Leões escrita por Ann Vinyso


Capítulo 1
Capítulo Único




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Ele estava deitado em sua cama, olhando para o teto, pensando. Nada daquilo parecia real, todos os acontecimentos recentes... Ele não acreditava que enfim acabara. Sete anos, sete longos anos e agora o fim. Não o que ele esperava, mas um fim de qualquer forma. Como ele seguiria de agora em diante? O que faria? Para onde iria? Sua casa agora era uma prisão, como no ano passado aquela maldita escola fora.

E o pior é que estava sozinho novamente. Sem amigos, sem os empregados de sempre e, recentemente, sem os pais. Quando estavam chegando em casa dois seres encapuzados atacaram-lhes. Ele não era o alvo, por isso continuava vivo. Mas seus pais estavam mortos, ainda conseguiu atacar um dos encapuzados e o outro fugiu. Aquele maldito desaparatou. E Draco nada pôde fazer.

Há esta hora quem quer que os tenha interceptado deve estar longe da confusão, fugindo do Ministério da Magia, não sem antes ter-se vingando dos traidores que eram seus pais. Eles traíram o Lord das Trevas pelo filho e a recompensa que receberam foi a morte. A fria e cruel eternidade no Reino dos Mortos. Nada restara para ele, o mais novo órfão da guerra.

Ele tinha tudo nas mãos, a conquista de ser o novo Comensal da Morte, a responsabilidade de matar Dumbledore, a liberdade de seu pai nas mãos. A única coisa que conseguiu foi libertar Lúcius, mas para quê?! Para vê-lo morrer em frente à própria casa de maneira tão covarde e desonesta. Na verdade, o que se poderia esperar dos seguidores de Voldemot?

A vida é uma puta traidora. Ela é falsa, mentirosa e ilusionista. Iludiu-o todo o tempo. No início da vida, Draco pensava que a fortuna lhe compraria tudo. E realmente era o que parecia, pois ele tinha uma linda casa, uma família feliz, amigos fiéis (ou seriam capachos leais?) e uma vida inteira pela frente de sucesso e vitórias. Seu castelo de cartas desmoronou por causa do amor, o maldito amor!

No início era apenas uma amizade a menos, uma amizade muito almejada que ele não conseguiu alcançar. Depois ele descobriu o verdadeiro porquê de odiar certos olhos verdes. “Potter!” – Draco falou quase cuspindo tal palavra. Mas esse nome feria o seu coração só em ser pensado. Com grande pesar o loiro lembrou-se de seu querido Menino Que Sobreviveu, da cicatriz em forma de raio, dos lábios carnudos, das mãos calejadas. Detalhes que apenas sete anos de ódio seriam capazes de absorver. Sim ele odiava o moreno, mas também o amava. O ódio era consequência do amor.

Ele vivia feliz dessa forma, amando e odiando o grifinório. Mas então chegou o ano em que sua vida tomaria um rumo diferente, o sexto ano. O ano que arruinou para sempre a sua vida. Por causa de decisões erradas, Draco agora estava sozinho em casa, esperando que o Ministério aparecesse à sua procura ou algum outro Comensal viesse mata-lo. Não importava o que aconteceria primeiro, a dor em seu coração era maior que tudo. Chegara enfim ao fundo do poço. E por mais que arranhasse as paredes, tentasse escalar para sair ou gritasse por socorro, ninguém apareceria. A vida é assim!

Ele aprendeu amargamente a usar Máscaras ao longo dessa mesma vida maldita que agora batia em seu rosto. Quando seu pai o decepcionou indo para Azkaban, quando sua mãe caiu em depressão, quando o Santo Potter começou a sair com a Chang e depois com a filha do Weasley. “Cho, Gina!” – Draco falou entredentes. Os nomes que mais lhe repugnavam, as vadias que lhe roubaram Harry. Sim, roubaram-lhe o moreno, pois ele era todo seu.

No terceiro ano em Hogwarts, em meio a uma briga um beijo aconteceu. No momento não consegue mais lembrar-se como foi que aconteceu, quem começou. Mas depois desse dia em diante, começaram a encontra-se escondidos.

No meio dos outros eram os mesmo inimigos mortais de sempre; por trás de estátuas, tapetes, armaduras ou qualquer outro lugar que pudesse escondê-los eram os mais fervorosos amantes. Para Draco não era apenas carnal, ele tinha sentimentos pelo seu ex-inimigo, ele nutria um carinho profundo, uma vontade de ser protegido por Harry e de poder abraça-lo bem apertado e nunca mais soltar.

Para o moreno, contudo, ao que parecia, era apenas desejo. O namoro dos dois, que sequer parecia um namoro de verdade, abalou-se por causa da chinesinha da Corvinal. Harry faltava aos encontros, parecia distante e aéreo e o loiro sabia que não era por causa apenas do Torneio de Quadribol. Ele viu seu precioso amor escapar-lhe por entre os dedos para nunca mais voltar.

A desculpa usada para terminar o término foi de que ele estava farto de fingir e se esconder, de que nunca poderiam assumir qualquer envolvimento amoroso entre eles. Mas Draco sabia que não passava de uma grande mentira. E o pior de tudo é que o grifinório tinha feito-lhe uma promessa que nunca mais sairia dos pensamentos do sonserino, uma promessa feita em nome do Leão presente na bandeira da casa de Harry. Uma promessa de eternidade, de que eles ficariam juntos para sempre e que quando terminassem a escola e fossem independentes iriam morar juntos.

Depois de Chang, veio a Weasley e Draco viu seu amor se distanciar mais e mais. Deitado naquela cama, esperando o seu destino final, só conseguia chorar. Derramava todas as lágrimas que tinha acumuladas. Após ter seu coração partido, ele nunca mais foi o mesmo. Ergueu sobre o rosto a primeira máscara de sua vida. E todas as vezes que passava pelo moreno era ela quem o salvava de parecer um bobo apaixonado.

A máscara da indiferença foi apenas a primeira de muitas. Olhando para um leão vigoroso bordado nas cortinas da janela do seu quarto ele lembrou-se mais uma vez da promessa: “eternamente eu viverei esperando por você, Salvador do mundo Bruxo e Trouxa, mas destruidor do meu mundo!” Ele havia esquecido como chorar desde a noite no banheiro da Murta Que Geme. Onde o maldito o vira em seu momento de maior fraqueza.

Aqueles olhos verdes o observando pelo espelho, os olhos de Harry sempre foram seu ponto fraco. E foi com aqueles olhos que o moreno viu Draco sem nenhuma de suas máscaras. Os mesmos olhos que agora o observam da porta.

― Draco... — Harry falou suavemente!

― Veio me prender, Potter? — Draco sequer levantou-se da cama, estava exausto de chorar e sofrer. — Ou veio me matar? Sabe, me faria um grande favor se me matasse!

Harry aproximou-se da cama e sentou do lado do loiro, olhando-o diretamente nos olhos. Segurou uma de suas mãos e respondeu baixinho.

― Eu vim cumprir minha promessa, seu bobo. — E puxou-o para um abraço apertado. — Eternamente! E me desculpe, por demorar tanto.

Draco viu todas as suas máscaras caírem de uma vez, ele tinha se esquecido de todas as mentiras que inventara para si mesmo dizendo que não amava mais o testa rachada. Nem em seus melhores sonhos ele previra isso. Seu coração ainda doía pela perda de seus pais, mas algumas feridas ele sentia que estavam se fechando junto com aquele abraço. Quanto mais tempo sentia o calor dos braços do moreno, menos peso ele sentia dentro de si.

― Pra valer? — O sonserino perguntou incrédulo. — E a Weasley?

― Não posso tentar ser quem eu não sou, Draco. — Harry olhou-o nos olhos com uma expressão muito séria. — Acho que já fingimos o suficiente, meu querido. Está na hora de nos desfazermos de nossas máscaras.

O próximo abraço selava a promessa e findava o sofrimento amoroso de Draco. E foi assim, abraçado a Harry que ele viu o Sol se pôr e o leão da sua janela desaparecer na escuridão da noite.


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