Clarice escrita por Hirobelana


Capítulo 35
Capítulo 35




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Clarice saiu do banheiro após tomar um banho longo e demorado, pensando em inúmeras possibilidades da razão do Guilherme ter terminado com ela. Quando tudo indicava pela manhã daquele dia que estava tudo bem entre eles.

Ela só não conseguia administrar esse novo sentimento que inundava tão profundamente sua mente e o seu coração.

Às lágrimas nem caiam mais.

Os seus olhos estavam completamente inchados de tanto que ela chorou antes e durante o banho.

Queria estar com uma aparência mais agradável antes que sua chegasse em casa, mas não conseguia esconder perfeitamente. No final acabou desistindo de tentar esconder o que estava sentindo, e o que tinha acontecido com ela.

Quando percebeu escutou o barulho da porta fechando, e sua mãe a chamando da sala.

— Oi meu amor, como foi o seu dia? - a mãe dela dizia indo em direção a cozinha, sem olhar diretamente para ela.

— Oi mãe - Clarice disse com uma voz rouca, o que chamou a atenção de sua mãe e a fez virar na direção de Clarice.

— Filha! - a olhou diretamente nos olhos, percebendo o quão inchados estavam - O que aconteceu? Por que os seus olhos estão desse jeito? Você estava chorando? - a questionou com inúmeras perguntas se aproximando dela, e fazendo carinho em sua bochecha, olhando mais de perto os olhos de sua filha.

— Mãe.. o Guilherme terminou comigo.. - disse logo de uma vez sem enrolar - E eu nem sei a razão dele ter terminado comigo.. Ele disse que não tínhamos nada a ver um com o outro.. mas.. de manhã estávamos bem.. ele me chamou para tomar sorvete, e não apareceu.. Eu fui na casa dele, e ele.. - Clarice começou a contar tudo de uma forma rápida e quase desesperada. Quando sua mãe a interrompeu:

— Você foi na casa dele? - ela dizia em um tom de voz de estar brava por ela ter ido na casa dele desse jeito.

— Eu fui.. desculpe por não avisar.. mas eu sentia que deveria ir na casa dele ver o que tinha acontecido, já que ele não me respondia.. 

— Tudo bem.. agora já foi.. - sua mãe disse percebendo que não adiantava muito continuar brava com relação a algo que já aconteceu.

— Desculpa, mãe.. eu só queria entregar o sorvete para ele.. e quando cheguei lá.. parecia até que ele tinha esquecido que tinha me convidado para sair.. como se eu estivesse correndo atrás dele.. - Clarice dizia tentando repassar tudo o que aconteceu, e quanto mais lembrava mais ficava triste, o que fez ela começar a chorar só por lembrar da situação.

— Meu amor.. - sua mãe disse a abraçando e sussurrando para que parasse de chorar, que estava tudo bem.

Quando percebeu as duas estavam no quarto de Clarice, ela estando encolhida na cama adormecida, percebendo que não iria adiantar forçá-la a comer alguma coisa, e que seria melhor ela descansar um pouco. O primeiro namoro, e agora a primeira desilusão amorosa de sua filha, tudo acontecendo tão rapidamente.

Seus pensamentos como mãe tentando entender que sua filha antes tinha um namorado, e agora tentando entender que ela tinha sido dispensada. Algo rápido que para ela era algo comum, sendo uma adulta, mas compreendia que para uma adolescente, tudo era novo. E agora, doloroso.

 

NA CASA DE FERNANDA

 

Fernanda estava deitada em sua cama pensando como tudo em sua vida parecia estar fluindo de forma perfeita. Perfeita demais para acreditar.

Pensando em como antes era insuportável estar em casa, ou pensar em seus pais. E agora eles estavam bem, e consequentemente ela estava se sentindo bem também. Se sentia feliz de estar com eles. E percebia que era verdade o que o pai dela tinha prometido, que as coisas iriam mudar, e mudaram.

E para completar o seu pacote de felicidade, não sentia mais a vontade de esconder os seus sentimentos por Guilherme, e ele estava disposto a ficar com ela. Algo que não foi dito em palavras, ou claramente, mas ela sentia que sim. Ele iria escolher por ela, ao invés de Clarice.

Um pensamento que a fez ficar feliz por um momento, mas logo percebendo que era um pensamento egoísta, e que de certa forma, estava traindo Clarice. Sua amiga. Um termo que ela percebia que talvez fosse errado demais de continuar sendo pronunciado e dito.

Porque Fernanda era tudo, menos amiga de Clarice.

E finalmente ela percebeu esse fato que era nítido.

Desde que os seus pais tiveram problemas e era insuportável estar em casa, o seu relacionamento conturbado com Filipe, seu interesse e por ter transado com Guilherme. Ela deveria ter sido sincera com Clarice, antes de ter confessado o seu sentimento com ele, por lealdade de uma verdadeira amiga, ela deveria ter feito isso. Mas não fez.

Nem atender as ligações de Clarice ela fazia. O mínimo.

Pensando que não poderia fugir por muito tempo com relação a isso, e que deveria conversar com ela amanhã mesmo. Não hoje. Mas amanhã, pois queria aproveitar essa sensação de alegria e perfeição que sua vida lhe inundava.

 

NA CASA DE GUILHERME

 

Guilherme estava em seu quarto pensando como as coisas tinham acontecido tão rapidamente, e como ele se entregou tão facilmente para Fernanda e terminou com Clarice assim que a viu, algo que decidiu não contar para Fernanda, talvez amanhã, não hoje.

Se sentia feliz demais por ela corresponder aos sentimentos que sentia por ela. Algo recíproco. Sorrindo distraído só por lembrar do momento quando ela chegou em sua casa, expondo seus sentimentos por ele.

Gostava da Clarice, de sua companhia, das conversas. Mas não queria arriscar perder Fernanda assim que ela expôs o que sentia. O seu coração só confirmava que tinha tomado uma boa decisão em terminar com ela.

No final sentia que tinha feito algo correto, e isso já bastava.

Mesmo que ao se observar todo o contexto bem atentamente, estava tudo errado.

 


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