The Smell of Winter escrita por Yume


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!
Espero que gostem dessa one tanto quanto eu gostei de escrevê-la.
Desculpem qualquer possível erro, eu revisei, mas sabem como é!
Boa Leitura!



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The Smell of Winter

            Juvia olhava para toda Guilda com atenção, vez ou outra suspirava e fechava os olhos por alguns segundos. Todos pareciam presos em seu próprio conto de fadas, o pote de ouro no fim do arco-íris.

Nos últimos dois anos a Fairy Tail estava ainda mais barulhenta que o normal, mas não apenas por bêbados e homens brigando e sim pelo sonoro choro e risadas de bebês, frutos da mais nova geração da Guilda mais forte de Fiore.

A maga de água olhava os amigos com suas respectivas famílias, Gajeel estava atrapalhado entre equilibrar o casal de gêmeos nos braços e pegar mamadeiras na bolsa que estava sendo segurada por Lily, Juvia riu ao ver o desastre que o amigo era com essas coisas, perto Levy lia um livro e vez ou outra desviava o olhar para o marido, apenas dando uma risadinha discreta.

Do outro lado do salão, Erza batia em Jellal que estava sem sucesso tentando pentear os cabelos da filha que insistia em brincar com uma espada de borracha. A ruiva andava mais irritadiça que o normal, a chegada do segundo filho estava perto e a barriga proeminente era a prova de que os nervos da maga estavam a flor da pele, e quem pagava o pato era Jellal, porém, o mesmo fazia tudo com uma paciência e carinho invejáveis, o sorriso sempre pendia discreto no canto da boca. Era bonito. Juvia suspirou pesado mais uma vez e desviou o olhar para outra família barulhenta.

Os Dragneel. Talvez o mais confuso e engraçado casal de todos, Lucy e Natsu estavam no mundo das fraldas e mamadeiras a pouco tempo, a pequena Nashi havia nascido a cerca de três meses e parecia ter puxado o gênio do pai, já que berrava a plenos pulmões enquanto Lucy tentava lhe dar de mamar, tarefa essa que estava sendo cada vez mais difícil, já que Natsu havia estourado a madeira ao tentar esquenta-la com as mãos e estava nesse momento andando de um lado para o outro como uma barata tonta, atrás de algo que fizesse a filha parar de chorar. Lucy estava vermelha de raiva e esbravejava aos quatro ventos o quanto Natsu era um cabeça oca. Mas isso logo passaria, com os dois era sempre assim, entre altos e baixos, porém, sempre juntos em todas as situações e apesar de tudo, Natsu estava se mostrando um bom pai, exceto em algumas situações, como essa.

Mais uma vez Juvia puxou o ar com força.

Todos estavam se acertando, até mesmo Elfman e Ever estavam felizes com a pequena Evie. Laxus e Mirajane haviam finalmente assumido o caso, que todos da Guilda já sabiam e agora esperavam um bebê, um menino, que deveria nascer pelas próximas semanas.

Fairy Tail estava entrando em uma nova fase, uma nova geração havia nascido e pelos pulmões de aço que tinham, já estavam provando que tinha um folego e tanto para continuarem honrando a reputação e respeito da Guilda.

Juvia permaneceu melancólica, lançou um breve olhar para a porta da guilda fechada e voltou sua atenção para um copo de suco sobre o balcão, encarou as duas pedras de gelo que boiavam sobre o líquido rosa e, talvez pela centésima vez naquela tarde, respirou fundo.

Apenas ela parecia continuar estagnada no mesmo lugar.

Juvia e Gray não haviam assumido nenhum tipo de relacionamento. É claro que estavam juntos, pelo menos era isso que Juvia e toda a guilda tinham na cabeça, mas isso não quer dizer que Gray tenha gritado aos quatro ventos que eles estavam namorando ou qualquer coisa do tipo. Na verdade, eles nem mesmo moravam juntos. Gray voltou para a casa no topo da colina e Juvia ainda vivia na Fairy Hills.

Eventualmente a maga ia para a casa do moreno, passava alguns dias e então, acabava voltando para pensão, pois achava que estaria invadindo o espaço de Gray, mais do que ele queria.

Passavam longas noites entrelaçados sobre os lençóis, saiam em missões, faziam compras juntos e até mesmo discutiam sobre o que fazer no jantar. Mas, isso não passava de rotina, no outro dia, Juvia voltava para pensão e Gray saía em missão ou viajava para resolver alguma coisa da guilda. Nada os prendia um ao outro, e isso estava cansando Juvia de uma forma que nem mesmo ela estava disposta a suportar por muito mais tempo.

Estavam no final do verão e as folhas começavam a se desprender dos galhos finos das árvores de Magnólia, o vento começava a ficar fresco no fim da tarde e o orvalho era mais denso de manhã cedo. Juvia gostava daquele clima, amava a troca de estações e amava ainda mais o inverno, que em breve estaria ali.

Saiu da guilda perto do anoitecer, despediu-se dos amigos e foi caminhando lentamente pelas ruas pouco movimentadas da cidade, o sol escondia-se preguiçoso atrás das águas claras do rio e deixava um tom alaranjado no céu. Juvia aspirou profundamente ao receber uma brisa fria sobre o rosto, o cheiro de água a fez sorrir, fechou os olhos e parou em frente ao canal que cruzava Magnólia.

Não tinha porque chegar cedo na pensão, resolveu esperar a noite cair por ali, sentindo o vento fresco e o suave cheiro de água que tanto a acalmava. O silêncio do crepúsculo se fez presente antes que ela percebesse e aos poucos as luzes foram apagando, escutou o cricrilar de alguns grilos e o miado de algum gato escondido por entre os becos, suavemente ouviu passos lentos virem em sua direção. Não precisou virar-se para saber quem era, pois, a brisa deu conta de trazer o perfume almiscarado junto de si, não pode evitar sentir o coração acelerar e um arrepio conhecido cruzar sua espinha.

— É perigoso ficar até a essa hora sozinha na rua – Gray parou ao lado da companheira e encarou o mesmo ponto perdido no horizonte.

— Juvia não tem porque ter medo, todos aqui são conhecidos.

— Ainda sim, sabe que é perigoso – O homem falou baixo e passou a mão direita pela cintura da maga. Uma espécie de cumprimento discreto e íntimo que ele nem mesmo percebeu quando pegou o costume de fazer, apenas gostava de tê-la perto de si e de sentir o calor confortável de seu corpo.

Juvia retesou o corpo, normalmente, ao ter a cintura enlaçada pelo mago, aproximava-se e encostava a cabeça no ombro largo. Porém, dessa vez, estava com a cabeça em um turbilhão e seu coração doía, não tinha vontade de se aproximar, pois sabia que faria isso agora e amanhã ou depois, voltaria a rotina de voltar para casa sozinha e passar alguns dias, ou até mesmo semanas, sem nem ao menos saber aonde Gray estava.

O moreno percebeu a recusa silenciosa de Juvia, apertou o braço em volta do corpo da mulher – O que houve? – Nunca gostou de rodeios e preferia a franqueza em todas as situações.

Juvia suspirou – Juvia está cansada – Falou simplesmente, sem se ao menos encará-lo, não achava que seria capaz.

— Então vamos para casa, pode dormir lá hoje – As palavras baixas de Gray foram como uma facada no peito da mulher.

— Hoje? Juvia pode dormir lá hoje? – Desvencilhou-se do aperto em sua cintura e o encarou, os olhos começando a nublar pelas lágrimas contidas.

— O que quer dizer?

— Juvia está cansada de passar noites com você – Uma lágrima teimosa escorreu pela face alva e foi rapidamente tirada pelas costas da mão trêmula – Gray-sama quer apenas passar noites com Juvia, depois sai e volta quando bem entende, deixando Juvia aqui, esperando por algumas migalhas de atenção e carinho – Outra lágrima percorreu o caminho da anterior e dessa vez a maga não fez nada para impedir – Todos na guilda estão seguindo em frente, têm suas famílias, aproveitam os filhos e tem uma perspectiva de futuro com aqueles que ama, mas Juvia não tem isso, Gray-sama apenas quer que passemos noites juntas, como se eu fosse um brinquedinho – O rosto estava completamente molhado por grossas lágrimas e a voz estava entrecortada pelos soluços que começavam a vir sem piedade – Juvia cansou – Como que dando um ponto final para a declaração da maga, o céu a tão pouco, colorido por nuvens laranjas, foi coberto por grossas nuvens escuras, que irromperam-se em um aguaceiro impiedoso.

Gray não falou nada, apenas abaixou a cabeça e tentou concentrar-se no barulho das grossas gotas caindo sobre os prédios e ruas e não no soluço e choro da pessoa que estava tão ansioso em ver. Ver Juvia chorar daquela maneira e falar tudo aquilo o machucou mais do que o esperado. Ela achava que ele não queria uma família com ela e que na verdade apenas a tinha para uma noite de sexo casual. Cada palavra cravou em seu coração como adagas quentes.

Juvia encarou o silêncio do moreno como uma confirmação do que havia acabado de falar e isso só fez com que seu coração se quebrasse ainda mais, consequentemente, fazendo a chuva engrossar. Decidiu sair dali e não olhar para trás, porém, antes que pudesse dar qualquer passo na direção contrária, foi puxada em direção ao corpo frio e rígido de Gray, sentiu os braços a enlaçarem com força e a respiração ofegante tocar a pele arrepiada de seu pescoço.

Ficaram assim por um período que nenhum dos dois saberia mensurar, apenas deixaram os corpos juntos, unidos como um só. Gray queria que Juvia percebesse que ela não era só um passatempo, queria que aquele abraço que estava dando com todas as suas forças, fosse o suficiente para que ela tivesse a força do amor que ele sentia preencher todo seu peito, que seu coração montasse todos os pedacinhos que estavam quebrados e que ela soubesse que na verdade, era ele quem tinha medo de a pressionar, de fazer com que Juvia achasse que se fosse colocada na posição de aceitar ser sua companheira pela vida toda a fizesse pensar que ele estivesse apenas a aceitando por pena, por todos aqueles anos de devoção que foram direcionados para ele. Gray queria deixar claro que a amava com tudo o que tinha, mas ao que parece, ele não sabia fazer isso.

Em determinado momento, Gray a soltou, sentia os nós nos dedos das mãos adormecerem, tamanha a força que se agarrava a ela. Encarou Juvia com os olhos pesados, não sabia se pela chuva, ou porque suas lágrimas também caiam com força. Passou as mãos pelo rosto delicado, afastou as mechas azuis que estavam grudadas na testa e bochechas, sorriu doce para a expressão infantil que a maga estava, beijou com cuidado cada canto da pele branca e gelada.

— Nunca mais fale que é meu brinquedinho – Sussurrou após um suave beijo próximo a orelha da maga – Você sabe como sou um idiota com sentimentos, esse tempo todo achei que estava sendo bem claro quanto ao que você era para mim e tive medo de fazer você pensar que estávamos juntos apenas por pena, ou porque me cansei depois de tantos anos assim. Me desculpe por magoá-la tanto – Ergueu o rosto para ficar mais próximo do seu e depositou um selinho nos lábios róseos – Olhe para mim querida – Juvia fixou os olhos nas orbes negras com receio – Quero muito ter uma família com você – Gray riu sem jeito – Quero jogar na cara de Natsu o quanto meus filhos serão mais fortes que os dele, quero terminar aquela sacada em minha casa e quero ver você fazer um belo jardim nos fundos, ao lado de um parquinho que pretendo construir para que as crianças possam brincar em dias de neve – Juvia não conseguia acreditar no que estava ouvindo, as lágrimas corriam com mais força que antes, porém a chuva estava dando uma trégua e apenas uma fina garoa caía na cidade – Juvia! Eu quero dormir e acordar do seu lado, quero que fique com ciúmes quando eu fizer alguma piadinha idiota sobre suas rivais do amor, quero ver você toda chorona quando descobrir que está grávida pela primeira vez e quero esteja junto comigo quando estivermos tão velhos quanto o mestre e tão caducos que nem mesmo saberemos o que comemos no café da manhã, mas eu ainda assim vou amar você com todo meu coração – Gray soltou o ar que nem mesmo havia notado que estava segurando e sorriu sem graça – Agora, por favor, pare de chorar, porque estou tão nervoso que em breve vou acabar congelando essa chuva e teremos neve em pleno verão.

Juvia sorriu genuinamente e jogou os braços sobre os ombros do amado, o apertou com força e beijou seu pescoço várias vezes, como se estivesse querendo ver que aquilo era real e que seu Gray-sama estava mesmo ali, declarando todo seu amor e desejo de estar junto com ela para sempre.

— Juvia está tão feliz! – O encarou e sorriu ainda mais – Gray-sama é um completo idiota! – O mago fez uma careta, mas logo meneou a cabeça e também sorriu – Juvia teve tanto medo de ter que desistir desse amor, ou pelo menos tentar.

— Você nunca vai ter que tentar parar de me amar, porque se um dia cansar de mim, eu vou atrás de você até que lembre que me ama como sempre amou – Gray a beijou com vontade – Juvia-sama – Juvia arregalou os olhos e o moreno riu com vontade voltando a lhe dar vários selinhos.

— Juvia aceita ir para sua casa hoje.

— Minha querida maga, você vai para nossa casa para sempre – Gray voltou a enlaçar a cintura fina e dessa vez ela apoiou a cabeça no ombro forte, começaram a caminhar devagar em direção a colina – Aliás, podemos começar com aquela ideia de ter filhos, Nashi já está com quase três meses, isso quer dizer que Natsu já está na frente.

Juvia riu e acariciou as costas do mago – Vamos então.

E assim a história de Juvia e Gray também se desenrolou e entrou nas páginas dos contos de fadas da Fairy Tail, os dois passaram a ficar entre as famílias barulhentas da guilda bem rápido, logo estavam entretidos entre trocar fraldas e esquentar mamadeiras para atender o pequeno Yuki.

Desse jeito, meio torto meio errado e meio sem sentido, as pessoas, até mesmo as que nem sempre pareceram certas um para o outro, vão trilhando seu próprio caminho, ligando seus laços e entrelaçando suas vidas uma na outra, como água e gelo, como fogo e estrelas, como ferro e livros e como tantas outras coisas que de um jeito ou de outro são partes de um mesmo quebra-cabeça que nós chamamos de amor.  


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