—É, minha querida - disse doutor Renato com uma expressão séria - Você vai precisar tomar uma injeção daquelas.

—O quê?! - exclamou Anne, pasma, depois de tossir mais um pouco.

—Pode parar de frescura! - disse Carla, a mãe dela - Se o doutor está dizendo para tomar injeção, então você vai tomar injeção!

—Mas, eu…

Antes que Anne terminasse de falar, o médico começou a rir.

—É brincadeira! - disse ele - Você só está com uma gripe comum. Descanse bem hoje, tome umas aspirinas e amanhã já estará bem melhor.

Anne suspirou aliviada.

—Bom, um dia sem escola e trabalho não vai matar ninguém - comentou a mãe.

—Acho que vai ser bom descansar um pouco - concordou Anne.

—Mas é claro que vou descontar esse dia do seu pagamento - disse Carla.

—É, já esperava por isso… - falou Anne, chateada, porém conformada.

Vamos explicar melhor o que aconteceu. Nossa heroína, Anne Montecarlo, acordou com coriza, tosse, dor de cabeça e até um pouco de febre em uma manhã de dia útil. Sua mãe a levou ao pronto-socorro da cidade e, atendida pelo médico local, doutor Renato (também conhecido como pai da Kelly), recebeu esse diagnóstico. Essas coisas acontecem.

—Então você vai ficar aí, quietinha, descansando, tudo bem? - disse a mãe dela.

—Tá bom - concordou Anne, já fechando os olhos para dormir.

—Não abra a porta para estranhos, tudo bem? - reforçou a mãe.

—Tá - disse a filha, querendo dormir.

—Deixei um pouco da janta de ontem na geladeira. Vê se come, tá? 

—Tááá - respondeu Anne, quase colocando o travesseiro na cara.

—E descansa, viu? Vê se não vai ficar no celular o dia inteiro ou sua dor de cabeça só vai aumentar!

—Estou tentando descansar, mãe! - reclamou Anne.

—E falar direito comigo! Sou sua mãe e me preocupo com você, sua ingrata!

—Não estou sendo ingrata...ah, deixa pra lá.

A manhã de Anne foi tranquila. Ela dormiu por mais algumas horas e, ao despertar, viu que sua dor de cabeça já tinha melhorado um pouco. Depois de ir ao banheiro, deitou por mais um tempo, acordou na hora do almoço, comeu e, ao voltar para o quarto, decidiu assistir um pouco de televisão, coisa que não fazia há muito tempo.

—Ah, é. A gente não tem Netflix aqui - lembrou Anne - Meu pai amado, até tinha esquecido que não tem nada que preste na TV aberta.

Sapeando um canal aqui, outro ali, Anne quase começou a cochilar de novo, quando ouviu alguém bater na porta do seu quarto.

—Anne! Cheguei! - era a voz de Briana.

—Briana? - Anne se levantou e foi abrir a porta. Ela estava junto com suas amigas Kelly e Ema.

—Oi, viemos fazer uma visita! - disse Kelly.

—E aí? - cumprimentou Ema.

—Ah, oi, gente. Tudo bem? - disse Anne - Ué, achei que você ia ficar no restaurante, Briana.

—A mamãe achou que seria melhor vir para casa - disse a irmã mais nova - Ela disse que você poderia precisar de alguma coisa e mandou eu cuidar de você!

—Normalmente é a irmã mais velha que cuida da mais nova, né? - comentou Kelly.

—Aqui em casa as coisas são um pouco diferentes - comentou Anne.

—E como você está? - perguntou Ema - Soubemos que pegou uma gripe feia.

—É...mas já estou bem melhor - disse Anne - Acho que amanhã já posso ir para a escola.

—Que bom - disse Kelly - Seus fãs ficaram muito preocupados.

—Fãs? - perguntou Anne.

—É, estamos falando do…

—Anne, querida! - disse Ian, chegando na porta do quarto da garota - Você...você está bem? Está viva? 

—Quem deixou você entrar? - foi a primeira reação de Anne.

—Sua gentil irmã deixou - disse Ian, enquanto chorava de emoção.

—A Briana devia ser mais cuidadosa - reclamou Anne, coçando a cabeça.

—Não precisa se preocupar, minha querida Anne - disse ele - Trouxe flores para você.

Infelizmente, as flores só fizeram a pobre Anne espirrar mais.

—Sua gripe está bem forte mesmo - disse Ian.

—Não é isso. ATCHIM! - disse Anne, em meio aos espirros - É que sou alérgica a esse tipo de flor.

—Mesmo? Alérgica? - disse Ian, preocupado - Queira me perdoar. Aqui, já tirei.

—Obrigada - disse Anne, um pouco mais aliviada de ter se afastado do buquê.

—Eu realmente não sabia. Por favor, me bata. Castigue seu servo incompetente! - exclamou Ian, praticamente se colocando de joelhos no chão.

—Deixa de ser idiota - retrucou Anne - Você é dramático demais.

—Bem, sinal de que ele realmente gosta de você, né? - disse Kelly.

—Mas não precisa exagerar… - comentou Anne.

—É verdade - disse Ema com um sorrisinho sapeca - Todos sabemos quem é sua alma gêmea...o Luciano.

—Ai, não começa - reclamou Anne.

Enquanto isso, Luciano também espirrou. Ele estava junto com seus amigos, Luís e Carioca, mais precisamente, na garagem da casa de Luís.

—Tá gripado também, bicho? - comentou Carioca.

—Não, foi só um espirro mesmo - disse Luciano - Se bem que nos animes isso acontece quando alguém está falando mal de você.

—Consegui! Achei! - disse Luís.

—Finalmente - falou Luciano - Podemos ir embora?

—Claro. Agora tenho um presente perfeito - disse Luís - Uma das minhas primeiras invenções: uma máquina fotográfica voadora.

—E o que essa coisa faz? - perguntou Carioca.

—É praticamente um drone que tira fotos, mas ele é programado para achar o melhor ângulo - disse Luís - Darei de presente de melhoras para a Anne.

—Será que ela vai curtir isso? - indagou Carioca.

—Claro que vai. Meninas adoram tirar foto! - disse Luís.

—Mesmo a Anne? Não tem muita coisa no Insta dela - falou Carioca.

—Ela só deve ser reservada - falou ele - Vamos lá! A Anne está aguardando a minha visita!

—E a gente precisa ir também? - perguntou Luciano.

—Bom, é nossa colega de sala, né? Seria bom fazer uma visitinha - disse Carioca - Além disso, ela é nova na cidade. Ela vai se sentir acolhida.

—Todo mundo puxando o saco dela só vai deixar a menina mais metida do que já é - reclamou Luciano.

—Deixa de besteira. Tu não detesta ela tanto assim, detesta? - perguntou Carioca.

—É...não detesto, mas também não sou um fã - disse Luciano.

—Vambora. Além disso, o Luís vai encher o saco se não formos com ele. Ele disse que é ir em grupo é um bom pretexto para poder entrar na casa da Anne - continuou Carioca.

—Tá bom. Vamos lá - aceitou Luciano.

É, vamos ver no que vai dar essa visita.