Evelyn Brown e a Marca Perdida escrita por BestBlondAndBrunette


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!

Nós achamos importante especificar alguns detalhes da Fanfic.

A história ocorre tendo em conta os cinco primeiros livros do Percy Jackson, ou seja, têm-se apenas como base a Mitologia Grega.

Sucede-se 50 anos após a batalha de final de Percy e Cronos que se realiza no final do 5º livro.

É necessário ter conta que alguns factos foram criados por nós, embora tentemos mantermo-nos fiéis aos mitos originais.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/776832/chapter/1

— Evelyn!

...

— EVELYN ROTTEN BROWN! ACORDA AGORA ANTES QUE TENHA QUE IR AÍ!

Abri os olhos sobressaltada, sentando-me instintivamente.

— Já estava acordada mãe! - resmunguei, esfregando os olhos para me acostumar à claridade.

Estremeci ao sentir o piso gelado. Dirigi-me ao armário agarrando as primeiras peças de roupa que vi - umas calças de ganga escuras e rasgadas, assim como uma sweatshirt  preta que a minha mãe me ofereceu na semana passada. Notavam-se alguns borbotos, mas isso era algo que me era trivial.

Vesti-me à pressa, olhando de relance para o espelho baço - Podia estar pior. O meu cabelo estava caótico, diferentes tons de castanho emaranhavam-se desconcertadamente. Os meus olhos cansados, acompanhados dos típicos sacos escuros, sobressaíam-se no meu rosto, tornando a minha pele mais clara que o normal. Devia realmente estabelecer um horário de uso do computador.

Segui para a casa de banho amaldiçoando a corrente fria de ar que se instalava no corredor. Apressei-me a lavar o rosto e prendi o cabelo, enquanto bochechava um elixir para me livrar do mau hálito. Senti imediatamente os meus lábios a arder por estarem tão gretados.

Entrei calmamente na cozinha. A minha mãe soltou um gritinho quando me viu sentada à mesa com o café na mão.

— Filha, não precisamos de um ataque cardíaco hoje - comentou com um sorriso o meu pai, sem tirar os olhos do jornal, sentado na poltrona. - A tua mãe tem muitas encomendas hoje.

— Então a senhora Lockhearth sempre quis os cupcakes? - perguntei animada, vendo-a a tirar os bolos do forno. - Espera! Hoje não fazias o turno da manhã também?

— A Srª. Archeron dispensou-me esta manhã, então aproveitei para despachar estas caixas. - respondeu a minha mãe, entregando-me uma waffle.

A minha mãe trabalha num café perto de casa, o café Sixty Seconds. Só vi a dona do estabelecimento, Viviane Archeron, uma vez e apercebi-me logo que se tratava de uma pessoa bastante arrogante. Além deste trabalho, que já era suficientemente desagradável e desgastante, também havia as encomendas. A sua paixão sempre fora cozinhar, especialmente doces. Desde que me lembro, que a ouço falar sobre abrir a sua própria pastelaria, mas infelizmente nunca foi possível. Para compensar esse desejo, começou este pequeno negócio: um serviço de encomendas das suas iguarias. 

— Tenho quatro encomendas para hoje. - Continuou, enquanto eu engolia todo o café - E para amanhã tenho o bolo da nossa vizinha Fiona. Acreditas que aquela miúda já vai fazer 4 anos?

— É mais difícil acreditar que esta aqui vai para na faculdade para o ano. - interviu o meu pai, dando -lhe um beijo na mão, quando esta lhe passou uma chávena de café.

Devorei rapidamente o resto do pequeno almoço e apressei-me a calçar as botas no momento em que me apercebi de que horas eram. Estava definitivamente atrasada.

Dei um beijo na testa do meu pai e corri para me despedir da minha mãe. Deslizando sorrateiramente a minha mão, roubei um dos cupcakes que ela empacotava, já sentindo o seu olhar reprovador, enquanto vestia o casaco, pendurado à porta de casa. 

Saí de casa já com a mochila às costas, descendo as escadas em passadas largas. Mal saí do prédio, disparei em direção à paragem de autocarros que, para a minha felicidade, estava cheio, permitindo-me invadir o veiculo, passando despercebida entre a multidão.

—Ah! - Disse batendo com a mão na testa.

Esqueci-me completamente de devolver o livro ao meu pai, mas também não tinha coragem de lhe confessar outro fracasso. Simplesmente é me impossível ler mais de duas páginas seguidas, para além do tempo que o demoro a executar. Desde a sua admissão como bibliotecário, o meu pai tenta incansavelmente ajudar-me a superar a dislexia. Porém nunca resultou.

A dislexia, a hiperatividade e o défice de atenção foram os principais fatores que me obrigaram a frequentar seis escolas diferentes. Desde professores incapazes de compreender a complexidade destes problemas até a alunos que se divertiam com a minha dificuldade em realizar tarefas banais posso concluir que o ensino recorrente nunca foi uma preferência. Infelizmente, nunca tive a oportunidade de ter uma educação privativa, sem duvida que isso ter-me-ia facilitado a vida. Porém esse obstáculo fui capaz de superar. Nesta escola consegui estabelecer um circulo social. Não é perfeito, mas não reclamo.

Ao chegar à paragem habitual, retomo a corrida, desta vez com um novo destino.

Devia ter tocado há cerca de dez minutos porque os corredores já estavam desertos. Conferi rapidamente se as auxiliares se encontravam no caminho. Não queria mais uma visita ao diretor. Aquele velho careca já está farto de ver a minha cara. Dois dates por semana já bastavam.

Com a costa livre, deslizei depressa até à sala 12. Graças a Deus que a porta estava aberta. Entrei com passos leves, sendo interrompida por uma tosse forçada.

— Menina Brown, - suspirou o professor Lewis. - a horas como sempre.

Abri o sorriso mais inocente que consegui e sentei-me no lugar do costume.

— Qual é a desculpa desta vez? - e eu revirei os olhos.

Só podia. A voz mais esganiçada da escola veio atormentar o meu dia. Ashley Prince, ou a princesinha como eu a intitulei, é a típica rapariga mimada de famílias ricas. Com algumas plásticas em cima, podia ser descrita como a irmã gémea feia da Barbie. Nem os médicos conseguiram disfarçar aquele nariz torto. Entrou na Northeast High School por castigo dos pais. Fazia-se sempre de vítima de cada vez que contava a história, exagerando de forma ridícula na performance. Correm rumores de que ela gastou o cartão de crédito quase todo do pai, ou que deu uma festa com drogas e álcool incluídos, ou que os pais a tinham apanhado na cama com um homem de 50 anos. Cada rumor mais absurdo que os anteriores. Mas nada disso interferia no meu ódio por ela.

— Qual é o interesse desta vez? - inquiri aborrecida.

— Essa nunca te larga. - retorquiu uma voz ao meu lado.

Fiona Rosewell é a minha salvação do tédio das aulas de Informática e Espanhol. Com um corpo escultural e pele cor de café, não passa despercebida na multidão dos corredores. Isto devia-se também às artimanhas e partidas em que anda sempre metida. Tranças africanas até à sua lombar é o seu look habitual, sobressaindo, no seu rosto, os seus lábios grandes e grossos, olhos castanhos e nariz de batata. Além das suas curvas, a sua altura é igualmente invejada, não é por acaso que ela namora um universitário. Já tive a oportunidade de conferir e ele é sem dúvida um achado.

— Sim, já sabes como é, o waffle nosso de cada dia. - respondi, tirando uns fones da mochila. - Tu também não passas sem um desses.

— Verdade! - confirmou, carregando no botão da torre para iniciar o computador. - Vais a Aspen este ano? É o nosso último, há que aproveitar!

— Não, não posso. - neguei com algum desconsolo. - Em princípio, vou ficar a ajudar nas entregas da minha mãe e talvez arranjar um part time para ajudar nas contas lá em casa. Nunca pediria a fortuna que é necessária pagar para ir numa viagem dessas. Por mais que seja uma oportunidade única, a neve terá que ficar para uma próxima.

— Isso é uma pena. Mas não te preocupes que eu deixo um presentinho para a princesinha. - rimo-nos em conjunto. Já imaginava o que passava na sua mente diabólica. Criatividade não lhe faltava.

...

A meio da tarde, depois das aulas de Matemática, Biologia e Espanhol, dirigi-me aos balneários escolares. Felizmente, tinha no meu cacifo, como de costume, um conjunto de roupa desportiva, já preparado para o meu esquecimento. Avistando a sinalização negra Balneário Feminino, rodei a maçaneta e adentrei o cómodo, cujas paredes possuem um tom para o amarelado e um rosa desbotado. Coloquei o saco de desporto cinzento sobre o banco de madeira, junto com a minha mochila, e abri o fecho do mesmo.

Sentia o olhar de Ashley pelo espelho onde ela se "punha bonita", enquanto me equipava, preparando-me para um comentário da sua parte. Mas quem é que se dava ao trabalho de se arranjar antes de suar? Não consigo entender minimamente essa lógica e também não tenho o mínimo interesse de a compreender. Claramente as suas preocupações não superavam as futilidades. Se essa piranha não tivesse tudo de mão beijada, talvez desse mais importância ao que a rodeia. Não que tenha inveja da vida dela, pelo contrário, prefiro ter o que tenho por mérito meu do que dos outros.

— Fofinha, não tens mais nada para vestir, para além da mesmas leggings de todas as semanas? - perguntou a lambisgoia com desprezo.

— Há uma coisa que se chama máquina de lavar, mas duvido que tenhas alguma vez estado perto de uma dessas. - refutei com o mesmo tom, retirando-me da divisão.

Sem a deixar revidar, encaminho-me para o campo exterior, onde se vai realizar  a aula. O relvado continuava verde folha, dado que era feito de relva sintética. Isto, sem dúvida, oferecia muitas mais vantagens para aprendizagem dos diversos desportos, pois amortecia quer as quedas no futebol americano, quer nos jogos de andebol. Este relvado é rodeado por uma pista carmin, essencialmente colocada para a prática de atletismo. Para além disso, o céu tinha adquirido um tom cinzento, quiçá começasse a chover. 

Enquanto me aconchegava na minha sweatshirt contra o vento gélido de fim de Março, avistei parte da turma já reunida em volta do coach Leonards e aproximei-me deles. Aguardamos um pouco a chegada dos restantes alunos, entre os quais Fiona estava inserida. Ela ainda conseguia ter um leque de faltas de atraso bem maior que o meu, o que era sem dúvida de louvar.

— Hoje vamos praticar atletismo. - informou o treinador, após efetuar a chamada. - Raparigas, formem três filas atrás de cada linha, vamos treinar os sprints. Evelyn, tu ficas com os rapazes. A próxima competição já não está muito longe, é bom que te mantenhas em forma. Nada de abusar nos cozinhados da Diane estas férias.

Esse comentário arrancou uma careta da minha parte. Era sempre quase impossível resistir ao talento da minha mãe. O professor, melhor que ninguém, conhece essa dificuldade. Já se pode ver uma pequena barriguinha a se formar por detrás do seu casaco impermeável, à custa das diversas encomendas por ele já feitas. É um dos seus clientes.

Mas, quanto ao atletismo, eu faço parte da equipa escolar. Esta não tem treinos semanais ou algo do género, apenas treinamos nas aulas de educação física e somos escolhidos pelo couch. É um clube bastante informal, em comparação com as equipas de basquetebol e futebol americano, mas ainda bem que assim o é. Não me dou bem com compromissos.

— Então, Brown, pronta para perder outra vez? - provocou Brandon, enquanto nos posicionávamos lado a lado, já em posição de partida.

Há sim! Até me esquecia desta criatura! Para além de um galã incurável, Brandon é mais uma razão de a Ashley me odiar. A sua paixoneta não compreendida pelo atleta de futebol americano sempre me trazia mais intrigas. Não que haja motivos para tal, não estou interessada. Nem eu nem ele. Mas não significa que não possa apreciar os seus abdominais quando ele limpa à camisola o suor da testa.

— Já vieste com essa conversa cinco vezes. Talvez seja melhor arranjares uma nova que te estás a tornar repetitivo. - guerreei, olhando sobre o ombro, fazendo-o soltar um riso sarcástico.

— Vamos lá ver isso, baixinha.

Aguardamos o sinal do treinador para avançarmos. Assim que o apito ecoou, rompemos a correr até alcançarmos a meta.

...

Saio da escola, sem me dar ao trabalho de trocar o equipamento, apesar de estar um pouco húmido de ter chuviscado ligeiramente durante a aula. Nada que nos impedisse de treinar. Claro que a deslambida da princesinha e o seu grupinho não deixaram de se queixar e algumas até se recusaram a terminar a aula. Quanto drama.

Assim, com o céu mais limpo e com Killer Queen dos Queen a soar nos meus fones, segui até à paragem do autocarro. Direcionei o meu olhar para o horário, ficando frustrada quando me dou conta de que há muito pouco tempo partira um. Infelizmente, só em uma hora é que passaria o seguinte.

Perante este facto, decido seguir a pé. Mais um pouquinho de exercício não me faria mal.  Prossegui pelas ruas da Filadélfia, a minha cidade Natal. Não se trata de uma cidade sobrecarregada como a que nos é vizinha, Nova York, porém ainda possui um número considerável de habitantes. Isso é uma das razões pela qual gosto de viver nela: não é demasiado sobrepopulada, impedindo um mínimo de sossego, mas grande o suficiente para passar despercebida.

Ao virar para um atalho, vou contra algo, caio no chão, batendo com a cabeça e apagando em seguida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muito obrigada por lerem e por decidirem acompanhar esta história! Não se esqueçam de deixar um comentário! É muito importante para nós sabermos a vossa opinião! Até ao próximo capítulo!

BestBlondAndBrunette



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Evelyn Brown e a Marca Perdida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.