Juntos por uma Eternidade escrita por CamilaHalfBlood


Capítulo 14
Capitulo 14 - Os Problemas de Dois Mundos


Notas iniciais do capítulo

Eu sei ;-; eu demorei
Desculpa mesmo pessoal, não era a minha intenção atrasar, mas a coisa foi empacando ai aconteceu, maaas tá aki
O próximo eu posto no outro domingo, ele já tá praticamente pronto então é certeza
Espero que gostem :3
Aproveitem o pov do Edward pq agr vai demoraaaar para ter outro kkkkk



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Capitulo 14 – Os Problemas de Dois Mundos

Pov. Edward

A chuva torrencial havia voltado para Forks. Depois de dias de sol constante, o clima parecia querer compensar pelos dias. Desde que amanhecera, a chuva tinha tomado o lugar. Para um vampiro era o clima perfeito, mas para mortais normais.. não tanto. No meio do caminho para o colégio, a chuva havia caído com toda a força. Não era algo que nós já não sabíamos, com Alice até o tempo se tornara previsível.

— Vai esperar? – perguntou, assim que percebeu que havia parado na entrada do colégio. Normalmente todos nós esperávamos o inicio das aulas no estacionamento, era mais fácil ficar em espaço aberto, mas com a chuva tão forte isso não era uma possibilidade.

— Está chovendo muito – falei, preocupado – consegue vê-la?

— Não – ela desviou o olhar – Ela sumiu de novo.

— Vamos Lice? – chamou Jasper.

— Eu entro depois. – disse para o marido, que assentiu e foi em direção da sala de aula junto com Emmet e Rosalie - Me apresenta?

— Vocês já se conhecem. – lembrei Alice.

— Conheci apenas da maneira que você conhece alguém por educação. Quero conhecer ela como alguém pra ter uma amizade. – ela rolou os olhos. – São coisas diferentes.

— Certo. – tossi para disfarçar o riso – Eu te apresento então.

Alguns minutos se passaram, até que a vimos entrar pela porta da escola. Estava totalmente encharcada. Os olhos de Bella lampejavam de raiva quando ela olhou em volta e seu olhar se recaiu em mim.

— Eu não devia ter levantado da cama hoje. – ela grunhiu – Bom dia.

Percebi com surpresa, que seu cheiro estava bem mais forte, mesmo que eu já conseguisse o perceber com exatidão seu perfume mesmo com outras pessoas presentes, ainda me pegava de surpreso quando ele ficava tão forte assim.

“Talvez seja a chuva.”— pensei

Ela parecia mais frágil assim, talvez por estar encolhida de frio, o que não combinava com sua aparência normal, já que sempre estava com a postura firme e ereta, quase tão feita quando a de um vampiro.

— O que aconteceu? – mordi o lábio enquanto me esforçava para não rir

— Eu vim andando hoje. – resmungou - Não tinha guarda-chuva. Só começou a chover quando eu estava no meio do caminho.

— E sua caminhonete?

— Charlie precisou usar ela – respondeu. Ela enrolou o cabelo em suas mãos, tirando o excesso de água.

Senti Alice me cutucar, tentando chamar minha atenção para ela. Já havia esquecido que ela estava esperando ser apresentada. É incrível como Bella me distrai tão facilmente.

— Essa é Alice - falei - mas vocês já se conheciam

— Bella, como vai?

— Mais ou menos – ela olhou para si mesma – Eu só não quero ficar doente.

— Acho que é melhor você trocar de roupa então – Disse Alice se adiantando, enlaçando seu branco no de Bella - Eu tenho algumas no meu armário se quiser.

Bella riu com o comportamento da baixinha, mas aceitou o toque de bom grado. Alice pareceu feliz com a resposta. Ela tinha um pouco de receio que Bella a tratasse da mesma maneira que me tratou inicialmente, mas ela parecia feliz com a aproximação.

— Eu também trago na mochila.

— Podia ter me ligado. – falei – Eu teria te buscado.

— Eu... não tenho o seu telefone – Ela pareceu pensar por um momento, depois passou a revirar sua mochila

— Pode adicioná-lo, se quiser. – pisquei quando percebi o que havia dito, e sabia que se fosse humano estaria corando nesse momento – Quer... dizer.

“Sutil”— pensou Alice, rindo, ainda agarrada ao braço de Bella.

— Não sei fazer isso.

— Não sabe adicionar um número no seu celular? – perguntou Alice

— Eu nunca tive um celular antes. – deu de ombros, e colocou o celular em minha mão – Esse é de Charlie, mas estou com ele por enquanto.

— Certo...

  - Vamos, Bella. – se propôs Alice a puxando em direção ao banheiro – eu te ajudo

— Nós nos vemos no almoço. – ela falou para mim, rindo, se deixando ser puxada pela minha irmã.

“Alice”— pensei, rolando os olhos enquanto ia em direção a minha sala.

Já sentado em minha mesa, olhei para o celular de Charlie/Bella que ainda estava em minha mão, digitei meu número rapidamente, mas quando o campo para digitar o nome apareceu, parei por um minuto.

O que colocaria?  

Sabia que meus irmãos se tratavam uns aos outros por apelidos, mas nunca tivera um, até mesmo quando humano (naquela época era raro alguém chamar até mesmo pelo primeiro nome), e como vampiro a situação não havia mudado muito.

Podia colocar apenas Edward. Mas se esse celular era do Chefe Swan, duvido que ele ficaria feliz quando recebesse de volta.

Mas Colocar Edward Cullen não seria muito formal? Considerando que agora Bella e eu éramos amigos?

Suspirei. Iria ser apenas Edward.

Não vi Bella no almoço. Durante o dia, o professor de história me abordou para falar sobre o seu último trabalho. Ele era o mais novo dos professores e era o mais entusiasmado também.

Por isso ele gostava de debater com os alunos que ele pensava ter algum futuro fora de Forks.

Nós, os Cullens, sempre tínhamos notas perfeitas, mas sempre deixávamos erros propositais, é claro. Nenhum humano podia desconfiar de nada, até por que não seria tão normal se no caso nosso histórico fosse impecável. Mas no caso desse professor, ele não parecia não satisfeito com a nota que eu havia conseguido.

Depois de ter pego meu almoço inteiro ele até se prontificou em conversar com o meu professor para eu poder comer algo antes da próxima aula, o que eu recusei educadamente, alegando que não estava com fome.

Todos já estavam na sala quando cheguei a aula de biologia, a luz estava apagada e o professor passava um filme (que eu realmente não fazia questão de saber sobre o que era). Antes que me colocasse para fora entreguei a nota das desculpas do professor de historia e com uma carranca fui mandado para o meu lugar.

— Por que não foi para o almoço? – ela sussurrou para mim quando me sentei ao seu lado.

— O professor de história quis falar comigo – dei de ombros falando no mesmo tom – Aparentemente meu trabalho estava muito... Informativo e ele queria repassar algumas matérias comigo, desculpe por te deixar sozinha.

— Alice ficou comigo no almoço.

— Vocês se deram bem. – constatei

— Ela lembra uma pessoa de onde eu vim – ela sorriu

— Quem? – perguntei

Percebi tarde demais que havia alguém prestando atenção em nós, mesmo que estivéssemos conversando baixo não estávamos exatamente disfarçando bem.

— Sr. Cullen e Sra. Swan – chamou o professor parando o vídeo – Querem dizer algo para a sala?

— Não senhor – falei, me endireitando na cadeira – sentimos muito

— Já deixei você entrar atrasado – ele olhou para Bella ao meu lado com censura, via em sua mente que ele culpava mais ela do que eu pelas minhas atividades - Então fiquem quietos por favor

— Parece que eu sou uma péssima companhia – ela sussurrou abafando o riso

Em algum momento depois disso, percebi que Bella estava mais inquieta do que o normal, não podia culpa-la, se não fosse por sua companhia já teria arrumado uma forma de sair daquela sala.

Mesmo no escuro ainda conseguia ver tudo ali, então vi com perfeição quando ela pegou seu caderno. Olhei maravilhado enquanto Bella começava a desenhar. Ela era boa naquilo, seus traços eram leves enquanto a mão dela voava pelo papel.

O desenho foi tomando forma: os olhos grandes e o rosto redondo, o cabelo curto até o ombro, o queixo fino.

Uma menina, percebi.

Mas algo nele me parecia familiar de alguma forma.

Não exatamente a mesma coisa que sentira quando conhecera Bella, eram duas vertentes diferentes, enquanto a familiaridade de Bella era mais irreal, como se o sentimento pudesse passar com um sopro só que nunca passava.

A menina que estava desenhada no caderno de Bella já era diferente, como já tivesse a visto pelo canto do olho, sem prestar atenção de fato.

— Você desenha muito bem – falei quando o professor terminou a aula, chamando sua atenção para mim

— Essa é a pessoa que eu falei – ela olhou com carinho para o desenho – Alice e ela se dariam muito bem.

— Elas podem se conhecer um dia.

— É... – ela desviou o olhar – quem sabe.

Saímos juntos da sala. Esperava que eu fosse levá-la em sua próxima aula, entretanto Mike estava esperando nossa saída, e assim que nós viu se colocou entre mim e ela.

— Vamos para aula Bella – Disse Mike me ignorando de propósito, tive que segurar o riso com seus pensamentos, ela já considerava Bella sua propriedade e minha aproximação dela o deixava extremamente irritado.

— Até depois – ela disse para mim com um sorriso, mas algo dentro de mim se contorceu quando vi ela se afastar junto de Mike

Isso era... Ciúmes?

Suspirei enquanto ia para a minha próxima aula.

Esperava que Rosalie e Emmet demorassem mais para aparecerem, mas foram uns dos primeiros a saírem das aulas, e quando cheguei ao meu carro, os mesmo já estavam lá, me esperando para ir para casa.

Só que ir agora não estava nós meus planos.

Havia dois lugares sobrando em meu volvo, e o fato de Bella ter vindo para a escola andando não havia saído de minha cabeça ainda.

— Edward - chamou-me Rosalie – Vamos

— Espera – falei me encostando no carro

— Por que não vai logo falar tchau para sua Humana para a gente ir para casa?

— Ela tem nome – falei.

— Ursinha - chamou Emmet – Vamos, não vai demorar muito mais

Rosalie tentou esconder o incomodo que ela sentiu quando Emmet não ficou do lado dela dessa vez, ainda mais por que nessa questão em especifico, ela era a única que tinha algo contra.

Vi Bella saindo do colégio alguns minutos depois, deixei meus irmãos ali enquanto ia em sua direção.

— Edward – ela franziu a testa – O que foi?

— Posso te dar uma carona para o seu trabalho? – perguntei sorrindo

— Mas e seus irmãos?

— Tem um lugar sobrando – cantolarou Alice chegando ao meu lado – Vamos Bella, não tem motivos para você não aceitar

Olhei de relance para minha irmã, não entendendo o por que ela estar ali.

Ela iria ficar com Jasper, pelo menos era o que a mesma havia dito antes de sair de casa de manhã.

“Vim ajudar com Rose” — disse Alice em sua mente percebendo o meu olhar – “Não vou deixar Bella desconfortável só por que nossa irmã é muito cabeça dura”

— Não sei... – ela desviou o olhar - Acho que irei atrapalhar

— Claro que não - falei - estamos te oferecendo a carona

Ela assentiu um pouco insegura enquanto nós seguia em direção ao meu volvo.

Vi o olhar de Rosalie que nós dirigíamos, sabia que estava comprando briga ao chamar Bella para vir conosco, e isso era apenas comprovado com os grandes insultos que se passavam em sua mente nesse momento.

— Achei que ela tinha carro. – Rosalie disse para mim quando nós aproximamos

Contive um rugido, mesmo que aquilo não a agradasse pelo menos ela deveria ficar quieta.

— E eu acho que somos grandes o suficiente para conseguir dividir um carro Rose – disse Alice enquanto cruzava os braços

— Eu posso ir andando – falou, dando um passo para trás – não vai ser um problema para mim

— Belinha – ouvimos Emmet

Ele a puxou para si antes que qualquer um de nós conseguisse reagir enquanto a rodopiava, quase como se ela fosse uma boneca de pano.

Instintivamente a puxei de volta para mim, a protegendo com meus braços, quando percebi o que havia feito fiquei tenso na hora, não havia feito por querer, eu conseguia conter meus impulsos geralmente, mas o pânico de que algo pudesse a machucá-la era maior do que eu conseguia suportar.

Mesmo que não fosse a primeira vez que nós ficássemos tão próximos um do outro, ainda era uma sensação nova para mim. Ela era quente e macia para mim, o que fazia apenas eu querer trazê-la mais perto de mim. Mas eu sabia que ela devia sentir o quão frio eu era, mesmo que no dia anterior ela não tivesse reclamado. Talvez estivesse muito alterada para perceber esse fato.

Esperava que ela dissesse alguma coisa sobre, mas Bella apenas riu se afastando minimamente, como se aquilo não a incomodasse de fato, mas o fato que fez um sorriso se abrir em meu rosto não foi exatamente por isso, mas sim por ela não ter exatamente se afastando, ainda havia um de meus braços envolta de seus ombros e ela não parecia incomodada por isso.

— Olá, Emm – ela riu.

Ouvi Rosalie bufar enquanto dava de costas para nós, e entrando sozinha no carro.

— Você vai se atrasar para o trabalho se for andando – avisei, abrindo a porta do passageiro para a mesma.

A vi engoli em seco olhando para dentro do carro, e me arrependi de ter proposto a carona, talvez se fosse apenas eu e ela, como havia sido no dia anterior.

Naquele momento ela não parecia com medo, na verdade chegara a pensar que ela ficara feliz em ser eu que estivesse a ajudando naquele momento.

Mas agora...Claro que ela tinha medo de aceitar, já tinha pensado nisso antes, era por isso que ela não queria me ver depois das aulas, já que era umas das regras do nosso trato, na hora não havia pensado no que poderia ser.

Pensará que a mesma apenas podia não gostar de surpresa em si.

Mas na escola havia pessoas em volta, outros humanos como ela para tirar-lhe um pouco do medo. Mas ficar sozinha conosco, aquilo devia ser demais.

Estava pronto para dizer algo, retirar o pedido talvez, quando a mesma aceitou e entrou no carro logo em seguida.

“Relaxa Edward”— pensou Alice, sorrindo, enquanto também a seguia.

— Onde está Jasper? – perguntou

— Ele vai ficar na escola para a detenção – respondi

— Detenção? – sua voz se elevou em descrença

— É, não tinha isso do lugar de onde você veio? – disse Rosalie maldosamente

Mordi a língua com o desagrado, se pelo menos Rosalie ficasse quieta com seu descontentamento isso já ajudaria as coisas.

— O que aconteceu? – perguntou, ignorando a pergunta de Rosalie, o que fez a loira lançar lhe um olhar irritado.

— Dois garotos estavam discutindo, mas quando Jasper achou que a coisa estava mais séria do que o normal, ele tentou intervir...

— Humanos se machucando e os Cullens não se misturam – brincou Emmet

Prendi a respiração, não fui o único que percebeu que Emmet havia falando, Alice parou sua explicação, até Rosalie saiu do seu mundinho, desferindo uma cotovelada no marido, não tinha como ele ter feito uma frase mais reveladora do que essa.

Olhei para Bella, esperando confusão, ou talvez medo, mas a mesma parecia estar tentando conter um sorriso, o que não me parecia certo.

Emmet praticamente havia dito que nós não éramos humanos ao nós excluir da frase, e sabia que ela perceberia, sendo tão perceptiva como ela era.

Mas ela parecia divertida com a situação.

 - E por que o diretor o castigou por isso? – Ela riu, quebrando o clima que tinha se instalado no carro.

— Por que ele é horrível. – reclamou Alice sendo a primeira a se recuperar do choque – Eu tentei falar a verdade para ele, mas ele disse que a gente sempre cabulava as aulas discriminadamente, que somos muito “poupados”, e que não iriamos livra-lo do que ele tinha visto com os próprios olhos      

— Seus pais não podem ir falar com ele?

— É apenas uma hora de detenção – expliquei – Jasper pode sobreviver a isso

— Entendi – Ela voltou seu olhar para a janela, enquanto pensava.

— Seu celular – falei entregando o aparelho que estava no meu bolso – Bom trabalho

— Obrigada pela carona – ela disse, vi seu rosto tomar a coloração avermelhada enquanto sorria para mim. Então, ela se virou, se despedindo do resto

O que Rosalie como sempre ignorou, mas a mesma não esperou sua resposta, pois já estava saindo do carro.

— Você podia ser um pouco mais amigável – falei assim que estávamos em movimento mais uma vez.

— Não é por que você quer brincar com uma humana que todos nós queremos o mesmo

— Bella é a companheira de Edward. Rose, você tem que aceitar isso. – interviu Alice

— Não posso aceitar, sabendo o que isso significa. – sua voz se tornou raivosa - Sabendo que vai dar a vida para ela.

— Eu não quero isso para ela – falei com a voz contida, via em sua mente que ela não acreditava em minhas palavras.

— Mas isso vai acontecer – retrucou - Você sabe muito bem que você se aproximando, vai acabar com as chances dela de ter uma vida normal. E ela nem ao menos sabe disso. Aceitar e escolher são coisas diferentes.

— Você não teria me escolhido? – perguntou Emmet

— Emm, você sabe que não foi isso que eu quis dizer – ela fechou os olhos - Eu só... Se vai continuar com isso, você devia contar a verdade, isso é desumano Edward, ela deve ter uma escolha

— Tudo bem Rose – falei – eu vou pensar sobre isso... Mas não vou me afastar de Bella, sinto muito

Vi sua boca se contorcer em desgosto. Sabia que ela queria me fazer desistir de Bella, entendia seu lado. Até mesmo por que já havia considerado fugir de Bella por isso. Ela era uma humana, tinha tantas oportunidades que eu não poderia dar para ela, entretanto eu sabia que transformá-la nunca seria uma opção. Já havia decidido que iria ignorar aquilo por hora.

E a cada minuto que eu passava junto a Bella, eu apenas ficava mais feliz por ter feito essa escolha.

Mas sabia que teria que contar para ela a verdade em algum momento, mas esperava ter mais tempo, a mesma já havia dito que não precisava de respostas, o que parecia até bom demais para ser verdade.

— Carlisle está em casa? – perguntou Rosalie confusa

Nos entreolhamos. Era raro que Carlisle voltasse antes de terminar seu expediente, mesmo que não houvesse muito movimento em Forks. Ele sempre ficava até o término do seu horário e por muitas vezes pegava os horários dos outros médicos também.

Olhei as malas e o burbúrio antes de olhar seus pensamentos.

Viagem — era a palavra que se passava na mente de Carlisle e Esme.

Não podia ser, por que tudo parecia estar contra minha aproximação de Bella? Mas nos mudar agora estava além dos limites, não queria ter que deixar minha família caso eles fossem embora. Também sabia que nesse momento, não conseguiria deixar Forks.

— O que está acontecendo? – perguntou Alice – Nós vamos nos mudar?

— Eu não vou – falei, chamando a atenção deles – Não posso deixar Forks agora.

— Vamos para o Alaska. – Esme trocou o olhar com Carlisle, estranhando meu comportamento.

Meus pais eram os únicos que não sabiam nada sobre Bella. Não que eu tivesse contado por espontânea vontade para os meus irmãos, mas eles haviam percebido depois da nossa aproximação na escola.

Para Esme e Carlisle era diferente, sabia que eles aceitariam Bella, mas dizer em alto e bom tom o que ela significava pra mim era um tanto vergonhoso.

— Achei que teríamos mais tempo em Forks – falei, quase desesperado – Os moradores ainda não notaram nossa aparência.

— Eu também não acho uma boa ideia, se formos embora agora... – a voz de Alice morreu enquanto olhava para mim – Eu não quero ir.

— Nós temos tempo. – concordou Carlisle

“Não sabia que gostavam tanto de Forks”

— Será apenas até Domingo, querido. – falou Esme

— Ele quer ver mais a Belinha – Disse Emmet interferiu ostentando um sorriso desafiador.

“Bella?”— os pensamentos de Esme se encheram de felicidade

— Quem é?

— É uma amiga – falei, fulminando Emmet. Isso só o deixou mais empolgado.

— Não podemos ir semana que vem? – pedi

— Não é uma situação que pode ser adiada. – respondeu Esme – Nós temos que ir até lá o mais breve possível.

Iria protestar, entretanto o que eu vi na cabeça de Esme me fez ficar calado.

— O que aconteceu? – perguntou Rosalie, preocupada

— Filha, nós sentimos muito mas... Kate nós ligou hoje, Irina faleceu.

— Não – Ela cambaleou para trás - Como?

— Não sabemos, ela não nos disse os detalhes.

— Ursinha – chamou Emmet tentando chegar perto da esposa.

— Eu estou bem – ela disse, se afastando – Só preciso... Ficar um pouco sozinha.

Logo depois ela já não estava mais entre nós. De todos, ela era a mais afetada por essa notícia, já que sempre fora a mais próxima das irmãs Denali e mesmo que não as considerasse da mesma família, eram com toda a certeza muito amigas.

— Quando nós vamos? – perguntei

— Iremos hoje à noite.

Não pude evitar uma careta com isso, esperava que pelo menos pudesse vê-la antes de ter que ir para o Alaska.

Queria pelo menos dizer a ela para onde e por que estava indo, por que tinha uma leve impressão que ela acharia que era por culpa dela.

— Filho, sabemos que quer ficar em Forks. – disse Carlisle calmamente - Mas Tanya ainda é nossa amiga. Temos que ajudar nossos amigos quando eles precisam.

— Tudo bem.

— Ele quer ver a namorada dormindo. – Emmet voltou a interferir

— Emmet... – rosnei

— Não acabem com a minha casa, por favor. – pediu Esme.

Ele riu, enquanto corria para fora comigo em seu encalço. Sabia que era isso que ele queria, uma boa briga, mas não estava fazendo aquilo apenas por que o mesmo havia me irritado. Mas também o que via em sua mente que o mesmo precisava se distrair, já que a forma que Rosalie não quis sua companhia ainda passava em sua mente.

— Não é justo – ele alegou – Com você lendo minha mente

— Isso não era uma luta de verdade. – falei, vitorioso – Foi eu te ensinando uma lição.

— Aceite a derrota, Emmet. – eu ri, correndo de volta para casa. Quando voltamos a casa já estava quase pronta para a viagem. Havima mais malas na entrada agora e Jasper já havia voltado de sua detenção da escola.

— Desculpe. – Rosalie sussurou, após caminhar até Emmet. Enlaçou seus braços em volta do pescoço do mesmo – Alice já arrumou as malas de vocês dois

— De nada – Disse Alice para mim saltitando

— Vou refazer minhas malas – avisei correndo para o meu quarto

— Ei – ouvi Alice me seguindo - Você não vai acabar com minha obra de arte

Depois de alguma discussão ela aceitou que refizéssemos juntos a sua “obra”, mas nessa vez sem pressa, podíamos terminar aquilo em segundos se fosse em nossa velocidade de vampiro, mas dessa vez nenhum dos dois fez menção de faze-lo.

 “Edward”— chamou-me Alice em sua cabeça – “O que você vai fazer com Tanya?”.

— Não sei – suspirei – não quero magoa-la

— Algumas coisas são inevitáveis

Tanya e eu tivemos um momento a algumas décadas, estava farto de ser o único sem alguém em minha família e Tanya sempre deixará claro suas intenções comigo, então acabará por aceitar, não fora certo, nunca sentira nada por ela, mas naquela época achara que podia acabar sentindo algo por ela depois.

O que claro não aconteceu.

— Como está a cabeça? – me perguntou

— Ainda dói – suspirei – mas está melhorando, aos poucos.

Era verdade. Depois que a dor parou de ficar tão frequente contei para Carlisle o que estava acontecendo. Ele não tinha nenhuma solução para mim, algo já esperado.

Pelo menos, agora, toda a minha família já sabia o que estava acontecendo.

— Não acha estranho que... Parece que tudo está acontecendo de uma vez?

Você acha sua companheira, poucos dias antes de começar a ter dores de cabeça estranhas, começam a ter ataques em Seattle e logo depois Irina morre”

— Quer dizer, não me leve a mal, eu gosto de Bella, e fico feliz que ela te faça tão bem – ela disse – mas não consigo parar de pensar que ela pode ter algo haver com isso

— Ela é humana – falei na defensiva – Não tem nada haver com isso

—Eu sei, mas pense que quase nunca a vejo dormindo. Pelo menos nas poucas vezes que consigo ver ela. E ela nunca parece cansada por isso. – ela deu de ombros – E é imune a todos os nossos poderes, isso não pode ser normal.

— O que quer dizer?

— Não sei... Só estou divagando.

“Sabe que também não tenho respostas”

— Eu gostaria que ela não fosse humana.

— O que?

— Por que se ela já fizer parte do nosso mundo, você não vai precisar se preocupar – ela deu de ombros – Com a parte dela... morrer ou ser transformada.

— É assim que tem que ser. - suspirei

— Eu sei, mas ainda tenho esperança que tudo vai se arrumar. – ela sorriu - Eu posso não ver nada no futuro de Bella, mas tenho certeza que ela seria uma ótima irmã.

— Obrigada – sorri para ela – Sei que não deve ser fácil para vocês.

“Pelo menos ela não cheira bem para nenhum de nós”

— É – eu ri – isso ajuda

Quando anoiteceu, nós deixamos Forks, tínhamos que viajar de noite, para termos certeza que nenhum humano nos veria. Isso demorava mais tempo do que necessário quando não se tinha as sombras para se esconder.

Eu sempre fui o mais rápido da minha família, mas mesmo assim não me separei deles, os seguindo de perto.

Normalmente não precisávamos fazer exatamente as malas para mudar de um lugar. Se era um lugar novo, comprávamos tudo que precisávamos no próprio local, e se fosse um lugar que gostássemos, não tirávamos nossas coisas do lugar. Para o outro caso, deixávamos a casa antiga para algum humano viver.

O que não era o caso de Denali.

Nós já tínhamos uma casa no Alaska. Já havíamos morado pelo local por algumas décadas, mas fazia algum tempo que não víamos nossos parentes distantes. Muito menos, morávamos juntos. Não que não gostássemos deles. Eram com toda a certeza os Vampiros que mais mantínhamos contato, entretanto gostávamos do espaço e da convivência que tínhamos sendo apenas os Cullens.

Quando chegamos em Alaska, fomos para a nossa casa primeiro. Tínhamos que deixar nossas malas.

Porem, quando chegamos na casa dos Denali, eles já nos esperavam. Já havia amanhecido há algumas horas, já viagem em sua havia demorado mais do que nós esperávamos.

Nos cumprimentamos como velhos amigos que não se viam a muito tempo, o que de fato éramos.

Percebi que diferente dos outros Tanya, mesmo sendo a mais assídua em se socializar, permanecia mais afastada com os olhos perdidos enquanto encarava a janela aberta. Seu rosto completamente sem emoção.

— Obrigada por virem – Kate sorriu, ainda abraçada a Esme.

— Claro que viríamos. – respondeu - O que aconteceu?

— Irina estava mantendo uma relação com um vampiro nômade há um ano – Kate começou, mas sua voz morreu desviando o olhar.

—Ela foi encontrar com ele, em uma viagem para caçar ou... algo assim - Carmen continuou pela amiga, foi até Kate a abraçando de lado – Nós a procuramos por dois dias, achamos seu brasão ao norte com... duas cinzas. Ligamos para os Vulturi, estávamos desesperadas para saber se... – sua voz se quebrou – Mas o rastreador deles confirmou.

— Sentimos muito.

— Eu não vi. – falou Alice, se adiantando – Eu devia ter prestado mais atenção..

— Nós podemos ser eternos, mas ainda sim... – Respondeu Tanya falando pela primeira vez desde que havíamos chegado - Não temos como prever tudo, Alice. Não se culpe por isso.

Mesmo que Alice tivesse concordado, eu via em sua cabeça que a mesma ainda achava que ela podia ter feito mais. Em parte aquilo era culpa nossa, sempre deixávamos muita responsabilidade nas mãos dela por ela ter o dom que tem.

Mas Alice também tinha limitações.

— Lice, vamos buscar o resto nas nossas coisas? – sugeriu Jasper tentando tirar Alice dali o que eu agradeci em meus pensamentos. A mesma assentiu, seguindo o marido para fora da sala.

— Eliezer – disse Carlisle – Como está velho amigo? Nós deveríamos ter vindo antes

— É realmente trágico – respondeu – Mas Ficamos felizes que tenham vindo, mesmo que a situação seja... Tão difícil.

Os pensamentos de Tanya me chamaram a atenção, era exatamente como quando Alice tentava me bloquear. O fato dela estar escondendo algo tornava seus pensamentos gritantes para mim, exatamente como os de Tanya estava agora.

Quando a olhei, percebi então que ela olhava para mim.

— Olá Edward – Tanya se aproximou – Não me cumprimenta mais?

— Sinto muito... pelo o que aconteceu com Irina

“Não me lembre dela, por favor”— ela pedia em sua cabeça – “Não me faça pensar nisso, não agora”

Ela sorriu tentando enlaçar seu braços em volta de meu pescoço. Para quem visse de fora podia ser apenas um abraço amigável, mas via em sua mente que era muito mais, e não queria aquilo para ela.

Presava pelos sentimentos dela para deixa-la se iludir dessa forma.

— Tanya – me afastei – Temos que conversar.

— Estamos conversando, Edward. – ela franziu as sobrancelhas

— Nya, não é só Edward que não cumprimenta mais - Rosalie interferiu puxando Tanya consigo  

“O enterro da irmã dela é hoje a noite, agora não é hora para isso”— pensava Rosalie – “Seja mais sensível Edward”.

Suspirei, e assenti minimamente.

— Preciso de sua ajuda para desfazer minhas malas – ela sugeriu, me ignorando – Eu trouxe presentes da última viagem para a Itália...

Tanya assentiu confusa. Rosalie nunca antes havia interferido antes quando se tratava de mim, já que diferente de Alice, Rosalie sempre fora a favor de dar uma chance a Tanya, e esperava que com o tempo eu passasse a gostar dela.

Mas antes de subir vi ela me lançar um olhar que não consegui interpretar, ainda mais que a mesma ainda continuava a tentar me bloquear.

O enterro de Irina foi de madrugada. Não abrimos uma cova como os humanos fazem, não havia corpo e colocar um caixão vazio sempre pareceu estranho para nós, seria até um pouco clichê quando estava se tratando de Vampiros, então elas escolheram um lugar na floresta, e colocamos sua lapide.

“Irina Denali”— não havia data de nascimento, muito menos de morte (não poderíamos deixar aquilo para um humano acha-lo), mas havia  o brasão do clã gravado na pedra a baixo do seu nome.

Aquilo Ficaria ali tanto tempo quanto Irina deveriam ficado.

Via em suas mentes que elas tinham feito a mesma coisa quando Sara havia morrido, a criadora e mãe de Tanya, Kate e Irina.

Entretanto, nessa época, nós nem ao menos conhecíamos os Denali. Minha família nunca havia presenciado morte de nenhum conhecido próximo.

Era por isso que Alice se culpara tanto, ou por que Rosalie havia se fechado quando soube do ocorrido.

Esse era um dos problemas de ser eterno, você se esquecia de como a morte se parecia e por consequência também não sabe lidar com ela.

Tanya e Kate se mantiveram juntas o tempo todo, como se tirassem forças uma da outra, e como Rosalie se recusaram a falar alguma coisa.

Aos poucos cada um foi voltando para casa dos Denali, deixando as irmãs terem seu último momento juntas.

Mais tarde, Alice queria animar o animo de todos, e propôs uma pequena divirsão, o que todos aceitamos prontamente, o proposto era uma competição de caçada em uma área delimitada.

Nos divimos em três grupos, o que gerou uma pequena discussão de quem ficaria com o integrante a mais. Éramos ao todo sete pessoas, mas no fim Kate ganhou a “batalha” colocando em seu grupo eu e Emmet.

Nós decidimos nos separar cada um para uma região, mesmo que acabássemos disputando a caça de outro grupo, poderíamos percorrer mais território e conseguir animais maiores, que eram um dos quesitos para se ganhar.

Assim que Kate e Emmet foram para os seus respectivos lugares, senti um cheiro para o norte. Como sempre, a frenesi costumeira me preencheu, e o único pensamento me veio.

“Sangue”

Encontrei minha presa alguns metros depois, era um leopardo, não tão grande o que indicava que era ainda muito novo, se aquilo não fosse uma competição não teria o escolhido como caça, mas como estava com pouco tempo, não tinha como me dar o luxo de procurar outra caça.

Me esgueirei pela mata, esperando o momento perfeito para se atacar, exatamente como uma havia feito todas as milhões de vezes.

O momento chegou alguns minutos depois, um segundo depois já havia me impulsionado, e quase conseguia sentir o alivio que o sangue trazia, quando percebi que não estava sozinho. Claro, devia ter previsto que eles iriam trapacear, mas fazia um tempo desde que pude realmente me soltar em uma caçada.

Por isso Alaska era tão bom de se viver, não havia a preocupação que nós sempre tínhamos que ter quando se tratava de Forks já que haviam muitas montanhistas no local.

Entretanto, agora que estava prestando atenção em sua mente, já sabia que era tarde mais a pessoa já tinha me pegado por trás, me jogando para o outro lado da campina.

Me levantei, e quando olhei para a minha presa novamente a vi totalmente seca e uma Tanya ostentando um sorriso maldoso.

— Não gosto de pegar a caça dos outros. – ela gritou, enquanto ria correndo para o outro lado – Mas vai valer a pena quando eu ganhar.

Rosnei e corri procurando outra presa, poderia ir atrás da mesma pelo leopardo, mas se aquilo era competição não podia perder tempo com distrações.

Mas no fim não adiantou de muita coisa.

O time de Alice ganhou, aparentemente eu não era o único que estava disputando pela mesma caça, já que a maioria tivera seus ataques surpresas quando acharam uma presa. Com o poder da baixinha ela sabia exatamente quando e onde deveria atacar.

No fim da noite do segundo dia que estávamos em Denali, tive que voltar para nossa casa de Alaska. Eram muitos pensamentos e todos de uma vez, e nesse momento, quando ouvia toda a tristeza em suas mentes sem permissão, mesmo que eles tivessem rindo ou conversando animadamente eu realmente me sentia como se tivesse invadindo mais a privacidade deles do que eu fazia normalmente.

O resto da minha família ainda ficaria na casa dos Denali, então pelo menos teria a casa para mim.

Infelizmente não havia um piano nessa casa, normalmente deixávamos pelo menos os moveis para os moradores, entretanto os próprios pareciam não ter gostado tanto do piano.

O encontrei no sótão, infelizmente muito das cordas estavam totalmente soltas e outras haviam se quebrado.Uma ou duas teclas haviam simplesmente afundado.

Não tinha muito experiência em conserto, normalmente era apenas comprar um novo, era um dos benefícios que tínhamos por vivermos tanto tempo, os bens se acumulavam. Mas demoraria muito e como não esperava ficar muito no Alaska então apenas sobrava a opção de tentar arruma-lo.

Quando achei que estava um pouco melhor, me sentei no banco. Tentei delinear alguma melodia, mas o som que se seguiu foi excruciante.

Suspirei, tocar piano não era mais uma possibilidade.

Subi para um dos quartos que em algum momento havia sido o meu, mas agora estava muito humanizado para parecer algo comigo, e a cama grande e espaçosa só confirmava mais isso, peguei meu celular enquanto me deitava colocando os fones de ouvido.

O som Debussy preencheu o silencio da casa.

Em algum momento o percebi que meus pensamentos se voltaram para Bella, me perguntando de que tipo de musica a mesma gostava, não gostava de admitir, mas ainda sabia muito pouco sobre ela.

O desenho que a mesma havia feito durante a aula me veio à cabeça, será que mesma gostava tanto de desenhar para continuar com isso depois do colegial? Ou aquilo era apenas um hobbie como o piano era para mim.

Fazia dois dias que não há via, mas parecia que se tinha passado muito mais.

Gostava de como as coisas funcionavam na minha época, havia certa beleza em escrever cartas, entretanto havia uma coisa que eu gostava dessa tecnologia, a velocidade.

“Acordada?” – mandei em seu celular.

Era incrível que depois de 106 anos de idade eu ainda conseguia agir exatamente como uma adolescente, por que o nervosismo que eu sentia nesse momento mostrava isso.

Esperei durante trinta minutos alguma resposta, entretanto a mesma não veio. Já havia desistido quando peguei algum livro qualquer para me distrair, mas assim que havia conseguido me concentrar plenamente na leitura em minhas mãos o som irritante do meu celular começou a tocar incessantemente.

— Alice. – falei, assim que atendi – Eu já falei que estou ocupado.

— Haah, desculpe – disse a voz.

— Bella? – falei sem conseguir conter um sorriso

— Eu posso te ligar mais tarde...

— Não. – a interrompi – Era só para Alice parar de me irritar.

— Está muito difícil? – ela riu

— Não mais do que o normal.

— Eu vi sua mensagem, mas... eu não sei responder.

— Eu tinha me esquecido disso. – ri

— Por que voce está faltando?

— Vim visitar minhas primas. – respondi - É que... uma delas morreu.

— Como está sua família? – ela perguntou, depois de um minuto de silencio

— Nunca tínhamos perdido alguém antes – falei – não estamos acostumados com isso, pelo menos não alguém tão próximo.

— Qual era o nome dela?

— Irina.

— Sinto muito.. – sua voz se quebrou – Ela... devia ser incrível.

Me assustei com a tristeza que veio em sua voz. Ela nem conhecia Irina, mas parecia estar sofrendo tanto quanto os Denali pela morte da mesma.

— É pior para as irmãs dela. – Falei sem saber exatamente ajuda-la – Elas também já haviam perdido a mãe delas... agora a irmã...

— Eu... Sinto muito. – Ela disse, depois de alguns segundos de silencio, sua voz saindo contida. – Isso não devia estar acontecendo.

— Bella, não tinha como ninguém fazer nada para impedir isso. – falei

A linha ficou muda por alguns minutos, não conseguia entender o por que de sua reação, mas parecia agir como se aquilo fosse culpa dela e a forma como aquilo a abalou também não condizia com a situação.

— Pode me prometer uma coisa? – disse quebrando o silencio

— O que?

— Pode tomar cuidado?

— Eu?

— É, só... me prometa isso.

— Claro. – falei mesmo sem entender seu pedido – Eu prometo.

— Obrigada. – ela sussurrou – Quando não chegou, achei que estava bravo comigo.

— Bravo?

— Não quero causar problemas entre sua família

— Você não está causando - falei - por que pensa isso?

— Eu percebi que ficou bravo com Rosalie

— Você não precisa se preocupar com isso

— Não brigue com ela, por favor – pediu

— É mais o contrário, Bella – ri um pouco sem graça – Mas Rosalie vai acabar aceitando alguma hora

 “Aceita e escolher são coisas diferentes”— a fala de Rosalie voltou em minha mente.

— Como foi a escola? – perguntei tentando esquecer esse assunto

— Foi normal, eu acho – ela respondeu – quer dizer, eu voltei a sentar com Jessica e Ângela hoje

— Por que?

— Mike estava me deixando nos nervos – a voz dela se tornou abafada, quase podia ver ela pressionando seu rosto de encontro ao seu travesseiro – Ainda mais agora..

Não pude conter o sorriso. Então ela não gostava do Newton. Não queria, mas não pude não me sentir aliviado ao saber disso.

— Posso dar um jeito nele - falei - É só falar.

— Tentador – ela fingiu pensar – mas acho que ainda posso aguentar.

Escutei os pensamentos da pessoa antes de ouvi-la aproximar, sendo a única pessoa perto da casa.

Segundos depois Tanya parou sentando em minha janela, com as pernas penduradas para fora do cômodo, como se fosse sair correndo dali em qualquer momento. Ela inclinou a cabeça, analisando a situação.

— Desculpe – suspirei – tenho que desligar.

— Haah tudo bem, nós...nos falamos amanhã?

— Claro. – sorri.

Desliguei o celular, com o olhar de Tanya ainda em mim, me amaldiçoando por não ter tomado a iniciativa antes e ter contado para ela. Mesmo que depois de Rosalie ter nos interrompido não tivesse visto Tanya sozinha para conversarmos, devia ter feito algo para conseguir conversar com ela. Mas agora era tarde demais.

— Parece que eu interrompi alguma coisa. – ela disse, cautelosa, enquanto passava as pernas para dentro do quarto de forma habilidosa, mas ainda sim não totalmente dentro.

— Desculpe não ter falado antes.

— Edward, querido. – ela sorriu - Você acha mesmo que eu já não tinha entendido que você conheceu alguém?

— Você sabia?

— Claro, você não é o primeiro homem que eu já me relacionei – ela deu de ombros - Sei ver essas coisas, além do mais “precisamos conversar”, você podia ter pelo menos ser original

— Certo – rolei os olhos – E você não está chateada?

— Nós nunca tivemos nada. – ela sorriu, um tanto forçadamente – E você nunca jurou nada para mim, muito menos eu para você.

“Mesmo assim perder incomoda”— ela pensou

— Então... – ela cruzou os braços – quem é a vampira?

— Ela não é vampira.

Os olhos dela arregalaram, desfazendo sua pose, percebi um pouco de irritação ser apagado de sua mente. Percebi que agora ela já não levava tão a sério meus sentimentos por Bella.

“humana?”

— Por que você sempre tem que ser o mais problemático? – ela perguntou, rindo

Bufei, pegando o travesseiro e jogando em sua direção. Ela pegou no mesmo momento, mesmo que não estivesse nem ao mesmo olhando na direção.

— Você também tem algumas preferencias por humanos. – falei

— Mas eu não me amarro a eles. – ela retrucou, voltando a se reencostar – São divertidos de brincar de vez em quando, mas é só isso.

— Não estou fazendo isso. – minha voz saiu séria agora.

Ela parou me analisando, tentando ver se havia alguma brecha no que estava falando, mas não havia e nunca haveria, então por fim suspirou

— Isso não vai dar certo. – ela disse, mas dessa vez sem maldade, ela estava apenas preocupada – Eu sei que não tem intenção de transformá-la.

— Se ela me aceitar já está bom para mim – dei de ombros, mesmo que aquilo me incomodasse mais do que eu gostaria.

— Ela não sabe sobre você?

— Ainda não – respondi – prefiro manter tudo em segredo o maior tempo que eu puder.

— Você tem certeza que ela não sabe?

“Humanos ainda tem medos de nós, mas ela não parecia com medo quando está falando com você”

— Ela é diferente – respondi, mesmo que não tivesse tanta certeza. Não sabia quanto tempo eu ainda tinha com Bella, até ela... Perceber o que eu sou de verdade.

— Bom – ela suspirou – Eu espero mesmo que seja, mas se os Volturi descobrirem...

— Eles não vão. – falei, prontamente – Nunca deixaria que algo acontece com ela.

— Certo. – ela suspirou. “Impossível como sempre”. Ela deu de ombros. – Bom, na verdade eu não vim aqui para falar sobre sua vida romântica.

— O que foi então?

— Tenho algo para te contar – ela se afastou se sentando agora na cadeira a frente de mim – Uma coisa... Que só você pode me ajudar, talvez...

“Irina...”— a mente de Tanya começou a passar momentos com a irmã me fazendo novamente me sentir um intruso, era exatamente por isso que havia vindo para ali, os momentos eram deles, e não queria vê-los.

— Você conhece as reações das pessoas melhor do que qualquer outra pessoa. – ela explicou – Preciso que você olhe em minha cabeça e veja uma coisa.

— Certo..

Ela assentiu. Vi em sua mente, pesando seus argumentos. Percebi que ela ainda não tinha certeza se devia me procurar, mesmo que tivesse vindo aqui apenas para isso.

Mas o fato dela estar bloqueando esse pensamento desde que eu chegara em sua casa, era o motivo principal em sua decisão de me contar, ela gostava de liberdade e ficar refreando seus pensamentos a incomodava de várias maneiras.

— Irina não foi embora sem avisar. – ela disse, depois de um segundo de silencio - Quer dizer, não... exatamente...

— O que quer dizer?

— Tivemos uma conversa, dois dias antes dela ir embora. Eu não entendi o que ela queria dizer na época, ainda não entendo, mas eu achava que nada poderia acontecer, somos Vampiros— - Eu devia ter previsto, é claro...

A imagem começou a se desenvolver na mente de Tanya antes que eu pudesse falar alguma coisa, então apenas fiquei quieto vendo que ela me mostrava.

— “Qual é, já faz um ano!” – exclamou Tanya – “Eu sei que ele já não é mais um caso para você.”

As duas estavam na floresta, não havia mais nenhum Denali na cena, mas Irina não parecia que gostaria de estar ali. Ela andava para longe da irmã, enquanto tentava se afastar, farta daquela conversa.

— “Você não sabe do que está faland.o” – Irina respondeu, sem olhar para irmã. – “Por que isso é tão importante para você?”

“Esse segredo está nós afastando.” – a voz de Tanya tremulou pegando o braço da irmã tentando chamar sua atenção – “E isso é importante para mim, sempre vai ser.”

— “Isso é mentira.” – Vi a Irina puxar com força seu braço, se soltando

— “Então por que não vem mais caçar conosco?” – voltou a perguntar – “Se você gosta tanto dele, por que mantém tanto segredo?”

— “Nya, se eu pudesse contar..” – respondeu - “Não é tão simples”

— “Eu posso acompanhar.” – Elas se encarraram por alguns minutos, mas Tanya permanecia firme, por sim Irina suspirou desviando o olhar.

— “Aconteceu algumas coisas, coisas que eu preferia não saber.”

Tanya continuou esperando, esperando que mais explicações viessem da irmã, mas nada mais veio, a irritação começou a crescer, então a mesma, farta, se levantou pronta para acabar com aquele monólogo.

— “Sabe quando um humano descobre sobre nós?” - Ela continuou quando Tanya já estava um pouco longe – “O medo sufocante que eles sentem de saber que tem algo aí fora que é mais forte que você, que assusta você?”

— “Fique longe disso então”

A voz de Irina agora era agoniante, como se aquela possibilidade a machucasse apenas por ser pensada.

— “Eu não posso.”

— “Você pretende ir embora então? É isso?”

Irina, que estava até então de costas para Tanya. Agora se virou para a irmã, talvez surpresa pelo o que a irmã estava dizendo, mas o medo em seu olhar era tamanho que fez Tanya dar um passo em sua direção, mesmo que ainda estivesse brava com a situação, nunca tinha visto Irina com tanto medo, até mesmo quando havia presenciado a morte da criadora.

— “Nunca.”

— Essa última parte me atormenta, eu nem ao menos sei se esse Vampiro que ela amava existe, mas algo nele a assustava, eu sei que ele era importante para ela, a forma que parecia machuca-la... apenas por pensar em abandona-lo – ela suspirou pesadamente – mas ela parecia estar falando a verdade não?

— Parecia. - falei - Mas quando uma pessoa se convence de algo, aquilo se torna uma verdade para ela.

Ela assentiu.

— Eu fico me convencendo de que ela morreu por algo, ou por culpa de alguém – ela respirou fundo – Quero ter raiva de alguém, mas a única pessoa que posso culpar... Não temos nem um rosto.

— Essa conversa... E se foi isso que a matou – Ela voltou seu olhar para mim - aquilo que ela tinha medo

— Tanya, nós somos os monstros que se escondem na escuridão, não existe mais nada.

“Mas e se houver..”

— Irina sempre foi a mais excêntrica de nós... Se algo a assustava... Acho que devia assustar a todos nós.

— Talvez o que ela estivesse se referindo fosse aos Volturi. Sobre os boatos que circulam por ai, talvez o vampiro estava sendo perseguido por eles .

Há algumas décadas, alguns boatos começaram a percorrer nosso mundo. Muitos diziam que eram apenas os Romenos, o antigo clã que comandava, tentando colocar medo para conseguir voltar ao poder.

O que diziam era que os Volturis acusavam injustamente clãs, dizimavam os integrantes, deixando apenas um. Como se fosse um ato de clemência, se claro o poupado se dispusesse a se juntar à coleção de poderes deles.

Mas boatos desse tipo sempre existiram, e Carlisle sempre afirmara que não tínhamos que nos preocupar com isso.

Entretanto, ainda temíamos por Alice, já que o dom de prever o futuro era um que os Vulturi ainda não tinham em sua coleção, entretanto eles nunca fizeram menção de aparecer.

— Também pensei nisso, é a explicação mais logica não? – ela suspirou - Explicaria o por que manter tanto segredo.

Vi em sua mente que ela já não queria mais conversar sobre isso, como se lembrar daquilo tirasse suas forças.

— Não conte isso para Kate – ela pediu. – Ela iria querer vingança, viraria uma cruzada, que não acabaria bem.

“Não quero perder outra irmã”

— Claro.

— Vai ser bom não ter que ficar te bloqueando. – ela riu – Não sei como Alice consegue fazer isso por muito tempo, tem que ter muita concentração.

— Ela é única que tenta. – dei de ombros

Ela assentiu, enquanto se levantava indo em direção a porta do quarto. Já havia pego meu livro de volta quando ouvi sua voz.

— Você sabe que nunca me apaixonei por você. – Ela disse, parada na batente da porta.

— E você? Sabe que posso ler seus pensamentos. – devolvi.

Ela riu e se virou, saindo do quarto.

Fim do Capitulo 14.


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Notas finais do capítulo

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