Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 31
Você sabe?


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Arthur Narrando

Kevin passou por mim como um furacão. Não entendi muito, então olhei para Murilo questionando.

— Acho que o encurralei um pouco.

— Sobre? Não pode ser fidelidade. Nunca vi Kevin com ninguém há não ser o carinha que te contei.

— Não é isso. – vi que seu olhar estava triste. – Tenho medo dele deixar o lado sombrio dele prevalecer.

— Ah... Não tiro sua razão. Eu também tenho. Mas aprendi a confiar nele.

— Como eu faço isso?

— Não é como confiar nele e sim como agir com ele. Kevin é igual uma granada. Só explode se acionada. Não o desafie Murilo, não brinque com os sentimentos dele e jamais o traia. Jamais. Isso é o principal. Se o trair vai trazer o lado sombrio dele três vezes pior. Mas se não fizer nada disso ele vai saber que não vale a pena fazer nada contra ninguém que você se importa.

— Ele precisa de tratamento Arthur. Isso que o Caleb fez com ele... Criar o garoto ensinando a mentir, enganar, fazer jogos mentais. Isso é muito doentio.

— Você conseguiu com que ele se afastasse do pai! O que era impossível. Calma. As coisas vão acontecer no seu tempo. Se você fala isso para ele agora vai ser como falar para um drogado procurar ajuda. Ele está se desintoxicando.

— Como eu pude te dar um soco e te odiar?

— Na verdade foi mais que um soco. – dei uma risada e saímos da dispensa.

— Queria tanto que você e Alice se acertassem.

— Relaxa o nosso tempo já passou e tudo bem.

— Preciso falar com você. – Alícia me parou e Murilo seguiu andando nos deixando sozinhos. – Ainda não fui inteligente o suficiente para entender essa palhaçada de namoro com Rafael e além disso cadê sua namoradinha ruiva?

— Não estou entendendo o tom de cobrança. – a olhei sinceramente querendo rir.

— Em primeiro lugar o Rafael queria Sofia, deu em cima dela pra caralho. Desistiu e pegou Otávia. Ele se disse apaixonado. Coisa inédita! Eles deram um tempo porque estavam se envolvendo demais, o que não entendi nada. Depois voltaram a ficar. Ele só a beijava. Tem noção disso? O Rafael. O cara mais safado que eu conheço na vida. Ele é pior que esse seu primo Murilo. E daí agora ele tem caso com VOCÊ?!

— Qual o verdadeiro motivo da sua preocupação? – cruzei os braços olhando no fundo de seus olhos. – Porque você só falou do Rafael até agora. – ela ficou calada. – Vocês são dois idiotas. Você por se enganar TANTO e se fazer acreditar que me quer mais que tudo e ele por fingir não sentir nada e ficar atrás de todas.

— Porra Arthur! Você não entende. Esse imbecil não me defendeu hora nenhuma de tudo que aconteceu comigo! Como eu posso ficar com um cara que faz isso? Como posso me apaixonar por um cara que faz uma coisa dessas?

— Essa história tira minha sanidade mental. Não vamos voltar nisso porque é tudo tão estranho e complicado. E pelo que eu entendi, ele nunca te condenou, na verdade ele tinha ciúme. Por que você transava com ele e todos? Por que enviava essas coisas?

— Carência emocional, conhece? Só vocês homens podem agir assim? E ele não percebeu que era mais especial? Aquele cara idiota tinha uma foto e ele tinha um vídeo! Ele foi o único para quem fiz um vídeo.

— Depois de tudo o que esperava que ele pensasse? Que era mesmo único e especial?

— Como você percebeu tudo?

— Já percebi há um bom tempo. Mas esperei a oportunidade certa para falar. Quando você ficou doente ele ficou louco. Estressava atoa, vivia chapado e mesmo odiando hospitais e morrendo de medo de pegar a doença ele foi te ver todos os dias. Você já demonstrou ciúme da Otávia... E mesmo que os dois sejam bons em disfarçar o que sentem, eu sou muito esperto.

— E bem modesto. – ela ironizou. – Mesmo assim você ficou comigo quando chegamos aqui.

— Eu erro como todo mundo Alícia, não sou perfeito. Isso com certeza o magoou e eu via o quanto ele evitava ficar perto mesmo que eu tenha ficado com você apenas uns dois ou três dias.

— Fui tão convincente que até Fabiana acha que eu te amo eternamente.

— Ah... Você teve uma quedinha bem forte vai. – dei uma risada.

— Claro você é lindo pra caralho. – ela suspirou. – Mas depois que vi a Fabi fazendo aquele papelão atrás do Murilo... Decidi parar com isso, porque é ridículo e só quem está de fora percebe. A gente não consegue.

— Você não a aconselhou a parar com isso? Ela já está saindo do limite.

— Aconselhei Arthur. Mil vezes. Ela está... Diferente. Ela não é assim. Ele de alguma forma fez alguma coisa que a tocou muito.

— Sabemos bem como ele a tocou. – arregalei os olhos e depois os revirei.

— Você ainda não me explicou absolutamente nada!

— Quanto a Rafael e Otávia não posso explicar muito porque eu não sou eles e não sei. O que eu sei é que ele não conseguia ser ele mesmo com ela por respeito a mim, se é que você entende... Não força o assunto porque ela é minha irmã mais nova e eu realmente não quero falar nem pensar nisso.

— Sensível demais... – ela cantou e riu.

— Tá felizinha porque eles nunca fizeram nada ou porque descobriu que ele tem virtudes?

— Ele tem virtudes. Só não as usa comigo.

— Você deixa? – ficamos nos olhando. – Baixa a guarda Alícia. Trate-o de uma forma melhor... Você pode lidar com isso de outra forma.

— E o caso com você?

— Isso tudo é para o pessoal parar de falar do quanto amo Alice e ela ter uma chance maior de me esquecer. – ela ficou me olhando assustada.

— Não sei nem o que falar sobre isso.

— É, eu sei, é drástico e pode parecer ridículo, mas acabei agindo no desespero e... Deu nisso.

— Quem sou para julgar. No fundo é lindo. Você foi para longe estudar em outra cidade para tentar esquecê-la e se assumiu gay falsamente para ajuda-la a te esquecer... Acho que vocês dois perdem tanto tempo nessa de ver apenas os erros e os problemas, se você tivesse continuado aqui e acompanhado a evolução dela de perto quem sabe nada disso estaria acontecendo agora?

— Não seria o suficiente. E naquela época ela era um ser inanimado. Não tinha como eu sentir algo por ela sem me sentir me culpado e tentar esquecer.

— Cadê a Lis? – nos olhamos e eu fiquei sério.

— Dei um esporro para ela manter distância.

— Estavam transando né?

— Como você sabe?

— No dia que alguma mulher próxima a você não tentar... – ela deu de ombros. – E a chantagem do seu pai?

— Ah Alícia depois dessa vieram tantas outras. Não faz diferença.

— Sabia que eu sempre tive a certeza que seriamos grandes amigos?

— Então por que deu em cima de mim caralho?

— Vou ter mesmo que voltar no fato de você ser lindo e gostoso demais? Gosta de ter o ego amaciado num gosta?

— Vai fazer o que te aconselhei quanto ao Fael? – dei um sorriso sincero.

— Sim. – ela respirou fundo. – Mas primeiro preciso contar isso tudo a Fabiana.

— Quem sabe vendo sua força em manter seu sentimento escondido ela não siga o exemplo e esconda o que sente por Murilo até esquecê-lo?

— Não há mesmo nenhuma chance dos dois... – a interrompi.

— Nenhuma. Sério. – sorri ao lembrar ele e Kevin. – O almoço com certeza já foi servido, vamos? – ela concordou e fomos andando, só não podia apostar que esse dia iria ficar tão pesado com o passar das horas.

Kevin Narrando

Murilo fazia carinho em meu rosto e eu começava a ver o motivo pelo qual eu mudei tanto. Talvez tudo que eu precisasse era exatamente aquilo, cuidado e carinho.

— Por que está sorrindo? Nosso mundo tá desmoronando. - ele sorriu mais ainda.

— Porque é engraçado gostar de você.

— É. Eu não sou nada gostável. – me virei de barriga para cima.

— Ah... Em sua pior versão não é mesmo.

— Mas mesmo assim você gostou. – olhei nossas mãos juntas. – Por que eu ainda não havia mudado.

— Bem dizem que eu sou problemático.

— O seu medo deve ter aumentado agora né? – respirei fundo.

— Não. Você o superou. Você é forte Kevin. Mais do que pensa. – me virei de novo para ele e sorri.

— Se o seu pai não aceitar? Caleb disse coisas horríveis, mas você sabe... Ele precisa de mim, então isso fica em segundo plano. – ele fechou os olhos.

— O seu pai é pior tipo de pessoa que pode existir no mundo.

— Sempre soube disso.

— Se o meu pai não aceitar eu acho que eu vou acabar o agredindo.

— Você apanharia feio. – dei uma risada. – Por que vocês não se dão bem Murilo? Responde vai.

— Ele é um Hitler. Tudo tem que ser conforme a ditadura dele. Não sou obrigado.

— Não é só isso.

— Arthur te contou alguma coisa? – ele me olhou surpreso.

— Não. – suspirei. – Então ele sabe. Parece que é Arthur que sempre sabe de tudo na verdade e não eu.

— Contei em um momento de fraqueza. Não era pra ninguém saber.

— Não precisa me falar nada. Estou vendo que é algo que mexe muito contigo. Além disso, não quero ter ódio do seu pai... Eu com ódio... Não sei lidar com esse sentimento.

— E com o amor? – ele evitou me olhar.

— Não conheço. – admiti mais triste que eu queria. – Meu pai sempre preferiu o Arthur e mesmo que ele não existisse Caleb não é amoroso, minha mãe é ocupada demais... Sou praticamente filho único... Teria o Arthur e o Yuri, mas preferi sentir raiva deles. E quanto a amor de casal... – respirei fundo. – Sempre fui fechado demais. Poderia dizer que amei meu ex, mas estaria mentindo. Não era algo forte o bastante.

— Como você sabe?

— Pensava muito nas consequências de tudo com ele... Quando você ama você não pensa, você assume os riscos, você faz o caminho que te leva até a pessoa, sem medir esforços. – ele ficou em silêncio. Tempo demais. – O que foi?

— Nada. – tentei entender o que era pelo seu olhar e minhas conclusões só podiam ser ruins.

— Não sei se minha insegurança está atrapalhando minha capacidade de te ler, mas... Se eu entendi certo, você encaixou o que eu disse ao nosso caso, acha que eu te amo e agora está assim porque não quer se envolver tanto.

— Você não consegue me ler.

— Por quê?

— Sentimento sempre supera a inteligência.

— Isso quer dizer então que eu estou errado?

— Sim. – ele desviou o olhar.

— Vou precisar que você me diga.

— Existe a possibilidade de eu não querer dizer.

— Mesmo sabendo que isso me deixa chateado?

— É bobeira.

— Você ficar todo estranho pra mim nunca vai ser por uma bobeira.

— É assim que manipula as pessoas? Bajulando para elas fazerem o que quer?

— Não precisa dizer. – fiz carinho em seu rosto. – Só não me ofende para mudarmos de assunto.

— Falamos dele. E eu tenho ciúme dele. Mesmo sem conhecê-lo. Quando tudo voltar ao normal tenho medo de como vai ser, porque eu sei que pretende continuar se encontrando com ele.

— Você sabe? – olhei em seus olhos.

— O que ele tem de tão especial?

— Não faz isso. Não traz mais problemas pra gente.

— Eu? Você que é todo rendido por ele ainda Kevin.

— Não teria me apaixonado por você se fosse assim Murilo. Só pensaria nele e você não conseguiria invadir meus pensamentos. O que você quer? Que eu ligue para ele agora e diga que nunca mais vou vê-lo? Faço isso. Só quero você. Como eu nunca quis alguém, nem mesmo ele. E como eu tenho certeza que nunca mais vou querer outra pessoa.

— Como pode ter essa certeza?

— Você é doce demais, sensível demais, especial demais... E é meu primo. É diferente. Não tem como querer alguém dessa forma tão singular.

— A luz tem que apagar rápido. Quero te beijar. – olhei em volta.

— Só tem idosos aqui? - suspirei deixando a tensão de lado.

— Sim. Certamente meu pai fez isso de propósito, medo de eu parar na cama de alguém. – ele comentou e riu. O aviso sonoro que a luz desligaria tocou. Ele sorriu.

— Que felicidade hein? - perguntei observando o sorriso dele.

— Você não imagina o quanto. – a luz apagou e ele me beijou antes que eu falasse mais alguma coisa.

 


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