Outro alguém escrita por Aislyn


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Katsuya achava que, se não ficasse pensando tanto, planejando e se lamentando, talvez toda aquela situação já teria se resolvido, mas precisava de um longo tempo para tomar coragem antes de agir. Podia ter falado com os pais no mesmo dia que falou com Mikaru, mas preferiu procurar Takeo antes, para ter uma segunda opinião. Em seguida, esperou mais um pouco antes de finalmente procurar a irmã e agora fazia alguns dias que não falava com nenhum deles e não sabia quem procurar primeiro.

 

Como prometido, Mayu avisou na mesma noite sobre a resposta dos pais, confirmando que iriam recebê-lo para conversar. Sobre voltar a morar com a família, era algo que seria decidido pessoalmente, quando os quatro estivessem juntos. Mikaru, por sua vez, não cobrou nenhuma resposta desde a conversa em seu apartamento, mesmo que tivesse pedido para entrar em contato mais tarde. Sentia-se culpado por não ligar para contar como estavam as coisas, mas também envergonhado de confessar que ainda não havia resolvido tudo e, acima de tudo, tinha medo do empresário desistir e negar essa nova chance.

 

E justamente por medo de perder aquela oportunidade com Mikaru é que Katsuya decidiu procurar o empresário, não encontrando-o em casa e se dando a liberdade de ir até seu escritório. As chances de ser recebido por lá eram mínimas, mas ia arriscar. Não ia deixar o tempo passar correndo sem que fizesse nada.

 

Kojima, a secretária de Mikaru, recebeu-o bem, mas avisou que teria que esperar o término da reunião para ser anunciado. O chefe tinha outro compromisso a seguir, mas se não fosse nada demorado e a reunião terminasse no horário previsto, eles conseguiriam se falar.

 

Sentou no banco de espera, folheando revistas e servindo-se de café, olhando no relógio de tempos em tempos apenas para confirmar que os minutos estavam se arrastando. Olhando para a porta da diretoria, o silêncio parecia reinar do outro lado, mas imaginava que a conversa era bastante séria.

 

Quase quarenta minutos depois e só então a porta foi aberta, deixando passar algumas pessoas que rumaram para o elevador, sem lhe dispensar um olhar mais atento. Kojima acenou em sua direção, pedindo-o para se aproximar enquanto fazia uma ligação que logo descobriu ser para o chefe. Ela olhou para a agenda em sua mesa, passando o dedo pelos compromissos anotados, resmungando afirmativas e negativas, rabiscando instruções no canto de um papel antes de desligar, sorrindo para o rapaz.

 

— Ele vai recebê-lo agora, Kurosaki-kun. Tente não demorar muito, pois terá outra reunião em vinte minutos e essa eu não posso remarcar. Espero que seja o suficiente.

 

— É sim, ajudou muito! Obrigado! – Katsuya sorriu satisfeito, sem esperar mais nenhum segundo antes de invadir a outra sala.

 

Foram poucas as vezes que pisou ali dentro, o suficiente para conseguir contar em apenas uma mão. Era de seu conhecimento o quanto Mikaru levava o trabalho a sério e não queria atrapalhá-lo de forma alguma. Ver a pilha de papéis em cima da mesa só confirmou o pedido de Kojima, de que não poderia demorar muito, pois trabalho não faltava naquele dia.

 

— Sente-se. Só vou terminar de assinar esses papéis e já conversamos. – Mikaru murmurou sem lhe dispensar um olhar, deixando-o desconfortável por um momento, mas Katsuya sabia que seria assim desde que decidiu procurá-lo em seu local de trabalho.

 

Puxou a cadeira em frente ao empresário, olhando a decoração ao redor para se distrair, notando que pouca coisa havia mudado desde a última vez em que esteve ali e isso fazia alguns bons meses. Não sabia se pelo outro gostar de como as coisas estavam dispostas ou se pela falta de tempo para organizar e mudar.

 

Conferiu as horas no celular, notando para sua infelicidade que metade do tempo que tinha disponível ali já havia passado. Talvez tivesse vindo mesmo em uma hora ruim.

 

— Sua irmã me contou que você foi procurar seus pais. – Mikaru jogou a caneta de lado, escorregando levemente pela cadeira, abandonando a pose altiva – Como foi a conversa?

 

— Ah… eles não estavam quando fui lá. Vou voltar pra outra visita…

 

— Hmm… você parece preocupado. O que houve?

 

— Nada. Nada sério, na verdade. Eu fiquei de te ligar, mas não resolvi nada até agora, então não tinha o que contar, mas se eu continuasse enrolando ia acabar ficando com mais vergonha de vir te ver.

 

— Está resolvendo aos poucos, até onde descobri. – Mikaru deu a volta na mesa, sentando na cadeira ao seu lado e segurando sua mão – Falou com sua irmã, marcou de se reunir com sua família, andou trocando ideias com Shiro. Não precisa se forçar demais.

 

— Você está bem informado… e sendo muito tolerante. – Katsuya encarou as mãos unidas, entrelaçando os dedos – Não sei se fiz algo para merecer isso.

 

— Eu tenho meus contatos. Sua irmã me manda mensagens perguntando como você está e contando como seus pais estão. Shiro me contou que você o procura às vezes, comentou por alto os assuntos que abordam, disse que ainda não está conversando com Izumi.

 

— Ele ficou chateado quando descobriu que terminei com você… não sei como me aproximar de novo.

 

— Já tentou se desculpar? Pode ter começado com uma mentira, mas não foi algo que você fez contra ele. Izumi não tem porque tomar minhas dores. Acredito que seja fácil pra você lidar com ele.

 

— Como assim, começou com uma mentira?

 

— Sobre você conhecer alguém e estar com essa pessoa. Ou não é mentira? Está tentando reatar comigo enquanto está com outro?

 

— N-não! Não estou te traindo nem nada! Não estou com ninguém!

 

— Mas estava? – aquele assunto não havia sido realmente esclarecido. Quando conversaram no apartamento de Katsuya, o rapaz afirmou que tentou lhe causar ciúmes, que queria ser procurado, mas para Mikaru foi somente uma desculpa para acabar com o relacionamento.

 

— Não… bom, não estava saindo para encontros nem nada. Só a parte de conhecer outra pessoa era verdade.  – Katsuya confessou num murmúrio, desviando o olhar e tentando soltar as mãos, mas Mikaru manteve-as unidas – Como você descobriu?

 

— Descobri quando veio terminar comigo. – Mikaru recebeu um olhar atônito, observando com diversão enquanto Katsuya ficava corado – Você passa a mão pela nuca e desvia o olhar quando mente. Eu não tinha certeza sobre haver outra pessoa, mas imaginei que inventou a história para que eu não fosse atrás de você. E, caso não lembre, você confirmou isso quando conversamos antes; você queria que eu corresse atrás.

 

Katsuya abriu e fechou os lábios algumas vezes, sem saber o que responder. Ele havia sido pego aprontando.

 

— Então… vai me contar por que não saiu para um encontro com alguma dessas pessoas que conheceu? – Mikaru questionou após um instante, querendo chegar ao fundo daquela história.

 

— Está com ciúmes? – Katsuya encarou-o curioso, um brilho de expectativa no olhar.

 

— Essa era sua intenção desde o começo. Não tenho ciúmes de você, porque confio. Confiava. Precisa se esforçar se quiser reaver isso. Espero que não minta pra mim de novo.

 

— Não vou, prometo. – o silêncio tomou conta do ambiente por um instante, antes de Katsuya suspirar ruidosamente, retomando o assunto. Precisava tirar aquele peso das costas – Estou num emprego novo, tenho novos colegas, novos clientes para atender. A parte de conhecer novas pessoas veio daí…

 

Mikaru riu baixinho, incrédulo com aquela afirmação.

 

— Me tire só uma última dúvida: quem te deu essa ideia foi o Shiro?

 

— Não… ele é inocente dessa vez. Mas pensei no que ele faria se estivesse no meu lugar. – confessou envergonhado. Pedir dicas para Shiroyama sobre o que fazer não se mostrou algo confiável. Ele não levava muita coisa a sério, além de ter ideias malucas. Izumi era um pouco mais razoável e centrado, mas como Mikaru já dissera, ele não era uma boa escolha para ajudar, visto que os dois não se entendiam muito.

 

Uma batida na porta sobressaltou Kurosaki, que esqueceu estar no local de trabalho de Mikaru.

 

— Mikaru-san, precisa ir pra reunião. – era Kojima, relembrando as atividades do chefe para aquele dia.

 

Katsuya tentou se afastar do empresário, mas novamente foi segurado no lugar.

 

— Dez minutos. – foi a resposta dada à moça, que pareceu entender o recado, pois não bateu novamente à porta, seus passos se afastando até não serem mais ouvidos.

 

— É melhor você ir, estou atrasando seu serviço. Eu também preciso trabalhar daqui a pouco. Já tomei muito do seu tempo.

 

— Vá falar com seus pais hoje. Depois vá lá pra casa, se quiser.

 

— Eu… trabalho até tarde… eles não vão esperar acordados…

 

— Tsc… você deu a entender que trabalha num local que te envergonha. Saia de lá e volte pra Shirozumi. Aproveite para falar com Izumi, se acerte com ele e peça o emprego de volta.

 

— Mas…

 

— Gosta de onde está trabalhando? – Mikaru finalmente se afastou, dando a volta na mesa e pegando alguns papéis. Seu tempo estava se esgotando – Se for esse o caso, não vou me intrometer.

 

— Não gosto… é distante de onde moro e não pagam muito bem. Achei que ia conseguir bancar a faculdade sozinho… o horário também é ruim… – confessou desanimado.

 

— Tenho uma proposta para você com relação à faculdade, se estiver interessado em ouvir. Mas fale com seus pais primeiro, essa parte do trato eu não abro mão.

 

— Eu vou tentar.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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