Sozinhos, mas juntos escrita por Nyuu D


Capítulo 4
Quarta parte


Notas iniciais do capítulo

Rapaz, essa história está tomando um rumo inesperado, mas até que tá legal. Espero que gostem.
Aviso que tem uma piadinha com incesto aí, mas sem ofensas, é pq acho que a Mikoto pensaria algo assim.



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O restante do fim de semana foi envolto em interações muito curiosas entre Saiki e Mikoto. Tudo foi novo e único; só de poder ouvi-lo falar através da boca, como qualquer pessoa normal, em vez de transmitir os pensamentos, Mikoto já ficava muito feliz. Ela se sentia num relacionamento mais convencional, embora não conseguisse tirar da cabeça o fato de que as coisas não eram nem um pouco convencionais. Não apenas porque eram paranormais, mas porque Saiki estava guardando algum mistério. Mesmo assim, Mikoto decidiu que daria tempo ao tempo. Tinha certeza que Saiki iria contá-la o que fosse necessário.

Mikoto foi tratada como uma princesa por Kumi, embora Kumagoro não fosse tão receptivo. Em algum momento ele teria que aceitar, e Mikoto não estava interessada na opinião do velhote, já que Saiki tampouco parecia estar. Ele foi gentil com ela na frente da família, o que também a deixou mais aliviada. Todos pareciam surpresos e animados com o carinho entre o jovem casal.

Ainda assim, Mikoto sabia que aquela não seria a interação cotidiana entre eles, então, apesar de animada, ainda estava ansiosa pelos dias seguintes. Em especial, quando voltassem para as aulas.

Antes de irem embora, Kusuke chamou Mikoto e, gentilmente, lembrou a ela que eles tinham um acordo.

— Eu sei disso — respondeu Mikoto. — Mas não vou te ajudar a sabotá-lo.

Kusuke deu uma risadinha, mas se limitou a isso.

 

Já na escola, a situação foi diferente.

Quando Mikoto entrou na sala de aula e foi na direção de Saiki para se sentar com ele, e pegar em sua mão, o alvoroço foi instantâneo. Ela ficou feliz por Saiki não poder mais ler sua mente, porque ele ficaria horrorizado com os pensamentos que Mikoto teve ao ver Teruhashi ficar branca como cera ao vê-los de mãos dadas.

Foi pura satisfação. Não, foi um deleite! A bishoujo insuportável perdeu. Tchau, linda. Vai namorar seu irmão.

Mikoto podia ser terrível, às vezes. Pelo menos era só em pensamento.

Apesar de tudo, ela preferiu fingir que não viu nada e continuou falando com Saiki sobre um assunto qualquer, embora ele não estivesse tão falante. Isso acendeu algumas luzes vermelhas na mente de Mikoto, mas o nervosismo passou quando percebeu que ele estava realmente prestando atenção. Ele estava ali, presente com ela. Era o que importava.

Dentre os colegas, o único que não pareceu surpreso foi Nendou. Na verdade, Mikoto ficou admirada com a naturalidade com a qual ele lidou com a novidade.

— Ah, eu achei até que você já namorava o meu parceiro — disse ele com um ar casual.

Mikoto lançou um olhar para Saiki, expressando seu contentamento. Nendou era um cara pueril, ele certamente havia visto através deles muito antes de Mikoto investir naquele namoro.

Ainda assim, a confusão social era a de menos. Depois de sobreviver a um bombardeio de perguntas de suas amigas, Mikoto foi embora do colégio na companhia de Saiki. Ele parecia ansioso para levá-la a algum lugar.

— Aonde vamos?

— Preciso esclarecer algumas coisas com você. — Saiki foi direto, e Mikoto achou que era suficiente. Iria esperar mais informações.

Saiki levou Mikoto para Oshimai, na região onde ocorria a erupção vulcânica que, todos os anos, Saiki tentava interromper, mas falhava. Ele contou tudo para ela, da melhor maneira que pôde.

O curioso para ele foi demonstrar alguma vulnerabilidade. Ele não estava acostumado com isso, e não sabia nem se estava preparado. No entanto, também sabia que a ajuda de Mikoto seria muito valiosa. Esperava que ela não o interpretasse mal. Definitivamente não queria transformar seu pedido de namoro, se é que podia chamar assim, numa desculpa para que ela lhe ajudasse. Em verdade, ele tinha certeza que Mikoto ajudaria mesmo sem que fossem namorados.

Mas, como ele mesmo temia, agora ele não podia lidar com isso sozinho. Ou talvez não quisesse mais fazer isso.

— Então o mundo está num loop temporal porque você está tentando impedir a erupção de acabar com o país?

— É. — Falou ele.

Mikoto ficou olhando fixamente para o ponto no chão onde Saiki havia indicado que a erupção ocorria.

— Eu... não quero que você me volte no tempo. — Mikoto falou quase num sussurro.

Saiki se aproximou um pouco. Precisava demonstrar seus sentimentos, também. Mikoto era muito emotiva. Não duma forma pejorativa; mas ela tinha muitas emoções, e gostava de pô-las para fora. Talvez não fosse tão fácil para ele, mas parecia valer a pena exercitar. Se quisesse Mikoto por perto, teria que saber lidar melhor com suas vulnerabilidades, e deixar de ter medo delas. Mikoto poderia ajudá-lo.

Só esperava que Kusuke não quisesse fazer besteira num momento delicado como aquele, apenas por saber a importância de Mikoto em sua vida.

Ainda assim, ele sabia que Kusuke havia sido sincero quando disse que ele mesmo sabotaria suas chances. Por isso mesmo, como já havia pensado, não podia deixar aquilo acontecer.

— Não se preocupe. — Ele soou o mais gentil que conseguia, embora sua voz fosse monótona. — O tempo volta para mim também. A diferença é que eu não mexo nas minhas memórias. Não irei mais mexer nas suas, também.

— Mas então, todo seu treinamento para parar o vulcão também se perde?

— Em parte, sim. Mas meu corpo acaba sendo treinado com mais facilidade porque tenho uma espécie de memória muscular. Além disso, percebo que nossos colegas, sempre neste período, estão cada vez mais capacitados para suas atividades cotidianas. Acredito que aconteça o mesmo com eles.

— Agora eu entendi — Mikoto disse após uma breve pausa. — É difícil lidar com um desastre natural quando você se importa muito com as pessoas. Mas, sabe de uma coisa? Eu não acho que você passaria por todo esse estresse caso não se importasse com ninguém. Estou pensando que nosso namoro poderá ser muito positivo no seu treinamento para conter o vulcão neste ano. A luta é melhor quando temos algo pelo que lutar.

Saiki não respondeu, porque precisava processar a informação. Talvez ela tivesse razão, mas ele ainda não tinha certeza.

A primeira reação de Mikoto foi pensar que ele estava usando o namoro para fazê-la ajudar, mas não. Definitivamente Mikoto ajudaria, independentemente disso. E ele devia saber.

Saiki precisava de apoio. Ele era um jovem paranormal muito poderoso, mas ainda assim, era um jovem garoto. E Mikoto também, às vezes, precisava de ajuda para lidar com seus poderes. Isso porque ela não fazia tanta questão de escondê-los, embora muitas vezes soubesse que as pessoas pudessem interpretar sua paranormalidade como charlatanismo, num primeiro momento.

— Eu sei que você vai conseguir — disse ela um tempo depois, diante do silêncio de Saiki. Era muita coisa mesmo.

— Vamos conseguir — corrigiu ele sutilmente.

Após alguns minutos contemplativos, Saiki voltou a falar, quase que esquecendo que precisava abrir a boca para que Mikoto lhe ouvisse.

— E... não relate essa parte ao Kusuke. Não quero que ele se meta nisso.

Mikoto tencionou dizer que aquilo não tinha nada a ver com o namoro deles, mas, em verdade, tinha muito mais do que parecia. Ela baixou o olhar para o ponto da erupção novamente e ficou em silêncio, pensativa.

—  Yare, yare. — Fez ele. — Está arrependida?

Mikoto subiu o olhar rapidamente.

— Nunca! Não mesmo. Estou feliz por você me pedir ajuda. Vou exercitar mais meus poderes.

Saiki concordou com a cabeça, satisfeito com o entusiasmo dela.

Mikoto pensou até mesmo ser positivo que eles estivessem engajados logo de imediato em algo em comum. Talvez fosse mais simples passar por alguns gostos diferentes, caso isso viesse a acontecer. Tudo bem se ela gostar de novelas e ele de animes de ação, porque eles tinham que salvar o país juntos. Era ótimo, não era?!

Mas não podia ser a única coisa. E era esse o desafio.

Eles foram andando para casa, e Mikoto deixou Saiki antes, considerando o caminho.

— Obrigada por me incluir nisso. — Mikoto falou quando iam se despedir.

— Por isso eu disse que namorar comigo era mais do apenas isso.

Mikoto assentiu. Ela concordava e sabia que ele precisava de ajuda. E ela entendia os motivos dele. Só esperava ser capaz de transcendê-los e passar a confiança que ele precisava. Ele já havia dado uma chance para isso quando aceitou o namoro a sério.

Acreditava ter o poder, além da paranormalidade, para incentivar Saiki a usar sua força ao máximo. Mais do que treinar, ele precisava ter o suporte de alguém. E Mikoto estava disposta a preencher esse papel, e todos mais que Saiki precisava.


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