Meus pés estavam doloridos depois de tanto caminhar. Felizmente meu trabalho já havia acabado e eu iria para minha confortável casa e poderia sentar no meu confortável sofá e confortavelmente colocar meus pés para cima. Ou isso foi o que eu pensei até abrir a porta do meu apartamento.

Tudo bem que estávamos ficando ultimamente, mas isso não é justificativa para eu encontra a pulga no meu sofá.

— O que está fazendo aqui?

— Ohh, seja bem-vindo, Shizu-chan.

Senti uma veia saltando em minha testa com a ousadia.

— I-za-ya-kun, saia do meu apartamento agora e talvez, apenas talvez, eu não te parta a cara.

— Mas, ora, Shizu-chan, isso lá é forma de tratar um convidado desejado?

— Você não é meu convidado e muito menos desejado. — Respondi, me aproximando enquanto estalava os dedos em expectativa.

— Posso realmente não ter sido convidado, mas tenho certeza que logo logo você mudará de ideia quanto a minha presença ser indesejada.

Parei chocado.

— Você não acha que pode vir aqui sempre que quiser fazer isso, acha? — Foram as palavras que saíram da minha boca, entretanto, por mais que eu não quisesse admitir, sabia que era mentira.

Ele poderia vir aqui quando quisesse e, sem importar suas intenções, eu o aceitaria em minha casa. Haveria ameaças? Haveria! Esse costume entre nós não desapareceria. Em parte por já estar marcado a ferro em nossos seres, pelos anos de brigas e perseguições. Em parte por teimosia, para encobrir e não admitir o sentimento que crescia em meu peito.

— Mas é claro que eu posso, Shizu-chan. E você sabe muito bem disso~. — Disse se levantando e vindo em minha direção enquanto rebolava aquela bunda pecaminosa.

Ele parou em minha frente e com o dedo na minha gravata aproximou meu rosto para perto do dele.

Eu poderia empurra-lo, mas não poderia negar a aproximação dele, não quando aquele cheiro me envolvia. E da mesma forma que não podia negar a aproximação, também não podia negar os lábios dele junto aos meus. Nunca poderia negar seus beijos.

O beijo não começou calmo e suave, e sim cheio de fome e de volúpia, cheio de "dar" e de "tomar". Ao mesmo tempo em que ele envolvia meu pescoço com os braços e puxava meus cabelos, eu laçava sua cintura e o trazia para o mais perto possível.

Levei minhas mãos para a parte de trás de suas coxas e o ergui para o meu colo enquanto me dirigia para o sofá.

O deitei no sofá e só parei de atacar sua boca quando ela já estava adoravelmente vermelha e inchada dos meus beijos e então passei a beijar e lamber da sua clavícula ao seu pescoço.

— Shizu-chan... — Outra coisa que eu adorava era ouvir sua voz necessitada e rouca chamando por meu nome. — Shizu-chan, deixa eu terminar de assistir o filme, depois a gente faz isso. — Mas isso eu definitivamente não queria ouvir.

— Do que você está falando? Que filme? 

Ele apenas acenou com a cabeça em direção a televisão e realmente havia um filme pausado nela.

— Não. — Respondi, voltando a beijar seu pescoço. Mas novamente ele me parou.

— Shizu-chan, eu quero terminar o filme. — Disse sério.

Droga! Eu poderia quebrar a porra da televisão, mas era um presente de Kasuka. Também poderia tentar forçar o Izaya, mas nunca seria capaz disso.

— Você veio aqui para assistir um filme?

— Não. Mas você demorou muito a chegar. — Parou um instante me olhando e continuou. — Por que a gente não faz o seguinte: você deve estar cansado de andar pela cidade e está todo suado, o filme termina em poucos minutos, então, que tal você ir tomar um banho primeiro? Prometo que depois eu faço valer a pena. — Disse Izaya próximo ao meu ouvido e finalizando com uma mordida em meu lóbulo.

Corri mais que rápido para o banheiro. No caminho até lá pude ouvir a risada dele, mas não me importei. Afinal, eu sabia que valeria a pena. Sempre vale.

Parece que ele não invadiu apenas minha casa, mas também minha vida.