Ciente de toda a situação, soldado Caxias estava pronto para entrar em uma das missões mais importantes de sua carreira como policial em Vila Baunilha: encontrar Afonso, o elefante de pelúcia de Beni.

—Então, tudo começou na lavanderia da cidade próxima, não é? - disse ele, enquanto tomava uma colherada de sundae na sorveteria do centro - Talvez isso nos ajude...

—Devíamos mesmo estar tomando sorvete enquanto o Afonso está correndo perigo? - indagou Beni, aflito.

—Ah, pelo menos é o soldado que tá pagando - disse Briana, outra envolvida na investigação.

—É uma boa hora para usar meus poderes de policial - disse Caxias - Você tem o número de telefone da lavanderia?

—Claro que tenho - disse Beni - Peguei ontem com a minha mãe. Um bom detetive não pode deixar passar informação nenhuma. 

—Assim que se fala - disse o soldado - Pode deixar que eu falo. Eles abrem aos sábados, não abrem?

—Sim - confirmou Beni.

—Ótimo - disse Caxias, com um ar confiante.

Soldado Caxias pegou seu celular e ligou para o estabelecimento. Ele teve alguns minutos de conversa que as crianças não conseguiram acompanhar muito bem e finalmente desligou.

—E aí? - perguntou Beni.

—Falei com o cara responsável pela lavagem ontem - disse ele - O meliante soltou tudo que sabia.

—E o que ele falou? - perguntou Briana, curiosa.

—Ele disse que teve um problema no sistema e tal…

—Dessa parte eu já sei - falou Beni.

—Deixa ele falar! - reclamou Briana.

—Então, mas ele disse lembrar muito bem de um elefante de pelúcia...e que ele colocou junto de um cesto com um belo vestido preto. Coisa de festa de casamento mesmo.

—Vestido preto? É roupa da sua mãe? - perguntou Briana.

—Não, minha mãe não usa um vestido preto há dias - disse Beni.

—Nem precisa falar - continuou Caxias - Ele disse que também lembrava muito bem do vestido.

—É? - Briana estava cada vez mais curiosa - E o que ele falou?

—Parece que é um vestido para uma garota, era bem pequeno - disse o soldado.

—Vestido para uma garota…- Beni colocou a mão no queixo, ponderando - Pequeno para uma adolescente?

—Ele disse bem pequeno, então deve ser para uma criança - falou o policial.

—É isso! - disse Beni - Já tenho um suspeito!

—Quem? - perguntou Briana.

—É você, Briana! - falou Beni, apontando para a amiga - Por que escondeu de mim que tinha ido à lavanderia!

—Mas não fui eu! Além disso, lá em casa nós é que lavamos a roupa - disse a pobre menina.

—Vai dizer que não tem um vestido preto? - indagou Beni.

—Não tenho nenhum - falou Briana.

—Ela está falando a verdade - disse o soldado - Além disso, por que um doce como a Briana iria pegar seu elefante?

—É verdade. Desculpa. Mas preciso considerar todas as possibilidades. Elimine o impossível e o que sobre é o improvável, ou algo assim…

—Vamos pensar com calma. Vocês não conhecem nenhuma criança que poderia ter um vestido preto e caro?

—Droga. Há várias crianças na cidade - disse Beni - Qual é a chance de encontrarmos uma que tenha um vestido desses?

Enquanto Beni falava, Samanta e Cíntia chegaram na sorveteria. A conversa das duas parecia animada.

—Ai, amiga - disse Cíntia - Aquele seu vestido preto de luxo é o máximo! Quando você vai usar?

—No casamento de um amigo do meu pai - disse Samanta - Veio da lavanderia ontem. É divino, você precisa ver!

Beni estava de queixo caído, mas Caxias o segurou.

—Foi ela! Foi ela mesmo! - disse o garoto - Vou agora mesmo salvar o pobre do Afonso das garras dessa…

—Calma, calma - disse o policial - Ela não sabe que nós sabemos. Vamos só observar.

Samanta percebeu que Briana estava na mesa ao lado e não percebeu a chance de provocá-la.

—Olha só quem está aqui - disse Samanta, jogando o cabelo para o lado com ar de deboche - Se não é a...Briana, a garota nova.

—Oi, Samanta. Tudo bem? - perguntou ela - Não sou tão nova assim, né? Já estou nessa cidade há uns seis meses.

—Para mim você ainda é a garota nova - disse Samanta - E é meu papel como vilã sempre lembrar disso.

—Então tá, né? - disse Briana, não entendendo muito bem.

—E aí, Samanta, não é? - disse Beni - Afinal, de que lado você está…

—Do que está falando? - perguntou a garota.

—Você sabe...achei que você era uma mensageira daqueles que querem proteger o mundo, mas parece que você está escondendo alguma coisa - disse Beni, se aproximando da garota com um olhar desconfiado, mas se esforçando para não acusá-la logo de cara.

—Ele tá farejando você, amiga? - perguntou Cíntia.

—É, estou procurando um cheiro de...elefante, sabe? - falou ele.

—Elefante? Tá me chamando de gorda é?

—Não. Só estava pensando se você não viu...um elefante por aí?

Samanta e Cíntia se entreolharam.

—Não olha pra mim, amiga - disse Cíntia - Sou gordinha, mas nem tanto.

—Beni...não diga isso - falou o policial, fazendo o possível para não levantar suspeitas.

Samanta, por fim, apenas suspirou com a situação estranha que estava passando com Beni.

—Ai, ai. Acho que essa sorveteria já não é mais o que é antes, viu? Anda muito mal frequentada… - falou Samanta - Não concorda, Cíntia?

—É sim, amiga - concordou ela.

—Mas temos um policial aqui - disse Briana.

—Sempre a serviço para proteger a paz e a ordem - disse ele.

—Policial? Bem, que seja, continue fazendo o bom trabalho. Vamos embora, Cíntia - disse Samanta, tentando fazer uma saída dramática de nariz empinado, mas isso só serviu para ela quase tropeçar na mesa do lado que não tinha visto.

—Você tá bem, amiga?

—Tô, tô bem - disse ela - Vilãs poderosas não perdem a pose por isso, né? Vamos.

Depois que Cíntia e Samanta saíram, Beni explodiu.

—O que estamos esperando? Vamos atrás delas!

—Sim, esse é o plano - disse Caxias - Vamos segui-las, mas de longe. Assim podemos dar um flagra nelas.

—Perseguição policial? Nossa, que emocionante! - falou Briana, batendo palminhas de empolgação.

—Isso não é brincadeira, Briana. É uma missão de resgate. Espero que esteja pronto, soldado.

—Mas é claro. Essa é uma das missões mais empolgantes da minha vida. Vamos nessa!

Será que eles conseguem?