Acordei muito bem naquela sexta-feira.

Na verdade não muito. Me levantei muito sonolenta devida as horas de sono perdidas divagando em minha mente fértil e ansiosa, porém, minha empolgação estava em seu auge as sete e meia da manhã no salão principal.

— Bom dia, meus xuxuzinhos! – Cumprimentei os meninos assim que cheguei a mesa com Lene, Dorcas e Alice.

— Bom dia, meninas. Que bom humor todo é esse, Lily? – Remus perguntou.

— Oras, Remus, até parece que não sabe. Lily está toda alegrinha porque tem um encontro esse sábado. – Sirius comentou dando um sorriso pervertido pra mim enquanto Lene revirava olhos. Antes que ela pudesse retrucar algo já fui dizendo:

— Estou feliz porque hoje é sexta-feira, todos sabem que meu humor melhora consideravelmente nestes dias. – O que era bem verdade, não que hoje fosse o caso, mas eles não precisavam saber disso.

— A gente acredita em você, Lily – Disse Remus piscando pra mim.

Enquanto organizava minha bandeja com o café da manhã olhei para James que até o momento não havia dito nada e só nesse momento notei que ele me encava enquanto comia uma pêra. Lindo diga-se de passagem, mas espantei esse pensamento.

— Bom dia, James. Tudo bem? – Tive que perguntar, ele não tirava os olhos de mim e também não falava nada. Acho que percebendo minha estranheza ele apenas respondeu que sim e desviou o olhar. Dei de ombros e voltei a comer.

— Onde está o Frank meninos? – Alice perguntou como quem não quer nada.

— Se encontra apagado em nosso dormitório, porque não vai lá e tenta acordar ele? – Respondeu Sirius erguendo as sobrancelhas sugestivamente. Ele nunca perde a oportunidade de nos zoar é incrível.

—Acho que ele ficaria bem feliz em ser acordado por quem ele chama toda noite em seus sonhos – James ao que parece voltou a normalidade e não perdeu a oportunidade de brincar com ela também.

— Se eu fosse você não deixava essa passar – Disse Lene cutucando Alice com o cotovelo e piscando pra ela – Só vocês dois lá em cima, sozinhos, tem tudo pra rolar um clima.

— Vocês são impossíveis, só fiz uma pergunta. – Alice tentava consertar enquanto dávamos risada da cara envergonhada dela.

— Do que vocês estão rindo? – Perguntou Frank surgindo do nada com a bandeja do café da manhã em mãos. Estava com a cara e as roupas amassadas e se colocou ao lado de Alice que estava roxa de vergonha, enquanto nós riamos ainda mais.

— Estávamos só comentando o quanto um dormitório vazio é um ambiente propício para surgir um clima entre duas pessoas apaixonadas – Foi James quem respondeu dando um grande sorriso em direção a Alice que não sabia onde se enfiar.

Frank continuou sem entender nada, mas prosseguiu com seu café da manhã, já estava acostumado com as brincadeiras sem fundamento dos garotos, não que essa em questão fosse infundamentada, mas ele não sabia disso.

Enquanto terminávamos de comer fiquei observando Dorcas que tinha ficado muito calada a manhã toda, nos últimos dias ela andava assim. Fiz uma nota mental: hoje à tarde, na reunião de garotas que certamente teríamos devido meu encontro, descobriria o que ela tinha.

O sinal soou avisando que era hora de irmos para a aula, não conseguimos pegar todas as matérias juntos, por isso James, Remus, Dorcas e eu íamos para aula de matemática enquanto os outros iam ter inglês.

Outro motivo para gostar das sextas feiras eram as aulas de matemática com o professor Flitwick, simplesmente minha matéria preferida com o melhor professor desse colégio. James discordava, ele preferia física com Minerva McGonagall, sempre debatíamos sobre isso.

As aulas da manhã passaram bem rápido e logo já estávamos no horário de almoço, me assustei com meu braço sendo puxado por James.

— O que é que você quer?

— Preciso falar algo muito sério com você – Ele realmente estava sério então fiquei levemente intrigada sobre o que ele poderia querer falar.

— Tudo bem, mas seja rápido, pois estou com fome – Disse enquanto ele me conduzia em direção a uma sala vazia.

— Então o que você quer falar? – Perguntei depois que ele fechou a porta e parou em minha frente.

— Quero que você tome cuidado – Fiz cara de desentendida então ele continuou – Amanhã quando você sair com o Watson, eu quero que você tome cuidado.

— Não estou entendendo, James.

— Olha, Lily, quando nós caras pedimos para sair com garotas, nós geralmente temos segundas intenções – Não, ele não estava falando isso – E eu já quero te deixar avisada que Watson vai tentar conseguir algo de você amanhã.

Eu nem posso acreditar no que estava ouvindo.

— James você não está fazendo muito sentido, o que quer dizer com isso tudo?

Passando as mãos nos cabelos parecendo exasperado disse:

— Lily, ele vai tentar ficar com você amanhã, pois é isso que as pessoas fazem em um encontro.

— Tá, mas e daí?

— E daí, Lily? E daí que estou preocupado com você. Não quero que saia machucada dessa brincadeira. Eu sei que você é toda romântica e deve estar idealizando esse encontro, mas quero te deixar avisada que Watson não é do tipo que sai com uma garota mais de uma vez e com você não vai ser diferente. – Ouch, não sabia que ele me achava tão sem graça ao ponto de achar que nenhum cara iria querer um encontro comigo duas vezes. Tudo bem, eu realmente não estava alimentando essa esperança, sabia que seria só mais um encontro, mas ouvi-lo falando assim doeu.

— Certo, muito obrigada, James, por ter se dado o trabalho de me avisar isso. Mas saiba que não estava idealizando encontro nenhum e que estou bem ciente das segundas intenções de Watson e inclusive a favor delas! – Tinha que sair dessa conversa com alguma dignidade não é? Ele parecia não esperar essa resposta, pois pareceu surpreso.

— Então tá, mas depois não venha me dizer que não avisei – Incrível como ele podia ser petulante. Finalmente saímos dali e fomos almoçar.

— Onde vocês estavam? Procurei vocês depois da aula e não achei – Perguntou Dorcas assim que chegamos a mesa com nossos almoços.

— Eu e Lily estávamos tendo uma conversa séria – Respondeu James enquanto eu revirava os olhos.

— Uma conversa totalmente desnecessária a propósito – Disse o encarando com um olhar mortal.

— Amanhã você verá como ela foi necessária, minha cara Lily.

Ninguém estava entendendo nada então fiz sinal que explicaria depois para as meninas.

Tínhamos as tardes de sexta livres, já disse que amo sextas feiras? E nesse dia aproveitamos para fazer uma tarde das garotas.

— E então Lily já decidiu o que vai vestir amanhã? – Dorcas me perguntou escolhendo qual esmalte passar em minhas unhas.

— Até parece que eu vou deixar ela escolher né, Dorquinhas? – Se intrometeu Lene já se levantando e indo em direção ao meu lado do guarda roupas.

— Porque eu não posso escolher a roupa que irei ao meu primeiro encontro, Lene? – Enquanto isso Alice se juntava a Lene na empreitada.

— Porque esse é um momento único em sua vida e eu tenho que fazer parte dele de alguma forma – Respondeu ela marota.

— Uma pena estar frio e você não poder usar nada sensual.

— Eu não tenho nenhuma roupa sensual, Lene.

— Você tem sim, só não usa. – Eu realmente tinha, minha mãe vinha me dando roupas assim desde que fiz 15 anos, mas nunca tive coragem de usá-las.

— Acho que tive uma ideia – Disse Alice animada pegando várias roupas minhas e jogando em minha cama. Já posso ficar com medo?

Depois de algum tempo Alice se virou mostrando as roupas que escolheu. Um sobretudo branco que seria usado por cima de um vestido preto que ia até metade das minhas coxas, junto com uma meia calça também preta e bem grossa e botas pretas de cano longo e sem salto. Iria passar um pouco de frio, mas era suportável, já estávamos no fim do inverno mesmo.

— Um pouco gótica, mas eu gostei – Dorcas sempre gostou de usar cores mais alegres, mas meu guarda roupa se limitava a peças escuras ou simplesmente neutras, sempre achei que as cores entrariam em choque com meus cabelos ruivos.

— Eu também adorei, ainda mais que vamos conseguir mostrar um pouco das pernas grossas de Lily Evans – Lene disse animada. Eu realmente gostava das minhas pernas, minha parte favorita em mim, por isso não me importava em mostra-las, já com o resto do meu corpo era bastante tímida.

— Eu também aprovei, meninas, escolheram muito bem – Disse sorridente, ainda bem que tinha elas ali, se não ficaria com muita dúvida do que usar.

— Eu já ia me esquecendo, o que você e James estavam aprontando quando sumiram mais cedo? – Dorcas teve o capricho de trazer aquele assunto à tona.

Contei todo nosso diálogo as meninas e não diferentes de mim elas também não gostaram nada do que o James disse.

— Quem ele pensa que você é? Uma menininha boba que cai de amores pro primeiro que aparece? – Lene estava indignada.

— Não consigo acreditar que ele achou que você iria se apaixonar pelo Watson logo no primeiro encontro – Mesmo Dorcas que vê romance em tudo achava a ideia uma loucura.

— James está com ciúmes, gente – Disse Alice depois de pensar no que falei.

— Ciúmes, Alice? Ele não gosta de mim dessa forma pra sentir ciúmes – Já disse descartando a ideia antes que meu coração ousasse criar esperanças.

— Digo ciúme tipo de amigo ou irmão sabe? Ele deve se sentir responsável pela Lily e não quer perder o posto caso ela arranje um namorado. Como ele nunca se sentiu ameaçado até agora não tinha porque ter essa reação antes. – Isso fazia sentido, mas não dava margem para ele sugerir aquilo daquela forma.

— Olha se for isso James continua sendo muito idiota. É só um encontro e Lily é bem grandinha pra perceber que um convite pra Hogsmead não é um pedido de casamento. – Lene continuava indignada com tudo.

— Eu entendo James e vou explicar a vocês o porquê – Dorcas começou a falar enquanto passava a segunda demão de esmalte em minhas unhas – Esses dias atrás conversando com Remus sobre nós e ele me contou que os meninos, inclusive ele, achavam que a Lily estava “se guardando” tipo esperando a pessoa certa pra se envolver com ela sabe? Eles acham que o motivo de você nunca sair com alguém é que você espera alguém especial pra isso. Ai como o Watson está sendo o primeiro cara que você aceita sair eles devem estar achando que você sente algo por ele.

— Só foi omitido aí o fato de que Thomas é o primeiro com quem eu saio porque é o primeiro a me pedir! – Não posso acreditar que os meninos tinham aquela visão de mim, até parece que eu vivo aquele conto de fadas.

— Sim, Lily, mas eles não sabem disso – Disse Dorcas dando um sorriso – E é claro que eu não falei para Remus que ninguém nunca havia te chamado pra sair.

— Eu estou é chocada isso sim – Lene parecia não saber o que dizer.

Do nada Alice começa a rir deitada em sua cama, enquanto todas a olhamos ela fala:

— É sério que os meninos ficam confabulando sobre a gente no dormitório deles? E é a esse tipo de conclusão que eles chegam? – Alice não se aguentava – Gostaria de saber o que eles pensam do restante de nós.

Todas olhamos para Dorcas nesse momento.

— De nós eles não tem tantos devaneios já que somos mais abertas. Alice e eu eles acham que somos daquelas que fazem os caras se apaixonarem e depois não dão bola mais só para os fazer sofrer. Imagino que pensem isso já que nós tivemos alguns rolinhos mas nunca deu em nada e os caras ainda ficaram atrás de nós depois, mas essa não era a nossa intenção – Dorcas pareceu realmente se sentir ofendida por eles acharem isso dela – Agora a Lene eles acham que ela gostava muito de um garoto, mas ele não quis nada com ela e para se vingar hoje ela fica com todos.

Estávamos de boca aberta pra tanto baboseira, não podia acreditar que os meninos tinham aquela visão da gente.

— É muita sem vergonhice mesmo, até parece que eu me divirto pra tentar provar algo pra alguém. – A revolta de Lene parecia ter aumentado e com razão.

— Eu nem acredito que o Frank pensa isso de mim, eu só sai com uns três caras até hoje e nunca quis que nenhum deles se apaixonasse por mim – Alice também parecia chateada com tudo que tinha acabado de ouvir.

— Eu também fiquei muito indignada, Alice, disse pro Remus que eles haviam se equivocado bastante nas conclusões deles e que deveriam nos conhecer melhor visto que somos amigos há tanto tempo e tal – Dorcas tentou consertar a situação afinal de contas.

— Olha eu não sei vocês, mas eu estou com vontade de dar um bons tapas naqueles meninos – Ninguém discordou de Lene – Eles podem ser bem lindos e tudo mais, mas são uns cabeças ocas no que diz respeito a mulheres.

— Concordo, Lene. – Eu disse encerrando esse assunto – Agora eu quero trazer à tona nesse ambiente um assunto que está me intrigando a semana inteira. Dorcas porque você anda calada e tristinha desde segunda?

Acho que ela não imaginava que o assunto seria sobre ela, mas pelas expressões de Lene e Alice as duas também haviam notado a mudança.

— Não adianta tentar esconder que nós vamos saber – Lene foi resoluta.

Soltando um suspiro profundo e deitando de costas em sua cama, pois já havia terminado com minhas unhas, Dorcas disparou a falar outra vez:

— Vocês sabem que eu não gosto de falar dos meus sentimentos né? Não gosto nem de pensar muito neles na verdade. Eu sempre achei Remus muito interessante, bonito, inteligente, não era galinha como os meninos e tal, mas nunca admiti para mim mesma que gostava dele de fato. Mas no domingo quando estávamos conversando, do nada tivemos nossa conversa interrompida pela Emmeline Vance. Ela simplesmente disse que aceitava sair com o Remus no sábado, deu um beijo na bochecha dele e saiu. Ele ficou muito desconcertado, fingiu que não tinha acontecido nada e continuou com a conversa – Agora sua voz havia ficado bem triste – Só que aí que eu percebi que gostava dele de verdade e eles andaram se aproximando muito esses dias, por isso fiquei mal.

Agora tudo fazia sentido, pobre Dorcas, a dor de ver alguém que você gosta com outra pessoa não é boa, sei por experiência própria.

— Eu percebi mesmo que havia algo de errado, você não costuma ser tão calada, Dorcas – Disse Alice indo para perto dela.

— Não se preocupe, Dorquinhas, tenho certeza que Remus também gosta de você e nós vamos dar um jeito de vocês ficarem juntos – Lene disse com ar de quem planejava algo, tenho até medo.

— Eu também sempre achei que ele fosse meio afim de você, Dorcas – Disse para animá-la, mas realmente acreditava nisso – Ele deve ter medo de dizer algo e estragar a amizade, mas tenho certeza que esse encontro com a Vance não vai dar em nada e logo vocês estarão juntos.

— Vocês acham mesmo, meninas? – Dorcas tinha os olhos esperançosos, todas concordamos é claro.

Nossa tarde prosseguiu com mais conversas e cuidados de beleza de minha parte, durante o jantar resolvemos não nos sentar com os meninos, pois ainda estávamos irritadas com eles e não queríamos ter que lidar com eles no momento.

A noite o dormitório estava vazio e aproveitei para conversar com minha mãe por vídeo chamada.

— Empolgada para o encontro amanhã? – Ela com certeza estava mais empolgada que eu, seu sonho era ter um genro, pelo menos era o que ela vivia falando.

— Estou mais nervosa que empolgada. E se ele tentar me beijar mãe?

— Você corresponde, oras! Sabe que até hoje não engoli essa sua história de nunca ter beijado aos 16 anos. Eu na sua idade estava quase me casando com seu pai. – Acho que minha mãe era a única no mundo que falava esse tipo de coisa pra filha.

— Mãe, todos sabemos que a senhora não bate muito bem da cabeça. Quero um conselho sensato, cadê o papai?

— Seu pai saiu com Fleamont, e goste você ou não ele disse a mesma coisa – Ela estava se achando a rainha da razão só pode.

— Eu não acredito nisso – Disse incrédula.

— Pois pode acreditar. Ele disse essas exatas palavras: tomara que esse rapaz dê um beijão na Lily e o James veja para perceber o que está perdendo.

— Vocês não são pais normais, onde já se viu um pai falar uma coisa dessas? – Estava impressionada com a capacidade deles.

              - Ai minha filha, relaxa. Vai dar tudo certo, tá? – Sua expressão ficou um pouco mais séria e ela mudou um pouco o tom de voz – Mas agora falando sério, você está bem com isso mesmo? Como estão as coisas com James?

             - Ah, mãe, as coisas com James estão como sempre estiveram, somos amigos e é só isso. Chegou a hora do meu coração entender isso também, então eu estou bem com isso tudo sim. – Contei pra ela da preocupação infundada dele e das conclusões dos garotos e ela só riu.

— Se eu contar isso para seu pai ele vai pegar no seu pé a vida toda.

— Então por favor não conte.

— Vou pensar no seu caso, minha filha – Disse piscando – Agora vou indo, beijo.

— Beijo, mãe – Disse desligando a chamada.

Nesse momento Alice, Dorcas e Lene chegaram esbaforidas no quarto.

— Por que vocês estão assim? – Perguntei

— Acabamos de vir do dormitório dos meninos – Respondeu Dorcas dando uma risadinha – Lene resolveu que seria bom pregar uma peça neles.

— Não acredito que me deixaram fora disso. O que fizeram?

— Pegamos todos os sapatos, meias e cuecas deles e molhamos, inclusive está tudo jogado no box do banheiro deles. Se quiserem sair do colégio amanhã vão ter que ir com tudo molhado porque nesse frio não vai secar mesmo – Lene respondeu maldosa.

— Não acredito nisso! Vocês são horríveis – Disse dando gargalhada do que elas fizeram.

— A única coisa que eu não queria perder era a cara deles quando virem o que fizemos – Alice estava com um cara divertida e sonhadora ao mesmo tempo – Uma pena não conseguirmos deixar uma câmera escondida para filmar.

— Seria uma ideia realmente ótima, mas vamos ter que nos contentar com a indignação deles amanhã por terem seus encontros interrompidos – Dorcas parecia estar se divertindo muito com toda a situação o que me surpreendeu, ela era a mais quieta de nós quatro.

— Espero realmente que eles não desconfiem de nós – Alice pareceu pensar na situação – Se não a vingança deles será muito pior que isso.

— Eles não tem como descobrir, tem? – Agora Lene não estava tão confiante.

— Se ninguém viu vocês saindo do dormitório deles acredito que é impossível que eles descubram – Disse tentando tranquiliza-las – Mas por via das dúvidas finjam muito bem amanhã de manhã.

— É verdade, não precisamos nos preocupar – Disse Dorcas abanando a mão.

— Mas como vocês conseguiram entrar lá? – Estava intrigada com isso.

— Sirius nunca tranca a porta. Quando o vi saindo de lá tive a ideia na hora e não podia deixar a oportunidade passar – Lene respondeu.

 - Juro que me senti naqueles filmes de adolescente – Alice comentou – ainda estou cheia de adrenalina.

— Confesso que estou com a consciência um pouco pesada – Dorcas acrescentou – mas eles bem que mereceram, bobocas!

Continuamos a conversar até cair no sono, quando percebi meu cobertor estava sendo puxado e as meninas me atacavam.

— O que é isso? O que está acontecendo aqui? – Perguntei desorientada.

— Lily, já são dez horas. Que horas você combinou de se encontrar com o Watson? – Dorcas me perguntou meio afobada.

— Caramba! Combinamos meio dia pra almoçarmos juntos – Respondi me levantando rápido e indo para o banheiro me arrumar.

Terminei de me arrumar exatamente as onze e meia, as meninas também estavam prontas então fomos juntas para o pátio do colégio, encontraria Thomas lá.

Chegando lá encontramos James, Sirius, Remus e Fank, para nossa chateação todos estavam com seus tênis, mas suas caras não estavam boas.

— Bom dia, meninos. Que caras são essas?  – Lene perguntou sorridente – Parece que não acordaram de bom humor.

—Não acordamos e nem dormimos de bom humor – James respondeu revoltado – Acreditam que entraram no nosso dormitório e molharam nossos tênis, meias e cuecas?

Fizemos cara de completo choque e perguntei falsamente indignada:

— Mas como entraram no dormitório de vocês? Por que alguém faria isso?

— Eu esqueci a porta aberta, sempre faço isso, mas nunca tinha acontecido nada – Sirius respondeu – Com certeza foi alguma garota maluca com ciúmes de mim.

— Convencido nem um pouco não é, Sirius? – Lene foi sarcástica – As coisas dos meninos também foram molhadas, não só as suas.

— Mas não tinha como ela saber de quem era o que não é, Lenezinha? – Sirius implicou – Então por via das dúvidas molhou de todo mundo.

Lene apenas revirou os olhos em resposta.

— Mas o que vocês fizeram? Estão aqui e calçados. – Alice perguntou chamando a atenção para os pés deles.

— Nós fomos a lavanderia e usamos as secadoras – Frank respondeu – Não ficou cem por cento seco e é claro que alguns tênis a gente não colocou lá, mas está dando pra usar.

— Tá louco que eu ia perder o meu encontro com Mary Macdonald. Faz dias que estou querendo sair com ela – Sirius interrompeu – Não seria uma bobeirinha dessas que iria me impedir né?

— Ninguém quer saber do seu encontro, Sirius. – Lene foi ácida, mas Sirius apenas sorriu divertido para ela.

— Eu não teria pensado nisso, vocês foram inteligentes – Dorcas comentou com a mão no queixo e o olhar no horizonte – Isso que é vontade de dar uns beijos.

— A necessidade nos faz pensar minha cara Dorcas. – Sirius lançando uma piscadela.

— Me faz pensar você quer dizer não é, Sirius? – Remus comentou – Vocês três só conseguiram ficar correndo de um lado pro outro tentando torcer as peças e desesperados porque iam perder seus encontros.

Todas nós rimos imaginando a cena. Nesse momento ouço alguém chamar meu nome, me viro e vejo Thomas, tinha até me esquecido do encontro, ai que nervoso!

— Olá, Thomas! – Disse dando um sorriso tranquilo tentando não parecer nervosa.

— Olá pessoal – Ele cumprimentou o restante e estendeu o braço para mim – Vamos Lily?

Antes que saísse James me puxou e disse em meu ouvido:

— Não se esqueça do que eu disse: tome cuidado. – Beijou minha testa e se afastou me deixando mais tensa e ainda arrepiada por sua proximidade.

Saí caminho a fora com Thomas, Hogsmead ficava a 15 minutos de caminhada do colégio por isso íamos andando mesmo.

— Você e Potter parecem ser bem próximos – Thomas comentou.

— Sim, somos amigos desde crianças, crescemos juntos. – Respondi querendo mudar de assunto, sem James no meu primeiro encontro, por favor!

Ele pareceu perceber que eu não queria falar disso e resolveu mudar de assunto.

—  Então, Lily, me fale sobre você, o que gosta de fazer nas horas vagas? – Perguntou puxando assunto.

A partir daí desatei a falar das coisas que gostava e que não gostava, nos identificamos em algumas poucas, mas na maioria éramos divergente, entretanto até o momento ele estava se mostrando alguém legal.

Perguntei a ele sobre o Handebol e como havia conseguido se tornar capitão do time, foi meu maior erro. A partir disso ele não me deixou falar mais, contou de como tudo aconteceu do início de sua vida até agora, todo seu relacionamento com o esporte, inclusive descobri que quer ser jogador profissional.

Chegamos ao Três Vassouras, o pub mais frequentados pelos alunos de Hogwarts, iríamos almoçar lá. Thomas continuava falando sobre Handebol, táticas, jogadores famosos, sobre os integrantes do time de Hogwarts, as partidas que ainda teríamos, a taça que ele queria conquistar e eu apenas fazia alguns comentários e acrescentava algumas coisas. Estava ficando entediada precisava conseguir mudar de assunto. Aproveitei que ele havia parado de falar para beber seu refrigerante e perguntei sem pensar:

— Além de jogar handebol você já fez outra coisa na sua vida como namorar? – Não sei porque perguntei isso, mas acho que intimamente queria afinetá-lo por não falar de outra coisa. Porém, esse foi meu segundo pior erro do dia, na verdade diria que foi pior que o primeiro.

Os olhos dele começaram a ficar marejados e ele disparou a falar novamente só que agora sobre sobre Sandra, sua ex que o havia traído.

— Sabe eu sei que é difícil namorar a distância, mas nós nos víamos a cada 15 dias, aos feriados eu sempre ia vê-la. Nós nos dávamos tão bem, nos divertíamos tanto, erámos felizes. – Acho que não tanto assim já que ela o traiu – Não consigo entender porque ela fez aquilo, eu disse que a perdoava e podíamos continuar juntos, mas ela não quis.

E ele continuava a falar e falar, disse que depois dela se tornou galinha, ficava com todas, mas viu que essa vida não era pra ele e estava tentando reiniciar do zero. Ele que não tente reiniciar comigo! Estava farta, sugeri que fossemos tomar um cappuccino para diminuir sua tristeza, ele concordou na hora.

No caminho para a cafeteria vi James e uma loira (ele sempre ficava com loiras, argh!) e imaginei que se eu estivesse ali com ele com certeza estaria muito mais divertido, mas fiz questão de ignorar esse pensamento. Thomas agora falava das coisas que viveu com Sandra, todos seus momentos bons e ruins. Pobre coitado havia terminado há 4 meses e até hoje não tinha superado, o observei enquanto ele fungava e bebia um gole de seu cappuccino, fiquei com pena. Quer dizer quem era eu para jugá-lo? Estava apaixonada por meu melhor amigo e mesmo depois de um fora anos atrás não consegui superar, com certeza se estivesse no lugar de Thomas estaria muito pior.

No entanto ainda estava chateada por esse encontro estar sendo horrível, Thomas com certeza não teria segundas intenções comigo ao fim do encontro, eu também não queria mais nada, sem dúvidas não desperdiçaria meu primeiro beijo com ele, não mesmo. Já esperei dezesseis anos, posso esperar mais alguns dias, semanas ou meses.

— Nossa, Lily, me perdoe por ter desabafado com você, mas é que estava tudo entalado a tanto tempo, precisava falar com alguém. – Thomas lamentou com uma lágrima descendo a bochecha esquerda.

— Não tem problema, as vezes a gente só precisa de um ombro amigo mesmo. – Disse dando um sorriso reconfortante.

Por fim decidimos ir embora dali, nada daquilo estava fazendo mais sentido e eu estava com frio por causa do vestido. Enquanto nos afastávamos do povoado vi que todos meus amigos nos observavam de algum lugar, nem têm vergonha na cara de ficarem me espionando dessa forma, mal sabem eles esse que encontro foi um fiasco. As meninas e minha mãe ficarão profundamente decepcionadas por continuar com minha cota de beijos intacta no número zero.