O Lobo-homem e o Feiticeiro Mestiço escrita por Melvin


Capítulo 26
26: Além da compreensão – Luahn.


Notas iniciais do capítulo

Hey! Ainda estou vivo! Que caos esses tempos de vacina e tals, não? Vamos sobrevivendo, okay?

Anteriormente e até aqui:
Luahn é um jovem feiticeiro mestiço com lobo que não sabia disso até recentemente, além de ter sido amaldiçoado a ter dias com o corpo de mulher, ele também se transforma em um monstro mestiço na lua cheia e graças a uma pedra encantada aprendeu a manter-se consciente nesse momento e usar essa habilidade ao seu favor.
Agora, seu fiel lobo que se transforma em homem foi possuído por um antigo e maldoso feiticeiro e desapareceu. Luahn, apaixonado por seu companheiro, esta determinado a trazê-lo de volta, porém um importante assunto da alcatéia que seu pai comanda cruza seu caminho e chega a hora dele se envolver nessa história. Junto de seu mestre feiticeiro e dois jovens lobos seguidores de Fiel, melhorados com encantos, Luahn entra no território da alcatéia e enfrenta o líder do motim na ultima noite de lua cheia.
Fique agora com a (minha esforçada) continuação!
Boa leitura!



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[Luahn]

Aquele único lobo escuro tinha muita ousadia para me enfrentar de frente e sem ajuda. Seus rosnados e ataques sem hesitação eram de admirar, mas talvez houvesse loucura nele por enfrentar um monstro. Em um momento não desviei de sua mordia e com uma pata o levei direto ao chão, segurando-o ali, pressionando sua cabeça no solo com cuidado de não quebrá-la acidentalmente:

PARE!” exigi com um rosnado. “Tua rebeldia contra seu alfa não é necessária! Se continuar, levarei a vida de cada um de vocês!”. Mentira, eu não tinha matado ninguém intencionalmente até ali e nem queria, toda aquela alcatéia já tinha se reduzido bastante sem minha colaboração.

O lobo parou e me encarou por entre meus dedos, pude entender indignação e raiva em sua expressão, mas logo ele se rebateu com força e um ganido que fez alguns lobos correrem e atacarem aquele meu braço até soltá-lo.

“A cada dia que ele vive, nos leva ruína!” Disse a voz do lobo preto, que para meu espanto e apesar de um pouco grossa, ainda o definia como uma fêmea. “A maldição na carne dele impede que alguém melhor se erga nessa alcatéia e lhe dê mais terras, mais caça, mais força! E o seu imprestável único filhote é tão indigno de valor quanto um graveto!... E quanto a você, a Bestialidade da feiticeira, nem por cima do cadáver de todos nós terá um lugar aqui, por mais desejo que tenha de dominar-nos! Vieste apenas de encontro ao único destino que os verdadeiros lobos lhe darão! E eu não vou perder essa oportunidade gerada por sua burrice...”.

Ela caminhou ao meu redor, ainda próxima dos três lobos que vieram protegê-la.

Metida! Sei que aqui não é meu lugar!” Rosnei sério, irritado por ela me chamar de burro. “Mas vim evitar que os burros de verdade reduzam mais essa família e contaminem todos com essa idéia ingrata! Todos que o alfa manteve vivo e longe dos humanos por anos. Se não está satisfeita, vá embora dessa alcatéia! E não tente tomar o que não é seu!”

Oh. Intromete-se aquele que a aqui não pertence” ela narrou com desprezo. “E que desconhece todas as regras dessa vida na montanha...”

Regras?! Desde que vocês começaram a aparecer nos vilarejos, obcecados com essa mudança de liderança, estão trazendo mais problemas para vocês mesmos! Como não entendem isso?”.

Rindo e se chacoalhando de repente, a loba preta me distraiu e outro atacou minha face. Sua mordia estava agarrada muito perto do meu olho, puxando enquanto a loba correu e pegou a base da minha orelha esquerda, dando um puxão dolorido para baixo. Por pouco não a acertei com as garras então ela me soltou, dando espaço para outros lobos atacarem meu rosto e atrapalharem meus sentidos.

Ela nem estava me ouvindo de verdade, agia indiferente as minhas explicações, me deixado mais irritado. Afastei-me de novas mordias, arrastando o peso de lobos que tinham conseguido agarrar seus dentes em mim e não largavam. De repente ouvi:

Chega! Destruam o Alfa e segurem o filhote dele! Vou lidar com aquele menor eu mesma!” O grupo de lobos se foi, me ignorando. Quis correr atrás deles, mas: “HEY! Hey! Monstro! Será uma ofensa para a próxima alfa se escolher ir sem pensar direito!”.

Contive-me e encarei o lobo escuro sem entender toda sua confiança em me enfrentar sozinha, sendo que eu poderia matá-la antes que o alfa ou o filhote tivesse problemas e seria uma forma rápida de acabar com a principal peça daquela revolta e com menos mortes.

Então o que vai ser?” a calda escura chacoalhou uma vez provocante enquanto esperava alguma reação minha.

Avancei, escolhendo lhe dar uma morte rápida com um golpe, mas a loba se esquivou e correu fugindo. Eu era maior e tinha certeza que venceria assim que a pegasse então fui atrás dela entre as sombras das arvores, quando fiquei próximo golpeei suas patas traseiras, fazendo-a capotar, porém ela logo se levantou, rindo e me irritando mais, depois correu novamente. Ela conhecia o terreno e fazia curvas rápidas. Sua cor facilmente a escondia na noite e por duas vezes ela sumiu e me surpreendeu com um ataque frontal vindo da escuridão. Mesmo conseguindo me machucar e atordoar com essa tática, ela logo fugia da briga sem me dar tempo para pensar.

Então com o tempo me concentrei em não perdê-la de vista novamente e capturá-la logo, me irritando mais e mais quando ela fingia ficar encurralada para então fugir, me fazendo de bobo e perdendo tempo. Passei a agir bruto e sem paciência ao atacá-la, sem dar muita atenção ao ambiente como deveria.

De repente, a loba correu até o topo de uma suave colina numa borda da floresta de pinheiros e saltou, desaparecendo do outro lado. Considerei que havia uma clareira do outro lado e logo abaixo  e fui atrás dela antes que realmente sumisse na noite. Pousei em um solo duro e um pouco liso, era uma planície branca e fria, ladeada pelas arvores. A loba preta corria mais a frente com alguns escorregões, indo em direção a outra borda do bosque, parecia cansada com a língua de fora, mas ainda determinada.

Eu ainda possuía energia e nenhuma paciência, iria acabar com aquilo em breve. Mas no primeiro passo que dei um estalo alto e rápido ecoou na clareira e meu corpo foi engolido por água gelada entre blocos de gelo. Imediatamente tentei fugir, rosnando e não contendo o desespero ao ver que tinha esquecido que era um monstro muito mais pesado que um lobo comum e caído naquela armadilha. Cada tentativa de agarrar um apoio abria mais o buraco e meu corpo ficava cada vez mais pesado e congelado para conseguir se mover direito. Não havia um lugar próximo que me aguentasse e, infelizmente, naquela forma monstro não dava para usar magia, ela não funcionava! Em meio a esse momento esqueci completamente o plano, a alcatéia, o filhote do alfa... Precisava ser salvo! Não podia aceitar morrer ali! Ainda havia coisas que eu devia fazer na vida! Principalmente livrar Fiel da possessão do feiticeiro que veio do passado e fazê-lo aceitar e engolir todo amor que tenho por ele! Meu lobo não tinha mais ninguém no mundo que pudesse libertá-lo então eu não podia perder minha vida naquele lugar idiota e gelado por culpa de uma loba ridícula!

Mesmo tendo vontade para viver, meu corpo me abandonava... Não sei dizer se sabia nadar sendo um monstro ou não, mas estava afundando rápido e logo minha cara não ficou na superfície, meu pulmão doeu e engoli água gelada. Apesar de me debater e rezar por ajuda, não conseguia progresso para voltar na superfície ou me salvar sozinho. Perguntei-me se aquela vez no campo era mesma a ultima vez que teria visto Fiel comigo e se aquilo era o máximo que eu podia ter feito  nessa vida... Minha consciência estava sumindo e então o ultimo fôlego de ar escapou e subiu como bolhas em direção a superfície clareada pela lua azulada. Era meu limite. Sem força apenas observei o fim e tudo começou a se escurecer, mas de repente uma pressão envolveu meu corpo, puxando-me pela água até uma mão que veio da superfície e me alcançou, agarrando o couro do meu pescoço sem gentileza e me levantando para fora do lago congelado como se não pesasse mais que um ganso.

Confuso e grato, enquanto tossia e buscava ar, olhei para quem me salvava e Fiel se definiu próximo de mim, me dando um choque e trazendo minha consciência de volta completamente. Espantado, encarei-o do rosto aos seus pés. Seu cabelo cinza escuro estava metade preso, deixando sua face bem mais visível, vestia roupas diferentes e detalhadas, tendo muitos acessórios como cintos, pulseiras, colares e até mesmo brincos de aparência valiosa. Mas era de fato ele que estava ali, sustentando parte do meu corpo monstro fora da água gelada com apenas uma mão e sem dificuldade, nem mesmo o gelo abaixo dele dava sinal de ser fraco.

Fiel apenas me encarava de volta sério, com rugas formando-se entre as sobrancelhas, e sem dizer nada enquanto meu estado de quase morte passava. De repente, ele murmurou algo em outra língua e sua mão livre tocou no pedra cravada em minha pele, imediatamente meus músculos se aqueceram e toda a minha transformação  foi suprimida dolorosamente rápida. Em seguida meu corpo ficou sem força e ficando sem ar, com a mão dele agarrando meu pescoço com força. Fiel deu alguns passos para longe do buraco aberto no gelo e me jogou no chão. Eu já sentia frio depois da água e sem proteção da pelagem, mas piorou com minha pele nua e úmida tocando aquele solo gelado e com fina neve acumulada. Ouvi-o suspirar alto então voltei minha atenção para ele, que me olhava como se estivesse decepcionado até  que encarou a loba preta que assistia tudo a certa distância, possivelmente também confusa se aquela nova pessoa seria meu aliado ou não. Para minha supresa, Fiel desatou a capa que usava e jogou-a sobre mim,  ainda observando fixamente a loba. Eu continuei surpreso e mais confuso, sem entender se aquele era o feiticeiro negro que o possuiu ou se Fiel tinha tomado algum controle de seu próprio corpo.

— É uma força de atração estranha — a voz confiante de Fiel me deixou ansioso, mas não parecia que falou comigo. — Eu devo tirar algo de útil desse encontro, porém... não dá para fazer muito agora.

Ele não me olhava, mas sorriu sarcástico pouco antes de uma fumaça surgir veloz e chamar sua atenção. A névoa se materializou em Ágatha, a  Atroes, acima de nós e a certa altura do ar. Raivosa, ela atacou enquanto caia com um movimento de sua espada, mas Fiel se moveu rápido e a lamina atingiu o gelo, vibrando com o impacto do golpe e pelo peso da mulher. Quando ela se virou para ele novamente, Fiel não pareceu feliz, só se tornou a fumaça escura e foi direto para a loba preta que fugia daquilo tudo.

— Covarde! — Gritou Agatha, muito irritada e também se desmaterializou para ir atrás dele, não se importando comigo.

Poucos metros antes de alcançar o lobo, o feiticeiro negro tornou-se homem para lançar um feitiço que parou o animal completamente, permitindo que o capturasse sem dificuldade e então os dois desaparecem no ar. Pude sentir que Agatha ficou mais frustrada e brava e em seguida também desapareceu para alguma direção no céu atras deles.

Incrédulo e tremendo fui abandonado, olhando para o cenário vazio e tentando entender os acontecimentos rápidos.

— Luahn! — Mejem surgiu surpreso e correndo se equilibrando, logo estava comigo e revirando a minha mochila que estava com ele, me entregando roupas. — Como isso é possível?! — Ele questionou perturbado — Ainda é de noite, como é um humano agora, Luahn?! Ei! De quem é essa capa? Porque você está molhado? Luahn, o que aconteceu?

Apesar das perguntas, ele começou a usar um encanto para deixar quente a capa que estava sobre mim. Queria lhe explicar, mas ainda estava trêmulo e reunindo forças.

— E-e o filhote...? — disse preocupado, lembrando do plano e querendo falar que o lobo preto mandou atacá-los, mas o homem começou a me enfiar nas vestes secas.

— Ele está comigo. Chegamos à toca antes que houve muitos lobos. Mas eles estão vindos atrás de nós, os amigos e inimigos...

Então percebi uma cabeça amarelada com orelhas pontudas se agitar em suas costas, a criatura estava com o corpo dentro de um saco de tecido pendurado como uma mochila. Era um filhote grande demais para ser levado assim, mas não parecia proporcionalmente forte.

— Ele fugiu! — a voz súbita da mulher nos assustou quando ela chegou gritando, ela ainda estava nervosa. — Rondei as proximidades e não encontrei rastros! Realmente não compreendo porque o feiticeiro fez um desvio como esse, mas com certeza ele tem um plano e algo aqui era importante o suficiente para ele arriscar me encontrar.

Rosnados de briga ecoaram e vimos os irmãos lobos, lutando e vindo para nós, uma boa parte da alcatéia tentava cercá-los, mas os dois conseguiam avançar. Sentindo-me melhor, mais aquecido e finalmente vestido, era claro que precisava ajudá-los então reuni forças para ficar de pé. Trágicamente não dava mais para seguir o plano que criamos antes de apenas fugir, já que eu não era mais um monstro meio lobo com força maior para correr ou criar medo suficiente nos lobos para desistissem de me enfrentar. Eu tinha pouco tempo para pensar em uma nova forma de enfrentar a alcatéia. 


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Notas finais do capítulo

Primeiro, agradeço muitão a paciência e por ter lido mais esse capitulo!

Sei que muitos nos amam e até nos deixam comentário e incentivo, nos fazendo sentir esse acolhimento quentinho. E mesmo assim sumi por meses!

Mas houve muitas coisinhas para pensar nessa pandemia, sem poder sair, tentando estudar sozinho e cuidado com tudo, é meio solitário. É estranho pensar que estava oculpado sem fazer muita coisa Kkk.

Enfim, me alegra voltar a escrever (~cof~ revisar o que estava escrito~cof)!

No momento, estou tentando organizar os capítulos finais e pontos importantes.
Antes do fim de fevereiro tentarei trazer o próximo capitulo! Yeah!
Então não se esqueçam de deixar sua presença e concorrer ao brinde (meu abraço e um copo no ar saudando seu carinho e amor r desejando sucesso e a saúde plena)!
Até!


Não deixe de conferir meus projetos já concluidos. Hahaha.



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