Sete horas da noite e em uma hora Bill estaria embarcando em um trem para Berlim, onde seus pais o buscariam e o levariam para casa. Ele já estava praticamente pronto, só faltava se despedir de Anna, que queria esperar um pouco para isto. À meia hora do embarque, Anna colocou-se a frente do namorado e suspirou pesadamente, segurando suas mãos.
 -- Bill, eu te pedi pra esperar pra me dar adeus porque eu precisava falar uma coisa importante com você
 -- Diga logo e não me deixe no suspense que você sabe que e não gosto desse suspense
 -- Bom Bill, você sabe que eu te amo e que independentemente do que aconteça você sempre será meu melhor amigo e o amigo de mais longa duração. E eu tenho certeza que você sabe que é tudo pra mim não é? -- ele assentiu ansioso, imaginando o que viria a seguir -- Mas acho que não podemos continuar com isso. Namoros a distância não costumam dar certo, sabe? E eu sei que é ruim eu dizer isso, mas se não der certo nós vamos nos machucar mais. Me desculpa Bill
 -- Ta terminando comigo? -- foi a única coisa que ele conseguiu pronunciar depois de ouvir o que ouviu -- Realmente está terminando comigo?
 -- S-sim. Me desculpe Bill, mas amores a distância não costumam dar certo. Então...
 -- Não, tudo bem. Sem problemas -- ele olhava o nada, tomando o máximo de cuidado para não romper-se em lágrimas -- Agora eu tenho que ir. Auf Wiedersehen Anna.
 -- Auf Wiedersehen -- acenou a garota quando ele se virava e caminhava em direção ao trem -- Ich liebe dich Bill, fur immer.
              O trem partiu e Anna acenou uma ultima vez antes de partir para casa. Doloroso? Sim, controlava-se para não derramar diversas lágrimas. Mas talvez ela estivesse realmente certa, essa era a melhor coisaa fazer, que se esperassem mais, seria mais doloroso e talvez não fosse possível resgatar o pingo de amizade que havia entre os dois ainda.
              Bill estava sentado sozinho no trem. Acompanhado apenas por sua mala, um caderno velho todo rabiscado de capa de couro preto e seu ipod. Lágrimas incessantes começaram a fugir de seus olhos assim que o trem deu partida. Ele não voltaria mais lá. Ele a amava, mas talvez ela não o amasse a ponto de terminar com ele. Se o amasse tanto quanto ele a amava não teria feito, só que infelizmente ele não sabia que isso seria para o bem de ambos, só seria ruim no começo. Mas depois as coisas melhorariam. Junto as lágrimas vieram palavras, e as palavras o fizeram pegar uma caneta azul que tinha na mala e começar a rabiscar rapidamente várias palavras que poderiam se assemelhar a um refrão de uma música:

"Ich bin krank [eu estou doente]
Ohne dich [sem você]
Habe schon jedes Gift Versucht [já tentei todos os andidotes]
Und jetzt lass [e agora eu deixo]
Ich mich los [eu mesmo ir]
Leg mich auf die Glut [deito-me sobre as brasas]
Und schau in den Himmel [e olho para o céu]
Und hör deine stimme [e ouço sua voz]

Hauch mir deine Liebe ein [anima-me com seu amor]
Ich will endlich bei dir sein [finalmente quero ficar com você]
Hauch mir neues leben ein [anima-me com uma nova vida]
Hörst du meine Seele Schreien [você ouve minha alma gritando]"