Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 72
No caminho da floresta


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, capítulo normalmente no domingo.

Boa leitura! :)



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Depois da bola motorizada de Luís ter saído do controle, levando Anne e Luciano para o lado oposto do Lago do Coqueiro, os dois teriam que retornar ao local de encontro dos amigos sozinhos. E isso não agradava em nada o ciumento Luís.

—Não precisa se preocupar, Briana - disse Luís, fazendo um cafuné no cabelo da irmã de Anne (ele não precisou se abaixar, já que eles tinham quase a mesma altura) - Eu vou agora mesmo buscar sua irmã.

—Não estou preocupada - disse ela - O Luciano está com ela, né?

“Mas essa é justamente a minha preocupação”, pensou ele.

—Mas não sei se Luciano é forte o bastante para proteger a meiga e frágil Anne - disse Ian - Não precisa se preocupar, princesa. Eu trarei sua irmã sã e salva para cá.

“Não chama ela de princesa, idiota!”, pensou Samanta, se mordendo de raiva.

—Frágil e meiga? - perguntou Briana - Estamos falando da Anne mesmo?

—E...você conhece bem esse lugar, Ian? - perguntou Ema, cruzando os braços com um olhar cético.

—Já vim aqui algumas vezes - disse ele.

—Mas nunca saiu dessa região mais aberta, né? - lembrou Kelly.

—Bem...não deve ser difícil, não é? - falou Ian - Basta seguir a trilha.

—Se é tão fácil… - lembrou Ema - Então não há com o que se preocupar. Eles chegarão aqui rapidinho, rapidinho.

—M-Mas - tanto Luís quanto Ian gaguejavam.

—Ei, vocês dois - soldado Caxias tomou a dianteira - Se a senhorita Ema falou que está tudo bem, então está tudo bem. Obedeçam. E lembrem-se que, mesmo à paisana, ainda sou o policial aqui.

—T-Tudo bem - disseram Ian e Luís, afinando diante da autoridade policial. Ema apenas sorriu disfarçadamente.

“Ema!”, pensava Luís, se mordendo de raiva internamente.

Enquanto isso, Luciano e Anne retornavam pela trilha. O sol estava bem quente, mas as folhagens das árvores faziam sombra para evitar qualquer insolação. 

—Você sabe o caminho de volta mesmo, né? - perguntou Anne.

—É só seguir essa trilha - falou Luciano - Já passei por aqui várias vezes quando era criança. Conheço essa região como a palma da minha mão.

—Quantas vezes você olha para a palma da sua mão por dia? - perguntou a garota.

—Vai confiar em mim ou não? - indagou Luciano.

—E eu tenho escolha?

—Não, não tem.

Anne apenas suspirou.

—Ai, como é ruim pisar descalça nessa terra - falou Anne - E ainda tem que andar tudo isso até chegar lá.

—Deixa de ser fresca! - respondeu Luciano - É só colocar seu pé na água depois.

—Precisa gritar assim?

—E você precisa ficar em cima do meu ouvido que nem um gralha?

—Ai, mas eu mereço, viu? - reclamou Anne - Tinha que ser obrigada a andar uma trilha toda justo com você.

—Eu é que tinha que estar achando ruim por ter que andar isso tudo na companhia de uma chata que nem você! - retrucou Luciano - Sua ingrata!

—Tá, foi mal - disse Anne - É que isso me deixou estressada.

Mais do que estressada, também faminta. O estômago de Anne roncou bem naquela hora.

—Foi você? - perguntou Luciano.

—É - assumiu Anne, colocando a mão na barriga - Já tá na hora do almoço, né? Acho que já estou até sentindo o cheirinho do churrasco que o Caxias tá fazendo.

—Peraí… - falou Luciano, olhando para os lados - Ah, ali.

Luciano saiu um pouco da trilha e se enfiou no meio da floresta.

—Ei, Luciano. Onde você vai?

—Espera um pouco. Não sai daí! - disse ele.

—Será que...ele foi tirar água do joelho? - pensou Anne.

Mas Luciano só entrou um pouco na floresta porque sabia que tinha algumas árvores de jabuticaba ali naquela região. Ele observou que tinha algumas delas no chão enquanto caminhava e não demorou para achar uma jabuticabeira por ali. Animado, o rapaz começou a pegar algumas, isso até ouvir um grito. É, era a Anne. Luciano correu rapidamente para onde ela estava.

—O que foi? - perguntou o garoto.

—Uma cobra - disse ela - Juro que vi uma cobra.

—Cobra? É, deve ter algumas por aqui - disse o garoto.

—E é só isso que você me fala, seu irresponsável? - bronqueou Anne, já dando uns tapas nele - Ela passou bem aqui, debaixo do meu pé. Achei que meu coração fosse sair pela boca!

—Para, para de me bater! - respondeu Luciano.

Sim, Anne para de bater, mas a expressão dela não era das melhores.

—Ai! - exclamou Anne.

—O que foi? - perguntou Luciano.

—Picou - os olhos de Anne pareciam arregalados.

—O quê? - Luciano também arregalou os olhos.

—A cobra...a cobra me picou, Luciano - disse Anne, já começando a chorar - Pelo amor de Deus, Luciano. Faz alguma coisa.

—Ai, caramba. O que eu faço? Não tem kit de primeiros socorros aqui.

—Me leva pro Caxias agora. Preciso ir para o hospital!

—Tá, tá bom, eu te carrego - Luciano estava prestes a pegar Anne no colo, quando ela começa a grita de novo.

—Ai, de novo!

—O quê?

—Fui picada de novo - disse ela - Bem aqui, no tornozelo.

Luciano olhou para baixo e viu um galho um pouco mais pontudo, bem perto do pé de Anne.

—Uma cobra te picou? Mesmo? - perguntou Luciano, olhando para baixo com cara de deboche.

—É! O que mais pode ter sido?

—Anne, você já foi picada por uma cobra alguma vez na vida?

—Não! Claro que não! Nunca vim para um fim de mundo que nem esse!

—Foi uma picadinha assim, por acaso? - disse Luciano, pegando o galho e cutucando o tornozelo da garota.

—Isso, assim mesmo, idêntico e…

Luciano não conseguiu disfarçar o riso.

—Espera, foi um galho?

—Foi. Só um galho. Você tira boas notas, mas é bem burrinha, heim?

Anne voltou a chorar, mas agora mais de raiva.

—Cala essa boca! Cala a droga da boca! Você sai e me deixa sozinha aqui! Eu vi, eu juro que vi uma cobra passando bem perto meu pé! E se ela tivesse me picado? - Anne falava chorando e também batendo.

—Ei, calma!

—Calma, nada! - continuou a garota - E se ela tivesse me picado? E se eu tivesse morrido? Heim? A culpa ia ser sua! Sua! Por que você me deixou aqui sozinha? Por que você me detesta tanto assim, Luciano? Que droga!

—Calma! - Luciano agarrou os braços de Anne - Se acalma! Não aconteceu nada! Fica calma, garota.

—Não fico! Eu quero ir embora! Eu quero...quero voltar pra minha cidade! Por que meus pais vieram pra cá? Por que vim parar aqui com um idiota que nem você? Por quê?

—Dá pra ficar calma! - gritou Luciano, pela primeira vez realmente nervoso - Para de chorar! Agora!

Anne mordeu os lábios, mas ainda tinha uma expressão chorosa.

—Sabe o que eu fui fazer, sua ingrata? - disse ele - Fui pegar um pouco de jabuticaba. Tem uma jabuticabeira bem ali, sua imbecil! Você não falou que tava com fome?

—Ja...jabuticaba? - balbuciou Anne, um tanto surpresa com esse ato de gentileza.

—É. Não queria te ouvir reclamando a volta toda e achei que seria melhor arranjar algo para você comer. Mas, não, nada do que eu faço tá bom pra você, né?

—Eu...eu… - Anne continuava chorando, mas sua raiva parecia ter diminuído.

—Quer saber? Você não passa de uma menina mimada! Uma patricinha que quer tudo na mão! - desabafou Luciano.

—Tudo na mão - repetiu Anne, agora voltando a ficar nervosa - Cala a boca! Você não sabe nada da minha vida!

—E você não sabe nada da minha! - rebateu Luciano - Não sei o que eu te fiz. É você que vive implicando comigo!

—Eu? Eu? É você que tá sempre me enchendo!

E os dois continuavam discutindo. Luciano continuava segurando o braço de Anne e ela continuava chorando com raiva. Os dois estavam bastante irritados, mas não tiravam os olhos uns dos outros. Só que enquanto mantinham seus olhares fixos um no outro e enquanto descarregavam seus sentimentos naquele momento raro seus rostos acabaram se aproximando e, algo incompreensível pela razão aconteceu: um beijo. Luciano e Anne se beijaram. E quando falo beijo é um beijo mesmo, boca na boca, lábios nos lábios. E os dois pareciam querer isso. A iniciativa parece ter partido igualmente de ambos.

E agora? Que rumo essa história vai tomar?


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Notas finais do capítulo

Demorou, mas saiu um beijo, né?

Aguarde o próximo capítulo. Até! :)



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