As Bênçãos do Templo Awashima Jinja escrita por KL


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Fazem 84 anos que eu não escrevo Inuyahsha, mas cá estou eu, incentivada por um projeto do SS e com muito amor por esse shipp lindo de maravilhoso.

Espero que vocês gostem ♥



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O fim do inverno estava próximo e já não nevava há um bom tempo.

Mesmo assim, o vento soprava frio e o sol era tímido ao sair detrás das nuvens, seus raios pouco aqueciam. Os aldeões da vila começavam a se preocupar se a comida ia durar até a próxima safra e os youkais menos poderosos começavam a sair de suas tocas, onde muitos se abrigavam durantes os meses mais frios da estação.

Dentro da casa de madeira, ao redor da fogueira acesa sobre a qual um caldeirão cozinhava uma sopa, a exterminadora de youkais tentava se manter aquecida, assim como o monge, o pequeno youkai raposa, a nekomata, a menina de longos cabelos castanhos e a idosa sacerdotisa do vilarejo, que até o momento mantinha um monólogo. Um pouco mais para o canto, deitado e com uma expressão marrenta, o meio-youkai tinha os olhos fechados.

— Uma peregrinação? — perguntou o monge curioso quando a senhora terminou de falar.

— Sim. — a velha Kaede respondeu — O Templo Awashima Jinja é conhecido por ser um santuário de bonecas. Todas as moças da região e outras de muito longe peregrinam, principalmente nessa época do ano, para pedir fertilidade, um bom parto e saúde para a criança.

— Sango-chan vai ter um bebê? — Rin perguntou de forma inocente.

A exterminadora de youkais, que até o momento só escutava com curiosidade a conversa dos outros dois, sentiu o rosto esquentar, reação que nada tinha haver com o calor do fogo, e seus olhos se arregalaram.

— N-não, Rin-chan! — ela afirmou um tanto esganiçada.

Kaede e Miroku riram da reação da mulher, que procurava uma forma de se esconder, sem resultado.

— Mas em breve, não é mesmo, Sango? — Miroku perguntou, perto demais e Sango, por instinto, acertou-lhe uma bofetada. — Ai! Sango?!

— D-desculpe! — ela pediu, mas não se aproximou — Mas o Senhor Monge não pode falar essas coisas assim do nada na frente das pessoas!

— Keh! — Inuyasha exclamou ainda de olhos fechados — Como se ninguém soubesse o que vocês fazem quando ficam sozinhos…

— O que eles fazem, Inuyasha? — Shippou perguntou, inocente — Eu não sei!

— N-não é da sua conta! — o meio-youkai respondeu, seu rosto rubro, ao mesmo tempo que Rin perguntou de repente:

— De onde vem os bebês?

Todos se calaram, a exterminadora corou tanto que podia se confundir até mesmo com as roupas de Inuyasha. O próprio meio youkai apresentou um leve rubor e, antes que Miroku pudesse responder a pergunta – e somente os deuses sabiam o que sairia dali – Kaede se pronunciou:

— Chega dessa bagunça, se não vou mandar vocês para fora e deixá-los sem comida! — ela mandou. Todos se calaram e a olharam de olhos arregalados. Estava frio e a sopa estava com um cheiro delicioso, ninguém queria ficar sem comê-la e ainda mais fora do alcance da fogueira. — Ótimo! Como eu ia dizendo, dado ao fato que vocês se casaram há pouco tempo e em breve estará na época do desabrochar dos pessegueiros, eu creio que é um bom agouro vocês dois peregrinarem para o Templo Awashima Jinja.

— O que tem o desabrochar dos pessegueiros, Kaede-sama? — Rin perguntou curiosa.

— As flores de pêssego simbolizam um casamento feliz, Rin-chan — Kaede explicou — Além de serem um símbolo de homenagem às meninas.

— Ah! — Rin exclamou — É mesmo?

Kaede sorriu e continuou a falar sobre para a garota. Mas Miroku não prestava mais atenção, se virando para Sango, que desviou o olhar, corada.

— O que você acha? — ele perguntou, sem se afetar por aquilo.

— É... — Sango murmurou — É uma ideia.

— Legal! — Shippo exclamou — Vamos viajar!

— ”Vamos” é muita gente, pequeno youkai raposa. — Kaede o cortou, tendo terminado a explicação para Rin — Essa é uma viagem para Sango e o Senhor Monge. Nem mesmo a nekomata deve acompanhá-los.

— Aaaah! — Shippo se lamentou e Kirara miou, um tanto contrariada.

— Eu acho ótimo, menos trabalho para mim. — Inuyasha resmungou mal humorado.

— Você diz isso porque não tem a Kagome para ir com você! — Shippo acusou mal criado e logo em seguida a mão em punho do meio youkai acertou-lhe a cabeça — BUAAA!! SANGO-CHAAAN!

O pequeno youkai correu para o colo da exterminadora, seus olhinhos cheio de lágrimas e um galo nascendo na cabeça.

— Acho que você mereceu dessa vez, Shippo-chan. — ela disse em tom de desculpas, mesmo o aceitando em seu colo.

— BUAAAAA!

OoOoOoOoOoOoOoOoOo

Com o nascer do sol, dois dias depois, Sango e Miroku deixaram a vila para trás.

Andaram por algumas horas em silêncio, Sango estava um pouco inquieta, porém calada. Miroku sabia que ela estava assim por estarem casados há seis meses, mas até o momento as regras dela vinham normalmente, anunciando que não haviam concebido uma criança. Miroku não se sentia de forma alguma frustrado, sempre dizia que o melhor era tentar, mas Sango se sentia frustrada, como se não tivesse dado a ele o que prometeu. Ele também sabia que ela havia topado aquela viagem por realmente achar que tinha algo errado consigo e que a benção das entidades do templo pudesse dar um filho para eles.

— Estava sentindo falta de viajar assim. — ele resolveu comentar, caminhando mais próximo dela.

— Oh, eu também! — ela afirmou, corando com a aproximação — Desde que derrotamos o Naraku não saímos daquela vila, sinto falta de andar, conhecer novos lugares…

— Você gosta de ser uma Exterminadora, não é? — Miroku perguntou com um sorriso.

— Eu gosto. — ela respondeu e deu um pequeno sorriso.

— Não é algo que eu gostaria que você abandonasse. — Miroku disse.

Sango riu.

— Não estou abandonando, Senhor Monge. — ela respondeu — Eu prometi para você que nos casaríamos e eu te daria um filho, não? É o que quero fazer, além de tudo. Depois, quando nossos filhos forem maiores…  — ela deu de ombro — Afinal, também, depois da derrota do Naraku os youkais estão mais quietos, não é como se precisasse do meu trabalho imediatamente.

— Você tem razão… — Miroku murmurou — Não tinha pensado por esse ponto. Estou feliz que está resolvida com isso.

— E o senhor está feliz de ter casado comigo? — ela perguntou, desviando o olhar para que ele não pudesse ver a insegurança contida nele e as bochechas coradas.

Miroku parou e Sango demorou um momento para perceber, tendo que virar de costas para o caminho para olhá-lo com curiosidade. Os olhos dela se arregalaram quando ele chegou mais perto e contornou sua cintura com um braço, o outro mantinha seu báculo firme na mão. Miroku a trouxe para si e ela espalmou as mãos em seu peito, surpresa com a atitude repentina.

— O que faz você continuar dizendo essas coisas? — ele resmungou — É claro que estou! Você não ter concebido um filho meu ainda não muda isso. Por Buda, Sango! Nem se tivéssemos a vida inteira sem filhos, só nós dois, eu ainda assim seria feliz em estar com você!

O rosto de Sango corou mais com a declaração e ela perdeu a força nos braços que era a única coisa que ainda a mantinha um tanto longe do corpo de Miroku. O monge aproveitou a surpresa de sua esposa e a trouxa ainda mais para perto, selando seus lábios nos dela.

Sango demorou um momento para ceder, constrangida com o ato repentino e o local. Mas os lábios de Miroku tinham um poder estranho sobre si que faziam suas pernas amolecerem e seu coração disparar desenfreadamente desde a primeira vez que tocou os seus. Ela se entregou ao beijo, deixando por um momento que a língua dele adentrasse sua boca e encontrasse a sua, seus braços enlaçando o pescoço dele. Miroku encerrou o beijo aos poucos, mas mais rápido do que seria o desejo dos dois.

— Se-senhor Monge… — Sango sussurrou, abaixando o rosto corado para que ele não pudesse ver.

Miroku riu de leve e a trouxe para seu peito, onde ela encostou a cabeça.

— E eu acho que já passou da hora de você começar a me chamar pelo nome, não? — ele perguntou.

— Acho que sim… — ela respondeu, ainda constrangida.

Miroku a soltou aos poucos e Sango se afastou, virando de costas devagar. Miroku continuou caminhando muito próximo, mas Sango não achava aquilo ruim.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

Foi necessário uma semana de caminhada para que chegassem ao seu destino, com uma parada de dois dias em um vilarejo pelo caminho para exterminar um youkai.

O Templo Awashima Jinja era uma construção tradicional e bonita do lado de fora, em tons vermelhos e dourado e muita madeira. Como a senhora Kaede havia dito, aquela época era muito usava para peregrinação de moças grávidas ou casais recém casados e mesmo do lado de fora já havia bastante gente. Por dentro, o templo era bem cuidado e ornado com centenas de bonecas de formatos e cores diferentes.

Durante três dias, Miroku e Sango passearam pelo local, conhecendo o templo e seus arredores, e fizeram rezas e meditações, fazendo os pedidos que os levaram até ali: O tão desejado filho saudável e prosperidade e felicidade em seu casamento. Miroku estava centrado como poucas vezes Sango havia visto e ela sentia-se um pouco apreensiva por conta disso. Apesar das palavras acalentadoras ditas por ele pelo caminho, ela tinha receio que não pudesse conceber uma criança e que Miroku se frustrasse com isso.

No quarto dia, quando se preparavam para ir embora, um dos sacerdotes do templo os abordou:

— Espero que estejam planejando ficar pelo povoado essa noite. — o homem baixinho e careca disse em sua voz fina.

— Na verdade, estávamos prontos para partir. — Miroku respondeu, coçando a nuca.

— Oh, não, não! — o sacerdote exclamou — Vocês vieram atrás de bênçãos para o casamento de vocês, tenho certeza. E a jovem deve estar esperando uma criança, estou errado?

— Infelizmente sim, senhor sacerdote. — Sango respondeu com um leve rubor nas bochechas.

— Oh, então devem ficar mesmo! — o sacerdote insistiu — Hoje teremos um festival, o Hina Matsuri, o festival das bonecas e das meninas. Tenho certeza que vão se divertir, tem muita festa, comida, bebida e nossas meninas são presenteadas, sua beleza e talentos são exaltados. Não conheço um único casal que não tenha participado do festival com a intenção de ter filhos que não tenha tido uma menina saudável e formosa depois de nove luas cheias.

Sango corou mais com a afirmação do sacerdote, mas olhou para seu marido. Miroku a encarava também e deu de ombro, como quem diz que não tem nada a perder.

— Vamos ficar então. — ela murmurou e o sacerdote sorriu.

— Fico feliz. — ele respondeu — Com certeza vão alcançar as bênçãos que vieram pedir.

OoOoOoOoOoOoOoOoOo

O povoado estava todo enfeitado com lanternas de papel e origamis, as barracas onde costumavam-se vender coisas cotidianas estavam cheias de bonecas, barquinhos, comida e bebida, além de alguns jogos para as crianças.

O monge e a exterminadora de youkais não demoraram para se sentirem à vontade naquele local com clima tão aconchegante. Passearam pelo povoado lado a lado, se divertindo com as brincadeiras das crianças, as meninas bem arrumadas, muitas usavam quimonos novos. Dava para ver que as pessoas daquele povoado não eram necessitadas, mas também não eram nobres. O templo parecia atrair muitos visitantes e o local tinha um comércio diversificados e muitos viajantes, o que gerava mais renda para o povoado e seus habitantes. Também comeram, beberam e praticaram o “Hina Nagashi”, uma tradição de purificação que explicava a bonecas e barquinhos de palha sendo vendidos, pois consistia em colocar as bonecas nos barquinhos e lançá-los no rio, deixando a correnteza levar e, junto, seus pecados.

Jogaram alguns jogos nas barracas e, quando já era tarde e já havia acontecido a apresentação das meninas, que eles se divertiram assistindo, Sango se encostou em Miroku. Ela sentia-se um pouco tonta, não estando acostumada a beber. Miroku notou o estado da esposa e, um tanto preocupado, achou melhor procurar uma hospedaria para passar a noite. Por sorte o vilarejo ao qual exterminaram um youkai na ida havia pago em dinheiro e havia sobrado uma boa quantia até ali.

— Eu estou bem. — Sango murmurou, quando já estavam dentro do quarto simples destinado a eles. Ela parecia bem mesmo, só um pouco tonta, mas Miroku preferiu um pouco de conforto para aquela noite — Não precisava, podíamos…

Miroku se aproximou dela e Sango arregalou os olhos quando ele a trouxe para perto de si, a rodeando com os braços.

— Eu sei que você está bem. — ele respondeu com um sorriso malicioso que fez Sango corar mais — Mas eu acho que já podíamos começar a dar uma ajudinha ao divino para nossos pedidos se realizarem.

— Miroku… — Sango murmurou, envergonhada, mas também tinha um sorrisinho.

— Oh, você me chamou pelo nome! — ele exclamou fingindo surpresa e ela riu. — Gosto do meu nome na sua voz. — ele declarou, baixando o rosto a alcançando o pescoço dela, onde depositou um beijo.

— Miroku… — Sango sussurrou de novo, dessa vez por conta do arrepio que cruzou sua coluna por conta do contato dos lábios do monge em sua pele.

— Assim ainda mais. — ele murmurou em seu ouvido. — Você ouviu o que todos disseram hoje? É o dia das meninas… Todas as meninas tiveram mimos durante a noite e agora eu que vou mimar você.

— Acho que estou ansiosa para isso. — Sango respondeu em um momento de coragem, levantando o rosto e o encarando. Suas bochechas coradas fizeram o monge sorrir e ela própria selou seus lábios nos dele.

— Ah, Sango… — Miroku chamou-a entre seus lábios juntando mais os corpos.

Separaram-se do beijos e os olhos se encontraram. Miroku também estava corado, mas Sango sabia que era mais por conta da bebida do que da situação. Ela sentiu as mãos dele em sua cintura, soltando o obi de seu quimono enquanto ele lhe guiava em direção aos futons dispostos no chão, os lábios de volta no seus.

OoOoOoOoOoOoOoOo

Nove luas cheias depois...

O silêncio da noite alta foi cortado por um grito e logo depois um bebê chorou com força. Dentro da cabana de madeira, deitada em um futon e com o rosto coberto de suor, a exterminadora de youkais recebia o pequeno embrulho de tecidos onde estava seu tão desejado e esperado filho dos braços da velha sacerdotisa. Rin, ao lado dela, tinha a expressão em uma mistura de susto, incredulidade e nojo.

— É uma menina. — Kaede anunciou assim que Sango recebeu o bebê em seus braços, virando-se de lado para apoiá-la entre seu corpo e o futon.

— O sacerdote do templo de Awashima Jinja disse que seria. — Sango comentou, sua respiração começava a se normalizar. Seu coração encheu-se de ternura e sentiu-se arrebatada com um amor que não sabia ser possível sentir quando seus olhos pousaram no rosto amassadinho de sua filha. Era ainda mais intenso do que quando ela estava na barriga, algo que ela achava até aquele momento impossível  — Olá, minha pequena. Mamãe estava ansiosa para conhecer seu rostinho.

Kaede sorriu para as duas e olhou para o lado, onde Rin aos poucos amenizava a expressão assustada. A velha sacerdotisa sentiu vontade de rir, mas teve pena da garota o suficiente para não fazê-lo. Ela bem lembrava de como foi a primeira vez que viu um parto, tendo mais ou menos a mesma idade da garotinha.

— Agora você sabe de onde vem os bebês. — Kaede não deixou de comentar, entretanto.

— Eu acho que preferia ficar não sabendo. — Rin afirmou, o que fez Sango e Kaede rirem.

Kaede se levantou com dificuldade, se apoiando em um cajado.

— Eu vou buscar o pai ansioso dessa criança, ele deve estar fazendo um buraco no chão da minha casa. — Kaede afirmou. — Deixe as pernas dela coberta, Rin, ainda tem que expelir a placenta e isso pode demorar um pouco.

Rin e Sango riram da afirmação da velha senhora sobre Miroku e Rin assentiu a respeito da instrução que foi dada, com uma nova careta. Kaede saiu por menos de um minuto e logo depois adentrou novamente a cabana, acompanhada de Miroku, que suava frio.

O monge ajoelhou depressa ao lado da esposa e tocou seu rosto suado.

— Você está bem? — ele perguntou primeiramente, depois seus olhos desceram para o embrulho ao lado de Sango e ele exclamou — Meu Buda! Eu sou pai! Não posso acreditar… É menina mesmo?

— É sim e estou bem. — Sango respondeu com uma risadinha e então olhou para a filha que fitava os dois com olhos escuros, os cabelinhos no topo de sua cabeça eram ralos e arrepiados. — Nosso pequeno brilho, Akemi.

— Akemi — Miroku repetiu com um sorriso bobo e fitou a bebê e Sango por um tempo, parecendo não saber o que fazer.

— Quer pegá-la? — Sango perguntou depois de um momento.

Miroku arregalou os olhos.

— Eu posso? — ele perguntou deslumbrado.

O riso de Sango foi seguido pelo de Rin e Kaede, que ainda estavam no local, arrumando tudo para o casal e a filha poderem passar a noite com tranquilidade.

— Claro, Miroku! — Sango respondeu — É sua filha também.

Miroku assentiu, ainda abobado, e Sango transferiu o bebê com delicadeza de seu colo para o dele, ainda risonha. Miroku recebeu a filha meio desajeitado, mesmo não sendo a primeira vez que pegava um bebê no colo. Seu coração disparou, pareceu inchar no peito e um sensação eufórica ainda maior de felicidade, que o acompanhava desde que Sango havia anunciado a certeza da gravidez, tomou-lhe. Ele era pai e a sensação de olhar para aquela pequena criança de olhos tão parecidos com os de Sango e saber que ela era parte sua era indescritível.

— Ela vai parecer com você. — Miroku declarou, voltando seus olhos para sua esposa, mas essa tinha o cenho franzido. — O que foi, Sango? — ele perguntou apressado e preocupado.

— Eu… Estou… — ela mordeu o lábio por um momento, fazendo uma careta, que se repetiu no rosto de Rin. Miroku olhou para Kaede, mas ela parecia tão perdida quanto ele até que sua esposa terminou: — Contração.

Kaede arregalou seu único olhos visível e voltou a se ajoelhar entre as pernas da exterminadora, olhando e tocando-a  por debaixo do lençol que a cobria.

— Senhor Monge, acho melhor você esperar lá fora com a pequena Akemi. — ela mandou. — Rin, pegue mais toalhas.

— O...que? — os casal se expressou em unisono, preocupados e assustados.

A velha senhora riu enquanto a garotinha atendia sua ordem sem pestanejar e Miroku e Sango olharam de uma para a outra, desesperados.

— As bênção do templo Awashima Jinja são muito boas mesmo. — Kaede afirmou — Ou vocês rezaram mesmo com muito afinco, porque aqui está vindo mais um bebê.

Os olhos do casal se arregalou e eles trocaram um olhar, descrente.

— Você só pode estar brincando! — Sango exclamou, mas logo depois gemeu, sentindo a pontada de outra contração.

— Eu acho que isso responde. — Kaede afirmou ainda risonha — Vamos Senhor Monge, daqui pra fora!

Miroku encarou a sacerdotisa um tanto aturdido e respirou fundo.

— Eu… Volto para ver você e nossa outra menina logo. — ele afirmou, se abaixando e depositando um beijo na testa de Sango

— Como sabe que é outra menina? — Sango perguntou baixo, antes dele se afastar.

Miroku sorriu maroto, arrumando o bebê em seus braços e respondendo só para Sango ouvir:

— Oras, porque elas foram concebidas no Hina Matsuri.

Sango riu, mas logo outra contração a fez gemer e Miroku se levantou, deixando a cabana, mas não sem antes lançar um último olhar para a esposa. Sentia-se um tanto perdido com o bebê em seu colo, sozinho do lado de fora, mas ao mesmo tempo havia muita ternura em ter a filha por alguns momentos só para si.

Atravessou o caminho breve entre a cabana e a casa de Kaede. Era inverno e estava muito frio para um bebê recém nascido ficar do lado de fora. Lá dentro, em volta de uma fogueira, Inuyasha, Shippo, Kirara e Kohaku, que viera para visitar a irmã e o sobrinho não nascido, sem saber que chegaria bem no dia do nascimento, esperavam notícias.

— O que aconteceu com a Sango-chan? — o youkai raposa perguntou preocupado — Por que você está com o bebê?

Todos olharam para ele em choque. Miroku arregalou os olhos, entendendo o que eles pensaram ao vê-lo entrar com o bebê sozinho.

— Não! — ele exclamou — Sango está bem… É só que… As bênçãos do Templo Awashima Jinja são muito boas. — e ele sorriu para o bebê em seu colo, que começou a choramingar. — Oh! Calma, pequena, sua mãe e sua irmã já, já estão com a gente.

— Irmã?! — Inuyasha, Shippo e Kohaku exclamaram juntos.

— É o que eu disse: as bênçãos do Tempo Awashima Jinja são boas. — Miroku respondeu com uma pequena risada. — São gêmeas.

— Duas meninas? — Kohaku perguntou espantado e Miroku assentiu, entretido com a bebê em seu colo — Como você sabe se o outro não nasceu?

— Sabendo. — Miroku respondeu com um sorriso brincalhão.

Aproximadamente uma hora depois, Rin entrou pela porta da cabana para chamar Miroku. Ao sair do lado de fora, neve começava a cair e ele apertou mais a bebê em seus braços contra si, buscando esquentá-la no caminho até a outra cabana.

A visão que teve quando passou pela porta foi de Sango deitada de lado, seu rosto mais cansado e mais suado, mas seus olhos brilhavam enquanto olhava o outro embrulho ao seu lado. Ele deu um grande sorriso, o que foi correspondido por sua mulher quando os olhos dela chegaram nele, mesmo exausta, e se abaixou ao lado dela, levando os dois bebês um para perto do outro, deitados ao lado da mãe. Um pareceu sentir o outro, pois assim que foram colocados lado a lado, buscaram contato entre si.

Sango e Miroku sorriram, cheios de carinho.

— Você tinha razão. — Sango murmurou — É outra menina.

Miroku assentiu.

— Eu acho que ela pode se chamar Yuki, então. — Miroku declarou, tocando o topo da cabeça da outra bebê, duplamente encantado. — Você pode não acreditar, mas ela chegou junto com a neve.

— Yuki. — Sango concordou.

Kaede deixou-os juntos por mais alguns minutos antes de Miroku ter que se retirar mais uma vez para que pudessem limpar Sango e deixá-la confortável para passar o resto daquela noite fria.

Quando o monge voltou para a cabana, Sango estava sentada, confortavelmente apoiada, de forma que conseguisse amamentar as duas crianças ao mesmo tempo. Miroku sentou-se ao lado dela, encantado com a cena, seus olhos brilhavam de amor, assim como os de Sango, fitando os dois frutos do amor deles se alimentando calmamente.

Da porta, Kaede e Rin se preparavam para sair. Mas a velha sacerdotisa sorriu para o casal antes de deixar a cabana, pensando como as bênçãos do Templo Awashima Jinja eram boas de verdade.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de dizer que gostei muito de escrever essa fanfics. Estava com uma saudade que eu não fazia ideia desse anime, que desde meus 12 anos é o meu favorito, e de escrever sobre seu universo. Sango e Miroku é um shipp que eu sempre amei e ter eles cannon no final do mangá foi uma realização muito grande ♥ Não me recordo de ter saído em nenhum lugar o nome dos filhos deles, então as gêmeas ficaram chamando Akemi e Yuki.

Eu tenho uma história muito curiosa sobre esse cannon MirSan: Quando eu era criança e comecei a me interessar por fanfics, eu escrevi uma "continuação" pro anime com os filhos dos personagens. O mangá ainda estava em publicação e eu coloquei na história que Sango e Miroku teriam gêmeas e um menino.
Eu nunca achei que isso fosse possível no mangá por N motivos, mas quando li o ultimo capitulo que encerrava a história, eu quase cai para trás hahaah Eu realmente não acreditava que eu tinha acertado, tanto o numero de filhos quando a ordem de nascimento e incluindo o fato de serem gêmeas. Eu sempre quis dividir essa história com todo mundo, mas não tinha tido a oportunidade até hoje hahaha

No mais, agradeço a Akemihime que betou a história e a você que se deu ao trabalho de ler até o aqui ♥



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