Sirenverse's Powerful escrita por Thomaz Moreira


Capítulo 4
O último americano virgem


Notas iniciais do capítulo



Voltei!
Sim eu voltei.
Bem, houveram algumas várias tretas envolvendo algumas fics minhas e o meu próximo livro.
Em resumo tive que deletar muitas fics.
Powerful foi uma dessas.
Mas Powerful é uma fic que eu sempre gostei de escrever, por esse motivo eu acabei voltando a escrever
Fiz algumas alterações por conta de tretas
E recomendo a todos que leram os antigos capítulos antes do mês 05/2019 que releiam. Alterei alguns nomes e as coisas podem ficar um pouco confusas!
Obrigado pela atenção!



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            É estranho se sentir como um intruso num ambiente. E eu me senti assim logo que desci do carro. Estávamos parados em frente a casa da Deborah, e eu já sentia o choque de realidade. Haviam algumas pessoas jogadas na grama, estavam claramente bêbadas. Na varanda, outras pessoas riam enquanto fumavam seus narguilés. Uma correria acontecia, um dos garotos passou por nós e deu a volta. Estava coberto por uma toalha de banho e todo molhado. Sendo perseguido por uma garota que gritava com ele por conta do celular. Logo em seguida, Deborah saiu de dentro da casa, batendo a porta. Lá estava ela, brava. Bem-vestida com suas roupas descoladas. Uma calça moletom cinza e um top feminino roxo. Deu uma tragada naquele cigarro, jogando a fumaça que voltou para os seus cabelos. Aqueles lindos dreads loiros que iam até suas costas.

— Eu falei para não ficar correndo por aí molhado! — Ela gritou.

            Estava bem brava, com a postura de mãos na cintura, mostrando o beiço e com aquele nariz fino bem empinado. Só que toda aquela raiva pareceu ter ido embora quando ela nos viu. Abriu um sorriso e logo veio na nossa direção.

— E aí estão eles!

            Ela nos cumprimentou com um abraço, como se fossemos íntimos a anos. E logo pediu para nós nos aconchegarmos. Entramos na casa dela, sendo seguidos por ela. E quando eu estava dentro me senti numa série teen. As luzes da casa eram poucas, e as que tinham eram brilhantes e coloridas. O som alto tocando hip-hop me incomodou um pouco. Os demais sentados no sofá ou em outros cantos da casa estavam bebendo aos montes. E os mais “radicais” estavam na cozinha fazendo jogos de bebidas.

— Bom, os quartos ficam no andar de cima, caso vocês precisem transar. — Ela orientou.

— O quê? Não! — Respondemos em coro, praticamente abominando o ato.

            Ela nos olhou um pouco estranho e depois riu. Elogiou sarcasticamente o meu terno e nos mostrou as bebidas. Logo depois ela se perdeu na multidão. E quando eu me virei para falar com a Lena, ela também tinha saído. Estava na outra ponta da casa, conversando com suas amigas. As líderes de torcida que me encaravam com um certo desgosto. Em dois minutos de festa eu já estava sozinho e arrependido. Eu não tinha muito o que fazer. Só iria voltar para a casa quando Lena quisesse, então talvez eu me divertisse. Pensando nisso, fui até a cozinha, onde o som ficou levemente mais abafado. Encontrei uma galera um pouco mais louca, e notavelmente bêbada. Estavam jogando beer pong e eu parei para assistir. Além de bêbados estavam felizes e chapados de maconha.

— E aí cara quer dar uma bolinha? — O alto, careca e magro me ofereceu.

            Fiz que não com a cabeça, um pouco assustado só de pensar no que a minha mãe falaria. Maconha já era uma droga legalizada na cidade de Black Lake, mas eu tinha certeza que tinha alguma coisa a mais naquilo ali... Eles pareciam estarem tontos, e logo esqueceram que eu estava ali.

— Terno legal. — Falou uma voz feminina ao meu lado.

            Eu me virei imediatamente, achando que era a Deborah me zoando novamente. Para a minha surpresa, era outra garota. Um pouco baixa, negra, dona de cabelos encaracolados escuros, belíssimos. Estava usando uma camisa com um controle de vídeo game estampada. Uma calça jeans e tinha uma tatuagem de algo escrito em uma língua estranha no braço. Não dava para reparar muito mais profundo em ninguém naquela festa por conta da luz.

— É uma tatuagem em élfico. — Explicou. — O meu nome, no caso.

            Mexi a cabeça, fingindo que entendi o que ela havia falado, e que nada tinha sido distorcido pelo som. Ela tomou um pouco da sua cerveja, abriu a geladeira e pegou outra. Me entregou e eu fiquei com um certo receio de abrir.

— Dá pra ver que você também não tá gostando disso aqui. Vamos lá pra fora. — Ela gritou no meu ouvido para eu ouvir melhor.

            Bom, eu não tinha nada para fazer, e ela parecia ser legal. Então eu a segui. Passamos por aquelas portas de vidro nos fundos da casa, e então já estávamos no cercado de novo. Havia uma piscina onde algumas pessoas estavam se beijando. Outras estavam na beirada molhando seus pés, e o resto fumando, bebendo e conversando. E para a minha felicidade, o som havia sido mais abafado.

            Criei coragem para abrir a cerveja assim que sentamos nas cadeiras de praia próximas da piscina. Dei um gole e logo senti aquele gosto amargo. Lembro-me perfeitamente de como eu odiei tomar aquilo, e de como eu tentei fingir que gostei.

— Primeira cerveja? — Ela riu.

            A garota se ajeitou melhor, sentando-se de pernas cruzadas. Estava se sentindo mais a vontade.

— Talvez... — Respondi.

            Ela riu novamente, e deu outro gole, dessa vez mais profundo. Me deixou bem espantado.

— Eu sou Mabel. — Estendeu sua mão para eu cumprimentar e assim eu fiz.

— Toby o’Tony. — Falei. E logo vi a mesma reação passar em seus olhos. A surpresa.

— Filho da dona da InoTec?

— O próprio. — Brinquei.

— Como é ser rico? — Ela foi bem direta.

— Bom, é estranho. Eu ouço as pessoas dizerem que eu tenho muitos privilégios, e é evidente que eu tenho. Mas eu acho que eu nunca soube dar o real valor a eles, já que eu nasci rico. Não sou de uma família que veio da pobreza, entende?

— Isso foi meio babaca, mas sim eu entendo. — Respondeu. — Então, o que você faz de bom? E por que decidiu vir aqui hoje?

            Duas perguntas que eu não sabia como responder. Dei outro gole na cerveja para tentar pensar em algo. O pior é que o gosto ruim não ajudou em nada, só piorou. E quando eu olhei para Mabel ela já tinha terminado a dela.

— Eu gosto de jogar. E não faço a mínima ideia do porquê de eu estar aqui hoje. — Terminei rindo.

— Eu te entendo... — Falou. — Fui obrigada a vir por conta da minha prima. Ela queria que eu me divertisse um pouco. Saísse de dentro do meu quarto. Eu só odeio que as pessoas não entendem que eu consigo me divertir no meu quarto.

— Essa frase pegou mal...

— Você entendeu. — Ela riu. — Eu tenho o meu vídeo game, tenho o meu computador. A minha rara coleção de fitas VHS com os clássicos filmes de terror. Toda a coleção de Sexta-feira 13, A hora do pesadelo, Halloween, e outros clássicos.

— Devem ter sido caros. — Comentei.

— Nada que a sua mesada semanal não pague. — Me provocou.

— Pegou pesado.

— E ainda sobra mais da metade. — Brincou.

            Eu não estava gostando da festa, mas estava gostando da conversa. Mabel parecia ser alguém interessante. Alguém meio isolada, mas que prefere ser assim, e que sabe se divertir sozinha. Parece até eu.

— Mabel! — Gritou uma menina que eu julguei ser a prima dela.

            Ela acenou para a prima, e depois a ouvimos chamar. Estava do outro lado da piscina com alguns garotos. Todos muito bêbados. Mabel fechou sua cara imediatamente e disse que tinha que ir. Se despediu e foi até a sua prima. Dei outro gole da cerveja, vendo Mabel ir embora. No final eu não aguentei. Joguei aquela latinha no lixo. O gosto realmente me incomodava.

            Entrei de novo na casa e a cena era a mesma. Várias pessoas bebendo, conversando, se drogando e se beijando. Um tanto quanto assustador. Passei por Lena que me encarou, mas fingiu que não me viu. Estava conversando com um cara, e esse notou a troca de olhares. Eu nem vi quem era direito, apenas segui o meu caminho. Fui para a sala, estavam jogando outra coisa. Eu parei para assistir. Era verdade ou desafio. Um dos jogos de bebedeira mais clichês. Um dos garotos girou a garrafa, ela parou em outro garoto. Eles falaram alguma coisa que eu não entendi direito. Instantes depois, estavam se beijando. Os outros aplaudiram e gritaram. Depois a garrafa girou de novo, e de novo, e de novo. E por fim ela parou, só que parou em mim. E eu logo saí da frente do bico daquela garrafa, foi quando eu ouvi.

— Não! Espera, cara! Vem jogar com a gente! — Era o menino que beijou o outro. Pareceu simpático, mas eu ainda tinha o meu receio. — Senta aí.

            Abriram um espaço na roda, me sentei de pernas cruzadas ao lados daquelas duas menina. E então ouvi uma delas perguntar.

— Verdade ou desafio?

            Eu olhei para todos os lados, gaguejei um pouco e então respondi:

— Verdade. — Eu não me submeteria a algum mico na frente de desconhecidos.

— Você já beijou alguém? — Ela riu, claramente bêbada.

            O meu coração acelerou. Eu passei a mão entre os meus cabelos. Vi Lena me olhando lá no fundo bem séria. Eu era um péssimo mentiroso, e todos estavam bêbados, então não havia problema nenhum em contar a verdade.

— Não. — Falei, largando um peso das minhas costas.

            Eles trocaram olhares entre si, todos maliciosos. Eu me senti estranho. E depois eles deram uma risada. Pediram para que eu girasse a garrafa e então eu fiz. A mesma parou na frente de Deborah que deu uma tragada no seu cigarro.

— Verdade ou desafio? — Perguntei.

— Desafio. — Falou depois de soltar mais fumaça pela boca.

            A verdade é que eu não tinha nenhum desafio para propor, então eu travei por completo.

— Desafio você a tomar uma latinha inteira em dez segundos. — Foi o melhor que eu pude inventar.

            Os gritos dos empolgados foram altos. Todos queriam ver aquilo, e eu me senti aliviado por não ter proposto algo que eles tivessem considerado “idiota”. O fato é que Deborah sorriu e deu de ombros. Pegou uma das cervejas ao lado, a abriu na lateral com a boca. E virou tudo. Foi impressionante. Menos de dez segundos. Ela parecia uma viking. Eu fiquei de boca aberta.

— Minha vez! — Falou depois de lançar um arroto.

            Girou a garrafa, um momento de tensão. Todos ficaram em silêncio e aquele treco finalmente parou. Não em mim, mas sim em um outro garoto. Garoto tão tímido que eu só havia percebido a sua presença por conta da garrafa. Ele riu e jogou sua franja ruiva para o lado. Dava para ver que ele estava nervoso.

— Henschell. — O sobrenome meio que o entregou. Ele pareceu ser russo. Tinha os traços de um pelo menos. — Verdade ou desafio.

            Ele olhou bem para todos. Sorriu novamente e então falou:

— Desafio. — O sotaque só confirmou mais ainda a minha teoria.

            Henschell parecia estar querendo provar algo. Ele claramente não queria cumprir o desafio. Só estava fazendo aquilo para não ser excluído do grupo. E funcionou, já que todos aprovaram a atitude corajosa dele.

— Ótimo. — Deborah falou. Ela lançou um sorriso que deu medo. — Mikhail Henschell, eu quero que você beije a pessoa que você gosta aqui da roda.

            O sorriso no rosto dele se foi em questão de segundos. O garoto que já era branco, ficou mais pálido ainda. Ele ficou alguns segundos sem responder. Apenas olhando pasmo para Deborah. Talvez ela realmente tivesse pegado pesado, mas essa era a intenção do jogo.

            Instantes depois, todos estavam esperando pelo momento. Cochichando e rindo. Eu senti uma certa pena do Henschell. E quando ele finalmente tirou o olhar da Deborah, eu achei que ele ia beijá-la. Mas a sua boca foi em outra direção, na minha direção. E fui eu que congelei, esbugalhando os meus olhos. Ele me puxou pela gravata e entrelaçou seus lábios aos meus. Eu consegui sentir perfeitamente a língua dele na minha, enquanto eu ouvia os gritos eufóricos da plateia. Eu realmente não esperava por aquilo. E recuei imediatamente. Me coloquei de pé, vi Lena me olhando novamente e fui para a cozinha sem dizer mais nada.

            Chegando lá, notei que os outros garotos que estavam jogando Beer pong haviam ido embora. Estava apenas eu naquele lugar. E aquilo era bom, já que eu queria ficar um pouco sozinho. Peguei outra lata de cerveja, já não ligando para o sabor. Abri e tomei outro gole. O ruim é que a Lena apareceu logo em seguida.

— O que foi? — Perguntou, finalmente demonstrando alguma feição que não fosse ódio ou superioridade.

— Podemos ir embora? — Perguntei timidamente, evitando olhar nos olhos dela.

— Cara foi só um beijo. — Ela justificou. — Vai me dizer que você nunca se arrependeu de um beijo antes?

            O meu olhar entregou tudo.

— Foi o seu primeiro beijo... — Comentou, finalmente entendendo o ponto.

— Ei, esse cara tá te incomodando? — Era o mesmo garoto que estava com Lena antes.

            Alto, forte, usava uma camisa regata branca para exibir seus músculos. Provavelmente alguém do time de futebol. E parecia irritado. O problema é que eu também estava.

— Não, ele tá comigo. — Respondeu.

— Tem certeza? — Insistiu, me encarando feio dos pés até a cabeça. Quase me ameaçando.

— Você é surdo?! — Perguntei, pressionando a latinha de cerveja com a mão.

— Como é? — Falou se aproximando mais ainda.

— Evan, vai embora. — Lena orientou, colocando sua mão na frente do peito dele. O impedindo de vir mais na frente.

— Não, eu quero ouvir o que ele falou.

            Naquele momento eu já estava perdendo o controle. Era como se outra pessoa estivesse assumindo o controle das minhas ações. Me forçando a quebrar a cara do tal Evan. E faltava pouco para eu fazer isso.

— Fala! Anda, repete! — Ele avançou novamente.

— Chega mais perto. — Eu não sabia se eu queria realmente ter falado aquilo.

— Vai se arrepender de ter dito isso. — Ele fechou seu punho e empurrou a Lena para o lado.

— Não deveria ter feito isso.

            Ele gritou jogando seu punho no meu rosto. E quando aquela mão me atingiu eu senti a dor. Uma dor que eu nunca pensei que sentiria antes. E com a dor veio o ódio, esse que só aumentou mais ainda. Eu soltei a latinha, enquanto ainda recebia alguns socos. E em um deles eu consegui cancelar. Peguei a sua mão e dobrei. Ele gritou de dor, grito esse que foi altamente abafado pela música. Motivo pelo qual ninguém até então havia percebido a briga. Logo após, eu fiz Evan se ajoelhar. Fechei o meu punho e canalizei toda a minha força naquele golpe. Peguei impulso e soquei. Um soco que foi interrompido no último instante. Lena segurou o meu braço. Fez aquele olhar que me trouxe de volta para a realidade. Eu respirei fundo, e tentei me recuperar.

            Evan, que quase sentiu toda a minha força, estava bem mais assustado. Ele se pôs de pé e saiu dali desesperado. Me olhando como um monstro.

— O que eu fiz? — Perguntei também em desespero.

— Você quase perdeu o controle, foi só isso.

— Eu machuquei ele! Eu poderia ter matado ele!

            Eu estava em choque, gaguejando. Tremulo e mal conseguia controlar a minha respiração.

— Toby! — Lena gritou segurando as minhas bochechas. — Isso é normal, está no seu sangue. O seu pai também perdia o controle no passado. Ele aprendeu a se controlar e você também vai!

            Tentei ouvir aquelas palavras. E por mais assustado que eu estivesse, fazia sentido. Pelo menos eu não o matei. Respirei fundo, contei até dez e aos poucos eu melhorei.

— Vem, vamos para a casa. — Ela me puxou para fora, pelas portas de vidro que davam para a piscina. — Liga pro seu motorista.

            E assim eu fiz, o chamei. E enquanto eu fazia a ligação, notei uma estranha movimentação. Não só eu, mas a Lena também. Depois que o motorista confirmou que estava vindo, eu desliguei o celular e prestei mais atenção na muvuca. Eram os caras que estavam com a prima da Mabel e a própria prima da Mabel. Eles estavam discutindo. E a garota parecia bastante preocupada com algo. Estava chamando atenção de todo mundo que estava na piscina.

            Cheguei um pouco mais perto para tentar entender, Lena puxou o meu braço para eu não me aproximar tanto. Mas foi o suficiente para eu ouvir.

— Você drogou ela! — Gritou a garota desesperada. — O que você tinha na cabeça? O que você queria fazer?!

            Eu olhei um pouco mais de perto e lá estava ela. Mabel, estava no chão desmaiada. Cercada daquele grupo de garotos, todos eles não pareciam ter noção alguma do que tinham feito. Estavam rindo e despreocupados. Aquela cena me deixou em choque, dando um embrulho no meu estomago. Mabel parecia estar morta.

— A gente só ia deixar ela mais a vontade pra depois... — Falou um dos seis, segurando um copo vermelho cheio de vodka.

            Os outros riram com a “piada” do garoto. A prima de Mabel que estava desesperada deu um tapa no garoto. Um tapa tão forte que arrancou o sorriso dele no mesmo instante. O garoto irritado não pensou duas vezes e agarrou o pescoço dela. E aquilo foi o suficiente para irritar não só a mim, como Lena também. Eu achei que ela fosse segurar no meu braço novamente, mas ela não fez. Lena saiu a longos passos na direção dos seis.

            Ela não quis dialogar nem nada do tipo. Fechou seu braço, e socou a traqueia do primeiro. Os outros logo notaram a presença da garota. O segundo tentou agarrá-la, mas recebeu um soco na boca do estômago. O terceiro, um chute no saco. Chute tão forte que doeu até em mim. Eu sinceramente achei que ela nem precisava da minha ajuda. O quarto ganhou um soco na costela. Ele se ajoelhou, enquanto Lena saltou em suas costas. Aquele outro que estava enforcando a prima da Mabel a soltou ao ver a cena. Lena que ainda estava no ar, chutou com a ponta de seu salto alto a barriga do quinto. E o último que estava sem saber o que fazer, foi o que mais sofreu.

            Lena o pegou pelos cabelos. Pisou com a ponta do salto no pé dele, e depois deu uma joelhada no nariz dele. Ainda com as mãos nos cabelos do garoto, ela o jogou contra o chão. Bateu com o seu rosto naquele piso. Não satisfeita, bateu novamente. E só parou quando viu o nariz dele sangrando. Se colocou de pé novamente. Ajeitou seus cabelos e deu tapinhas em seus ombros. Recuperou a pose e finalmente terminou a luta usando o garoto no chão como degrau. No instante seguinte estava todo mundo aplaudindo. Eu nem tinha reparado como todo mundo da festa estava lá, foi bem de repente.

— Na próxima vez que você ver uma garota, não vai sentir tesão, vai sentir medo. — Falou cerrando os dentes bem próxima aos ouvidos do cara.

            Eu corri em direção a Mabel, enquanto Lena perguntava como a outra estava. Tentei acordar ela, mas não estava funcionando.

— Eu não posso aparecer com a Mabel assim na casa dela. Os pais dela vão matar ela. E eu também não posso levar ela pra minha casa!

            Uma situação e tanto. A garota estava realmente encrencada. As duas estavam. Lena disse que Mabel só estaria melhor pela manhã. E os pais da garota com certeza iriam notar, já que a prima disse que eles estariam esperando por ela. Mabel parecia ser alguém legal, uma pessoa que se forçou a sair de casa contra a vontade por causa dos outros. E foi quando eu pensei isso que eu falei:

— Ela pode dormir lá em casa.

— Como é? — Perguntou Lena e a prima em coro.

— Temos quartos sobrando lá em casa. E você pode dizer aos pais dela que ela está com você. — Justifiquei.

— Não sei... — Respondeu com receio. — Os seus pais não vão reclamar?

— Tenho certeza que eles nem vão ligar se eu sumir de casa por uma semana.

            Lena e ela trocaram olhares, exatamente como os meus pais fazem. Eu entendo que era meio difícil confiar num estranho, mas se ela não quisesse encarar as consequências, era o que ela teria que fazer...

— Está bem! — Falou. — Mas se eu souber que você fez alguma coisa com ela...

— Eu arranco o seu pau. — Lena completou.

            Me assustei um pouco, mesmo que obviamente eu não fosse fazer nada de errado com ela.

            Continuamos a conversar até o carro finalmente chegar. E quando ele chegou, colocamos Mabel lá dentro. Ela estava dormindo, mas ao mesmo tempo estava falando. Coisas sem sentido, mas estava. Eu e Lena nos despedimos da prima dela e de Deborah e saímos. Fechei o vidro do carro e vi por pouquíssimos segundos o tal Henschell deprimido. Por estar na luz deu para ver melhor. Os cabelos ruivos, olhos azuis, ombros largos. Estava se vestindo socialmente.

            Depois de uns dez minutos nós chegamos em frente a casa da Lena. Uma bela casa com três andares, um quintal bem limpo, e longas janelas. Não deu para ver muito bem, mas ela estava lá, a tal Emma, ou como era antigamente chamada “Viper”. De braços cruzados esperando a filha.

— É isso aí cachos ruivos. Até mais...

            Ela saiu do carro sem dizer mais nada, indo em direção a sua mãe. Forcei a vista para tentar ver melhor a tal Emma, já que eu nunca havia a visto antes, mas não deu. A única luz era a que vinha da sala e passava pela porta da entrada.

            O carro deu partida novamente e saímos. Passei a viagem toda pensando em como a Mabel deveria estar se sentindo. Cruzamos a ponte de Lucky Island e depois de alguns minutos nós chegamos. O motorista nos deixou na porta de casa e a abriu, já que eu estava segurando o corpo de Mabel nos braços. Ele se despediu cochichando e eu o agradeci por não ter contado nada.

            Subis todas aquelas escadas, torcendo para que nenhuma força eventual do destino me colocasse no caminho dos meus pais. E graças a todos os deuses eu não os encontrei. Coloquei Mabel deitada numa cama de um dos quartos de hospedes e a embrulhei. Fechei a porta do quarto e fui para o meu. Me joguei na minha cama e finalmente eu fui dormir.

 


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Notas finais do capítulo

É isto pessoas!
Voltei e voltei com um capítulo bem grande.
Um capítulo grande e cheio de intrigas.
O que acharam?



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