Darío, Um Gênio nas Ruas. escrita por Ytsay


Capítulo 1
Mistério no interior de São Paulo.




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Augusto Basílio Silva, ou Guto para os amigos e simpatizantes. Aos dezessete anos, quase dormia nas aulas de história, na de português nem mesmo lembrava o nome da professora e na de matemática era a mente brilhante de tão vazia e sem repostas. Mas uma coisa ele sabia fazer naturalmente, e isso era lidar com as pessoas. Claro, como órfão, o que mais teve que fazer na vida foi lidar com pessoas que nunca conheceu antes e, por mais que tivesse alguém como amigo, não confiava que a união e camaradagem duraria firmemente pelo resto da vida, afinal, supostamente, aqueles que deviam amá-lo incondicionalmente o abandonam ainda bebê, porque seria diferente com pessoas comuns?

Não cheguei a conhecer a profunda rotina de Basílio nos tempos de escola, mas sua popularidade no lar temporário, ali, em um canto de São Paulo, era clara. Nos momentos de diversão os menores o procuravam e sempre conseguiam uma parceria ‘mais responsável’ para ir ao parquinho da praça ou brincar no pátio da casa grande - porém nem tão bem conservada-, enquanto os outros mais velhos sempre se chateavam em serem perturbados de algum aparelho eletrônico ou, nos casos mais dignos, estavam cansados de seus primeiro empregos de aprendiz e estudos.

É sabido que esse rapaz, de cabelos escuros, sem corte e crescidos, estava totalmente avulso no mundo, nem mesmo havia descoberto que alvo no destino ele podia mirar toda sua capacidade nada explorada. Teve uma ou outra vez que Augusto viu seus companheiros de lar comentar sobre faculdade ou oportunidades de trabalho que deixaram seus tutores empolgados, e ele pensou levemente no que faria consigo, mas então era distraído por alguma pizza de jantar ou provas impossíveis que teria até o final do ensino médio. Ele se distraia fácil e até apreciava o presente calmo, sem fazer nada e sem expectativas. Se eu e você pudéssemos avisá-lo do que viria e se ele fosse só um rapaz comum, diríamos que logo depois do terceiro ano, se ele não soubesse que ponte construiria, haveria um abismo bem difícil de dar o primeiro passo.

Contudo, aconteceu numa quarta feira, ao fim do ano, e em um dia quente de verão se instalado, logo após o jantar em família...

Enraivecido por Bruno, o tutor de cinqüenta e oito anos e a figura paterna da casa, ter o perturbado sobre o que ele faria no ano seguinte, o garoto entrou no seu quarto e deixou a porta bater alto, jogando-se em uma cadeira de escritório gasta que havia diante de uma mesa no canto.

O quarto era espaçoso, mas não era só dele, havia mais três camas além da sua, caracterizada pela colcha de retalhos de cores roxa, azul e preto. Respirava rápido, raivoso, concentrado em um ponto qualquer do chão para se acalmar por completo, podia até sentir seu rosto quente de raiva e por dentro borbulhava um grande nada. Basílio não tinha nada na alma, na mente, no corpo, não tinha expectativa alguma, essa era sua essência. E ele, mais que ninguém, sabia disso e que, por mais insistente que os outros fossem, ele não poderia fugir e pensar algo para si mesmo. Era como se já soubesse que daquele ponto em diante ele não poderia escolher a sua historia. Antes de conclusões, deve saber que Augusto era bem pacifico e controlado, e o que levou a ficar bravo foi Bruno ter questionado-o na frente de todos que tinham uma resposta já formulada, havia sido uma humilhação não intencional o homem tentar fazê-lo pensar em algo diante de todos, que esconderam seus risinhos.

Uma batida na porta, o fez levantar o olhar, já estava bem mais calmo.

— Guto? — uma menina de oito anos apareceu por uma fresta, chamando-o. Ele forçou um sorriso rápido então ela entrou. Samanta era uma gentil menina de pele escura e cabelos cacheados volumosos, ele adorava quando ela aparecia para lhe mostrar, em primeira mão, tranças enraizadas recém feitas. — Tudo bem? — questionou ela ao chegar perto dele, que nem se mexeu.

— Por que não estaria? — forçou um risinho, mas depois suspiro. — Está sim. Não se preocupe.

O rapaz podia não perceber, mas a menina sabia enxergar seu aborrecimento, principalmente pelas ruguinhas rasas que apareciam próximas das sobrancelhas e na testa. Então ela simplesmente o abraçou, e, gorducha como era, esmagou-o em fofice e carinho que ele não pode recusar, ele riu mais verdadeiro.

— Um presente para você ficar feliz — disse Samanta ao se afastar, e só então Augusto percebeu que ela tinha, o tempo todo, algo na mão.

Sorrindo, mas com muita estranheza, ele agradeceu, pegando o estranho gnominho de cerâmica, muito gasto, manchado e com vãos e dobras sujos de terra. Corada intensamente, Samanta balançou a cabeça e saiu correndo do quarto, envergonhada.

Naquele lugar onde a vida era complicada e bem básica, dar e receber presentes acontecia em épocas muito especificas, por mais humilde e simples que fossem as lembrancinhas. Então aquilo animou Augusto, mas tudo naquele objeto parecia indicar que foi tirado de algum barranco de terra ou do jardim aonde devia ter sido enterrado por alguma boa razão.

Preguiçoso, o rapaz arrastou as rodas da cadeira até alcançar irresponsavelmente a ponta das prateleiras acima da mesa, onde outros que dormiam no quarto incluíram seus pertences decorativos. Apoiando os pés do gnomo ali, ainda sem soltá-lo, Guto observou sua cara imunda por um instante, era feio, riu bobo. E, quando seus dedos se afastaram da cerâmica, levou um susto enorme quando o objeto voou rapidamente de volta para seu toque, as rodinhas rolaram e ele se desequilibrou. Caído no chão e surpreso com a bruxaria, ele procurou o gnomo e o viu rachado no meio da barriga gorda a pouca distancia. Encarou-o imóvel, esperando algum novo movimento repentino, mas não aconteceu. Então se levantou devagar e olhou em volta, pensando que talvez fosse algum tipo de brincadeira, contudo estava tudo silencioso e calmo como sempre.

O som de vibração tomou o ambiente gradativamente, parecia um celular no modo silencioso, mas depois de analisar o quarto, Augusto Basílio Silva pousou os olhos na cerâmica amaldiçoada que tinha que enfrentar. O gnomo trepidava fraco no chão, vivo, na opinião dele. O rapaz conteve seu desespero e seu grito por socorro, questionando a chance de ter batido a cabeça ao cair da cadeira e ser tudo fantasia. E de súbito o treco voou contra ele, bem no peito, nem teve tempo de se proteger. Estilhaços voaram, uma pequena nuvem de poeira surgiu e uma energia poderosa, que podia ser sentida na pele, se fez presente. Não existia mais Guto, apenas eu.


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Notas finais do capítulo

Olá! Junta aqui no meu beco, que tenho os esquemas...
Deixa um comentário? Quero sentir a presença humana que o leitor tem! Quero saber suas impressões ao ler. Eu fico feliz de saber as reações que tiveram durante o capitulo, amo isso. Ou então, aos tímidos, aquele sinal de vida com palavras simples dizendo que gostou... É, sou apaixonada pelo contato.

É isso, espero que tenham gostado! Acompanhe e comente!



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