Monarquia Serpente - Bughead escrita por Fortunato


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: Kiiara - Gold



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 Jughead Jones

— Betty Cooper? A loira bonitinha do Blue and Gold? – concordei com a cabeça enquanto assistia Toni secar com um pano os copos de vidro da bancada – Agora eu saquei qual é a dela – sorriu.

— Como assim? – Tall Boy e Bruce entravam no bar.

— Ela estava me encarando na escola hoje. – guardou os copos na prateleira enquanto dava de ombros – Estava com aquele ruivo, o filho do Keller e a Lodge.

— Falando em Lodge, você acha que Hiram tem alguma relação com o desaparecimento de Alice? – Tall Boy se sentou ao meu lado na bancada do bar – Digo, sua última notícia o detonou, quase gostei mais dela por isso.

— Está realmente interessado em ajudar Betty? – Toni entregou uma dose de uísque para Tall Boy como uma vidente, ele não tinha horário para beber.

— Ela não vai entrar para os serpentes, mas esse desaparecimento com certeza é estranho. – comprimia meu queixo entre os dedos pensando sobre – Meu pai não comentou nada comigo ainda, vou falar com ele.

 Tirei as chaves da moto de dentro do bolso quando Tall Boy virou o copo e disse:

— Você não vai encontrar seu pai na delegacia garoto, ele saiu para uma ronda de manhã e foi convocado em Greendale. Parece que descobriram outra produção de Jingle Jangle.

— O que? – me virei para ele tenso – Ele não me disse nada.

Bruce se aproximou de nós passando a mão por entre os cabelos raspados. Ele tinha mais ou menos a idade de Tall Boy, não era alto como ele, mas provavelmente era o serpente de sangue mais forte mais forte de Riverdale. Ambos tinham expressões carrancudas marcadas pela idade, tatuagens e cicatrizes. Os dois costumavam ser muito próximos de meu pai, mas devido a algum desentendimento que ainda não conheço o trio se dispersou. 

Meu pai me contava que Bruce tinha técnicas de luta muito avançadas, e por isso, ninguém ousada provocar qualquer um do trio. Tall Boy sempre havia sido grande e forte, mas não era ágil com as mãos ou se desviando de ataques. Já meu pai, nunca havia sido bom de briga. Como ele dizia, sua principal habilidade era correr, mas depois de um tempo abandonou o time de futebol para liderar a gangue. 

— FP sabe se cuidar garoto. – Bruce me tranquilizou com a voz rouca – Ele já é adulto.

— Tudo bem. – relaxei o rosto – Vou até a casa do Archie então... Esclarecer algumas coisas. Não vou demorar. - comuniquei Toni que sempre se preocupava com meu paradeiro, tal como uma mãe. 

Era surreal a forma como cada um da gangue possuía uma qualidade, uma especialidade. De certa forma eu realmente me sentia acolhido em uma família onde todos se preocupavam uns com os outros. Como toda família, nem todos se gostavam mesmo que o respeito fosse mútuo.

Acredito que jamais conseguiria descrever a importância que era para mim liderar um grupo como este. A um tempo atrás nada fazia sentido, e agora eu tinha um objetivo, uma preocupação e um zelo por cada um que estava ali e até mesmo por cada um que queria estar. 

Encarei a fachada da casa de Betty por poucos segundos até parar poucos metros depois, no lugar onde costumava ir sempre. Nada mudara e a nostalgia da doce infância me atinga aos poucos conforme subia os degraus da entrada.

Archie abriu a porta antes que eu batesse encarando a moto logo atrás. A alguns dias sua corrente ressoava um som mastigado que anunciava minha chegada em qualquer lugar. Fiz uma anotação mental para que não me esquecesse de verificar seu problema. 

— E aí Jughead. – Archie disse abrindo a porta dando um soco na minha mão enquanto eu entrava – Está com fome? Meu pai trouxe uns sanduíches naturais.

— Sempre... – me sentei na bancada da mesa – Eu não vim aqui para comer mas aceito um. – Archie riu.

— Quer perguntar sobre a Betty né. – ele me entregou a embalagem - Eu ia mesmo falar com você, mas já que está aqui, me poupa um pouco de tempo. 

— O que aconteceu exatamente?

Archie se debruçou sobre a mesa me contando o caso de Alice. Me disse sobre o mistério envolvendo o seu passado serpente e o bilhete misterioso que alguém da gangue havia entregue a ela antes de seu desaparecimento. Realmente toda a história estava suspeita demais para um simples abandono ou desaparecimento, tive receio de que um dos nossos tivesse qualquer envolvimento. 

Enquanto ele contava pensei sobre a ira de Hiram Lodge diante da reportagem que denegriu sua imagem: ‘Presidente da Lodge Industries é acusado de envolvimento com o tráfico’. Basicamente, Hiram havia sido fotografado recolhendo dinheiro em um galpão escondido na divisa de Greendale, sendo descoberto mais tarde como uma fábrica de Jingle Jangle. Ele alegou ter feito um empréstimo ao dono do lugar sem o conhecimento do crime ilícito, fato completamente questionável. No dia seguinte, o dono do galpão estava morto, Hiram havia sido inocentado e a notícia foi divulgada por Alice Cooper,  que desapareceu uma semana depois.

— Enfim, Betty está disposta a fazer qualquer coisa para encontrar a mãe. – ele concluiu – Eu não tiro sua razão. Se fosse um dos meus pais eu faria o mesmo.

— Eu sei Archie, eu também. – concordei me lembrando de minha mãe – Mas não posso arriscar o futuro da Betty aceitando ela nos serpentes. Entende?

— E desde quando você se preocupa tanto com o futuro dela Jughead?

— É complicado... os Serpentes do Sul não são uma irmandade que ela pode se iniciar, resolver os problemas e sair. – joguei o plástico do sanduíche fora – É algo para toda a vida, como um laço de sangue, somos um pelos outros independente de qualquer coisa. Além disso, é uma vida perigosa demais para pessoas como ela.

— Você ainda não entendeu os sacrifícios que ela está disposta a fazer. – Archie riu pegando outro sanduíche para mim.

— Este é um sacrifício que não vou permitir que ela faça. – mordi sorrindo enquanto ele me observava.

— Sabe, quando éramos mais novos era nítido sua paixão por ela. – ele ficou sério e depois riu – Acho que isso ainda continua.

— Acho que eu prefiro ruivas como você! – soquei seu ombro zombando dele – Preciso ir agora.

— É o que vamos ver amanhã. – ele se levantou abrindo a porta e eu ignorei sua ameaça.

O que poderia acontecer de anormal amanhã?

◙ ○ ◙ ○ ◙

Na manhã seguinte, meu pai ainda não havia voltado. Apenas mandou uma mensagem de texto falando sobre Greendale. Tentei ligar duas vezes até que me lembrei que talvez estivesse em investigação, então esperei que ele retornasse à ligação ou voltasse para a cidade. No jornal, nada noticiava sobre a descoberta de outra fábrica, estranhei guardando o amontoado de notícias no armário.

(música)

— Preparado para a prova de química? – Toni questionava Sweet Pea que provavelmente ficou até tarde no Whyte Wyrm apostando na sinuca com Fangs, de novo.

— Não, mas minha dupla é o próprio Einstein! – Sweet Pea declarou orgulhoso, enquanto Toni o repreendia com o olhar – O que foi? Betty é ótima em química! Eu poupo meu tempo estudando para outras matérias.

— E você Jughead? – Toni me perguntou enquanto eu fechava o armário.

— Consigo uma boa nota. – dei de ombros.

— Wow! – Fangs arregalou os olhos fixados na porta central, Toni e Sweet Pea fizeram o mesmo.

Me virei para entender a apreciação, captando de imediato o aviso que Archie havia me dado ontem à noite.

Passavam pelo corredor da escola Verônica Lodge, a riquinha medíocre de Nova York. Kevin Keller, filho indiscreto do ex-Xerife. E, Elizabeth Cooper...? Não. Impossível que a princesa havia se transformado em uma linda bruxa da noite para o dia.

Os dois passaram por nós sem olhar para os lados. Elizabeth estava enegrecida por roupas pretas. Me fitou por um milésimo de segundo atravessando o corredor com a cabeça erguida de um rosto sem expressão. Como se eu não existisse. Diria que ela sempre tivera os cabelos compridos, se já os tivesse visto sem o famoso rabo de cavalo loiro. Senti meu coração pulsar e doer enquanto a encarava sem a coibição de um possível infarto. “Como pode ser a mesma garota de ontem?”, balbuciei boquiaberto quando Toni me deu um leve tapa no queixo.

— Quer que eu traga um balde ou já vai parar de babar? – ela riu divertida com a minha expressão, cerrei os dentes.

— Cala a boca Toni, vamos para a aula.

A espiei de lado até que virasse o corredor, sorri aturdido com a cena.

Ela continuava perfeita de um jeito completamente errado e impróprio. Caminhei até a sala retirando a jaqueta devido ao calor. Agora que o inverno já estava no fim eu precisava de um banho gelado. Nem mesmo a temporada de frio mais impiedosa da cidade seria capaz de apagar as chamas da garota loira que eu acabara de presenciar. 

◙ ○ ◙ ○ ◙

A prova estava tranquila como sempre, nada de esforços. Eu e Fangs provavelmente nos saímos bem, assim como Elizabeth e Sweet Pea. Balancei a cabeça tentando ignorar o fato de tê-la encarado várias vezes durante o teste. Ela vestia um cropped em renda com a barriga a mostra e uma blusa xadrez laranja fosco por cima. Seu jeans rasgado nos joelhos revelavam uma meia arrastão por baixo. E por fim, não pude deixar de reparar as botas de couro, já que o salto fazia cliques em contato com o chão.

Sorri sozinho enquanto caminhava até o estacionamento. Droga, ela estava linda e provavelmente a imagem dela não sairia da minha cabeça por um bom tempo.

Certamente voltaria até mim implorando sua aceitação para a gangue, suspirei chegando até a moto. Estava determinado a não deixar que isso acontecesse, imaginando os tipos de coerção ou negociação que ela usaria. Pensei maldoso sobre o que poderia pedir a ela em troca de um lugar na gangue, me repreendendo imediatamente. Eu não poderia ser tão babaca assim. Fitei o gelo derretendo sob a sola das minhas botas, finalmente o inverno estava acabando.

Coloquei o capacete, prestes a subir na moto, quando o celular chamou. Era meu pai.

— Pai, até que enfim! – atendi.

— Garoto Forsythe Pendleton Jones III? – uma voz estranha chamou.

— O que? – estranhei – Quem é você?

— Eu recebi seu recado garoto, mas gostaria de mandar outro de volta: nenhum Ghoulie a menos, ou vamos fazer churrasco com seu pai. – com certeza era Malachai, líder dos Ghoulies, o qual nunca conheci pessoalmente.

Seu tom era ameaçador.

— O que você quer Malachai? – cerrei os dentes furioso com a ideia de que ele pudesse ferir meu pai.

— Garoto, sinceramente? – ele respirou pensativo – Não tem nada que você possa me dar.  Meus capangas estão presos graças a você! Por sorte ainda tenho muita gente furiosa, então que tal uma troca? Uma vida por outra.

— Você quer que eu me entregue a você? É isso? – observei as pessoas ao meu redor saindo da escola.

— Um Jones por outro! – ele riu baixo.

— Onde te encontro? – perguntei tenso.

— Em um galpão ao final da estrada para Greendale. A entrada é à esquerda, logo depois da placa de ‘Bem-vindos’. – ele fez uma pausa – Venha sozinho, caso contrário eu termino de cortar seu pai. – desligou.

Joguei o capacete no chão furioso quando Fangs se aproximou.

— Jughead? O que foi?

— Pegaram ele Fangs. – agachei recolhendo o capacete – Os Ghoulies pegaram meu pai!


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