Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 3
Rafael


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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— Acordo cedo para correr. Farei o mínimo de barulho que eu puder. Costumo não ter hora para chegar, sou assim em minha casa e não vai ser diferente aqui. Não se irrite com isso. Também seguirei a mesma regra da manhã, sem barulhos. Quer dizer... Se algum dia eu chegar muito chapada posso não conseguir cumprir a essa regra... Releve, você tem uma cara de bonzinho. Fumo. Tem uma janela enorme ali, espero que não se incomode com isso. Bebo também, cada um tem um mini frigobar e o meu só vai ter bebidas e nem sei por que estou dizendo isso, enfim... É só para avisar mesmo. Cada um cuida do seu lado do quarto, sem bagunças espalhadas, por favor. Limpeza do banheiro duas vezes por semana, uma vez por mim e outra por você. Ok? – ela silenciou por milésimos de segundo. – Ah, o principal, quando um dos dois decidir trazer alguém, coloque a placa na maçaneta de não perturbe e tranque a porta. Não existe nada mais constrangedor que ser pego no flagra. Não pretendo passar por isso.

— Não pretendo trazer ninguém. – falei sem pensar.

— Você tem namorada? – ela perguntou parecendo interessada demais.

— Não. Mas não estou disponível... Estou em busca de esquecer alguém.

— Então você está MUITO disponível. – ela revirou os olhos. – Está tentando me afastar? Você não faz meu tipo.

— Essa é nova... – dei uma risada. – Não costumam me dizer isso.

— Porque com certeza todas pagam pau pra você. – ela se sentou ao meu lado. – É exatamente isso sabe? Você é perfeitinho demais. Os traços do rosto desenhados, o olho claro, cabelo baixinho liso, brincos, barba por fazer, corpo atlético... Não vou negar, eu facilmente transaria com você, mas não é o cara que eu olho e acabo me apaixonando.

— Qual é seu tipo de cara? – sentei e a olhei.

— Para começar não é bem só cara... Gosto de pessoas. – ela sorriu. – Mas quando fico com um homem geralmente ele é magrelo, cheio de tatuagens e com bigodinho. – dei uma crise de riso. – Cada um com seu gosto. – ela se fez de ofendida. – E qual seu tipo de mina?

— Admiro garotas como você, que parecem fortes emocionalmente, bem resolvidas, mais ogras saca? Mas não me apaixonaria. As duas que já me apaixonei e a garota que eu amo são do mesmo tipo... Meigas, indefesas, fofas, mas também decididas. 

— A garota que eu amo. Uau. Por que não deu certo? Distância?

— Não. - ela pareceu perceber o meu desconforto.

— Não quer falar sobre isso né? Estou invadindo sua privacidade, desculpa. Costumo ser assim mesmo.

— Ela nasceu com uma disfunção cerebral rara. Não pode sentir nada por ninguém. Ela nem mesmo me acha bonito.

— Caralho! – nos olhamos e eu desviei o olhar. – É bem mais dramático que pensei.

— Além disso, ela é quatro anos mais nova e é minha prima.

— O QUE? – ela me olhou espantada. – Daria uma novela. Como você conseguiu deixar se envolver?

— Não deixei. Tenho um irmão por parte de pai, ele é uma pessoa ruim e sempre a machucava. Quando percebi eu passei a não deixa-la sozinha. Ela se expressa de uma forma diferente e eu passei a entender o jeitinho dela e saber quando as coisas a afetavam, mesmo que nem ela soubesse. Só eu sei que ela sente incomodo quando os pais comemoram quando ela apresenta melhora com o tratamento ao demonstrar sentir algo. Só eu sei que ela não gosta de sorrir, porque ela não vê sentido. E parece que só eu consigo ativar os reflexos que ela não tem. Se eu estiver ao lado dela eu não sei o que acontece, ela sempre me usa como escudo se algo a coloca em alerta, mas se eu estiver longe ou em outra posição, em sua frente, por exemplo, isso não acontece. E ela acaba se machucando.

— Você deveria estar ao lado dela então.

— Sim. Mas enquanto eu não esquecê-la não vou estar. Faço por ela o que for preciso, mas eu não posso mais sentir isso.

— Você começou com boas intenções, só queria que ela não fosse machucada. Não devia te trazer tanto sofrimento um sentimento que nasceu disso. A gente não pede para se apaixonar, acontece.

— Mas não deveria ter acontecido. – olhei o relógio em meu pulso. – Vinte minutos juntos e eu já te contei quase toda a minha vida.

— Você parece um cara bem legal. Espero que consiga esquecer sua prima. – ficamos em silêncio. – Posso ver uma foto dela? – peguei meu celular. – Não. – ela estendeu a mão me parando. – Melhor não. Vai que eu me apaixono também. – ela disse e riu. – Corre o risco. – dei de ombros e guardei o aparelho.

— Vou dormir e amanhã coloco as minhas roupas no lugar. Estou cansado.

— Ok. Já eu vou dar uma volta e conhecer os lugares. – ela pegou seu celular e sua chave. – Boa noite. – eu estava tão cansado que assim que ela saiu acabei adormecendo, sem nem desfazer as minhas malas.

Acordei e vi Fabiana se arrumando. Ela andava de um lado para o outro rapidamente. Quando percebeu que meus olhos estavam abertos avisou que o meu celular até caiu da escrivaninha ao meu lado, de tanto tocar. Eu o peguei já sabendo que era minha mãe. Não liguei ontem avisando que havia chegado bem e ela com certeza estaria surtando, quase ligando para a polícia. Fabi saiu para a aula e eu fui tomar banho, depois de falar com minha mãe, claro.

— E aê cara. – um garoto apareceu e bateu em meu ombro. – Odeio essa coisa escrota de inicio de aula. A gente não conhece ninguém. Qual curso você vai fazer?

— Engenharia e você? – respondi após superar minha surpresa por ele ser tão expansivo.

— Também? Qual? Elétrica? Mecânica? – ele disse mais um tanto de alternativas enquanto eu mexia com os papéis e ia para a lista de salas. Quando voltei minha atenção a ele percebi que ele contava um caso da sua vida. E a gente se conhecia há dois minutos ou menos.

— Será que vamos ter alguma professora gostosa? – comecei a andar com ele ao lado. Faríamos o mesmo curso, acho que eu teria que aguentar o meu novo parceiro falador.

— Tem umas minas que não vem para a faculdade para estudar e sim pra deixar a gente louco. – ele disse olhando algumas garotas passando. Achamos nossa sala e entramos. Foi entrando um monte de gente ao mesmo tempo. Haviam muitos alunos.

— Um dos motivos de eu ter escolhido esse lugar é que é bem longe. Na nossa cidade a gente já sabe de todos os caras que elas chuparam. Precisa aparecer carne nova, sem passado, pra tu ficar imaginando.

— Qual a primeira aula? – perguntei tentando me desviar das merdas que ele falava.

— Acha mesmo que eu sei? – tentei achar o horário entre os meus papéis. – Pow você namora? Não olha para nenhuma mina.

— Não.  – respondi sem olhar para ele.

— Apaixonado ainda pela ex?

— Não tenho ex. – continuei passando aquela papelada com cronogramas e roteiros.

— Que maravilha. Isso é foda. Namorei uma vadia e foi a única mina de quem eu gostei na vida.

— E a chama de vadia? – o olhei com seriedade. - Se um cara tem o mínimo de respeito por uma menina, ele não a chama assim.

— Fala isso porque nunca transou com ela.

— E também não conta as coisas que fazia com ela pros outros ficarem imaginando. Da mesma maneira que ele não gosta de ficar imaginando ela com outros caras.

— Você é muito moralista. Acho que não seremos bons amigos como pensei.

— Por que escolheu justo a mim?

— Quando te vi entrando notei as garotas te olhando.  Se tem uma coisa que aprendi desde o colegial é que andar com quem faz sucesso nos torna alvo delas também.

— Resumindo você viu em mim uma chance de ser ainda mais pegador? – assim que me calei apareceu uma figura bizarra que parecia ser o professor, era magrelão, alto, com cabelo até o ombros penteados para trás.Ele se apresentou e começou a falar sobre a matéria que iria lecionar. O professor conseguiu impor respeito, isso porque ainda estávamos no inicio. Por um segundo imaginei que as pessoas seriam conscientes que estavam ali atrás de uma profissão, mas pelos semblantes de descaso e desinteresse vi que estava errado.

— Conheço aquela garota! – ele exclamou ao ver uma morena entrando timidamente na sala. Sua risada e a beleza da garota me fez ficar curioso. O olhei sabendo que isso seria o bastante para ele falar tudo. – Ela é da minha cidade e deu o azar de ficar mandando fotos ousadas pra um cuzão qualquer, que sacaneou ela pra caralho e botou o prints na Internet. Isso foi no ano passado, mas ninguém nunca vai esquecer. – reparei mais na garota, ela era uma mina bonitinha, bem bonitinha mesmo. Uma pena tudo que tinha acontecido com ela, apesar de achar muito burras essas gurias que fazem esse tipo de coisa. A chance do cara te sacanear nessa situação é bem alta. Mas não dá pra entender o que se passa na cabeça das meninas. Elas acreditam em qualquer coisa que a gente diz, se disser com jeitinho. Ainda assim, eu a achei interessante.

— Qual o nome dela? – perguntei ainda olhando a garota do outro lado da sala.

— Alícia. – abri a boca em espanto.

— Puta que pariu! – ele ficou me olhando.

— Alguma Alícia na memória?

— Alice. Aline... Alícia. Devo ter alguma fixação com nomes assim.

— Se interessou mesmo pela safadinha. – o olhei em reprovação.

— É muito difícil alguém chamar minha atenção. E ela chamou. – voltei a encarar a garota, que desviava o olhar.

— Não sei muito sobre ela, nem a conheceria se não fosse por essa fofoca.

— Vamos estudar. – encerrei o assunto.

— O que a gente faz agora? – ele perguntou quando o intervalo chegou. – Quer fumar um beck? O que foi não curte um baseado? – ele saiu andando atrás de mim.

— Só não tenho mais quinze anos. – respondi e ignorei o que saia de sua boca até o fim do intervalo.

— Você gostou mesmo dela. – ele voltou a falar quando as aulas acabaram. – Já identificou qual cara faz o tipo dela né? – ele perguntou enquanto me seguia pelo estacionamento. - É fácil: qualquer babaca fortão com um carro legal. Esses caras tem o carro como extensão do pau, bela merda. – ele ficou me olhando destravar o alarme do meu carro e ficou me encarando com uma expressão de surpresa. – Caralho, que carro é esse? Você não me contou que era milionário. Muito da hora! – ele ficou analisando o veiculo inteiro. Joguei minha mochila no banco de trás e voltei a olhar para ele.

— E aquela história que você estava dizendo de... Como era mesmo? – fingi esquecer. – Ah, sim, bela merda o carro como extensão do pau e não sei o que.

— Parça! – ele passou o braço direito em volto do meu ombro. – Eu. – apontou para si mesmo com o braço livre. – Você. – ele bateu em meu peito. – E esse carro. Destruiremos essa cidade em forma de universidade. Vamos embora. – ele entrou no carona me deixando perplexo. Balancei a cabeça e assumi a direção. Achei Fabiana expansiva, mas ele a superava com certeza.

— Você me disse seu nome? – perguntei o olhando rapidamente.

— Rafael. E acho que eu não disse. – ele ainda estava admirando o automóvel por dentro.

— Qual é o seu alojamento? – como ele disse, a universidade era praticamente uma cidade, haviam ruas, estabelecimentos, os inúmeros alojamentos, as alas dos cursos e até hotéis.

— 4 AB. – ele respondeu sem me dar muita atenção. – Então você é rico?

— Não. Os meus pais são.

— Lembrei! – ele disse mexendo em seu celular. – Sua mãe é herdeira da rede de hotéis Palace e o seu pai filho do astro Ítalo. Foto linda em família. – ele mostrou uma foto com os meus pais e meu irmão. – Mas você foi criado pelo seu padrasto que é um dos maiores nomes da engenharia. É de onde te conheço! Acompanhei algumas das convenções que Ravi participou.

— Você se interessa em ser um bom profissional? Só falou merdas até agora.

— Ah qual é? Amo engenharia! Só que não preciso ser sério por isso. Além do mais sou muito rápido de raciocínio e tenho habilidades incomuns. – dei uma leve risada. – Não! Não, não. Não vira aí. – ele pegou no volante me fazendo continuar reto.

— Seu alojamento é para o lado de lá.

— E quem disse que vamos para o meu alojamento? Vamos para o seu.

— E você combinou isso com quem?

— Engraçadinho. – o vi revirar os olhos. – Você é bonito, tem esse carro, parece ser inteligente e mentalmente saudável... Qual é o seu problema? É muita injustiça todas essas vantagens.

— Não sou tão mentalmente saudável e eu atraio pessoas problemáticas como você.

— Não! Você é forte mentalmente exatamente por ter me aguentado até agora.

— É realmente um teste justo. – admiti e dei uma risada. Chegamos ao bloco que ficava meu alojamento e estacionei e vi que ele estava demorando a descer. – Não vai fazer isso.

— Já fiz. – ele acendeu o seu baseado e começou a fumar. Uma mulher com os cabelos grandes e ruivos iguais ao da minha vó Isadora vinha em nossa direção e eu reconheci de algum lugar.


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Notas finais do capítulo

A partir de agora, Rafael será meio protagonista, rs. Ele vai causar raivas, outrora ranço, talvez alguma surpresa... Uma mistura. E Alícia... Bom... Não acho que alguém consiga chamar mais a atenção de Arthur que Alice.
Ps: quanto nome parecido, que loucura kkkkkkkk. Pra que fui inventar isso?! SOCORRO.



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