Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 158
Frustração




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Beni, Briana e Gustavo continuavam em sua jornada para encontrar a última peça do quebra-cabeça que, quando completo, supostamente daria as condições para Beni cumprir sua missão de salvar o mundo (pelo menos na cabeça dele). Gustavo, por sua vez, estava disposto a ajudar os garotos para ganhar a permissão do doutor Renato para se casar com Kelly. Já Briana, bem, estava nessa só pela diversão mesmo.

O trio tinha entrado na caverna em que supostamente o detentor do quebra-cabeça escondeu a última peça e seguiram uma placa feita em cartolina que apontava para um dos caminhos da bifurcação que encontraram. Será que eles fizeram a escolha certa?

—Estava pensando numa coisa - disse Beni.

—O que foi? - perguntou Briana.

—E se a placa já era uma armadilha? E se ele deu uma informação falsa para nos enganar? - considerou Beni.

—Será que ele faria isso? - indagou Briana.

—Você é muito inocente e acha que as pessoas não mentem - disse Beni, o garoto que estava sendo enganado por um vendedor ambulante e um médico brincalhão o tempo todo - Lembre-se que ele está escondendo algo importante.

—É - concordou Gustavo - Acho que o Beni tem razão.

Gustavo apontou com a lanterna para uma enorme parede. Pelo jeito era o fim da linha.

—Ah, é só a gente voltar - disse Briana.

—Verdade - disse Gustavo - Isso só nos atrasou. Achei que teria uma armadilha aqui e…

Mas foi só Gustavo terminar essas palavras que o frágil solo em que os três estavam se desfez e todos caíram em um buraco. Na verdade, parecia um escorregador, um tobogã ou algo assim. Só ouvimos o grito dos três escorregando ali para, no fim, caírem em um monte de panos velhos que amorteceu a queda. Na verdade, Gustavo caiu primeiro e as crianças caíram em cima dele.

—Desculpa - falou Briana.

—Tudo bem. Faz parte do treinamento - falou Gustavo.

—Mas foi divertido - disse ela - Vamos de novo?

—Isso não é aqui brincadeira! - reclamou Beni - Estamos em uma missão séria, lembra? Viemos pegar a última peça.

—Ah, sim. É verdade - disse Briana - No fim, era uma armadilha mesmo.

—Será que viemos para um caminho certo ou errado? - perguntou Gustavo.

—Acho que é o caminho certo - falou Beni - Olha ali.

Aproveitando a direção que a luz da lanterna de Gustavo estava atingindo, Beni apontou para uma caixinha em cima de um pedestal com uma placa contendo as palavras “última peça”.

—Será que é isso? - perguntou Gustavo - No fim, a placa estava apontando para o lugar certo.

—É. Então a armadilha não era armadilha. Ou será que era? Ai, tá confuso - disse Briana.

—Tá. Vamos ver se é mesmo - disse Gustavo, se aproximando do pedestal e pegando a caixinha que estava ali. Ele abriu e viu que, de fato, era uma peça.

—É. É isso mesmo. É uma peça de quebra-cabeças - disse Gustavo, feliz.

—Sério? Sério mesmo? - falou Beni - Então conseguimos? Fácil assim?

—É o que parece - comentou Briana - Que demais!

—No fim, não foi tão difícil assim - disse Gustavo.

Mas foi só ele terminar de falar essas palavras que um barulho começou a ser ouvido. Ao tirar a caixinha do pedestal, Gustavo ativou um mecanismo que fez uma enorme pedra rolar na direção deles.

—O que é isso? - perguntou Briana.

—É uma pedra, uma rocha, algo assim - disse Beni.

—Acho que agora é hora de...CORRER!

Os três começaram a correr para a única direção possível. Havia um enorme corredor que era a única via de fuga. No entanto, eles chegaram em um beco sem saída de novo e a pedra continuava na direção deles.

—A pedra tá vindo! - gritou Briana.

—Por que não tem outro buraco para a gente escorregar agora? - reclamou Beni.

—Calma, crianças. Eu fico na frente de vocês - disse ele - Um homem de verdade se sacrifica!

E foi o que Gustavo fez. A pedra finalmente chegou até eles e, mesmo fechando os olhos, Gustavo não sentiu nada. Na verdade, só sentiu um isopor encostando nele.

—Mas...essa pedra não é pedra - falou Gustavo.

—Não? - perguntou Briana.

—Não. É só uma bola gigante de isopor - falou Gustavo, encostando na tal bola com o dedo - Vendo agora com a lanterna é só isopor pintado de marrom. E mal feito.

—Olha só - disse Beni, com deboche - O cara só queria assustar as pessoas mesmo.

—Isso tá meio esquisito, não tá? - perguntou Briana.

—O que importa? - falou Beni - O mais importante é que estou com a peça bem aqui. Conseguimos o que a gente queria!

—Tá. Agora como é que a gente sai daqui? - perguntou a menina.

—É...tem esse detalhe, né? - disse Beni.

—Não se preocupem - falou Gustavo - Sei que deve ter um modo de sair. É só ter paciência.

Gustavo falou isso encostando em uma parede próxima. Ao fazer isso, ele acabou derrubando a parede, revelando uma passagem secreta.

—No fim, nem precisou de muita paciência, né? - disse Gustavo.

—Será que é uma saída? - perguntou Briana.

—Bom, pior do que tá não pode ficar - falou Beni.

Os três entraram e, assim que colocaram os pés na passagem, o chão se desfez e eles caíram outro buraco que levava a um outro escorregador, fazendo, enfim, que caíssem fora da caverna na parte rasa de um riacho.

—Se eu soubesse que seria assim teria vindo com roupa de banho - falou Briana.

—Mas pelo menos saímos - disse Beni - E eu consegui a peça!

Nisso, eles ouviram uma risada. Era doutor Renato, esperando eles bem ali, na parte de fora.

—Doutor Renato? - estranhou Briana.

—Doutor? - falou Gustavo - Doutor! Nós conseguimos! Conseguimos achar a última peça!

—Estava em um pedestal, depois uma pedra rolou e vocês cair aqui, não é? - disse o médico.

—Como o senhor sabe? - perguntou Gustavo.

—Simples. Fui eu. Eu preparei tudo isso - disse Renato.

Todos ficaram boquiabertos.

—Foi só uma brincadeira. Era tudo trollagem - continuou o médico, sem deixar de rir - Quando o Beni me contou essa história, achei que daria uma brincadeira divertida. Eu usava essa caverna quando era criança como base secreta e chamei alguns conhecidos da cidade vizinha que trabalham com produção de TV para preparar essa pegadinha.

—Produção de TV? - perguntou Briana.

—Sim - disse Renato - Aliás, foi tudo gravado. Tinha câmeras em toda a caverna. Vai fazer o maior sucesso na Internet.

—Era tudo...pegadinha? - falou Beni.

—Não fiquem bravos - disse Renato - Eu pago uns sorvetes para vocês em compensação.

—Ah, então tá - disse Briana, humilde como sempre.

—Mas e a minha permissão? - falou Gustavo.

—Não se preocupe - disse Renato - Pela sua disposição em ajudar os meninos, posso ver que é um rapaz de bom coração. Sempre achei. Se for escolher um genro, você seria o melhor mesmo. 

—Sério? - Gustavo estava incrivelmente emocionado - Ah, doutor Renato. O senhor é demais!

Gustavo correu para abraçar seu sogro.

—Calma, rapaz. Calma - disse o médico - Você pode se casar com a Kelly, depois que ela terminar a escola, é claro.

—Claro, claro - disse Gustavo - Enquanto isso, vou trabalhar duro no restaurante e economizar cada centavo para o casamento!

"Talvez até lá a Kelly aprenda a cozinhar", pensou o médico.

Beni, por outro lado, estava nervoso com tudo aquilo.

—Tudo isso para nada? Quer dizer, essa peça é falsa?

—Sim - disse doutor Renato - Sinto dizer, mas o tal vendedor chinês te enganou. Não tem quebra-cabeça mágico nenhum.

—Não pode ser - disse ele - E eu paguei tão caro que...ei, o que é isso?

Beni olhou para o canto e viu uma peça de quebra-cabeça jogada ali. Era a peça que o vendedor tinha jogado fora antes de sair da cidade. Imediatamente, Beni a pegou e comemorou.

—É essa. Essa é a última peça! Olha só! É justamente o formato que eu procurava! - disse ele.

—Tá brincando, né? - disse Gustavo.

—Doutor - falou Briana - O senhor também armou essa?

—Não, não. Dessa vez eu não fiz nada! - disse o médico, já tirando o corpo fora.

—Então é essa - falou Beni - No fim, a lenda deve ser verdadeira!

—Será? - perguntou Briana.

—Duvido - disse Renato - Mas se ele está feliz…

E assim, Beni correu para sua casa colocar a última peça. A última peça que faltava. Ele havia conseguido só que…

—Nada - disse ele - Nenhum poder, nenhum sentimento, nada de novo. Ah, aquele vendedor. Ele me enganou direitinho! Espero que um dia ele pague por isso!

Será? Bem, alguns dias depois, nosso vendedor chinês passou por Vila Baunilha de novo e, por ironia do destino, Beni o viu bem naquela hora.

—Ei, você! - disse Beni.

—Ai, é aquele galoto! - exclamou o chinês - Com licencinha…

—Nada disso! - falou Beni, correndo rápido o bastante para pegar o chinês pelas pernas antes que ele fugisse - Você me deve uma explicação!

—Que explicação?

—Eu achei a peça que faltava - falou Beni.

—Achou, é? - falou o vendedor, já sentindo uma tensão no ar.

—E não ganhei poder nenhum. Como você explica isso?

—Ah, ah, calminha, né? - falou o caixeiro - Essas coisas não são lápidas assim. Você só telminou o quebla-cabeças, mas o poder só vai despeltar na hola celta, né?

—Como assim?

—Ola, só quando for necessálio pala o bem da humanidade - disse o chinês, falando as primeiras palavras que vieram a cabeça.

—Tem razão - falou Beni, pensando melhor na ideia - Talvez seja um poder latente. É, no momento certo ele vai se revelar. Só pode ser isso!

“Sélio mesmo?”, pensou o chinês.

É, sério mesmo. Estamos falando do Beni, afinal. Por via das dúvidas, depois disso, nunca mais aquele vendedor passou por Vila Baunilha. Uma sábia decisão, eu diria.


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Notas finais do capítulo

Mas pelo menos teve um desenvolvimento. Agora Gustavo e Kelly podem se casar. Kkkk

No próximo capítulo, começamos um novo arco. Até! :)



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