Aula de voo escrita por Artemis Stark


Capítulo 1
Capítulo Único




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— Vocês só podem estar brincando.

Ela falou séria, olhando de um para outro, sem querer acreditar no que seus amigos disseram.

— Tonks confirmou hoje, é um pedido do Quim - Rony disse, olhando para Hermione.

— É um absurdo. Qual a necessidade disso se eu sei aparatar? Se usamos chave-do-portal? Rede de flu!!!! Que merda!

— Concordamos que é um absurdo, mas ninguém quer que aconteça uma nova era dos Comensais - Harry começou a falar.

— Sabe que detivemos um novo séquito de Comensais há cerca de dois anos e nem todos foram capturados - Rony completou.

Hermione batia o pé nervosamente no chão, cruzou os braços e depois descruzou, levantou-se, sentou. Entrelaçou os dedos e bufou, repetindo:

— É um absurdo. Podemos usar outras estratégias de investigação ou de fuga! E se eu não passar na prova?

— Terá quer reiniciar seus estudos como auror e pode até... perder sua licença – Harry informou, olhando para tudo menos para Hermione.

— Você está brincando comigo! – repetiu enfurecida - Por que Quim não falo diretamente comigo? Sim, até sei o motivo... Não conseguiria sustentar essa alternativa absurda! Que merda! – os dois amigos se entreolharam, sabendo que não era o momento para falar qualquer coisa.

— Quando vocês podem começar me ensinar a voar na merda da vassoura?

—--

Hermione olhou para o céu e para vassoura aos seus pés. Tinha passado a semana lendo sobre vassoura, quadribol, manobras... Não conseguia acreditar que precisaria fazer um teste de voo em vassoura.

Além de passar a semana estudando, tinha tentado de todo modo dissuadir Quim daquela loucura, mas ela era minoria. Todas e todos aurores voavam em vassouras.

— Hermione, querida, está preparada? Gina está em um campeonato, mas ela queria muito estar aqui para te ajudar.

— Obrigada, Molly. Os meninos estão lá fora?

— Sim, estão. Boa sorte, minha filha.

Hermione saiu para os jardins e não viu ninguém, apenas a vassoura no chão.

— Puta merda! - exclamou, antecipando o que viria.

— Você sempre fica uma graça quando fala palavrões, Granger.

— Jorge! Que susto! - Hermione exclamou, levando a mão ao peito - O que faz aqui?

— Apenas descansando. Fred está com Angelina no flat e resolvi vir para cá.

Observou-o atentamente, Jorge estava recostado em uma grande árvore, os braços cruzados e o sorriso maroto de sempre. Durante alguns meses o cabelo foi mais longo, ocultando a orelha ausente, mas ele não se importava mais com isso.

— O que você não quer me contar? - perguntou, estreitando levemente os olhos.

— Não, não... Nem tente entrar na minha mente - o ruivo desencostou-se - Isso é totalmente ilegal para uma auror fora de serviço - sorriu quando a viu bufar, na realidade o que ele mais fazia era sorrir perante qualquer gesto dela.

— Então...

— Seus amigos não podem te ensinar a voar.

— Ah não?

— Claro que não... - falou, andando na direção dela - Eu serei seu professor de voo.

Claro que Jorge poderia ficar ofendido com o riso dela, aquela gargalhada fazia com que a amasse ainda mais, principalmente porque havia deboche, como se ele não pudesse ensina-la a voar.

— Hermione, - agora bem próximo, sua boca perto da orelha dela - juro que não farei piadas quando me procurar.  

Virou-se, ignorando-o, indo até a vassoura e tentando fazer com que viesse para sua mão.

Seus amigos chegaram voando e pousaram. Só de olhar de um para outro, sabia que eles haviam tido uma pequena discussão.

— Isso é ridículo, Ron. Você sempre subestima Hermione.

— E-eu? Não temos mais 11 anos, Harry. Seu método que é ridículo: ela precisa começar voando baixo.

— Não, ela já voou em um dragão! Escapou de uma sala em chamas, lembra? - Hermione olhava de um para outro, enquanto Jorge continuava com um sorriso divertido no rosto.

— É totalmente diferente, Harry! Ela precisa voar sozinha, pilotar uma vassoura!

— Exatamente! Não temos tempo para ir devagar! A prova é em poucas semanas! Hermione vai o mais alto que ela conseguir.

— Não, ela voará bem baixo - Ron fez um feitiço e uma vassoura planou a um metro do chão ¾ Harry, Hermione tem medo de altura!

A discussão continuou, sem que seus amigos percebessem que ela se afastou. Jorge juntou-se a ela.

— Pode pedir agora, Hermione.

— Vá a merda, Jorge!

Chegando em sua casa olhou onde seria o próximo jogo das Harpias, mandou uma coruja para Gina e foi até ao ministério reservar uma chave-do-portal.

Entrou no elevador para ir até o departamento de transportes mágicos, porém quando a porta estava prestes a fechar, uma mão impediu.

— Merda - xingou em voz baixa quando viu quem entrou no elevador.

— Boa tarde, Granger.

— O que faz aqui, Malfoy? Não é seu expediente.

— Então anda pesquisando meu horário de trabalho... - ele disse, de forma irônica. Hermione apenas rolou os olhos - Vou descer aqui - continuou - Se precisar de dicas de voo, pode contar comigo.

— Vou aprender com quem ganhou uma taça em Hogwarts! - ela gritou.

— Ouch! - Draco respondeu, levando a mão ao peito em um gesto fingido. Hermione apenas balançou a cabeça e sorriu.

—--

Primeira semana

Hermione andava no seu escritório de um lado para o outro, enfurecida por Gina ter negado seu pedido já que estava ocupada com treinamentos e seu time precisa recuperar após a última derrota.

— Não! - Hermione disse ao ver os amigos que entraram em sua sala.

— Podemos tentar novamente, Mione - Ron falou.

— Não dará certo - a auror disse, deixando seu corpo cair na cadeira - Será que Bill...?

— Férias com Fleur e a filha, lembra? - Ron disse, sentando-se.

— Charles está em uma expedição à procura de um dragão machucado... - Hermione começou a listar suas opções - Percy está fora da lista... Não acredito que precisarei pedir para o Malfoy...

— Faltaram dois bruxos na sua lista... - Harry falou, vagarosamente.

— Eu poderei pedir para Fred que vai negar...

— Qual o problema com Jorge? Meu irmão sempre foi ótimo em voo.

— Tudo para ele vira piada, sabe disso - respondeu, não querendo contar a verdade.

— Jorge não faria piada sobre sua inabilidade em voar - Hermione olhou para o rapaz de óculos, sempre com aros redondos.

— A prova é daqui quatro semanas - Ron disse levantando-se.

— Você precisa aprender nesse tempo o que não aprendeu em sete anos.

Assim que terminou seus relatórios não foi para sua casa, foi para Toca.

— Desculpem aparecer sem aviso - disse ao ver Molly e Arthur olhando surpresos pela aparição.

— Imagina, querida! Venha comer alguma coisa.

 - É por causa da prova de voo que está aqui? - Arthur disse acompanhando as duas até a cozinha. Molly serviu um lanche para a ela.

— Sim. Sou péssima nisso e não quero reprovar. Não posso - puxou um livro de sua bolsa - Eu ando estudando bastante, lendo tudo que posso sobre manobras, vassouras... Sempre fui autodidata, dessa vez também dará certo! Posso pegar uma vassoura emprestada?

O casal ficou em silêncio, os dois com o mesmo pensamento de que ela voar por conta própria não seria uma boa ideia.

— Eu te acompanho até o depósito - Arthur disse, conduzindo-a para fora. Enquanto isso Molly foi até a lareira.

Ficou sozinha com a vassoura, olhando-a, pensando que precisava vencer aquele desafio. Não podia agora, depois de tudo que passara, todos exames, treinos... Ter que recomeçar. Não.

Ela era Hermione Granger.

— Suba - falou firmemente para a vassoura. Depois de repetir dez vezes sem efeito, exclamou um palavrão – Porra!

— Assim você não conseguirá fazer com que a vassoura te obedeça.

— Jorge... O que faz aqui?

— Apesar de você não ter pedido minha ajuda, vim te ajudar - o ruivo colocou sua vassoura ao lado da dela - Suba! - as duas vassouras planaram no ar imediatamente, enquanto a auror rolava os olhos.

— Eu posso aprender sozinha - dizendo isso subiu na vassoura e gritou quando voou com grande velocidade.

— Teimosa - montou em sua vassoura e levantou voo rapidamente, indo atrás dela. Alcançou e gritou: - Leve a vassoura um pouco para seu lado direito. Vamos, Hermione, um movimento leve.

— Jorge!

— Eu preciso alcançar a vassoura!

— Eu... Não...

— Não se mexa e nem faça nenhum movimento brusco - aproximou-se dela, segurando a vassoura com uma das mãos, enquanto a outra segurava a própria.

— Jorge... - ela disse, o medo em cada tom.

— Eu vou descer lentamente - Hermione, que segurava o cabo da vassoura, segurou no braço dele. Foco, o ruivo pensou.

Assim que tocou o chão, murmurou um agradecimento e foi em direção à casa.

— Eu posso te ajudar - Jorge disse, voando ao lado dela. Hermione sentiu raiva e inveja da forma que ele voava de maneira tão natural.

— Não quero sua ajuda.

— Vamos conversar como adultos - pediu, parando na frente com a vassoura.

— Você ainda não chegou nessa etapa da vida - afirmou, cruzando os braços. O que ela menos precisava era lidar com Jorge naquele momento.

— Eu não sei o que fiz para você me tratar assim.

— Você não fez absolutamente nada, Jorge - Hermione disse irritada, afinal era verdade.

— Eu apenas quero te ajudar a passar na prova - falou após olhá-la por alguns segundos, sem acreditar naquela resposta. Ele deve ter feito algo para que ela se afastasse da maneira que se afastou.

— Certo - disse contrafeita - Eu estou com horário flexível para os treinos. Amanhã de manhã?

— Combinado!

Jorge chegou em seu flat, indo diretamente para seu quarto e sentando em sua escrivaninha. Começou a fazer algumas anotações, desenhos, até ser interrompido por seu gêmeo.

— Aham! Virou professor de Hogwarts e não me contou? - eles se olharam - Não! Ela aceitou?

— Sim! Tenho o plano perfeito para ela aprender a voar.

— Poção polissuco? - Jorge lançou um feitiço em seu gêmeo, que desviou com sua varinha. Ambos rindo.

—--

— Bom dia, Hermione - Jorge disse, observando que ela estava tentando fazer a vassoura subir.

— Bom dia - Jorge colocou sua mão sobre o punho dela, impedindo que continuasse - Primeiro você precisa perder o medo de voar, depois disso precisa entrar em sintonia com a vassoura. Quando voam, são um só.

— É uma vassoura.

— É uma vassoura mágica - Jorge estendeu sua mão, fazendo com que o objeto voasse até si. Depois sentou e, com um gesto, chamou Hermione para subir com ele.

— Ok...

— Vá na frente, assim você observa a forma correta de segurar e guiar a vassoura.

Jorge tentou manter sua respiração ritmada, mas era difícil. Era difícil com ela assim, tão próxima. Os fios roçando em seu rosto, o perfume cítrico.

— Então...

Ele levantou voo de forma lenta, subindo aos poucos.

— Abra os olhos. Não vou deixar você cair.

Hermione abriu os olhos, começando a admirar a vista.

— Não tenha medo de voar, sei que é perigoso, mas também pode ser...

— Maravilhoso - ela completou.

— Sim. O importante quando está voando é saber que direção está seguindo, por isso - ele pegou a varinha, enquanto ela murmurava um xingamento por ter tirado uma das mãos da vassoura - Está tudo bem. Sendo rebatedor eu sei voar com apenas uma mão - fez um gesto com varinha na ponta da vassoura e depois guardou-a.

— Uma bússola?

— Eu li o documento sobre a prova de voo e não falam nada sobre uso de uma bússola, então...

— Mesmo? Eu achei que...

— Pode confirmar se quiser - Jorge falou - Aprecie a vista...

Um grande lago refletia o sol que estava começando a nascer, as árvores balançavam de um lado para o outro com a brisa da manhã.

— O Sol te ajuda na localização, mas caso tenha uma missão noturna, é bom localizar-se pelas estrelas, no entanto isso é tópico para outra lição.

Hermione observou o ponteiro da bússola girando conforme Jorge mudava de posição.

— O segredo é relaxar - então abaixou seu tom de voz - Está relaxada, Hermione?

— Es-stou - respondeu, tentando conter o arrepio que percorreu seu corpo ao ouvir a voz dele atrás de si - De volta para Toca?

— Sim, o importante agora é você ficar calma ao voar.

— Não tenho tempo para relaxar, Jorge.

— Se tentar fazer as coisas de forma rápida não dará certo. Amanhã no mesmo horário?

— Sim, mas podemos nos encontrar no fim da tarde também? – perguntou, mas logo sentiu o rosto corar. Jorge teve vontade de beijá-la, porém apenas concordou com a cabeça.

—--

Encontraram-se sexta-feira, novamente no jardim da Toca.

— Quando você vai realmente me ensinar a voar? - questionou, irritada.

— Você já está aprendendo, só que ainda não percebeu. Agora nós vamos aparatar, preparada?

— Aparatar?

— Venha logo, Hermione! – dizendo isso, sumiu com ela no ar. Foi pega de surpresa pela chuva e xingou:

— Que merda!

— Nem sempre o tempo está bom e, de qualquer forma, - disse elevando um pouco a voz - precisa voar - sentou-se na vassoura e ela o seguiu - Não voe muito alto quando o tempo estiver assim - Hermione olhou para baixo e não enxergava nada.

— Jorge! Isso é loucura! - as gotas de chuva gelada batiam contra seu rosto e notou que ele precisava fazer mais força para manter a varinha no lugar.

— Merda - ouviu-o xingando, o vento os pegou de lado, mudando o percurso da vassoura. Hermione tentava segurar firmemente, mas sua mão escorregava - Eu esqueci de dar sua luva! - ele gritou, fazendo um giro para a esquerda, porém o vento dificultava a manobra.

— Jorge! Você está subindo! - Hermione disse quando notou que o ruivo mudou de direção, a  chuva caindo mais forte, depois escorregou mais para trás, parando no corpo dele que deslizou um pouco.

Raios e trovões começaram a cair e Jorge mudou novamente para onde ia, descendo para esquerda.

— Merda! - Hermione gritou quando sentiu o corpo deslizando para frente, porém o braço dele saiu da vassoura e a manteve perto de si - Jorge! Não tire a mão da vassoura!

Ela ficou sem resposta, imaginando que ele estivesse concentrado.

— Ilumine lá embaixo! - pediu, Hermione pegou sua varinha e lançou um feitiço mental - Estamos há uma distância segura para... - Nesse momento uma rajada de vento os empurrou para baixo, fazendo com Jorge tentasse refrear o empurrão, contendo a vassoura. Outro estrondo foi ouvido e agora chovia granizo, rapidamente ela guardou a varinha em sua cintura.

Hermione segurava a vassoura com toda a força que podia. Jorge tentou ajeitar para pousar, só que o vento fez com que ambos fossem ao chão, com violência.

No último segundo, Jorge segurou Hermione tentando protege-la da queda com seu corpo. Rolaram alguns metros até que Jorge ficou de joelhos:

— Você está bem? - puxou sua varinha, iluminando o rosto dela.

— Sim e você?

 Está sangrando... Eu... Eu vou nos aparatar daqui! - sumiram no ar, diretamente para o flat dele.

— Merda! Que merda eu fiz?! - disse, aproximando-se dela - Sente-se, você está com um pequeno corte na testa - Hermione colocou a mão no rosto e notou o sangue. Jorge sentiu a perna doendo, porém, a prioridade era cuidar da auror.

O corte foi fechado, Jorge conjurou um lenço para limpar o rosto dela, mas Hermione puxou da mão dele.

— Desculpe... -  pingavam no tapete da pequena sala, mas a adrenalina ainda percorria o corpo de ambos - Desculpe. Eu li a previsão em todos os jornais, apenas chuva. Eu queria...

Hermione limpava seu rosto, encarando-o. Claro que a vontade agora era de azará-lo, lançar um bando de pássaros bicadores, ir até ele e soca-lo. No entanto, que de qual forma... Quando os azuis olhavam para si com tanta preocupação, tanta preocupação que ignorava seus próprios ferimentos...

— Jorge, eu preciso cuidar de você. Também está ferido.

— Não, eu estou bem. Eu... - ele tentou mudar o pé de apoio e sentiu uma dor percorrer seu corpo. Hermione foi até ele e ajudou-o a se sentar. Havia sangue na calça rasgada, Hermione terminou de abri-la usando a varinha.

Havia um longo corte que ia da metade da perna até metade da coxa esquerda, Hermione sentiu o sangue correr mais rápido pela preocupação.

— Vamos ao St. Mungus.

— Não, você pode curar - Hermione arregalou os olhos - Vamos, agora estou realmente sentido essa merda de ferimento doer.

A auror fez um feitiço para estancar o sangue, porém não achou que aquilo seria suficiente.

— Jorge...

— Seu eu for para o St. Mungus ficarei internado alguns dias, depois minha mãe não me deixará em paz garantindo que eu fique deitado.

— Qual o problema nisso? É um ferimento sério!

— O problema é: quem será seu professor de voo? - então ele rompeu o contato do olhar e encostou-se no sofá. Hermione lançou mais alguns feitiços, garantindo que não voltasse a sangrar.

— O que houve, Jorge?

— Depois do que aconteceu hoje tenho certeza que não quer que eu continue te ensinando. Desculpe - Jorge encarava o teto, sentiu o sofá afundar, porém não ousou olhar para o lado.

— Jorge, estamos encharcados - silêncio - Escute - ela disse, tocando-o no ombro, Jorge virou-se. Estavam perto, muito perto um do outro - Não te culpo, eu entendi sua intenção.

O arrepio percorreu o corpo de ambos, mas continuaram na mesma posição.

Ela sentia a proximidade que tanto evitara nos últimos meses, o coração estava acelerando novamente.

Afaste-se.

Hermione afastou-se lentamente, depois ficou em pé. Fez um floreio limpando a sala.

— Melhor eu ir para minha casa. Se a perna não melhorar, vá ao st. Mungus.

Jorge voltou a fitar o teto, fechando os olhos com força. Relembrando como, aos poucos, Hermione, a garota que conheceu quando tinha 13 anos, heroína de guerra, ex-namorada do seu irmão caçula foi conquistando pouco a pouco um espaço especial em seu coração.

— Que porra! - exclamou nervoso. Precisou levantar apoiando-se na perna direita, foi até o banheiro despindo-se totalmente e entrando no banho quente. Saiu enrolado na toalha e foi até seu quarto, ouvindo seu irmão na cozinha preparando algo - Quero também! - sentou-se e colocou uma cueca samba-canção.

Fred entrou no quarto minutos depois, lívido.

— O que aconteceu? Suas roupas... Jorge!

— Estou bem - Fred lembrou quando encontrou o gêmeo sangrando, sem orelha.

— Quer perder a perna também? - disse, brincando ao ver que estava tudo bem - Que merda aconteceu com você?

—--

Segunda semana

— Isso tudo poderia ter sido evitado se você estivesse aqui para me ajudar.

— Ah, Mione! Aposto que está sendo muito mais divertido ter aulas com meu irmão. Que houve com sua testa? - ela explicou rapidamente, tranquilizando sua amiga que Jorge estava bem.

— Daqui a pouco ele chega...

— Hermione, diga para ele - Gina falou, esticando sua perna no sofá.

— Não! Não farei isso. Vou lá fora. E, aliás, o que sinto está passando.

Hermione mostrou o dedo do meio quando a amiga começou a rir, indo em direção ao jardim.

— Como está sua perna? Certeza que pode voar? Faz apenas dois dias...

Jorge sorriu perante àquela preocupação.

— Estou bem - aproximou-se, seu indicador indo para a testa - Ficará cicatriz?

Hermione segurou sua respiração ao senti-lo tão próximo, o toque delicado.

— Talvez, não é a primeira - forçou-se a dizer - Não precisa pedir desculpas novamente. Provavelmente terei um teste na chuva... Enfim, para você - disse apontando para a árvore.

— Não posso aceitar...

— A sua vassoura quebrou enquanto você me ensinava, aceite... Por favor.

Jorge pegou a vassoura, pensando consigo mesmo que aquela era muito melhor que a anterior. Sentou-se.

— Vamos? - Hermione sentou-se à frente dele, mas nada aconteceu.

— Sua vez. Segure a vassoura da forma que está fazendo, abaixe um pouco, deixe que seus joelhos dobrem levemente e depois impulsione para cima. Quase!

— Jorge, fica mais pesado com você!

— Sim, fica - ele saiu da vassoura, segurando-a na parte de trás - Faça o que eu disse. Novamente.

— Eu... Eu consegui!

— Parabéns, Mione! - Jorge falou, entusiasmado - Incline levemente o corpo para frente para acelerar. Volte para trás e a vassoura reduz a velocidade. Quando estiver pronta. Vá com calma. Relaxe... Visualize onde quer estar.

A vassoura começou a voar lentamente, Jorge em pé andando ao lado segurando a vassoura.

— Jorge! Estou realmente conseguindo!

— Claro que está! Vire levemente para sua esquerda. Isso! - Hermione tinha um longo caminho para percorrer em linha reta, então o ruivo soltou a vassoura, porém continuou ao lado dela.

Assim que Hermione viu-se sem ajuda, perdeu o equilíbrio e caiu, batendo o ombro no chão.

— Merda! - Jorge a alcançou rapidamente.

— Eu soltei, pois...

— Vamos novamente! - a auror exclamou ficando em pé e pegando a vassoura. Aquele era um grande problema, pois ela não conseguia fazer a vassoura sair do ar.

— Depois damos um jeito nisso. Vamos voar?

—--

Hermione corou, ouvindo Jorge contar sobre seu voo. Claro que era um voo ridículo, o típico voo que bruxos aprendiam antes mesmo de entrar em Hogwarts, mas, para ela, era como se tivesse sido escolhida para jogar quadribol.

— Você vai conseguir! - Ron incentivou, dando um rápido beijo na bochecha dela, de forma fraternal.

— Vou pegar mais algumas bebidas - Hermione disse, indo até o balcão. Podia esperar pelo garçom, mas o bar estava cheio.

Fez seu pedido e ficou esperando pelas bebidas, até que ouviu uma voz ao seu lado:

— Não acredito que não sou seu professor nas aulas de voo - o sorriso irônico no rosto, Hermione apenas meneou a cabeça.

— Já disse que escolhi quem já segurou a taça de quadribol de Hogwarts, Malfoy - Hermione rebateu.

— Não, não é isso - ele disse bebendo seu uísque.

— Ah não? - Draco e ela tiveram um rápido e tórrido relacionamento quando o sonserino resolveu ajudar a ordem e entregar todos os planos que conhecia sobre os comensais. Os azuis de tom acinzentado brilhavam de forma divertida.

— Você não ia aguentar sentir meu corpo colado ao seu - disse em voz baixa, inclinando-se sobre a mulher ao seu lado - Minha mão na sua cintura... Minha respiração quente no seu pescoço... - Hermione mordeu o lábio inferior, então recuperou-se rapidamente.

— Parece que não sou só eu que não ia aguentar, Malfoy - com um floreio ela levitou as bebidas que chegaram, olhando rapidamente para baixo. Riu ao ouvir o palavrão que Draco disse, depois ele sentou-se, ajeitando sua calça.

— Quer ajuda? - Jorge apareceu, pegando algumas bebidas que levitavam.

— Obrigada.

— O que Malfoy queria? – Jorge não compreendeu o sorriso que ela dava, afinal, o sonserino sempre fora motivo de irritação.

— Nada...

A noite continuou com conversas, risos, piadas,... E Jorge olhando ocasionalmente para Draco Malfoy, que olhava ininterrumpidamente para Hermione.

—--

Jorge voava ao lado de Hermione, numa velocidade lenta, ensinando movimentos básicos de voo.

— Suba um pouco mais. Agora desça. Suba novamente. Direita. Acelere.

Cada movimento dela era acompanhado por ele, uma corda mágica unia as duas vassouras, como um sidecar.

Quando começou a anoitecer, voltaram para Toca. Jorge tinha inserido alguns exercícios físicos e Hermione, apesar de estar em forma, sentiu o corpo pesado e dolorido pela tensão, por isso, jogou-se no sofá.

— E seus pais? - perguntou.

— Na tia Muriel.

— Quer tomar um banho? Posso preparar algo para jantarmos. Pensei... Bem... Já que vamos treinar amanhã cedo, podemos ficar por aqui.

— É uma ótima ideia. Vou usar o banheiro do segundo andar.

— Verei o que tem na despensa e vou avisar o meu irmão - Hermione assentiu, sem saber porque concordara com aquilo. Ela sempre deixava alguma troca de roupa no quarto de Gina, então foi até lá, pegou algumas peças e foi ao banheiro.

— Merda - xingou quando abriu o chuveiro, mas não saiu água. Lançou um feitiço e nada - Merda! - Enrolou-se na toalha e subiu rapidamente para o andar superior.

Jorge foi até seu antigo quarto, tirou parte de sua roupa, ficando apenas de cueca. Jogou uma toalha sobre o ombro e foi em direção ao banheiro desocupado. Sua mente pensando nas duas últimas semanas que compartilhara ao lado de Hermione, a forma como ela estava aprendendo a voar, superando seus medos.

Estava tão distraído que, quando foi abrir a porta do banheiro, quase caiu, pois ela abriu. Tudo foi bem rápido: sua mão não achou a maçaneta, viu que havia alguém do outro lado, o cheiro chegando antes que entendesse que se tratava de Hermione. Segurou-a rapidamente pela cintura, as mãos dela nos ombros do ruivo.

Soltaram o ar pesadamente.

— O que faz aqui? - Hermione perguntou, eles muito próximos... Novamente. Ele tentou evitar, mas seus olhos desceram pelo colo ainda úmido dela, algumas gotas escorrendo pelo vale entre os seios.

— Eu... - Jorge afastou-se lentamente, fazendo com que Hermione corasse violentamente ao ver como ele estava vestido, ou melhor, como não usava praticamente roupa nenhuma. Era esguio, apesar de mais baixo que Ron. Alguns músculos distribuídos sem exagero pelo corpo alvo e repleto de sardas. Os fios ruivos desciam pelo peito...

— O outro chuveiro não estava funcionando e... - Hermione começou a falar, pois falara que estaria ocupando seu pensamento. Deu um passo para trás, desviando seus olhos.

Jorge deu passagem para ela, porém, assim que passou ao seu lado, murmurou:

— Posso te ensinar assim, se quiser.

Hermione o encarou, sentindo o rosto corar mais ainda. Ousadamente, soltou levemente a toalha, fazendo com que aparecesse um pouco mais do contorno dos seios. Jorge ficou sem resposta perante àquela provocação e apenas a viu sair em direção ao quarto.

—--

— Não, não... conte novamente - Fred disse, bebendo sua cerveja - Só para eu entender - emendou ao ver o olhar do irmão - Você estava com ela, apenas de toalha, em seus braços e não fez nada? Absolutamente nada?

— Fred, que merda eu ia fazer?

— Beijá-la, talvez?

— Não é o momento – Jorge disse terminando sua cerveja e indo até um pequeno gabinete, onde serviu-se de uísque de fogo.

— E quando será? Quando ela estiver com outra pessoa?

— Não é tão simples.

— Sim, é. Você está tendo uma ótima oportunidade, por isso aproveite!

—--

Terceira semana

Os dois não falaram sobre o rápido encontro no banheiro, as aulas continuaram naquela semana como se nada tivesse acontecido, apesar de um ligeiro constrangimento entre ambos.

Ela agora voava um pouco mais alto, fazendo algumas manobras – sempre com Jorge ao seu lado e a corda que unia as vassouras.

— Olá! - Fred apareceu de repente, mas Hermione não desequilibrou. Trocou um rápido sorriso com Jorge que falou:

— O que está fazendo aqui, Fred?

— Vejo que além de devoradora de livros, uma das principais aurores do ministério, heroína de guerra,... Agora está alcançado os ares - Fred falou dando um rápido looping - Vamos?

— Para onde? - Hermione disse, inclinando sua vassoura para descer.

— Um pequeno encontro de grifinórios lá em casa.

— Encontro? - Jorge indagou, olhando com curiosidade para seu irmão que apenas levantou a sobrancelha - Ah sim! Hermione, eu ia te falar depois da aula!

Os três pousaram e desceram de suas vassouras, Hermione fez uma magia e a vassoura que ela usava voltou para o depósito, enquanto Jorge segurava a dele.

— Por que Gina e Harry não falaram nada?  - perguntou, curiosa.

— Isso é óbvio - Fred iniciou a resposta.

— Senhorita aurora que voa numa vassoura...

— pelos ares da Toca! Eles não te convidaram...

— Porque... - Jorge espaçou as palavras falando lentamente, pensando no que responder ou se seu irmão iria ajudar.

— Por quê...? - Hermione repetiu, olhando para Jorge - Vocês estão tentando enrolar para inventar alguma resposta?

— Claro que não! - Jorge tomou a iniciativa - Eles não convidaram, pois eu sou o responsável pelo convite... Foi uma ideia de última hora!

— Ultíssima hora.

— Essa palavra não existe, Fred. De qualquer forma, não posso ir. Estou cansada, preciso de um banho.

— Ah, Hermione! - Fred falou, passando a mão pelo ombro dela - Você pode tomar um rápido banho e ir para o flat... Eu sei que você e Jorge gostam de compartilhar banheiro estando semi nus.

— FRED! - Jorge gritou, lançando um feitiço de cócegas.

— Azarando seu gêmeo pelas costas! - Fred falou depois de rir - Não se preocupe, Mione, quando a emoção fala mais que a razão dá nisso... Azarando quem compartilhou o mesmo ventre! - desaparatou rapidamente.

— Puta merda!

— Que horas? – Hermione perguntou, segurando o riso. Vendo o ruivo gaguejar, ela disse - Chego daqui umas duas horas. Até mais, Jorge.

O ruivo aparatou em seu flat e foi direto para o quarto do irmão:

— Que merda foi aquela?

— Agilizando um pouco as coisas para você. Melhor se arrumar, pois Lino e outros convidados estão chegando.

— Gina...?

— Não vem, será só pessoal do nosso ano - Jorge olhou para o olhar interrogativo de Fred - Merlin!!! Use a cabeça, por favor? Ninguém do ano dela.

— Ahhh - Jorge disse compreendo, abriu um sorriso. Tirou sua camiseta, indo diretamente para o chuveiro.

Quando Hermione chegou, procurou seus amigos com os olhos, porém não encontrou ninguém.

— Não seria um encontro de grifnórios? - indagou, encarando Jorge.

— É um encontro de grifinórios, cara Hermione - o ruivo respondeu, levantando uma das sobrancelhas.

— Ridículo - Hermione disse, irritada pela situação. Alguns olharam para ela, cumprimentando-a rapidamente, outros conhecia apenas de vista. Não queria aparatar, queria descontar em algo. Claro que não fora um convite, como pudera pensar que....? Abriu a porta da casa, para ir embora.

— Hermione?

Jorge não entendeu, no entanto foi atrás dela que andava rapidamente pelas ruas do Beco Diagonal. A cabeça da auror fervilhava, diversas emoções misturadas.

— Hermione!

 - Não enche, Jorge! - parou, voltando-se para ele  - Depois dessas semanas... por quê? Não estamos mais em Hogwarts.

Os dois ficaram em silêncio, Hermione desviou os olhos e balançou a cabeça. Aproximou-se dele. Sabia que tudo mudaria quando... Não pensou em mais nada, apenas ficou na ponta dos pés e o beijou.

Jorge rapidamente envolveu-a pela cintura, entregando-se àquele beijo, entregando-se ao que queria há tanto tempo. Sua outra mão entrelaçou-se com os fios do cabelo cacheado. Separou-se milímetros, sussurrando:

— Não sabia de que modo poderia fazer você me notar  -  Olharam-se novamente.

— Eu já te notava, seu bobo - Jorge riu, abraçando-a e tirando-a do chão.

—--

Jorge chegou na Toca com Hermione ao seu lado, andavam de mãos dadas. Ela queria contar para Molly e Arthur antes, escreveu um pergaminho sobre como seria a estratégia de cada parente.

Nessa noite, Jorge ficou observando a letra dela percorrendo rapidamente o pergaminho. Usava seu uniforme da Gemialidades com alguns botões abertos, sentada na sua cama, as pernas cruzadas.

Quando chegaram na casa de seus pais, simplesmente segurou a mão de sua namorada. Esperou tanto por isso... Por andar com ela assim, ao seu lado... parecia tão natural. Ali era o lugar dela, afinal.

A família lançou um rápido olhar, Hermione corando violentamente. Rony abriu a boca para falar, mas foi calado por uma cotovelada de Harry. Fred apenas sorria de lado, levantando a sobrancelha.

Molly, no entanto, saiu correndo pela cozinha e abraçou os dois, lágrimas escorrendo.

—--

4ª semana

No final da semana, Hermione chegou no jardim da Toca com o Pasquim nas mãos e entregou para Jorge, que leu o que ela circulou.

—  De jeito nenhum! ¾  o sol começava a se por e Jorge balançou negativamente a cabeça várias vezes, subindo em sua vassoura. A outra estava ao seu lado, as duas agora não estavam mais unidas.

—  Jorge, você estava certo. Devemos ir novamente  - o ruivo voltou ao chão, as vassouras planando ao seu lado.

— De jeito nenhum! -  repetiu, cruzando os braços. Ao longe, raios iluminavam o céu, porém a atenção da auror estava no homem à sua frente - Hermione...

— Eu sei o que aconteceu da outra vez. Precisamos repetir.

— Não - falou enfaticamente - Não farão um teste em que você seja colocada em risco. Não voaremos nessa tempestade - Sua mão segurava o jornal com força, as vassouras foram para o chão.

— Jorge, você já esteve disposto a isso. O fato de estarmos juntos...

— Não é isso. Cometi um erro, estou assumindo - com um floreio o jornal desapareceu - Não faremos aula na tempestade.

— E se a um dos testes for na chuva? E se eu reprovar? E se...

— Você é inteligente o bastante para refazer o curso se.... Merda! - xingou, quando viu que ela rapidamente puxou a vassoura para si e sumiu no ar.

Hermione apareceu em um ponto onde a chuva não caía, mas o céu anunciava a tempestade. O vento começava a se agitar.

— Suba!

— Não seja irresponsável, Hermione! - Jorge falou em voz alta, por conta dos sons dos raios.

— Suba! - repetiu e a vassoura alcançou sua mão. A auror sorriu consigo mesma e nem Jorge pôde evitar um sorriso de orgulho perante aquela conquista. Foi até ela, no entanto, Hermione já tinha subido na vassoura e levantado voo. Seu corpo mudando levemente de direção decorrente dos ventos fortes.

— Hermione! - o ruivo já estava ao seu lado - Desça! - a chuva começou forte, desabou torrencialmente. A auror tinha sua atenção entre a bússola e a direção que ia.

— Farei isso de um jeito ou de outro! - ela gritou, em resposta.

— Merda. Seguinte, - gritou novamente - Se os relâmpagos voltarem, a gente desce. Voos em tempos assim não são seguros - os dois voavam lentamente, fazendo mais força para que a vassoura não cedesse à força do vento.

 Ele dava as instruções, de como se manter próxima ao chão, lançar feitiços para iluminar o caminho e proteger-se da chuva. Apesar de ser excelente como bruxa, tinha dificuldade em utilizar a varinha e manter a vassoura minimamente estável.

Da mesma forma que a chuva começou, terminou, porém o vento continuava forte. Hermione sentia frio, parecia que agulhas furavam seu rosto conforme voava.

O pensamento da auror era um só: não posso cair.

Jorge acompanhava todos os movimentos dela. Não estavam voando muito alto, porém sabia que uma rajada de vento podia mudar tudo ¾ ainda mais se não tivesse experiência, como Hermione.

— Pouse! - exclamou, porém, notou que ela recusava, lutando contra o vento - Pousar será parte da sua avaliação. Pouse!

Hermione inclinou-se para baixo, o vento fez com que fosse mais do que o necessário. Tentou frear, a vassoura não respondeu ao seu comando, Jorge dividido entre ajudar e deixar que ela tentasse.

Tentou novamente, dessa vez a velocidade reduziu um pouco. O ruivo pensou consigo mesmo que ainda não era o suficiente.

— Reduza mais! Continue reduzindo! - incentivou, porém, ia na mesma velocidade que a namorada.

— Vamos... Vamos... - Hermione pedia, apesar do frio, sentia o corpo suando pela força que fazia. Jorge começou reduzir a velocidade da própria vassoura e pegou sua varinha, pronta para lançar um feitiço que impedisse Hermione de se chocar contra o chão.

Então, a vassoura começou a desacelerar pouco, Hermione não notava mais nada, sua concentração apenas estava em pousar. Apesar da noite, conseguiu localizar o solo abaixo de si. Estava voando cada vez mais devagar, cada vez mais próxima do pouso. Quando estava quase tocando no chão, perdeu o equilíbrio e caiu.

— HERMIONE!

Jorge logo estava ao lado da auror, que se levantou, meio aos tropeços. Sentiu um braço a firmar.

— Eu consegui.

— Você conseguiu - o sorriso era de orgulho, de alegria,... Então a preocupação estampou o rosto do ruivo - Está ferida...  - observou, passando a mão ao redor do rosto dela, marcado por pequenos cortes decorrente da chuva forte.

— Estou bem. Estou me sentindo...

— Viva?

— Sim, sim e ao mesmo tempo... - Hermione respirou fundo - Enjoada.

— Consegue aparatar? Como um dos criadores das vomitilhas, tenho uma excelente poção para ajudar nesse momento.

— Acho que sim.

Jorge chegou com ela no flat que ainda dividia com Fred, murmurando para que esperasse na sala. Olhou a si mesmo rapidamente no espelho do banheiro e viu que seu estado também não era dos melhores, felizmente o que não faltava em sua casa era poção curativa.

— Beba de uma vez, fará com que se sinta melhor.

— Você também está ferido...

Jorge tocou levemente o rosto dela, seu polegar repousando nos lábios. Fazia pouco tempo que estavam juntos, porém era um gesto que gostava de fazer, como se para provar que Hermione estivesse realmente tão perto de si. Como se para garantir que realmente pudesse ser tão íntimo daquela mulher que ganhou seu coração como nunca acontecera antes.

—  Suas roupas estão molhadas. Melhor tirá-las. Não quer ficar doente bem no dia do seu exame, quer?

— Ainda tenho alguns dias de aula, - Hermione continuou a brincadeira - será terrível ter meu professor resfriado e perder as últimas aulas, não acha?

Jorge sorriu e aproximou-se ainda mais dela, fazendo com que seus lábios se colassem. A respiração de ambos rápida, sôfrega, descompassada.

—--

— Está melhorando! - Jorge incentivou, dando sua mão para que ela se levantasse.

— O teste é daqui dois dias e meu pouso está péssimo! Suba! -  exclamou para vassoura que foi até sua mão.

Jorge foi aos ares com a namorada.

 Você precisa reduzir antes de se aproximar do chão.

— Não sei como fazer isso! Quando percebo, já estou quase no solo ¾ respondeu e, sem querer, perdeu brevemente o equilíbrio. Precisava estar focada no voo, mentalizando a vassoura sob si.

— Desça! Eu tive uma ideia! - o ruivo apenas riu, ouvindo o xingamento proferido por ela que, novamente, errou o pouco.

— Qual sua grande ideia? Usar um confudus para que eu consiga continuar sendo auror?

— Claro que não - Jorge riu, pois ela confessou usar esse feitiço em Mclaggen - Vamos contar.

— Contar? Do que está falando?

— Assim que levantar comece a contar. Vamos! - ambos saíram do chão ¾ Não pare de contar. Agora... Em que número parou?

— 120 - respondeu, flutuando no ar, segurando a vassoura firmemente.

— Você vai descer, fazendo a contagem regressiva. Quando chegar na metade, começara reduzir a velocidade. Reduza um pouco a cada número. Foque nisso, Hermione! Vá!

A auror respirou fundo, sem querer pensar na distância que estava do chão. Depois, começou a descida,... 119, 118,..... 75, 74, 73... Quando chegou no 60, fez o que Jorge orientara. Em alguns momentos, sua mente queria fugir, fazendo força e quase, quase aumentando novamente a velocidade, porém voltava sua atenção para os números.

Quando chegou no “um”, seus pés tocaram o solo lentamente, Jorge já no solo, os braços cruzados e o sorriso maroto.

—  Sou o melhor professor de voo ou não?

— De novo!

—--

Hermione andava de um lado para o outro, ressabiada pelo exame. A grande maioria das e dos aurores já voavam, então não estavam realmente preocupados com aquela formalidade. Sabia de outros dois ou três aurores que também não voavam. Olhou pela sala de espera e não estavam lá.

— Você vai conseguir - Rony incentivou, segurando sua vassoura. Eram chamados de forma aleatória e não pelo sobrenome - Boa sorte, Harry - Hermione apenas rolou os olhos, pois obviamente Harry não precisaria de sorte.

— Hermione, vai dar tudo certo – dizendo isso, sumiu pela porta.

Só podia ser castigo, uma detenção articulada por Filch, Hermione pensava enquanto andava de um lado para o outro, a sala esvaziando pouco a pouco.

Até que ouviu seu nome.

—--

— Quero falar com vocês dois - disse, ao surgir da lareira. Estavam todos reunidos, fingindo fazer qualquer coisa, menos esperar o resultado do teste de voo de Hermione Granger - Agora - repetiu, apontando para Harry e Rony. Os dois apenas se entreolharam e a seguiram pela escada.

Jorge fez menção de ir atrás, no entanto Fred o segurou pelo cotovelo.

— Aonde pensa que está indo?

— Algo aconteceu. Ela... Ela nem olhou para mim.

— Espere aqui, Jorge.

E Jorge esperou... Por dois minutos.

Depois seguiu em direção ao quarto de Rony e não esperou por convite, apenas abriu a porta, encarando três olhares enfurecidos.

Ela tinha reprovado.

Jorge sentiu a dor como se fosse sua, como se não tivesse passado num teste de quadribol ou como se um dos seus produtos não fosse licenciado. Ou pior... Sua mão ainda na maçaneta, uma força desnecessária.

— Hermione, vamos conversar.

Lembrou-se das palavras tolas dele que bastava ela refazer o curso... Não... aquela reprovação tinha um peso muito grande.

— Deixem-me sozinha com ele.

Harry e Ron saíram do quarto, enquanto Jorge entrava e fechava a porta atrás de si.

— Hermione...

— Sabe o que aconteceu no teste?

— Eu... Não consigo acreditar, Hermione. Não é possível que tenha reprovado - em pensamento, implorava que ela fizesse qualquer coisa, menos terminar o que estavam começando - Vamos conversar.

— Eu enfrentei chuva, vento, sol escaldante, voos baixos, altos... Pouso em diferentes terrenos, até feitiços foram lançados.

— Hermione - repetiu o nome que habitava seu corpo há tanto tempo.

— Sabe do que suas aulas me serviram?

Jorge olhou para baixo, pois tinha dado o melhor de si. Tinha feito de tudo, entendia a raiva dela, mas tinha feito de tudo. Sentiu a mão dela em seu peito, o corpo aproximando do seu.

— Hermione, daremos um jeito.

— Eu passei.

Jorge sentiu o peso sendo tirado de si, depois entendeu a brincadeira, o sorriso dela... Hermione nunca pregava peças.

— Você nunca prega peças - afirmou em voz alta - Eu te amo ­­- assumiu, com ela em seus braços.

— Eu também te amo... Que tal comemorarmos bem longe daqui?

— Sem vassouras?

— Sem vassouras.

O ruivo girou sem soltá-la, sumiram com um suave pop... Reapareceram apenas uma semana depois.


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