O sucessor escrita por HinataSol


Capítulo 18
Percepções sobre conclusões externas


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que tem comentado e marcado a fic como favorito! Sério! Isso me deixa muito feliz! ♥
Consegui postar antes de acabar o mês (e com um dia de sobra u.u)!
Ficou "pequeno", mas...
A primeira fase da fic está quase no fim...
Nem sei o que dizer sobre esse capítulo. '-'
Bom, boa leitura!



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Hinata acordou indisposta naquela manhã.

Seu semblante descaído era constatável; sentia os olhos cansados e os ombros pesados.

Ela bocejou fracamente e de modo quase inaudível, e olhou para o aparelho celular sobre o pequeno móvel ao lado da cama.

Estendeu o braço e buscou o telefone, verificando o registro de chamadas.

Bloqueou a tela, suspirou com enfado e jogou-se para fora dos lençóis, obrigando-se a prosseguir com seu dia.

Pouco mais tarde, estando já arrumada e tendo comido, reuniu coragem e retornou a uma das chamadas não atendidas da noite passada. Enquanto aguardava, seus olhos se mantinham baixos e o sobrecenho franzido. Ela divagava.

— Moshimoshi, Hinata. Como você está? — e essas foram as palavras de Kushina ao atendê-la.

A monarca se punha atenta. Após tentativas fracassadas de contatar a Hyūga, ainda na noite anterior, a imperatriz notou que, talvez, a jovem não estivesse em um bom momento para conversarem. Resolveu então deixar que a própria moça se mostrasse recomposta para que a retornasse.

E, ouvindo-a, Hinata momentaneamente hesitou. Se dissesse bem, muito provavelmente não convenceria ninguém. Doutro modo, não queria dizer que estava mal. Encontrava-se num estado que não era capaz de nomear.

— Eu... falei com ele — ela reafirmou o conteúdo da mensagem de texto. — Contei ao Naruto-kun que ele é o seu filho.

A voz de Hinata soou distante e sem ânimo, com grande dispersão. Ela fracamente mordeu os lábios, sem saber ao certo como acrescentar o que se sucedeu.

Kushina suspirou enquanto ponderava. Ela caminhou pelo cômodo até a vidraça, olhou ao redor, vislumbrando o céu claro através da janela. O azul bonito adornado por estreitas faixas de nuvens sobre o pátio do palácio.

— Hm, pelo seu tom, acho que ele não deve ter aceitado muito bem... — comentou. — Bom, não posso culpá-lo... Mas como você está com isso? — desviando o foco da conversa, a imperatriz insistiu em querer saber.

Em meio a tudo o que vinha acontecendo, Hinata era quem estava mais exposta a pressão até então. Existia a possibilidade gigantesca de que Naruto reagisse mal a descoberta e, também, o fato de Hinata se culpar por algo que não era a responsável. Kushina sabia disso e, por esses motivos, queria que ela lhe contasse como estava. Não queria ver ela desanimada e se culpando. Gostaria de ouvi-la desabafar, caso se fizesse necessário.

— Ele disse que acredita em mim — Hinata acrescentou. Seu tom ainda soava monótono. Ela parecia não escutar os questionamentos da sua soberana realmente. Continuava a fitar o espaço a frente, com a expressão cheia de vagueza. — Mas também disse que não quer ir até Tóquio. Eu o compreendo, mas... não quero aceitar. Ele disse que queria conhecer a mãe, mas se recusa a ir até a senhora. É contraditório.

A imperatriz respirou fundo. Continuaria se lamentando e se repreendendo por sua decisão precipitada haver tornado a situação da princesa Hyūga um dilema.

— Sinto por ter te colocado nessa situação, Hinata. Mas, tente enxergar as coisas do ponto do Naruto. Acredito que ele precisa de algum tempo para assimilar tudo. Na verdade, tenho certeza disso. Não é algo que ele esperava. Sou capaz de compreender como ele se sente — falou num murmurejar. — Mas quero saber como você está com isso. Não é justo se cobrar tanto por algo que não se tem controle. Desde que aceitou ir até Nara, você tinha ciência disso.

Hinata ouviu o que ela disse e considerou. Kushina e ela já haviam conversado sobre aquilo. Mas, desde que conheceu Naruto, a jovem moça tinha consigo o desejo de dar a ele a presença da mãe, assim como tinha a vontade de dar à Kushina a presença do filho. Não se tratava apenas do trono ou da linha de sucessão do império, mas de seu desejo, autoconsiderado egoísta, de trazer felicidade a quem lhe era importante e, com isso, a si mesma também.

Respirou fundo antes de responder.

— Eu estou bem, eu acho... Não sei ao certo. Não me sinto mal, mas não sei nomear o que estou sentindo.

Mesmo que houvesse passado a vida toda sem ver o filho, Kushina o amava. Como o amava. Era doido pensar nele todos os dias. Pensar que ele poderia sentir apenas um pouco da falta que ela sentia dele, embaralhava-a as emoções. Deixava-a totalmente frustrada e agoniada, com um aperto incômodo e cruel no peito, lembrar que teve de deixá-lo antes. Mas também era ruim considerar que causava qualquer sentimento do tipo à Hinata. A jovem princesa da família Hyūga lhe era como uma filha e, assim como a Naruto, deseja vê-la sempre bem.

E, por não poder consertar aquilo naquele momento, sentia-se impotente. As coisas ainda estavam todas fora do lugar.

— Hinata, não vou condená-la se decidir voltar para casa. Na verdade, acho que isso é o melhor a ser feito. Eu fui negligente ao pedir que trouxesse meu filho até aqui. Já conversamos sobre isso e eu reitero que sei que fui precipitada em minha decisão. Acredito que seja melhor você voltar... mesmo que sem o Naruto junto.

Houve um breve silêncio.

Hinata estava em Nara havia cinco meses e conhecia Naruto há pelo menos três. Eles haviam se aproximado muito naquele pequeno intervalo de tempo, principalmente no último mês e meio. Nara fazia parte de sua vida agora. Foi uma experiência inesperada, algo fora do que um dia ela sequer cogitou. Agora, porém, ela não conseguia pensar em sua vida sem ter conhecido as pessoas que conheceu, sem os laços que construiu.

Naruto, o príncipe herdeiro e filho único da imperatriz, não era mais apenas parte uma missão, ele era agora parte de sua vida. Mesmo que fosse embora sem ele, ela não conseguia aceitar a ideia de partir sem estarem em uma boa relação. Eram amigos e ela prezava por ele. E havia também todos os outros, Konohamaru-kun, Shikamaru-kun, Kurenai-san... Não queria que eles a desprezassem. Não queria que os laços que tinham fossem corrompidos.

— Eu, eu... não sei... Não quero sair daqui assim. Quero cumprir o que vim fazer aqui, Kushina-sama. Eu disse que o levaria até Tóquio e é o que eu mais quero nesse momento. E, também, sinto que não seria capaz de me perdoar se deixasse tudo aqui de qualquer forma. Sinto que estaria fugindo e não encarando minhas responsabilidades. É verdade que a senhora pediu que eu viesse até Nara atrás do Naruto-kun, mas fui eu quem aceitou a missão. Eu não quero voltar para Tóquio de qualquer maneira. Quero acertar as coisas e tentar falar com ele outra vez. Não quero carregar a ideia de que estou fugindo ou enganando alguém. Quero que ele saiba o que estou sentindo; que quero ver a felicidade dele e a da senhora. Mesmo que ele não me queira ver, eu quero ver ele. Se isso acontecer, eu tenho certeza de que me sentirei melhor. Sinto que é a única coisa da qual preciso agora.

Ao ouvi-la dizer aquilo, Kushina sorriu. Uma sensação agradável lhe tomou. Hinata sempre foi uma pessoa gentil e que poderia ter uma boa convivência com qualquer um, mas era extremamente reclusa e cheia de receios e hesitação também. Vê-la tão expressiva e com tanto ímpeto era como ver um filho crescer e amadurecer.

Sim. Era exatamente isso.

Ouvi-la dizer aquilo encheu Kushina de orgulho. Sentia que em tanto tempo, Hinata lhe trazia a possibilidade de vislumbrar mais que um sorriso de felicidade.

— Eu acredito em você, Hinata.

 

—NH—

 

Quando chegou na biblioteca da Nara Gakuen, Hinata logo entregou a documentação à Kurenai.

— Ainda não acredito que estou perdendo os dois melhores assistentes que já tive na mesma semana — Kurenai suspirou.

— Gomen ne, Kurenai-san. Eu gostaria de continuar aqui, mas... voltarei para Tóquio em breve, então... achei que fosse melhor me desligar logo da Nara Gakuen — Hinata desviou os olhos com constrangimento, encolhendo os ombros.

Era incômoda a sensação de estar abandonando Kurenai num momento como aquele, justamente quando Shikamaru havia saído. Estava deixando a mulher sobrecarregada justamente naquele período, às vésperas de um novo período letivo.

A bibliotecária abanou com a mão e sorriu.

— Não se preocupe. Acho que logo eu consigo que a vaga seja preenchida. Mas, já que está aqui, por que não se senta e conversamos um pouco?

Hinata ponderou, pensando sobre aquilo. Logo assentou-se no lugar que vinha ocupando nos últimos meses atrás do balcão. Kurenai estava no assento em que Shikamaru costumava ficar até pouco tempo. A bibliotecária assinou o papel e o fitou. Leu o nome “Hyuuga Hinata” no topo e olhou para a menina.

— Acho que só não queria admitir que reconhecia você — ela iniciou e Hinata observou-a. Kurenai era uma mulher bonita. Os cabelos dela eram negros e rebeldes, e estavam repicados em várias camadas bem cortadas. A convivência com ela era tranquila e de boa adaptação. Confortável e agradável. Ela lhe devolveu o documento já assinado e continuou a dizer — Vi o rosto de alguns de seus familiares várias vezes nesses livros e os olhos... os olhos da família Hyūga são diferentes... É algo genético e não tinha como ser uma coincidência... e, mesmo que fosse, o sobrenome era igual. Acho que apenas não quis admitir que não encontrava um motivo para explicar Hyūga Hinata em Nara.

O tom de Kurenai não era duro, mas quase compreensivo. Carregava uma nota de lamento e melancolia. Como se estivesse se repreendendo.

Eram nesses momentos que Hinata se achava a mais tola de todas as pessoas por não desconfiar que era reconhecida por alguém.

— Kurenai-san...

Ela balançou a cabeça, negando.

— Não precisa explicar nada, Hinata. Você é uma boa pessoa. É fácil e bom ter você por perto e eu me apeguei bastante, assim como a Mirai... A ideia de que você poderia ir embora era algo fácil de ser ignorado e foi isso que eu preferi fazer — ela contou. — Eu não sei o que levou você a decidir vir e sair daqui assim, de maneira tão repentina, mas suspeito que tenha a ver com o Naruto, pelo menos a sua saída. Você e ele estavam muito próximos recentemente. E lembro de ter ouvido o Shikamaru ter comentado algo assim também. A forma como vocês dois foram embora da casa do Shikaku-san sábado também reforça essa ideia. O Naruto é um bom rapaz e acho que vocês até mesmo combinam. É uma pena que algo tenha dado errado.

Hinata sentiu seu rosto e pescoço aquecer ao ouvir aquelas palavras.

— Não foi isso — murmurejou ela. — Naruto-kun e eu somos amigos. Não foi nada dessa forma... — a voz dela saiu mais fraca e um tanto desanimada.

— Mesmo? — Kurenai demonstrou genuína surpresa ao arquear as sobrancelhas. — Eu realmente acreditei que fosse algo assim.

Hinata encabulou-se ainda mais, mas balançou a cabeça.

— Por que as pessoas ficam com essa impressão? — Questionou, num tom baixo. — Nós dois somos amigos. É constrangedor.

Kurenai apoiou um dos cotovelos no balcão e passeou os olhos pelo ambiente, observando as estantes de livros bem organizadas por seções. As janelas de vidro estavam abertas e o ar-condicionado desligado. O clima estava ainda agradável; bem primaveril.

— Vocês dois juntos parecem bom — ela comentou e buscou uma melhor forma de dizer. — Acho que combinam. Quando vejo Naruto e você, só consigo pensar que é algo que parece certo. Sei que é estranho eu dizer isso, mas é o que penso.

Ela arqueou as sobrancelhas, embasbacada e sem resposta para aquilo. Kurenai retomou sua fala.

— Mas entendo que seja constrangedor ouvir algo assim. De qualquer forma, não é como se fosse simples para você entrar em um relacionamento desse tipo — falou ela. — O Naruto é um bom rapaz, mas vocês estão em posições diferentes. Acho que vocês se enxergarem apenas como amigos é algo bom também.

— Shikamaru-kun disse algo parecido — murmurou Hinata, um tanto a contragosto.

Sabendo quem Naruto era desde que chegou ali, sempre soaria errado, aos ouvidos de Hinata, ouvir alguém dizendo que os dois pertenciam a realidades diferentes. Colocavam-no em um degrau e ela em outro, muito mais alto, em comparação. E era justamente o contrário. Ele era o próximo na linha de sucessão, o próximo imperador.

— Huh?! Shikamaru falou sobre isso com você? Não é do feitio dele se envolver em assuntos desse tipo, ainda mais quando ele não está diretamente envolvido... — a bibliotecária parecia ter sido pega desprevenida. — Mas o Naruto é o melhor amigo dele, então... acredito que ele pensou que deveria intervir.

— Acho que sim — ela respondeu e se levantou. Vislumbrou o lado de fora por através da janela aberta e resmungou uma despedida — Eu vou indo, Kurenai-san.

A mulher balançou a cabeça, mas ainda falou:

— Não se vá de Nara sem nos ver uma outra vez.

Hinata anuiu e sorriu.

— Hai!

Quando saiu da ala da biblioteca, Hinata avistou os alunos que estavam no pátio. Vislumbrou o trio de amigos: Konohamaru, Udon e Moegi, e acenou. Recebeu um cumprimento deles em resposta, a exceção de Konohamaru que apenas desviou o olhar, incomodado.

Ela se inquietou com isso, mas apenas suspirou profundamente e saiu da escola, a seguir seu caminho, enquanto refletia.

Dois dias atrás, Naruto disse que não queria mais ver ela, e isso foi algo que a desestabilizou.

Foi cruel. Algo que ela não esperou e que a atordoou, deixando-a sem saber como agir direito.

Acreditava que devia dar a Naruto o espaço que ele precisava. Mas... ela queria ver ele outra vez.

Não entendia o porquê da ideia de estar longe ser tão ruim. Não conseguia saber por que era tão doloroso pensar que eles não teriam a mesma relação de antes de ela lhe revelar sua posição e o porquê de estar em Nara-shi.

Isso a embaralhava a mente e a causava uma estranha sensação de urgência.

E, em meio aos pensamentos sinuosos, logo estava em frente à casa.

Mas não a sua, e sim a de Minato-san.


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Notas finais do capítulo

Percebi que muitas pessoas pularam direto para o capítulo 16 (sei o motivo, mas... é bom ler os outros também. O cap. 15 mesmo é importante, mas vocês que sabem kkkk).
Tive a sensação de que o capítulo poderia "soar estranho" para vocês... ('-') Então, se algo ficou confuso, avisem-me.

Postei uma oneshot esse mês (NaruHina | comédia romântica): https://fanfiction.com.br/historia/787158/Solteiros_Parasitas/



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