A semana dourada era conhecida como a época do ano em que existiam muitos feriados nacionais no Japão, e o Colégio U.A. reservou essa semana para que seus futuros grandes heróis cuidassem de seu país de um jeito diferente.

O Diretor Nezu havia comunicado a todos os alunos e professores que deviam vir para o colégio como um dia normal de aula, afinal, heróis não tinha hora de trabalho e nem local.

O colégio, essa semana, teria muitas atividades diferentes, todas envolvendo os feriados. E o primeiro dia seria relacionado ao Dia do Verde.

― Essa porra de colégio... Eu não acredito que vou ter que ficar ouvindo aquele diretor falar. ― ralhou Katsuki consigo mesmo, mas seus amigos o ouviram.

― Calma, pensa que você quer se tornar um herói, certo? Precisamos passar por coisas chatas antes ― Kirishima falou com um sorriso simpático no rosto, fazendo o amigo voltar a resmungar.

― Ah, eu acho legal tudo isso ― falou Uraraka.

― Vamos, já estamos atrasados ― Mina falou, correndo entre os amigos, e Ochaco a seguiu, deixando Bakugou resmungando, e Kirishima rindo do amigo para trás.

Assim que todos entraram na sala, o último sinal foi tocado, e o professor Eraser Head entrou com sua habitual cara de sono e de poucos amigos. Todos já estavam sentados em seus lugares, só esperando o que deviam fazer.

― Bom dia! ― Eraser falou, e todos o responderam de volta. ― Como já sabem, essa semana, os alunos do U.A. foram convocados para algumas atividades extracurriculares, e hoje é o Dia do Verde. Como o nome diz, ele é direcionado para cuidarem do meio ambiente, vocês já devem saber. Então, logo mais teremos uma palestra com a Mt. Lady e o diretor Nezu no pátio do colégio, falando como esse dia é importante e como os heróis precisam ajudar com isso. E agora, vocês serão separados em duplas, cada dupla ajudará  com um dos parques dos arredores.

― Mas o que especificamente iremos fazer nesses parques? ― perguntou Jirou.

― A dupla que plantar mais árvores terá todos os outros dias de folga.

Assim que Eraser respondeu Jirou, toda a turma se alegrou com a competição. Pareciam animados e empenhados, mas como era um trabalho em dupla, tudo dependia de quem estaria com quem.

― Para não ficar injusto com ninguém, irei sortear as duplas.

O professor pediu para que Ochaco o ajudasse, pediu para que ela mesma anotasse os nomes de todos em um papel, um nome em cada linha.

A menina fez e cortou os nomes, colocando-os em um saco de tecido que o professor trouxe com ele e a entregou.

Assim que Uraraka terminou, Eraser balançou o saco de tecido para misturar os papéis e pediu para que ela mesma tirasse as duplas, dois papéis por vez.

Uraraka tirou o primeiro papel e falou para toda a turma:

― Tooru Hagakure e… ― Pegou outro papel. ― Mashirao Ojiro.

Os dois alunos se colocaram em frente a todos, perto da lousa. E então Ochaco tirou mais dois papéis.

― Mezo Shoji e Minoru Mineta. ― Os dois alunos também foram para frente da turma. ― Fumikage Tokoyami e Rikido Sato. Kyoka Jirou e Denki Kaminari. Koji Koda e Tenya Iida. Yuga Aoyama e Mina Ashido. Tsuyu Asui e Hanta Sero. Eijiro Kirishima e Katsuki Bakugou. ― Uraraka pegou mais dois papéis e olhou-os primeiro antes de falar para a classe, ficou com vergonha, mas tentou disfarçar. ― Bem, a minha dupla… ― Engoliu em seco, voltando a falar. ― E-Eu, Ochaco Uraraka, e I-Izuku Midoriya. ―  A menina, com as maçãs do rosto vermelhas, colocou-se em frente à sala também, junto com seu colega, que ficou ao seu lado, estava tão nervosa que não percebeu que ainda faltavam dois alunos.

― Então a última dupla é Momo Yaoyorozu e Shoto Todoroki ― falou Eraser desanimado, olhando para os únicos ainda sentados nas cadeiras escolares.

Momo sentia sua mão suando e seu coração acelerado, não era a primeira vez que trabalhavam juntos e sempre eram bons nisso, mas ela também sabia que Todoroki preferia fazer as coisas sozinho.

Não eram nada mais que colegas de classe, mas havia algum tempo que se sentia atraída pelo menino. Ele não era muito de demonstrar seus sentimentos, mas, mesmo assim, era um bom amigo, e Momo tinha medo de interpretar erroneamente a prestatividade que Shoto tinha com ela.

Eraser pediu para que cada dupla fosse para o pátio do Colégio U.A. ouvir a palestra que Mt. Lady, junto com o diretor da U.A., preparou.

Todos saíram organizadamente da sala e andaram em duplas pelo corredor, ainda eufóricos para saber o que precisavam fazer para ganharem os dias de folga. Todoroki esperou a sua colega de dupla pegar a sua mochila, e caminharam juntos pelos corredores, mesmo que Momo pensasse que ficariam em silêncio até chegarem no pátio, Shoto a surpreendeu com uma afirmação.

― Seu cabelo está diferente ― ele falou.

Momo não sabia se ele estava realmente achando que o cabelo dela estava diferente, ela apenas havia trocado o shampoo, ou se ele só estava puxando alguma conversa qualquer. Qualquer uma das duas opções fazia com que ela se sentisse importante.

Seu rosto corou, e ela sorriu de canto, abaixando um pouco a cabeça para que ele não a visse ruborizada.

― Eu só… troquei o shampoo ― comentou, pegando as pontas de seu cabelo com seus dedos.

―  O cheiro é muito bom ― ele respondeu, quando chegavam perto do pátio do colégio.

Momo não cabia em si com aquele simples elogio, poderia não significar tanto, mas, mesmo assim, ela preferiu pensar que ele a notava.

Assim que se sentaram, um ao lado do outro, em suas cadeiras devidamente postas no pátio do colégio, Mt. Lady e o diretor Nezu já estavam em um pequeno palco que fora erguido ao ar livre. Mt. Lady não estava transformada, e havia um grande painel atrás dela com explicações do que os alunos deveriam fazer naquele dia.

O diretor Nezu saiu de seu lugar e se colocou no centro do palco, pegando um microfone que Present Mic lhe deu.

― Olá, futuros heróis ― falou Nezu, chamando a atenção de todos que já estavam ali. ― Como os professores de vocês já explicaram em salas de aula, hoje é o “Dia do Verde” ,e temos uma grande missão a todos.

Bakugou bufou ao lado de sua dupla, Kirishima, que tentou acalmá-lo, Ochaco estava extremamente nervosa, e Midoriya também sentiu suas mãos suando e garganta seca. Já Todoroki sentia-se a vontade ao lado de Momo, sabia que sua companheira de missão era extremamente competente, e conseguiriam terminar aquela missão rapidamente. Momo também estava confiante, porém sentia-se mais nervosa do que imaginava que ficaria.

Ela esfregava suas mãos umas nas outras como quem estava com frio, mas na verdade era só ansiedade. Shoto olhou para a menina, que parecia nervosa, e colocou sua mão quente em cima das mãos de Momo, que arregalou os olhos, encarando o colega, que também ficou com vergonha naquele momento.

― Eu não queria… Eu pensei… ―  Todoroki tentava achar as palavras enquanto encarava os olhos surpresos da Yaoyorozu. ― Eu pensei que estivesse com frio, não queria te assustar.

Momo encarou suas mãos, olhando para baixo e corando mais uma vez, ainda com a sensação do toque quente dele.

―  Tudo bem, eu só… me assustei.

O diretor já havia terminado o que estava falando sobre como eles deviam plantar as mudas nos determinados parques, e Mt. Lady já entregava, para cada dupla, o mapa de aonde iriam. Todoroki e Yaoyorozu não haviam escutado nenhuma palavra do que o Diretor Nezu havia dito antes.

Momo ficou dividida, não sabia se estava realmente preocupada em perder, se isso acontecesse, era uma aluna inteligente, mas sem as instruções devidas podia ser difícil. Shoto não sabia se estava envergonhado ou bravo consigo mesmo por ter tomado uma atitude daquelas, não pensou para fazer aquilo, não imaginava o que Momo estava pensando e começou a sentir seu coração acelerar. Não havia prestado atenção em nada do que o diretor havia dito. Respirou fundo e olhou para Mt. Lady, que lhe entregou o mapa. Pensou consigo mesmo que precisava de mais foco.

― Assim que chegarem no local determinado no mapa, as suas mudas de plantas já estaram lá com todo o material possível. Assim que terminarem, toquem a campainha que também estará posicionada no lugar. Fiquem tranquilos, o exame será monitorado, e de hora em hora um professor passará para ver como estarão.

Todos os alunos concordaram e se colocaram em pé assim que o diretor Nezu parou de falar.

Mt. Lady pegou um pequeno cronômetro e contou 10 segundos. Assim que terminou, tocou uma buzina que tinha em uma das mãos, e todas as duplas começaram a correr para seus destinos.

Todoroki estava ainda meio desvirtuado com tudo o que estava acontecendo, olhou novamente para o mapa que segurava e então pensou que novamente teria que fazer aquilo se quisesse ir rápido.

― Desculpa, mas… ― ele falou e segurou na mão de Momo de novo.

A amiga não sabia onde enfiar a sua cara, estava muito mais envergonhada que da primeira vez.

Com a outra mão, Todoroki a apontou para o chão, e um jato congelante fez com que eles dois ficassem em uma onda de gelo e deslizassem até chegar ao parque indicado no mapa. Não era muito longe, mas fora o suficiente para os dois sentirem, de verdade, como era bom aquele toque e como foi melhor ainda pela segunda vez.

Assim que chegaram ao local indicado, já puderam ver todas as mudas, algumas pás e regadores. Um cartaz indicando onde tinham que plantá-las e como. A campainha em cima de uma pequena mesa e algumas câmeras.

Todoroki só largou da mão de Momo quando eles colocaram os pés em terra firme, e Yaoyorozu sorriu para ele, deixando-o sem graça dessa vez.

Momo foi para perto do cartaz indicativo e viu o tamanho das pás para cavar e plantar as mudas, achou aquilo uma vergonha e teve uma ideia:

―  Eu vou criar uma pá bem melhor e maior, para cavar mais fundo e mais rápido. E enquanto isso, o que você acha de plantar as mudas nos devidos lugares?

Todoroki concordou e achou uma boa ideia. Momo, então, providenciou as pás e o primeiro buraco. Shoto veio logo em seguida e colocou a muda no lugar. E assim fizeram, Momo cavava e Todoroki colocava a muda, uma dupla realmente bem competente. Mas o que não esperavam era que um chuva intrometida fosse os atrapalhar.

― E agora? ― perguntou Momo. ― Continuamos?

― Sim, claro, é só uma chuva ― Todoroki respondeu, terminando de colocar a sua muda no buraco que Momo cavara a pouco.

Continuaram o trabalho árduo, tentando fazer o mais rápido possível, mas a chuva apertava cada minuto mais, e Momo sentia que a terra estava cada vez mais pesada e difícil, mas ela, como uma aspirante a heroína, não iria desistir.

Esforçou-se o máximo que pôde e conseguiu abrir mais um grande buraco, Todoroki via o grande esforço da amiga, pensou em perguntar se ela queria trocar as funções porque, querendo ou não, Momo devia estar mais cansada.

― Quer que eu fique com a parte de cavar agora? ― perguntou Shoto com uma muda em mãos.

Momo realmente estava com os braços doendo, logo aceitou sem exitar. Mas assim que Yaoyorozu entregou a pá para Shoto, escorregou e caiu em cima do amigo.

Ambos acabaram caindo no chão, e a chuva apertou ainda mais, bloqueando as imagens das câmeras de segurança.

Todoroki não sabia bem o que fazer, só conseguia sentir o seu coração acelerado juntamente com o coração da morena caída em cima de si.

Momo estava extremamente envergonhada, não conseguia falar nada e estava com medo de Shoto ter ficado irritado com o que aconteceu, afinal ambos estavam molhados e agora mais enlameados do que nunca.

Ela pensou em se levantar, mas Todoroki pegou seu pulso. Momo o encarou com os olhos arregalados, sem saber o que pensar, mas ele não falou absolutamente nada. Yaoyorozu sentiu seus joelhos ficarem gelados e então percebeu o que Shoto estava fazendo. Ele tinha uma das mãos viradas para a lama, jogou seu jato de gelo, fazendo uma cama gelada embaixo deles. O gelo movimentou-se até chegar perto da lanchonete abandonada do parque. Todoroki soltou o pulso de Momo que saiu de cima dele, sentando-se no banco de madeira da lanchonete.

― Me desculpe ― ela pediu assim que Todoroki se sentou ao seu lado.

― Tudo bem ― ele respondeu, olhando para a chuva que não dava trégua.

― Não, eu estraguei tudo. ― Yaoyorozu colocou as mãos no rosto.

― Não é sua culpa, está chovendo.

― Mas eu caí em cima de você e sujei toda a nossa roupa, eu sou muito desastrada ― falou, ainda cobrindo o rosto.

Estava realmente se sentindo um fardo.

― Não acho um problema não ganhar hoje ― ele falou, encarando-a.

Momo tirou as mãos do seu rosto e começou a encarar Todoroki também. As borboletas de seu estômago estavam em festa, mais uma vez, não sabia se o que ele havia falado era realmente o que ele pensava, ou se estava falando aquilo para animá-la.

Mas Todoroki não era esse tipo de pessoa, ele realmente não dava importância. Gostava da companhia de Momo, e não era esforço nenhum completar missões com ela.

― Eu também não, mas… Pensei que ficaria triste ― ela falou, ainda fitando os olhos coloridos de Shoto que a refletiam.

― Eu gosto de trabalhar com você.

Shoto não conseguia tirar os olhos dela. Ficara encantado por como Momo ainda conseguia ficar bonita com os cabelos cheios de lama. Um pequeno sorriso apareceu nos lábios dela, fazendo com que Todoroki sorrisse sem perceber.

Ambos os corpos buscavam por calor e, lentamente, iam chegando perto um do outro. Tanto Todoroki quanto Momo não percebiam realmente esses movimentos corporais, estavam hipnotizados, olhando um para o outro. O beijo estava quase acontecendo quando ouviram uma explosão no fundo da lanchonete e se levantaram rapidamente do banco, olhando para trás.

― Porra, Kirishima! ― Era a voz de Bakugou.

― Mas foi você que me trouxe junto, não é culpa minha que não parou suas explosões na hora. ― Kirishima apareceu com seus cabelos vermelhos e molhados. ― Ah, oi!

― Tá’ falando com quem, doido? ― perguntou Bakugou, chegando na parte da frente da lanchonete, onde Todoroki e Momo estavam.

― Com eles, ué!

― Tá’ aqui fazendo o que, meio-a-meio? ― Bakugou perguntou estressado.

― O mesmo que você, me protegendo da chuva.

― Essa merda, nem consegui ver direito para onde estava indo ― falou Bakugou, ficando em cima do balcão.

― Tava voando sem freio esse aqui ― falou Kirishima, apontando para o amigo estressadinho. ― Ainda bem que minha individualidade é endurecer, senão eu tinha me quebrado todo.

― Ah, para de reclamar, Kirishima.

― Mas é verdade.

Momo começou a rir dos dois discutindo quem era o errado por ter destruído a janela da cozinha da lanchonete abandonada, mas teve uma ideia.

― Todoroki, pode me ajudar em uma coisa? ― ela perguntou e foi em direção à cozinha.

Shoto a seguiu, e assim que Momo fez uma nova janela para colocar no lugar, ele entendeu o que ela queria.

Todoroki lançou suas chamas no buraco na parede, fazendo com que o cimento velho ali amolecesse. Com o seu jato de gelo, colocou a janela e no mesmo momento esfriou o cimento quente, fazendo com que ficasse duro, selando a janela no lugar, mas, mesmo assim, preferiu jogar mais uma camada de gelo em volta da janela.

― Olha, Bakugou. Eles arrumaram ― gritou Kirishima para o loiro, que veio correndo ver o que os dois haviam feito.

― Ah, que lindos, os dois trabalhando juntinhos ― Katsuki falou com um tom de deboche, mas fez com que Momo ficasse corada.

― Vocês são uma boa dupla ― falou Kirishima, sorrindo.

― É, nós somos.

Todoroki falou baixo para que só Momo ouvisse, e ela concordou. Sabia que eram e tinha certeza de que, nos próximos dias, seriam melhores ainda.