Aquela noite estava fria.

 

Rumei para a minha cama e deitei-me apressadamente com a intenção de cobrir-me rápido.

 

As Lembranças passavam escorridas pela minha mente.

 

Comecei a chorar em uma intensidade enorme. As lágrimas lavavam meu rosto pálido.

 

“Lena.”

 

Eu fui tão idiota a ponto de não ter pensado nela naquele momento. Eu só pude pensar em vingança.

 

Eu fui egoísta.

 

Às vezes eu gostaria de voltar, e desfazer tudo. Gostaria de voltar para aquela conversa que tivemos e mudar todo o rumo da situação.

 

Mas eu não podia.

 

Levantei-me e fui correndo para o banheiro.

 

Comecei a vomitar loucamente. Eu chorava, soluçava e vomitava. Tudo de uma só vez. Era uma sensação incomoda. Abri a torneira da pia para que pudesse lavar tudo aquilo.

 

Debrucei-me na privada. Amanhã seria um dia difícil para mim.

 

Eu não sabia como eu iria encarar as pessoas. Eu não sabia.

 

Caí em um sono repentino, ali mesmo.

 

Na verdade eu não tivera sonhos. Apenas fleches repentinos do rosto de Lena.

 

Na manhã seguinte acordei totalmente dolorida.

 

Eu não tivera dormido bem aquela noite.

 

Se é que eu dormi.

 

Fui em direção á cozinha.

 

O relógio de parede indicava que já passara das nove da manhã. Eu ainda tinha bastante tempo para me arrumar.

 

Servi-me com um pouco de café forte. A única coisa que eu queria fazer agora era relaxar um pouco. Não. Eu não podia. Tudo fora culpa minha. O meu castigo seria ficar com o peso da morte de Lena pelo resto de minha vida.

 

Novamente eu estava chorando.

 

Eu apenas podia ouvir a voz de Lena gritando naquele momento.

 

Meu Deus! O que foi que eu fiz!

 

Em pensar que á duas semanas atrás nós estávamos perfeitamente em harmonia.

 

A lembrança veio repentinamente em minha cabeça.

 

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“Lena vinha em minha direção com aquele sorriso de menina alegre cobrindo o seu rosto.

 

Ela me abraçou fortemente e eu retribuí.

 

- Yulia! Que saudades de você!

 

- Como você é exagerada Lena – Disse em meio á um sorriso – Eu fiquei fora apenas umas duas semanas no máximo!

 

Ela riu calorosamente.

 

- Ah Yulia! – Ela começara a chorar – Eu lamento tanto pela sua mãe.

 

Um aperto no coração veio á tona. Minha mãe.

 

Ela era jovem e linda. Tinha cabelos compridos e negros. Seus olhos eram perfeitamente claros e seu sorriso era estonteante.

 

Eu juro que o assassino que tivera feito isso com ela pagaria caro.

 

Segurei as lágrimas que queriam sair de meus olhos. Engoli em seco.

 

- Lena. Eu juro que eu vou descobrir quem fez isso com minha mãe, mais até lá, me prometa uma coisa?

 

- Claro! – Disse ela se desfazendo do abraço e olhando firmemente em meus olhos.

 

- Tome cuidado ok?

 

Ela deu um sorriso meigo.

 

- Claro! – Disse ela sorrindo ainda mais intensamente. – Você vai dormir hoje em casa não é mesmo? Eu queria te apresentar meu novo namorado! – Disse ela mudando de assunto propositalmente.

 

- Você é incrível! Como consegue arranjar tantos namorados em um só mês?

 

Ela corou e abaixou a cabeça. Logo ela deu uma risada alta e falou:

 

- Você não está querendo dizer que eu sou uma vadia, não é mesmo? – Perguntou ela em meio a um sorriso.

 

Arqueei uma das minhas sobrancelhas.

 

- Ora! Eu nunca disse isso! – Falei sorrindo.

 

- Claro que não! – Disse ela.

 

Ela segurou minha mão e me puxou para o carro de seus pais.

 

- Ei garota! Minhas malas! – Eu disse.

 

- Ah! O meu motorista está lá de olho nelas! Depois ele leva pra casa! – Disse ela sorrindo.

 

- Estamos em um aeroporto! Não meio inconveniente correr?

 

- Estamos quase chegando!

 

Ela parou em frente ao carro de seus pais.

 

Respirei fundo tentando tomar um pouco de fôlego.

 

- Agora é só esperar o Jeremy trazer as malas! – Disse ela em um tom brincalhão.

 

- Ah claro! – Eu disse retribuindo seu tom de voz com um meio sorriso.

 

Jeremy apareceu com as malas. Jogou tudo no porta-malas da limusine preta e logo em seguida entramos no carro.

 

Mais tarde quando chegamos á sua casa, eu corri logo para dentro para conhecer o suposto namorado de minha amiga.

 

Logo que entrei, me deparei com um cara magro de cabelos castanhos e olhos negros sentado na poltrona de couro da sala.

 

- Olá! Você deve ser a tal Yulia que a Lena tanto falou – Disse ele se levantando do sofá e vindo em minha direção.

 

Estendi minha mão para cumprimentá-lo e ele retribuiu o gesto.

 

- Sou eu mesma! – Disse com um sorriso meigo.

 

- Ahaá! Eu mal entro em casa e me deparo com meu namorado dando encima da minha amiga! – Disse Lena brincando.

 

- Que isso Lena! Você é a única para mim! – Disse ele enquanto dava um beijo caloroso em Lena.

 

- Eca! – Indaguei enquanto pegava minha bagagem com Jeremy, que me esperava na porta da casa.

 

- Não liga não Lincoln! – Disse Lena para seu namorado – Ela é meio estranha mesmo!

 

- Há! – Disse com um tom de sarcasmo.

 

Ele riu e nós também. Ai ai... Como eu adorava minha amiga!

 

Mais tarde, estávamos todos no quarto de Lena, já que a sala estava sendo ocupada pelos seus pais.

 

A conversa estava ótima. Nós três estávamos rindo muito!

 

Estávamos todos sentados na cama de Lena.

 

No meio da conversa surgiu o assunto do assassinato de minha mãe.

 

Naquela mesma hora, Lincoln olhou com um olhar meio estranho para nós.

 

Ele se levantou da cama de Lena e foi em direção ás suas malas. Ele começou a procurar por algo.

 

Eu e Lena se olhamos. Aquilo era meio que... Estranho.

 

Assim que ele encontrou o que queria, voltou-se em nossa direção e apontou uma arma para nós.

 

- Eu não devia ter me envolvido com você Lena! – Indagou Lincoln.

 

- Lena, se abaixa – Sussurrei no ouvido dela.

 

Nós duas estávamos em sua cama.

 

Ela fez o que eu pedi e começou a chorar.

 

- Foi você, não foi? – Questionei diretamente para ele – VOCÊ MATOU MINHA MÃE NÃO É? – Eu gritava agora. As lágrimas começaram a correr pelo meu rosto.

 

- Dinheiro querida. – Disse ele com a voz sarcástica – Depois que matei sua querida mamãezinha, eu faturei muito dinheiro. Ela guardava muito dinheiro na bolsa dela! – Disse ele rindo - Então a inocentezinha aí, apareceu na minha vida. Se eu precisasse de dinheiro de novo, eu apenas precisaria matar a família dela.

 

Na mesma hora eu peguei um vaso de vidro que estava no criado mudo do lado da cama e ataquei naquele idiota.

 

O vaso acertou seu peito.

 

Ele soltou um grito alto e atirou em uma direção qualquer.

 

O tiro acertou a parede.

 

Ele trancou a porta para evitar ser interrompido pelos pais de Lena, que estavam subindo para ver o que era todo esse barulho.

 

- Lena! O que tá acontecendo? – Seu pai gritava enquanto batia loucamente na porta.

 

Lincoln passou a mão em seu peito. Estava sangrando.

 

Ele me olhou furiosamente e falou em um tom de voz baixo, mas, porém eu pude ouvir claramente.

 

- Agora você morre vadia! – gritou ele enquanto disparava em minha direção.

 

Fechei os olhos. Eu sabia que aquele era meu fim.

 

Eu sabia que morreria sem poder vingar minha mãe.

 

Ouvi um grito.

 

Então voltei de meus pensamentos á realidade.

 

Não podia ser! Lena tinha entrado na frente para me salvar!

 

- LENAA! – Eu gritei e me deitei sobre o seu corpo sem vida.

 

O disparo a acertará na cabeça.

 

Eu chorava desesperadamente.

 

Eu não pude pensar em mais nada. Apenas no fato de que Lena morreu por minha culpa.

 

O pai dela arrombou a porta e viu a cena.

 

A mãe dela soltou um grito desesperado.

 

Eu só pude ouvir o pai de Lena espancando Lincoln com toda sua força.

 

A mãe de Lena veio correndo em nossa direção e foi tomada completamente pelas lágrimas.”

 

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Apertei a xícara que estava em minha mão com toda a minha força.

 

Limpei as lágrimas que desciam pelo meu rosto e fui em direção ao meu quarto.

 

Entrei em meu banheiro e tomei um banho rápido.

 

Coloquei um vestido preto, que Lena me dera no dia de meu aniversario. Coloquei uma sandália também preta e cobri o meu rosto com um vel.

 

Lembrei-me de todos os momentos que eu tivera com Lena.

 

Os momentos de estudante.

 

Os momentos de adolescentes rebeldes.

 

Nossas brincadeiras.

 

A minha vida era baseada em viver com ela.

 

Depois que eu voltasse do enterro de Lena, iria me matar.

 

Apenas um fim em minha vida, depois do “fim”.