Murilo Narrando

— Você demorou demais. – Caleb reclamou me fazendo dar uma risadinha. Deixei ele nervoso, ponto pra mim. – Não sei se vai ficar tão alegrinho quando souber o que eu tenho para te dizer.

— Diz logo.- fiquei olhando para ele.

— Você sabe que só está sendo possível descobertas sobre o vírus que estamos enfrentando através de várias pesquisas com o próprio vírus né?

— É, sei.

— Você também sabe que eu não quero você e Kevin nessa coisa né?

— É namoro o nome. – fiquei o encarnado com tédio. – O que tem a ver?

— Acontece que eu consegui uma amostra desse vírus. E estou com ele aqui. – ele parou de falar e sorriu. – Se vocês não querem parar com isso por bem, vai ser por mal mesmo. Termine com ele ou eu deixarei um dos dois doente. E a gente sabe da gravidade que isso significa.

— É o seu filho.

— Ele pode se recuperar. Já se continuar com você não.

— Já passou por sua cabeça doente que eu e ele podemos nem ir muito longe? E sem você precisar gastar tanta energia e maldade.

— Eu tenho dois filhos com a irmã do seu pai. Sei que quando nos envolvemos com alguém da sua família é um caminho sem volta. Você pode não querer nada com ele mais, mas ele sempre vai estar disponível para você.

— Isso não faz nenhum sentido.

— Quero uma resposta.

— Você sabe que é não.

— Vai se arriscar? Não tem medo? Nem por ele? Eu não disse qual dos dois vai ser infectado.

— Eu seria um covarde se aceitasse. É só isso?

— Tem certeza?

— É só isso Caleb? – o olhei com frieza. Depois do seu aval sai de sua sala, quase sem ar de tanta angústia. Era muito pesado o mesmo ambiente que o dele. Não acreditava em tudo que ele me fazia sentir e no que eu faria por isso.

....

Arthur, Rafael e eu havíamos ido atrás de Kevin porque estávamos preocupados e ele? Apenas sendo o escroto de sempre. Sai de perto deles puto e ao mesmo tempo magoado. Fiquei sentado em um dos bancos sozinho.

— Cara eu preciso de uma ajuda. – fiquei olhando para Yuri. – Então, você não parece de bom humor. Melhor eu ir?

— Fala.

— Eu estava com ciúme da Sofia porque estava afim dela, mas não por gostar dela, eu achei que isso era bem óbvio, mas parece que não. – fiquei olhando pra ele. – E aí? O que eu faço?

— Sai fora dela, antes que dê mais merda.

— Mas eu a quero e ainda não tive.

— Vai ser pior se tiver.

— Murilo presta atenção em mim. – só então percebi que eu estava olhando para o lado enquanto ele falava. – Você acha que não tem chance de por acaso ela mudar de ideia e querer só ficar comigo?

— Não. Se ela já sente algo por você é um caso perdido.

— Sua irmã quer me matar. Ela que fez o papel de cúpido. E depois que eu tive ciúme é claro que demonstrei tudo errado.

— Por que você tem ciúme de alguém que você quer só ficar? Você é retardado? – franzi a testa bem inconformado.

— Se ela quisesse ficar com você qual seria a chance de ela pensar em ficar comigo?

— Então você precisa rever suas emoções, você não estava com ciúme, estava com inveja de mim.

— Qual é? – Rafael chegou com Arthur.

— O que mais aquele filho da puta falou? – perguntei os olhando.

— Nada de mais. Se acalma Murilo. – não acreditei na fala do meu primo.

— Acalmar? Eu to puto! Não tem nexo ele pensar que já acabou por que eu decidi dar um tempo do pesadelo do pai dele. E é mais sem nexo ainda ele estar lá com ele.

— Cara fuma um. – Fael me ofereceu um cigarro.

— Não quero, valeu.

— Você vai enfartar desse jeito. – Arthur concluiu e ficou me olhando. – E eu jurei que você estaria triste.

— Estou magoado, lógico. Mas eu estou muito mais nervoso. Quer saber é melhor acabar com isso logo.

— Murilo não pira. Ele não tá sendo igual antes. Só tá perdido sem você. Mas ele te ama e vai ficar tudo bem, relaxa.

— Acho que eu não devia estar aqui né? – Yuri comentou parecendo bem sem graça.

— Nosso irmão e o Murilo namoram. – Arthur contou o olhando. – Não faça um show por isso.

— Já imaginava. – ele respondeu apenas e ficou em silêncio.

— AI QUE INFERNO! – deitei na grama e eles ficaram me olhando.

— Murilo calma! – meu primo falou pela vigésima vez.

— Qual sua obsessão em deitar quando tá nervoso? – Rafael questionou e riu. – Não sei por que você tá assim, o cara come na sua mão, se você chamar ele vem, relaxa.

— Eu estou assim porque eu me preocupo com o que ele pensa e nesse momento ele acha que o nosso namoro acabou, o que não é nem um pouco verdade!

— Para de pensar nisso e foca no que interessa. – Arthur falou com a voz séria. – Você passou um dia inteiro longe dele. Já deu para refletir alguma coisa?

— Não. Só deu para sentir saudade e vontade de estar com ele. – me virei em posição fetal.

— AI QUE FOFO! – Fael gritou e começou a rir.

— Ele com certeza também tá sentindo sua falta Murilo, dê o tempo que você mesmo pediu e respire aliviado longe de Caleb para conseguir forças para ficarem juntos ou terminarem de vez. Agora levanta daí, anda. – fiz o que ele sugeriu. Tudo. Arthur era mesmo o cérebro quando nos faltava razão.

Alice Narrando

Quando eu achei que as coisas estavam tomando um rumo tudo desandou. Kevin e Murilo não estavam nada bem e Yuri e Sofia pareciam não se entender.

— Hoje é sexta amiga, vai ter bebida e ele vai se soltar mais. – falei tentando anima-la. – Eu não menti. Ele disse que te correspondia.

— Mas ele se fechou quando conversávamos Alice!

— Você deve ter dito alguma coisa que o assustou. Está indo com muita sede ao pote. Eu não sei como a cabeça do Yuri funciona.

— Eu só disse que se eu tivesse um namorado o tempo aqui passaria mais rápido.

— SOFIA! – a repreendi. – Eu te disse que ele te correspondia quanto a vontade de ficar contigo. Não chega intimando o garoto assim achando que está tudo feito.

— Mas eu não o conquistei? Ele não estava com ciúme de mim?

— A gente tem ciúme de amigos também, não tem? Além disso o Yuri é estranho, volto a dizer.

— Se você que é a amiga dele desde sempre diz isso, eu desisto.

— Você é mais ansiosa que eu sabia?

— Sou? Fala isso agora que já tem um bom tempo que você e Arthur nem mesmo se falam, porque antes era só lamúria o tempo todo.

— Não fala dele, por favor. Eu já pedi.

— Desculpa. – nos olhamos. – Mas é tão surreal que vocês realmente não são mais nem amigos.

— Ou era isso ou nunca iriamos conseguir seguir em frente.

— Com seguir em frente você quer dizer esquecer?

— Não. Esquecer ainda é algo bem distante. Mas pelo menos não estou me afundando no abismo de estar ao lado dele o desejando. É um pouco menos difícil quando estamos distante.

— Mas não estão tão distante. Ainda mais que agora você voltou a ficar com a gente. – pensei um pouco naquilo.

— Só que agora eu não fico olhando para ele, não converso com ele e evito qualquer contato. Entende?

— Entendo. Ainda acho que de alguma forma ele não vai conseguir deixar de pelo menos querer ser seu amigo. Vocês dois sempre foram muito grudados, não faz sentido.

— Mas ele querer não muda nada Soph. Ele também sabe que é melhor assim. – dei um sorriso forçado. – Vamos ir tomar banho? Daqui a pouco escurece. – ela concordou e entramos. Iria pensar em alguma coisa para que Yuri e Sofia ficassem, mas sem maiores danos.