou até o pescoço, mexendo-o de leve e massageando-o com os dedos.

Stefan encarava os dois. Ele não precisou de mais nada para deduzir o que estava acontecendo. A compreensão foi como um balde de água fria que o pegou desprevenido. Os últimos meses começaram a se desenrolar em frente aos seus olhos, mostrando-lhe detalhes que ele deixara passar nas ocasiões.

- Por que você sempre tem que fazer isso? – Stefan exclamou subitamente, com um misto de raiva e mágoa na voz enquanto ficava de pé. – Por que você tem que se meter na minha vida? Por que você sempre tem que tentar acabar com a minha felicidade? Você sente inveja ou o quê, Damon? – Damon fez menção de levantar-se, mas Elena segurou-o pela mão.

- Stefan... – ela murmurou ainda um tanto atordoada. – Não é culpa dele. É minha, é toda minha. Eu tentei, mas eu não consegui controlar. Eu sinto muito. Eu sinto tanto! Odeie a mim, mas não culpe o Damon.

Stefan encarou-a com tristeza, desespero, irritação, tudo junto. Ele passou a mão pelo rosto, respirando fundo, e então balançou a cabeça lentamente.

- Fico feliz que você esteja viva, Elena. – ele disse com a voz suave, sendo totalmente sincero. Depois se virou para o irmão e falou com frieza agora. – Cuide do resto da transformação.

Então, em um segundo, Stefan Salvatore sumiu por entre as árvores.

Elena ficou encarando o local onde ele estava anteriormente, transtornada.

- Não queria que ele descobrisse dessa forma... – ela murmurou com tristeza. Ela amava Stefan também, não queria magoá-lo. Tinha tanto a explicar.

Damon concordou com a cabeça. Ele compreendia. Passou um braço pelos ombros de Elena e ajudou-a a se sentar. Ela olhou brevemente para o lado e viu o corpo de Nicholas a alguns metros de distância, fazendo uma careta ao vê-lo sem cabeça.

- Eu tive tanto medo de que ele os ferisse. Mais medo do que da morte em si. – Elena disse enquanto voltava a encarar Damon. Deixou o olhar passear preocupado pelo corpo dele, vendo em alguns pontos manchas de sangue.

- Eu estou bem. Elas estão curando já. – ele disse para tranquilizá-la, dando-lhe um beijo entre os cabelos.

Eles ficaram alguns segundos em silêncio, apenas encarando um ao outro. Ele suspirou e ela surpreendeu-se ao ver os olhos dele molhados.

- Eu estou tão feliz que você está viva. – Damon falou enquanto esticava as mãos até o rosto dela, segurando-o bem perto do seu. – Por algum tempo eu esqueci que você tinha bebido meu sangue. Eu só conseguia pensar em estraçalhar aquele filho da puta. – Elena deu um breve sorriso, aquele era o Damon que ela conhecia. – E quando acabamos com ele, só restou o vazio. Como eu iria ficar sem você?

Então ele grudou a boca na dela com delicadeza. Foi muito leve, e nenhum dos dois aprofundou o beijo. Foi o suficiente para que Elena compreendesse o que ele estava tentando lhe dizer.

Damon levantou-se e esticou a mão para ela.

- Vamos, nós temos uma transformação para completar. – Elena ergueu-se também e olhou para o cadáver de Nicholas.

- O que vamos fazer com isso? – perguntou com desgosto.

- Assim que eu cuidar de você eu venho aqui me livrar dele.

Eles atravessaram a clareira de mãos dadas, e depois a floresta. Quando alcançaram uma estrada de terra que passava ali perto, Elena olhou para Damon com uma expressão estranha.

- O que foi?

- Eu vou virar uma vampira. – ela disse em voz baixa e trêmula. Damon percebeu que ela estava com medo. – Tudo vai mudar de agora em diante...

- Eu vou cuidar de você. – ele falou abraçando-a. Ela retribuiu com força, escondendo o rosto no peito dele.

Era uma mudança e tanto na sua vida. Não era exatamente algo que ela planejara, não para tão cedo. O que se estendia à sua frente era nebuloso, duvidoso, e lhe assustava. Mas Damon estaria ali, agora ela sabia disso. Ela sorriu um pouco enquanto o cheiro dele ia acalmando-a lentamente.

Os dois pararam perto de um acampamento, escondidos atrás das árvores densas. Um casal assava alguma coisa numa fogueira que haviam acendido perto de sua barraca.

- Eu ataco e cuido de tudo. Você só aparece quando eu chamar, está bem? – Elena confirmou com a cabeça, hesitante. Aquelas eram pessoas inocentes, e a ideia de machucá-los não lhe agradava.

Damon esquivou-se por entre as árvores e então, com uma velocidade incrível, surgiu por trás do homem e cravou as presas no seu pescoço. A mulher começou a gritar, correndo para longe dali. Damon atirou o homem no chão, que ficou inconsciente ao bater a cabeça, e foi atrás dela. Alcançou-a sem esforços, segurando-a pelo braço e afundando a boca no pescoço dela, que soltou uma exclamação de dor.

Toda a hesitação de Elena sumiu no segundo em que o vento trouxe o cheiro de sangue fresco até suas narinas. Seu corpo inteiro ardeu com uma necessidade que ela nunca sentira na vida, queimando-a por dentro, desesperando-a, e ela saiu detrás das árvores, nem esperando pelo sinal de Damon.

Ela agachou-se ao lado do homem inconsciente e então cravou os dentes na ferida aberta por Damon, seguindo seus instintos. Todo seu corpo vibrou em êxtase enquanto ela sugava o sangue com determinação. Um prazer inigualável espalhava-se por ela.

Elena só parou quando sentiu a mão de Damon segurando-a e puxando-a pelo ombro. E mesmo assim ela resistiu. Mais tarde, pensando naquilo, não teve dúvidas de que teria matado o homem, sugando até sua última gota, se Damon não tivesse interrompido.

Ela ergueu a cabeça para ele com a respiração ofegante e os cabelos bagunçados. A boca entreaberta de Elena estava toda vermelha, coberta de sangue, e através dos lábios Damon conseguia ver as recém nascidas presas. As veias sob os olhos dela estavam escuras também.

- Merda, Elena. Você está tão sexy! – ele exclamou com um sorriso de canto, dando uma risada arrastada.

Elena saiu de perto do homem e ficou de pé ao lado de Damon, tudo aquilo lhe parecendo um sonho louco. Ela fez menção de limpar a boca com as costas da mão, mas Damon segurou o pulso dela, impedindo-a. Em seguida, ele grudou os lábios nos dela, beijando-a cheio de desejo, sentindo o gosto do sangue na língua dela.

Segundos depois, Elena estava presa entre uma árvore e o corpo Damon, e as roupas dos dois jaziam no chão ao redor.


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Notas finais do capítulo

Muita gente acertou quem era o tal do vampiro. Não consegui pegá-los desprevenidos, mas espero que tenham curtido mesmo assim! Stefan descobre a verdade, Elena morre, volta à vida e vira vampira. Um monte de coisas para um capítulo só. E a Kat sempre metida em tudo, de alguma forma. Ah, e eu, particularmente, adorei o finalzinho HAHAHAH
Mais uma vez, obrigada a todo mundo que deixa review! Não canso de falar que é importante demais pra mim. Indiquem para quem vocês sabem que curte Delena também, deixem os reviews, recomendem ali. E façam uma autora que perde horas com cada capítulo muito feliz!
E só para avisar, os dois últimos capítulos vem juntos, e vocês vão entender porque quando lerem. Então, por favor, tenham paciência porque tenho que escrever dois de vez, hein! Beijinhos e me digam, o que vocês acharam?!



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