Juntos por uma Eternidade escrita por CamilaHalfBlood


Capítulo 6
Capitulo 6 - Inconsistências


Notas iniciais do capítulo

Nossa, esse cap tem palavra mds kkkk
Deu muito trabalho, por isso eu não consegui postar no dia certo, mas tá ai, espero que gostem



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Capitulo 6 - Inconsistências

Pov. Bella

— Você tem certeza de que vai rejeitar a proposta? – repetiu pela segunda vez o quarto Arcanjo.

— Sim, eu tenho certeza – falei convicta – eu não me daria bem com essa vida, nem acho que estou apta para ela, espero que entendam por favor, estou bem no cargo que ocupo.

— Então pode se retirar anjo Isabella, nossa reunião está acabada por aqui e espero que saiba que não recebera essa proposta novamente – eu apenas assenti e sai da sala, aliviada, queria sair desse local o mais rápido possível, via o olhar de Klaus dirigia a mim, mas não ficaria para ouvir outro sermão dele.

Mas precisava passar em um lugar antes de voltar para Edward e como já estava ali aproveitaria para vê-lo.

Sai da sede da Redoma o mais rápido que eu consegui, me dirigindo para minha antiga casa, havia muitos poucos que tinham moradia ali, nosso espaço não era tão grande para comportar a todos, ainda mais com as sedes tomando boa parte do nosso território, então esse era um privilégio para poucos e Bernard era um desses.

Sua casa não era tão grande, nenhuma era, mas tudo nela me indicava “lar”, sua aparência era mais de uma casinha de madeira, originalmente era feita para comportar apenas uma pessoa, com um quarto, uma sala e uma cozinha, mas o ultimo cômodo apenas cenográfico, já que ninguém ali comia de verdade, então fazia algum tempo que tinha virado o meu quarto.

Uma vez ao mês eu vinha ali e fazia questão de dormir em meu quarto, me sentia melhor dessa forma, um pouco mais humana.

A única pessoa que Bernard já tentou fazer morar conosco foi Bree, mas a mesma nunca se sentiu a vontade para tal, ela não via Bernard da forma que eu via, mesmo gostando muito do mesmo, era mais um relacionamento de professor e aluno do que de fato familiar.

Abri a porta esperando que Bernard estivesse em casa, mas ao olhar percebi que era melhor ter esperado, avisado minha visita ou ter pelo menos ter batido na porta, mesmo não sendo com costume entre nós.

Bernard não estava sozinho, havia uma mulher a frente dele, os dois pertos um do outro, sua postura rígida e sua face vermelha de raiva, ele se inclinava para a convidada com petulância, parecia que iria responder alguma coisa quando seus olhos pousaram em mim, vi ele se recompor se afastando da mulher instantaneamente.

— Bella – ele sorriu nervoso – não sabia que viria hoje

Ele olhou para a mulher novamente e voltando a olhar para mim, seus olhos pediam desculpas, voltei minha atenção para a outra e ela percebendo que havia agora mais alguém na sala se virou para mim.

 “Essa não”— pensei comigo mesma enquanto o reconhecimento me atingia.

— Isabella – ela sorriu para mim se aproximando, seus olhos pousaram em mim e eu senti um arrepio subir minha coluna – Como está minha aprendiza?

— Bem – falei dando um passo para trás, não querendo que ela se aproximasse muito – Quanto tempo Helena

Ela era alta, bem mais alta que eu, quando a vi pela primeira vez em minha mente de criança eu pensei que ela era muito parecida comigo, tinha os mesmos cabelos castanhos que os meus apenas alguns fios brancos eram vistos em alguns lugares, tinha um rosto fino e arredondado, qualquer pessoa que a visse pensaria que ela não era uma ameaça pela sua aparência delicada.

Apenas uma coisa quebrava o seu retrato, seus olhos... Eram brancos translúcidos, tão profundos que eu tremia até mesmo de olhar, a historia que percorria seu nome era que a própria havia colocado água-light em seus olhos apenas para saciar sua curiosidade.

Helena se destacava muito entre os outros anjos que eu conhecia, aparentando ter uma idade mais avançada fisicamente, isso por ela ser uma escolhida, como Elizabeth havia sido, normalmente escolhidos não contavam para outros o que eram, era quase um tabu ser um, muitos anjos não gostavam de escolhidos, mas nenhum nascido anjo teria essa idade.

Mas Helena era diferente, ela sempre havia sido temida, tinha terminado seu treinamento em tempo recorde, mas não havia ganhado sua determinação apenas depois de 30 anos no paraíso, não por não conseguir, mas sim por não querer, ela permaneceu sem uma o máximo de tempo que se era permitido antes de ter q ser mandada para a terra.

Por esse e outros motivos eu sempre achei que depois que sua memória foi apagada ela havia enlouquecido.

Helena foi a treinadora que Klaus havia escolhido para mim antes de ser atribuída para anjo da guarda, ela foi a pessoa que me fez ver o que eu, de verdade, gostaria de ser, sem a influência de meu pai, não por ajuda dela, mas sim por odiar quaisquer outras coisas que ela me ensinava.

Não podia negar que desgostava dela, era tão rígida em seu treinamento, passava horas e horas sem nem descansar em seu treinamento, além de quando errava, estremeci ao me lembrar dos castigos que ela me fazia passar.

Olhei para Bernard querendo que ele entendesse minha indignação por ela estar ali, o que estava fazendo? Não a encontrava a algumas décadas e não pretendia mudar isso tão cedo.

— Que ótimo que você está aqui – ela disse em volta de mim – parece muito fora de forma minha querida – ela sussurrou – O que acha de fazer um trabalho para mim hoje?

— Já tenho um trabalho - falei entredentes

— Mas ajudar uma velha como eu não deve ser difícil – ela disse sorrindo pegando meu braço de repente - Tenho mediações para fazer, câmara 34, são apenas 2 pessoas

Senti sua força sobre mim, mas ela não era Klaus, sorri para ela enquanto mantinha ela longe de mim, ela sempre fazia isso quando era menor para me torturar, mas já não era aquela aluno frágil que ela conhecia.

— Não sabia que tinha passado tanto tempo assim – falei me desvencilhando, me senti bem ao vê-la dar um passo para trás – Como pode ver estou em muito bom estado

— Isabella – advertiu Bernard

Ele nunca usava meu nome inteiro, sabia que eu odiava ser chamada assim, mas o fazia para chamar minha atenção, sabia que devia pensar com quem eu queria minhas lutas, e eu sabia que Helena não era a pessoa certa.

— Está tudo bem – ela sorriu – Lembro muito bem como era o temperamento da minha aluna, a perdoo se fizer esse trabalho sim?

Trinquei os dentes assentindo.

— Obrigada Bernard, nós veremos outro dia – ela disse saindo

Eu suspirei de alivio quando Helena deixou o lugar satisfeita, andei até Bernard, sentando na mesa a frente dele, vendo de perto agora, percebi que o mesmo parecia cansado, não fisicamente, mas sim psicologicamente, faltava alguma coisa em seu olhar.

Alguma coisa que eu não sabia muito bem o que era.

— O que ela estava fazendo aqui? – perguntei incomodada

— Veio-me trazer alguns papeis – ele disse sem importância dando de ombros

— Não parecia ser nada demais - falei me lembrando de como havia encontrado os dois - Parecia mais uma briga

— Ela não quer fazer o trabalho de mediar - ele explicou - queria que eu assumisse o cargo dela.

— Ela o que? - minha voz se elevou com a minha descrença - O que ela pretende fazer?

— Não sei - ele suspirou - Mas algo bom não deve ser

— Você vai realmente parar com as mediações? – toquei-lhe a mão – Achei que já tinha voltado

— Eu tenho certeza – ele suspirou, apertou minha mão e sorriu – Vai ficar tudo bem... Eu não vou desgarrar

Eu esperava que sim, não sabia quanto tempo exatamente que demorava para um anjo desgarrar, mas fazia quase 5 anos que Bernard parou de fazer sua determinação, ele parecia bem, mais feliz até, mas eu ainda tinha medo de ele sumir, de ver um dia e o Bernard que eu tanto amava simplesmente tivesse mudado.

— Você não tem certeza

— Eu tenho – ele voltou sua atenção para os papeis novamente – faço algumas mediações para me manter de vez em quando, mas não para pessoas que nem ela.

Assenti, sabia que Bernard odiava os métodos dela, como Helena, ele também treinava novatos, sua ultima aluna havia sido a própria Bree, foi através dele que a conheci, até mesmo havia ajudado, deixando a utilizar seus poderes em mim quando ela queria treinar.

Os dois eram conhecidos pelos seus alunos, mas enquanto Bernard moldava o treinamento para a melhor forma para o próprio aluno, não buscando a perfeição, mas sim desenvolver ainda mais no que o aluno já é bom, Helena fazia apenas de uma forma, utilizando a dor e o medo para que seus alunos tivessem sucesso em tudo, abominando protetores da forma que a mesma fazia, esses eram os que mais sofriam, já que a mesma não ensinava nada para essa categoria em específico por isso poucos dos seus seguiam esse caminho.

— Tenho uma coisa para te contar – falei virando o rosto lembrando-me do motivo de ter ido até ali – Aconteceu algumas coisas

Contei-lhe primeiro do ocorrido com Klaus e a redoma, de como me queriam para participar dela, e de como Klaus parecia querer muito aquilo, como sempre, Bernard era um bom ouvinte, esperando-me terminar toda a história para então dizer algo.

— O que você decidiu? – ele perguntou incerto.

Senti-me bem por ele não supor nada, isso queria dizer que, como eu, ele também não via um caminho correto para se seguir, e isso lavou qualquer preocupação que havia restado em mim.

— Vou continuar como protetora

Pensei por um momento, não havia duvidas em mim sobre essa escolha, mas não me sentia tão bem ainda, não se lembrando dos últimos dias que haviam passado, ainda tinha que pensar no que estava acontecendo e no que faria, por que se continuasse a acontecer, talvez me fosse tirada de proteger os Cullens, e minha decisão de nada adiantaria.

— Você tem certeza? – ele me perguntou com seus olhos preocupados – Guardar arrependimento nunca é algo bom Bella

— Estou – falei colocando mais determinação que eu podia, tentando mostrar para ele estava certa disso.

Mas ele não pareceu acreditar que eu estava bem, se virou para mim parecendo ainda mais preocupado, pegou minha mão enquanto me fitava incerto.

— Então o que mais te incomoda? Sei que tem mais alguma coisa

— Acho... Que posso estar me expondo – mordi o lábio desviando o olhar do seu.

Expliquei-lhe o que havia acontecido, de como sem eu saber como Alice havia tido visões com o nosso mundo e de como eu havia me exposto de uma forma tão amadora, em todo o discurso eu me sentia envergonhada, Bernard além de ser um pai para mim ainda fora o meu treinador e não queria que o mesmo achasse que havia falhado comigo, entretanto se isso passou em sua cabeça, o mesmo não demonstrou em momento algum.

— O que você acha que pode ser? – ele perguntou por fim

— Eu? Apenas acho muita coincidência, estar tudo acontecendo assim – dei um sorriso sem graça - Ou apenas pode ser que estou fora de forma mesmo.

Ele riu com minha piada.

— Me faça um favor? – ele pediu – Tente se tomar mais cuidado com os Cullens, talvez se afastar um pouco seja melhor para os dois.

Era até engraçado como horas antes Klaus havia exigido quase a mesma coisa, mas essa era a diferença entre os dois, Bernard nunca mandava, ele sempre pedia deixando a responsabilidade em minhas mãos por confiar em mim, mas no fim era diferente ele não estava pedindo para cortar quaisquer relações com os Cullens, nunca pediria isso para mim, mas apenas dar espaço.

Não era uma prática tão incomum, muitos anjos não se envolviam de verdade com seus protegidos, tornava a separação mais fácil quando a morte chegava, mas em meu ponto de vista deixava sua vida mais solitário e no meu caso doloroso.

— Por que?

— Apenas até eu averiguar tudo isso – ele respondeu – preciso saber se isso tudo é realmente uma grande coincidência

Não o respondi, não sabia se cumpriria o que o mesmo estava me pedindo, era algo que eu precisava pensar melhor, felizmente Bernard também não cobrou nada, apenas deixou o assunto morrer.

Conversamos por mais alguns minutos, parabenizando por ter terminado o treinamento de Bree, os dois prometendo visita-la, rindo ao pensar nela teimosamente achando que conseguiria balancear sua vida nova tão facilmente.

Depois de algum tempo percebi que precisava ir, não gostava de dizer adeus para ele, mesmo sendo próximos com a rotina era difícil nós vermos com frequência, nós dois tínhamos suas responsabilidades.

Sorrimos ao mesmo tempo depois de um minuto de silencio, Bernard pareceu entender meu incomodo e colocou uma mecha de cabelo atrás de minha orelha.

— Tome cuidado – ele pediu por fim

Assenti pulando da mesa em que estava sentada, e sem olhar mais uma vez para Bernard sai do lugar.

Eu sabia que Helena já estava certa que eu faria o seu trabalho, e se eu não os fizesse, estaria automaticamente arruinando o destino dos mortos, alguém precisava estar lá, era apenas duas pessoas afinal, não podia demorar muito.

A primeira que chegou... Era apenas uma criança, não passava de oito anos de idade, e ela estava com medo, nem ao menos tinha conseguido me apresentar antes dela começar a chorar querendo ver seus pais.

Eu por todo o sua mediação me senti péssima, odiava fazer esse trabalho, ter que dizer para uma criança que nunca mais poderia viver, com apenas tanto pouco tempo.

Ela me contou quando a mãe dela chorou assim que souberam de sua doença, de como foi difícil para ela sorrir quando ninguém mais conseguia, mas ela queria ver a família feliz.

Enquanto eu contei para que ela agora não podia ver sua família, mas a dor dela também havia acabado.

Por fim ela sorriu para mim, com aquele sorriso banguela, eu segurei a sua mão uma última vez antes de coloca-la em outra sala.

Eu não sabia para onde ela iria depois, ninguém sabia, a água-light sempre puxava as pessoas mortas para ela, por isso as câmeras sempre eram em seu leito.

A próxima pessoa apareceu logo depois, era um garoto aparentava ter 18 anos, talvez no máximo uns 20, era alto, sua aparência se destacando, com cabelos loiros e olhos azuis.

Havia alguma coisa em seu olhar, devia ser normal ver o medo no olhar dos mortos, mas quando ele olhou de volta para mim, eu não conseguia pensar que ele estava com medo de outra coisa.

— Olá – falei sorrindo tentando acalma-lo – Sou Bella

Ele não respondeu, olhou em volta, analisando o lugar, por fim seus olhos caíram em mim, se demorando em minhas feições.

— Estou morto - ele disse se sentando

Analisei seu rosto, ele parecia um tanto entediado ali todos sempre pareciam, lembrava-me dessa mesma expressão em Elisabeth, mas algo parecia estranho nele, algo que eu não sabia se era bom ou não.

— Me diga seu nome – Pedi

— Eric – ele disse relutante – Eric Mitchell

— Vou te levar para uma volta – falei sorrindo enquanto me levantava – Vamos?

Eric pareceu indeciso por um momento antes de aceitar, se levantou enquanto eu o guiava para fora da câmera, caminhamos alguns minutos antes de pararmos no rio, me coloquei o mais próximo que eu poderia da margem, mas ao virar percebi que o mesmo não havia me seguido, ainda estava a alguns metros à frente.

— Que...que lugar é esse? – ele disse recuando

— Seu novo lar se você quiser – falei com calma

— Do que você está falando?

— Olhe – falei indicando o rio

Eric relutantemente andou até perto de mim, quando estava perto o suficiente para ouvir também fechei os olhos enquanto prestava atenção, aquilo havia muitos nomes, muitos odiavam ou viam como uma benção, mas eu sempre vi apenas a beleza, era como se o rio cantasse, em som baixo e para apenas aqueles que sabiam apreciar.

A água-light regia tudo, era a magia em sua mais pura essência e sem ela nós nem ao menos existiríamos, nossos poderes iriam desaparecer pouco a pouco até que em fim tornaríamos Humanos, por que ela aquilo que éramos no fim, todos os anjos eram metades humanos.

— O que é você? – ele perguntou por fim, ele pareceu assustado enquanto se afastava.

Comecei contando o que ele seria, o que teria que passar, anos e anos de treinamento, uma vida árdua, mas ainda sim uma vida, deixando bem claro que a anterior não pertencia mais a ele, não havia volta.

— Eu não sei como foi sua vida – terminei ainda de costas para ele, mas para você ter essa vida, você precisa esquecer a sua antiga, você está pronto para isso?

— Acho que... acho que estou

Virei meu rosto para olha-lo, neguei com a cabeça, sua resposta havia vindo rápido demais, incerta demais e eu não sentia a certeza que ele deveria ter.

— Achar não é suficiente – falei me levantando – você tem que ter certeza, é um caminho sem volta Eric, você nem ao menos vai saber disso de agora que teve esse momento para decidir.

Ele permaneceu quieto por alguns minutos, eu continuei esperando sua resposta, apenas apreciando a som que ainda preenchia o lugar, ele já não estava perto o suficiente para escutar também, mas ele ainda se inclinava para frente, como se aquilo o puxasse.

— Eu tenho certeza – sua repostava parecia mais confiante dessa vez, mas ainda sim, eu sentia que ele estava fazendo um erro, não tinha certeza se era o medo em seu olhar, mas algo não  estava certo.

— Então vamos começar – falei tentando sorrir.

Dei um passo em sua direção, ele sorriu de um modo estranho, vi o medo em seu olhar sumir por um momento quase como uma sombra passar por seu olhar.

Estanquei quando uma sensação me percorreu.

Emoções que não eram minhas, mas sim de Edward me envolveram e a dor dele me corroeu, não estava prestando tanta atenção nele antes, mas agora com toda a minha atenção a preocupação por ele era a única coisa que eu tinha em minha cabeça.

Senti Eric tentar me aparar, quando eu cambaleei, tentando conter o fluxo.

Edward precisava de mim.

Olhei para Eric, precisava dar um jeito nele o mais rápido possível, a única possibilidade para mim era leva-lo para Bernard, mas mesmo assim, demoraria e eu não sabia quanto tempo eu tinha até... até ser tarde demais para voltar para Edward.

— Eric – chamei – Preciso que você vá até um lugar para mim, está vendo aquela construção depois do rio? Encontre uma pessoa para mim, diga o que aconteceu.

— Você não vai me levar lá? – ele pareceu surpreso, sabia que aquilo não podia ser tão fácil para ele, sendo que a única pessoa que você conhece teria que ir embora dessa forma, mas eu não via outra opção, Bernard saberia lidar com a situação.

— Ele se chama Bernard, ele vai saber o que fazer, você precisa fazer isso – engoli em seco – Você me promete?

Ele assentiu e então antes que eu pudesse ver estava em pleno voo, tudo se passava tão rápido a minha volta que eu quase não percebia para onde estava indo, mas eu sentia que era o lado certo.

Mas não rápido o suficiente.

Ele estava sofrendo, sentia sua sede como se fosse minha própria, avassaladora, mas era diferente para mim, eu não sentia de verdade, mas ele sim.

Eu não podia ter deixado ele sozinho por tanto tempo, devia ter ignorado o pedido de Helena, seria ela a ser punida não eu se no caso simplesmente tivesse ignorado sua responsabilidade.

E então eu estava ao seu lado, estava na escola, Edward ainda permanecia sentado nas arquibancadas, enquanto uma pequena comoção ocorria no meio da quadra.

Sua postura estava rígida enquanto ele segurava com força o banco em que estava sentado, seus olhos pretos pregados no chão, prendi a respiração enquanto me aproximava com cautela.

— Prenda a respiração – aconselhei – Você consegue

O fluxo de ar não foi cortado, fazendo-me engolir em seco, fazia quase um mês que Edward não saia para caçar, ele tinha bom controle sobre sua sede, mas aquele acidente havia vindo exatamente no momento errado.

Coloquei minha mão por cima da sua, precisava ver como ele estava, se podia se controlar.

Suspirei aliviada quando percebi que ainda estava sobre controle, ele estava sentindo muita dor, talvez apenas por um fio, mas ainda estava em controle e isso era o que importava.

Talvez se conseguisse apenas aliviar um pouco sua dor, ele talvez fosse capaz de sair dali sozinho.

Fui tirada de minha concentração com um grito, abri meus olhos vendo alguém parar a minha frente, me fitando com raiva.

— Mantenha ele – gritou o anjo vindo para cima de mim – Se eu perder a minha por que você não coloca uma mordaça nesse monstro... eu...

— Vai fazer o que? – falei interrompendo-o – Me matar?

Ele se calou, ele sabia que não podia fazer tal coisa, era contra as regras e imaginava que me denunciar não parecia uma rotava viável para o mesmo, pelo menos o medo que as pessoas tinham de Klaus me servia de algo.

— Acalme-o e tire-o daqui! – ele ordenou – agora!

— Estou tentando - respondi - Se você me deixasse fazer o meu trabalho talvez eu conseguisse

Ele se calou recuando e esperando, mas ainda permaneceu ali, seus olhos me desafiando a conseguir aquele ato, o ignorei, aquilo não era uma demonstração de força, se tratava de Edward não de uma discussão idiota no momento errado.

— Vamos Edward – pedi – deixe-me ajuda-lo

Peguei em sua mão novamente, voltando a me concentrar, percebi com pesar que pela minha distração ele não estava tão bem quanto outra hora.

Comecei a utilizar os ventos para que o cheiro para Edward se dispersasse, entretanto não podia o utilizar da maneira que gostaria, o anjo ainda estava ali e se ele percebesse que estava fazendo algo que poderia me expor, dessa vez ele não teria piedade em me delatar, mas inda precisava que a logica voltasse para Edward, mesmo que a lembrança, o som e a visão do sangue ainda o perturbassem, sem o cheiro o ajudaria a recobrar seus sentidos e era com isso que eu contava.

“Alice por favor”— pensei – “Apareça”

Mas ela não apareceu, os minutos se passaram, enquanto Edward relaxava seus músculos pouco a pouco, sua respiração se fechou o que me fez sorrir aliviada, a comoção aos poucos foi se dispersando do lugar, a menina que havia sido acidentada sendo retirada do recinto, tanto Edward como eu não me mexemos um centímetro sequer enquanto o lugar voltava ao seu estado normal.

Finalmente Edward se levantou tão de repente que quase me fez cair.

Aproveitando o momento de distrações dos outros humanos, Edward saiu da quadra utilizando sua velocidade de vampiro para a saída.

— Incompetente – o anjo riu saindo do lugar

Respirei fundo me acalmando, o outro anjo saiu da quadra depois disso sem voltar a olha para mim, sabia que na mente dele, ele ainda pensava que estava certo, que era possível fazer aquilo apenas com os poderes de uma ligação, não enquanto se tratava de um vampiro.

Levantei-me e segui para o mesmo lugar onde Edward havia saído, o, encontrei mais a frente, dessa vez estava acompanhado, Alice estava ali agora, com uma aparência triste enquanto olhava o irmão com arrependimento, Edward ainda mantinha sua mandíbula trincada, indicando o quão irritado estava.

— Como você não viu isso? – ele perguntou para a irmã.

— Desculpe – ela pediu – sabe que quando Jasper fica tanto tempo sem caçar assim... eu... e depois eu vi que você não  faria nada.

— Não o tempo todo...eu quase... - ele disse por fim respirando profundamente fazendo uma careta – Tem problema eu faltar o resto do dia?

Os olhos de Alice desfocarem por um minuto enquanto se concentrava no futuro.

— Não – respondeu – Pode ir, mas guarde um pouco para o fim de semana, ainda vamos viajar.

— Certo - ele pegou a chave do carro deixando na mão de Alice.

Um segundo depois Edward estava correndo para longe dali em direção à floresta, mordi o lábio pesando o que fazer, não queria deixar Edward novamente sozinho, mas se fosse para seguir o que Bernard havia dito esse era o melhor caminho.

Mas apenas de pensar em deixa-lo agora depois de ele ter sofrido tanto, a ideia parecia impossível para mim.

“Desculpe Bernard”— pensei enquanto levantava voo para segui-lo.

Estava seguindo Edward quando uma dor nublou minha visão, senti-me perder altitude, e logo depois um tranco enorme parar meu corpo.

A queimação de cura subiu meu braço onde havia batido na arvore, tossi sem tentando entender o que havia acontecido ainda caída no chão.

— Quem está aí? - perguntou Edward parado alguns metros à frente

Meus ouvidos ainda apitavam enquanto eu tentava me levantar, vi Edward ficar em posição de ataque ainda procurando o causador do barulho.

A arvore em que havia batido havia quebrado diversos galhos que agora estavam em baixo de mim, não tinha como negar que algo havia batido na mesma.

Eu teria ficado preocupada com minha exposição se no caso uma sensação de estar algo errado não estivesse subindo por dentro de mim, tinha algo acontecendo, alguma coisa muito ruim, o reconhecimento veio quando ela se intensificou, estanquei por um segundo, isso nunca tinha acontecido antes, por isso o estranhamento.

Encostei-me na arvore ao meu lado.

O paraíso está sendo atacado, esse era um alarme que nunca tinha sido utilizado antes, pois nunca tinha avido uma situação como essa.

Olhei para Edward, se aquilo era verdade, eu precisava ir, e talvez dessa vez eu não voltasse, a guerra que eu ouvira desde que eu uma criança finalmente havia chegado.

— Fique bem – sussurrei – fique seguro

Eu relutei por um mais um momento, e pela primeira vez aquilo não era o suficiente, queria poder toca-lo, olha-lo nós olhos enquanto dizia adeus, poder abraça-lo de verdade.

Mas eu não podia, e nunca poderia.

Nem fazia alguns minutos que havia voltado de lá, parecia injusto que o nosso último momento juntos foi apenas dor.

Sai dali rapidamente, sabendo que se ficasse mais um minuto ali... Talvez não conseguisse mais sair.

Mesmo que eu estivesse vendo com os meus próprios olhos, minha mente ainda não conseguia entender o que estava acontecendo, havia tantos anjos gritando, sangue nas ruas e os grandes complexos caindo.

Toda aquela destruição em escala miniaturizada.

Havia anjos das trevas em todo lugar, além dos desalmados, os estudantes a anjos corriam e tentavam fugir, mas eram encurralados pelos inimigos, eu nunca tinha visto tantos anjos das trevas juntos.

Via que os Guardiões tentando a todo custo para-los, mas não estávamos prontos para aquilo, nossa força era sim muito grande, mas não era todos que estavam ali, a maioria sempre ficava na terra, não aqui onde nunca seria atacado, até agora.

Esse era para ser o lugar seguro.

Antes mesmo de eu pensar estava voando para o chão em minha cabeça rezava para que Bernard e Bree estejam a salvo e se não estivessem precisava acha-los e então ajuda-los, se eu ainda tivesse chance.

Quando eu cheguei eu vi, tinham tantos corpos no chão, sentia que estaria vomitar se pudesse, prestei atenção em cada rosto caído, temendo reconhecer alguém ali.

Parei em um corpo que eu reconhecia, meu estômago se fechou, havia o visto horas mais cedo, quando havia entrado na recoma, era o anjo que tinha falado comigo, nem ao menos sabia o nome dele, mas ele estava ali, agora morto, seu rosto lívido e seus olhos abertos, mas eu via que agora aquilo era apenas uma casca que fora um dia.

Eu me abaixei para fechar-lhes os olhos quando um barulho me sobressaltou, me agachei me misturando com os muitos corpos deixa-los ali, o cheiro fúnebre fez meu estômago se fechar, mas eu me forcei a deixar minha respiração constante e o mais silenciosa possível.

E então vi Klaus sendo escoltado por mais dois, sem conseguir se soltar de suas amarras, a imagem do outro pertencente a redoma voltou a minha mente.

Mordi o lábio com força.

Podia odiá-lo, mas não podia deixa-lo morrer, não enquanto eu podia fazer algo para impedir.

Segui o grupo, passando pela guarita e adentrando o lugar, os integrantes do veneno riam e largaram Klaus de qualquer forma no chão, um deles se abaixou sussurrando algo em seu ouvido para logo depois desferir um chute em sua barriga, Klaus gemeu baixinho lançando um olhar de ódio para seu raptor.

— Qual é o próximo? – perguntou o mais alto – Não temos muito tempo

Um deles se abaixou procurando algo enquanto o outro olhou em volta, me prensei na parede com medo de ser vista, me juntando mais a escuridão, felizmente o homem não pareceu me ver se voltando para o seu companheiro.

Agora

Minha mente raciocinou antes de eu ter tomado alguma decisão, sai do meu esconderijo pulando em cima do anjo, passei meu braço em volta do seu pescoço puxando com toda a força para trás, o homem engasgou enquanto tentava me soltar dele.

Senti ser jogada para trás com força, mas já esperava isso, utilizando o impulso para ficar em sua frente, desferi um golpe em sua barriga fazendo-o se envergar para frente.

Sorri quando pegava sua cabeça e com toda a força a batia na parede, ele cambaleou para trás, atordoado, aproveitei para puxar a espada da bainha do mesmo, me virei no mesmo momento que o outro desferia um golpe em mim.

Nossas espadas se cruzaram apenas por um momento antes de eu contra atacar, utilizei o momento de surpresa do outro para dar um soco no rosto do mais alto com a mão livre, mas a espada era pesada demais para mim com uma mão só, a senti pender para o chão, rangi os dentes quando senti um chute em minhas costas, cai para frente sem sustentação.

— Me devolva essa arma garotinha – escutei enquanto me levantava

Segurei a espada em minhas mãos mais fortemente, ela era a única coisa que tinha que podia manter Klaus e eu vivos, podia não ser a ideal, sentia que seu balanceamento era muito impreciso e ela era muito pesada para mim, precisava terminar a luta rapidamente antes de estar cansada demais para conseguir lutar, mas aquilo teria servir.

Coloquei-me em posição de luta, enquanto esperava o ataque, os dois sorriram com o meu desafio, o mais baixo que ainda estava com a espada desferiu um golpe que eu consegui facilmente parar, mas enquanto isso o outro pulou em minha direção tentando me acertar, senti seu soco em minha barriga.

Cai novamente no chão escutando a risada deles.

Limpei o suor da minha testa, respirando pesadamente.

Dessa vez não parei o para me defender, era isso que os mesmos queriam, então levantei meu braço, senti a arma fincar em minha pele, mas eu apenas mordi o lábio aguentando a dor.

O anjo com a espada se sobressaltou, não havia colocado muita força em seu golpe, era para me distrair não para me acertar e era exatamente com isso que eu estava contando.

Ele se afastou esperando que eu o atacasse, mas ele não era o meu alvo.

A espada atravessou o corpo do mais alto primeiro, o mesmo cambaleou até a parede tossindo sangue, me virei para o outro, que com um grito de ódio partiu novamente para cima de mim brandindo a espada.

Mas sozinho ele não tinha chances.

Desviei de seu golpe cortando seu braço, sangue brilhou na lâmina, enquanto o homem recuava com um grunhido.

Dei uma finta e então a espada dele estava no ar, demorei um segundo para perceber o que havia feito.

O outro olhou para sua própria mão como se não conseguisse acreditar no que havia acontecido, sorri minimamente, vi ele se jogar em direção da arma caída, mas eu não podia deixa-lo a pega-la novamente.

— Devia ter me matado quando pode – falei para o homem a minha frente

Seu corpo caiu logo depois.

Eles não estavam mortos, apenas machucados demais, ainda sentimos dor, mas precisava de bem mais para matar.

Soltei as mãos de Klaus e tirei a mordaça que o impedia de falar, não esperei nada do mesmo, apenas o ajudei a levantar, enquanto o mesmo se recuperava.

— Vamos – chamei assim – Temos que sair daqui

Klaus assentiu, limpando o seu próprio sangue de sua boca.

Comecei a me mover para fora do lugar, mas parei ao perceber que não estava sendo seguida.

Klaus estava sorrindo, um sorriso que havia visto apenas algumas vezes em seu rosto, mas não era para mim, mas sim para os dois caídos no chão, ele parecia... Feliz.

— Pare – falei – Você não precisa fazer isso

Ele sorriu cínico enquanto se abaixa, covardemente desviei o olhar enquanto Klaus matava os seus raptores, eu não podia salva-los, não enquanto Klaus era um integrante da redoma.

— Eles invadiram nosso território – ele disse limpando as mãos pegando a outra espada caída no chão – e isso é uma guerra, cresça Isabella.

Engoli uma resposta malcriada, isso não era um momento bom para ter qualquer tipo de conversa, então apenas o ignorei enquanto saia com ele agora ao me acompanhar.

Ele ainda precisava de mim afinal.

— Como vamos sair? – ele perguntou, mordi o lábio, não tinha a intenção de sair – Isabella?

— Estou pensando

Olhei em volta, ainda havia muitas pessoas ali, talvez juntos podíamos ajuda-los, mas duvidava muito que Klaus fosse a favor desse plano.

Saiba que a luta de verdade estava acontecendo em outro lugar.

Enquanto ainda pensava, vi de relance alguém, alto e esguiou cambaleando, demorei alguns minutos para reconhecer, era Eric, com tanto pouco de tempo da nova vida, duvidava que o mesmo sabia o que estava acontecendo, havia sido lançado no meio de algo que o mesmo não havia nem ao menos introduzido, estava indo na direção errada, se ele queria fugir devia ir para o outro lado, mas estava apenas entrando mais no caos.

Eu tinha que ajuda-lo.

Comecei a me mover para sua posição, se escondendo para não ser notada por ninguém.

— Para onde você está indo? - ele falou estranhando a direção

— Preciso ajudar um amigo

— A prioridade é a minha segurança - disse Klaus com raiva segurando meu braço – preciso sair daqui

— Vou ajuda-lo - soltei-me dele - se quiser ficar aqui ache outra pessoa para ser sua guarda costas.

Ele nada disse e eu considerei aquilo como um progresso.

— Fique aqui – falei para Klaus – Vou trazê-lo para cá

Estávamos o mais perto que podíamos, via muitos anjos das trevas depois disso, e não havia cobertura o suficiente para os dois, podíamos dar a volta, mas eu sabia que se fosse por aquele caminho provavelmente Eric já teria sido pego pela demora.

Era até estranho como ainda ninguém havia o pegado, com Eric andando a esmo daquela forma, totalmente exposto, mas se fosse sorte, não podia constar com ela por tanto tempo.

Respirei fundo enquanto me preparava, tinha que rápida e silenciosa, uma combinação não tão fácil de se fazer, mas eu teria que o fazer.

Corri o mais rápido que eu consegui pelas sombras, Eric pareceu então me ver por um momento eu pensei ver o reconhecimento em seus olhos, o puxei para o chão, nós escondemos nos escombros

Senti algo perfurar minha perna, mordi o lábio para me impedir de fazer qualquer som.

— O que foi isso? – escutei ao longe, engoli em seco engolindo um grito enquanto sentia algo em minha perna.

Mas logo depois gritos abafaram o som de qualquer outro que eu pudesse ouvir.

Eu sabia que talvez tivesse chamado a atenção para outros inocentes que sem mim poderiam ter fugido, eles estavam quase fora, entretanto só pude fechar os olhos e pedir desculpas silenciosamente.

Segurei a respiração, tampando a boca de Eric enquanto ele se agitava segurei suas mãos o impedindo de se mexer, esperava que ninguém tivesse visto se tivesse então seria o nosso fim, não conseguiria fazer nada sozinha contra um batalhão.

Olhei em volta, o anjo do veneno já não estava ali, e eu agradeci por isso.

— Você está bem? – sussurrei

Ele pareceu confuso por um tempo até seus olhos arregalarem olhando em volta.

— Quem é você? - ele respondeu no mesmo tom

— Uma amiga, sei que você não se lembra de mim, mas eu prometo que não quero te machucar – respondi olhando em volta – Me siga e tome cuidado

Foi mais difícil voltar ir para o mesmo caminho era com certeza impossível, pela grande quantidade de barulho agora havia mais inimigos por aquela rota, mas nunca tivesse a intenção de voltar por lá,

Estávamos arfantes, meus músculos doíam pela movimentação repentina, coloquei a mão no meu ferimento que ainda sangrava, podia conseguir andar, mas lutar com ele estava fora de cogitação.

— Você está bem? – Eric perguntou olhando para minha perna, assenti me sentando no chão.

Ainda havia vidro no local, serrilhei meus dentes enquanto enfiava o dedo na feriada, a dor subiu pela mina perna, mas eu me mantive o mais calma possível sabendo que se puxasse do modo errado a dor apenas aumentaria.

O caco saiu e eu finalmente pude respirar fundo, a queimação da cura aliviando a dor do local.

— Nós conhecíamos antes – expliquei me levantando – de você perder a memoria

— Outro escolhido – reclamou Klaus com raiva – Tudo isso por alguém que nem ao menos sabe lutar?

— Do que ele está falando? – perguntou Eric

Ele parecia muito confuso, percebi com pesar que ele ainda possuía o mesmo olhar de antes, o medo que o mesmo tinha ainda estava com ele.

— Desculpe, mas não temos tempo para responder tudo agora – falei – Onde está Bernard?

— Bernard? - ele perguntou confuso – ele foi para o prédio maior, disse algo sobre eles terem vindo buscar um objeto e me deixou aqui.

Franzi a testa, Bernard não era uma pessoa que deixava pessoas assim, ainda mais tão desamparadas dessa forma, mas se isso havia acontecido devia ter um bom motivo para tê-lo feito.

— O que tem lá Klaus? – perguntei

— Nada – ele falou ríspido – Esse garoto está louco

Mordi o lábio, não acreditava nele, ainda mais vendo o quão nervoso o mesmo estava agora, se toda aquela morte era apenas por um objeto, ele devia ser importante, e se todos estavam atrás disso, Bernard devia estar correndo perigo.

— Não acredito em você – falei no mesmo tom – se tem algo que eles foram pegar lá, você não precisa nós dizer o que é, mas como você mesmo disse, isso é uma guerra, temos que tirar aquilo daqui antes que eles achem.

— Está escondido – ele respondeu – nunca iram achar

— Onde?

— Sala em baixo da redoma, não há entrada direta – ele respondeu – nunca vão achar, está lacrado há séculos.

— Você tem certeza?

Ele não tinha, eu via isso em seus olhos, mas Klaus era orgulhoso demais, nunca falaria que estava errado, então apenas assenti, estendendo a mão para o mesmo se levantar, com o

— Vamos – falei decidida

— Nós vamos para lá? – perguntou Eric surpreso

— Vai dar certo – sorri para o mesmo – confie em mim

Foi difícil o caminho até o complexo da redoma, quanto mais nós aproximávamos mais difícil ficava se locomover, por descuido de Eric, tivemos que matar mais dois integrantes do veneno, depois disso passei a olha-lo mais vezes, com Klaus eu sabia que o mesmo não faria nada para nos expor enquanto Eric parecia fazer tudo errado, mordi a língua algumas vezes evitando brigar com o mesmo quando ele não se movia rápido o suficiente.

Quando chegamos a primeira coisa que se foi notada era que o prédio parecia intocado, quem quer que estivesse lá dentro não queria que nada ali fosse destruído, a segunda era que a entrada estava fechada, Klaus poderia abri-la, mas havia muitos inimigos no perímetro.

“Bernard”— pensei com preocupação

— Tem outra forma de entrar? – perguntei para Klaus

— Por trás talvez – ele sussurrou – Não é utilizada há anos, talvez... Talvez não esteja mais funcionando

— Melhor tentarmos

— Eric – chamei – fiquei por perto, sei que você não vai conseguir lutar, mas se você se separar de mim não terá nada que eu possa fazer

Esperei ele assentir antes de focar novamente no que tínhamos que fazer, não podia me dar o luxo de precisar me preocupar com Eric ali não como havia fazendo desde que ele se juntou a nós, ali um momento de distração podia ser a vida ou a morte de nós três.

Klaus e eu nocauteamos os anjos que estavam ali, puxei Eric comigo enquanto Klaus os matava, dessa vez não tentei para-lo, até mesmo eu sabia que um inimigo vivo ali apenas traria perigo para nós.

— Me ajuda – falei enquanto soltava – é muito pesado

Pouco a pouco a passagem se abriu, apenas um fresta, mas era o suficiente, se esprememos para dentro,

— Eu teria adorado saber dessa passagem quando menor – falei tentando quebrar o silencio ao entrarmos

Ninguém nada mais disse nada depois disso.

Klaus nós guiou pelos corredores, parecia muito fácil para mim, não havia quase nenhum ali dentro, mas devia ter, e esse fato apenas me deixou mais nervosa.

— Espera, tem uma – ele disse recuando – Temos que passar por ela, não temos outro caminho

Olhei pelo corredor onde deveríamos passar, ela estava sentada em frente à porta, sua arma ao seu lado, eles estavam esperando intrusos, claro que esperariam.

Aquilo parecia mais uma armadilha para mim, apenas uma para guardar a entrada parecia muito fácil, ou a mulher podia ser muito boa para confiarem tanto nela.

— Eu vou – falei pegando a espada em minhas mãos

— Você consegue? – ele perguntou, seus olhos analisando os locais onde antes havia me machucado.

Com um estalo sua frase foi sendo absorvida pela minha mente, minha boca abriu minimamente em descrença, quando percebia algo que nunca havia vindo em toda a minha existência.

— Está preocupado comigo? – perguntei

— Vá logo Isabella – ele disse secamente, sua face se fechando.

Pisquei em surpresa, ele estava preocupado comigo, mas deixei para pensar naquilo mais tarde, segurei a espada em minhas mãos, respirando fundo antes de ir.

— Esperem aqui – falei – se tiver mais alguém com ela, se eu não conseguir, vão embora e me deixem aqui

Não esperei sua resposta, apenas sai dali indo em direção a minha oponente, ela sorriu quando me viu, ela de alguma forma me lembrava Helena, não sabia se era pela sua aparência ou pela sua forma de se portar, mas quase conseguia ver minha professora ali.

Ela se levantou com calma, como se não visse pressa em me derrotar, esperava que ela não faria o primeiro ataque, então quase não consegui levantar minha espada a tempo de defender.

Ela era boa, foi a primeira coisa que eu conseguir perceber, e muito rápida também, recuei enquanto a mesma continuou a atacar.

Meus músculos doíam apenas de levantar minha espada e pela força que ela colocava sem seus golpes, estava ficando cada vez mais difícil lutar, em um ato desesperado usei mais da minha força, sua espada recuou o suficiente, tentei desferir um chute, mas de alguma forma ela sabia o que eu iria fazer, desviando e voltando atacar.

E então sua espada estava em meu pescoço quando ela sorriu, vi pelo canto de olho algumas sombras aparecerem, olhei em volta, percebendo que mais quatro haviam chegado.

Estávamos cercados, engoli em seco, a espada que estava em meu pescoço se afastou, vi a mulher rir, enquanto se abaixava e jogava minha espada, que havia caído em seu último ataque, de volta para mim.

— Você chegou perto – ela parabenizou – tem mais dois escondidos na outra sala

Prendi a respiração quando dois deles iam em direção a onde Klaus e Eric estavam, escutei o som de luta, e então quando olhei para trás, Klaus e Eric já estavam sendo arrastados para dentro.

A mulher sorriu para mim, como se sentisse pena de mim, em meu plano falho, vi, entretanto seus olhos caírem para os dois atrás de mim ficando confusos  no mesmo momento, me movi ficando afrente deles, talvez se conseguisse distrai-los Eric e Klaus conseguissem fugir, nossa missão estava arruinada, mas nem todos precisavam morrer.

O anjo sorriu com meu desafio, levantei minha espada, o sangue pingava da lâmina, ainda quente pela luta até o local, se conseguisse derrubar um ou dois talvez tivéssemos uma chance, e esperava que Klaus entendesse que naquele momento precisava que lutasse comigo também.

Ataquei

A mulher nem se deu ao trabalho de revidar, mais dois oponentes pararam meu movimento com facilidade e então a espada já nem ao menos estava em minha mão, senti meu braço ser deslocado e uma dor intensa subir, bati com tudo na parede, abri a boca em um grito surdo.

Mãos firmes me colocaram de pé, segurando com força o meu pescoço, pontos negros apareceram em minha visão, olhei para o anjo que me segurava.

Eu iria morrer. Engasguei em busca de ar que não veio

— Corra – consegui murmurar para Eric que ainda estava parado olhando, os outros haviam o soltado para parar Klaus, que havia conseguido se soltar, mas vi com pesar ele ser nocauteado logo depois, sua própria espada pairando em seu pescoço.

O homem a minha frente sorriu e seu aperto aumentou, não tinha problemas com a morte, mas não queria que aquilo fosse a última coisa que eu fosse ver, queria ver um campo, sentir o sol ou a neve.

Sentir algo além da dor.

O aperto em minha garganta foi aumentando e eu fechei os olhos esperando.

— Espera – a voz de Eric chegou aos meus ouvidos e então instantaneamente as mãos se soltaram, eu cai no chão tossindo e arfando tentando recuperar o fôlego.

Observei enquanto o homem se virou para Eric esperando, como se tivesse recebendo ordens.

— Deixe essa ir embora - ele disse - Ela foi de grande valia para o nosso sucesso

— Eric? – consegui falar

— Como você é ingênua Isabella – ele se abaixou até ficar no meu nível – mas eu gostei de você, seu compromisso de tentar me salvar deu-me alguma... simpatia, fique feliz não são muitos que podem dizer o mesmo.

Demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo, a forma como os anjos do veneno seguiram instantaneamente sua ordem, sua forma de falar, não tinha mais um tom de incerteza, era duro e frio.

E como concidentemente no mesmo dia em que Eric havia chegado ao paraíso o mesmo havia sido atacado.

— Foi você? – falei – Você os trouxe

Ele riu descrente de que da minha demora como entender a situação, seus olhos tinham mudado totalmente, agora era tão... desumanos, o garoto assustado que havia um dia já não existia, apenas maldade, tanta maldade que me perguntei como ele escondia aquilo tão bem.

— Eu ia te matar sabia? - ele sussurrou em meu ouvido - Obrigada por deixar tudo mais fácil apenas indo embora

Cuspi o sangue acumulado em minha boca no chão tentando me levantar, mas no mesmo instante senti um chute atingir minha cabeça, rolei para o lado gemendo de dor.

Havia muitas fraturas, meu braço ainda quebrado, a queimação na região onde fui enforcada, os vários cortes pelo corpo, eram tantos que meus poderes nãos conseguiam curar todos, sentia o calor da cura, mas nunca ficaria boa o suficiente para lutar novamente para conseguir sair dali.

— Por que? – consegui falar

— Queria ver o quanto você conseguia chegar - ele respondeu - Não muito aparentemente

— Prendam eles em algum lugar - ele sorriu falando abertamente agora - não vão ser mais um problema para nós

Senti mãos me pegarem, ouvi Klaus tentando se soltar, mas obtendo nenhum resultado.

— Obrigada por me falar onde está – gritou Eric antes de sumir do meu campo de vista

Sentia que minha consciência estava por um fio, e devia ter desmaiado quando me jogaram em alguma sala, a dor do braço quebrado ao bater no chão foi muita para suportar.

Quando voltei a mim, ele já estava no lugar novamente e os ferimentos já não incomodavam tanto, entretanto ainda doeu quando tentei me levantar, parecia que meus músculos haviam sido triturados.

Não sabia onde estava, vi Klaus parado olhando para mim, a sala não era tão espaçosa e nem ao menos havia janelas, podia ser bem decorada, mas isso não ajudaria em nada no momento.

Precisava de uma forma de sair e rápido.

Tentei forçar a porta, mas ela já estava selada, gritei por ajuda, eu precisava sair dali, precisava desfazer o que havia feito, era tudo culpa minha.

Ter deixado Eric sair havia sido o pior erro da minha vida, devia tê-lo levado até Bernard, apagado sua memória e então ter saído.

Havia confiado demais, sido ingênua demais.

Olhei para Klaus e ele pela primeira vez, eu não me senti injustiçada pela forma que ele me olhava, com raiva, como se eu fosse um inseto em sua frente.

Depois do que eu havia feito.

Eu merecia.

— O que você fez? - Klaus perguntou com raiva - Traidora

Fim do capitulo 6.


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