With all the love escrita por SouumPanda


Capítulo 15
And Now?




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 Parece que toda minha vida com Aidam e Florence passava diante dos meus olhos, parece que era aquele instante final de vida que passa diante dos nossos olhos, brigas, risadas, choros, Matteo nascendo, Aidam e Matteo, Florence e Matteo. Estava sentada no chão do corredor do quarto de Aidam, quando os médicos saíram e vieram ao meu encontro, encontrei a força que faltava nas pernas para conseguir levantar e assim nos encontramos entre ambos caminhos.

— Estabilizamos ele, ele está em coma Dra Camille, tudo que tinha para fazer ao nosso alcance foi feito. Agora vai dele lutar contra os ferimentos e se recuperar. – O cirurgião falava e tudo ia rodando e meu estomago embrulhando e apenas afirmei com a cabeça e dei o melhor sorriso que conseguia. – Fique à vontade para ficar com ele.

— Obrigada. – Disse quase sem voz, esperando os médicos passarem por mim e assim indo em direção ao quarto de Aidam, abrindo a porta a enfermeira terminava de colocar o medicamento e Aidam desacordado, respirei fundo estava com os olhos inchados de tanto chorar e me sentei novamente ao seu lado, próximo o suficiente para pegar na mão dele. – Você tem que melhorar, você teve uma menina linda que precisa de você, Matteo precisa de você, nosso bebê precisa de você. – Logo as lagrimas rolaram, e não contive meu corpo doía, meu peito parecia explodir, uma dor enorme, uma tristeza sem fim. E um silencio esmagador, era obvio que ele não ia me responder, eu queria gritar por tanta angustia, tanto sofrimento, por parecer que nosso futuro certo, agora se tornou incerto, Aidam não podia me deixar, Florence já tinha me deixado e ele não podia fazer isso, eu precisava dele mais do que eu gostaria de admitir.

— Camille. – Craig estava na porta, me olhando e eu limpei as lagrimas e o olhei, ele forçou um sorriso de consolo e foi entrando. – Vim ver como você estava, fiquei sabendo que Aidam tinha tido uma parada, como ele está?

— Estável, não tem mais o que fazer, apenas esperar por ele. – Eu ia falando e a voz sumindo e Craig se aproximou e me abraçou e mais uma vez desabei. – Estou com tanto medo Craig.

— Por tudo que aconteceu, Aidam vai resistir, vai viver e vocês vão ser os noivos mais lindos. – Ele acariciava meu cabelo e deu um beijo no mesmo. – Você não está sozinha Camille, tem muitas pessoas que vão ser sua força e eu sou uma delas. – Ele se afastou o suficiente para nos olharmos. – Mas agora tem que ir no velório da sua irmã, eu fico com Aidam, meu plantão vai terminar e qualquer mudança eu te aviso tudo bem? – Com toda correria com Aidam, esqueci do velório de Florence. Apenas afirmei com a cabeça e beijei demoradamente o rosto de Craig em forma de agradecimento e beijei ternamente a testa de Aidam.

— Eu já volto meu amor. -  Falei rouca com lagrimas rolando no rosto, respirei fundo e limpei as lagrimas e tentei abrir um sorriso de gratidão a Craig. Fui para casa me trocar e meu pai que estava com Matteo pronto, fomos para a cerimônia de sepultamento.

Florence estava linda, sua pele pálida, branca parecia que estava tirando um longo sono, seu rosto estava sereno e parecia finalmente a irmã que eu conheci, antes de se perder. Olhei em volta, todos me olhava com certa apreensão, meu pai estava desmoronando de chorar abraçado ao corpo de Florence ao lado do caixão e eu parei em seus pés. Respirei fundo e engoli o choro, fui até meu pai e o abracei fortemente, e ele desabou a chorar e aquilo me fez chorar. Não tinha como não me sentir culpada pelo que aconteceu a Florence e Aidam, e isso tudo deveria ter sido mais simples, eu deveria estar no lugar da minha irmãzinha. Ela se perdeu de maneiras que não conseguia imaginar, ela corrompeu todo ensinamento de amor que nosso pai nos ensinou, meu pai. Meu pobre pai, que chorava alto, sem conseguir ser consolado, se martirizando onde errou com Florence, como pode acabar assim, que não é o dever de um pai enterrar seu filho, molhava todo meu vestido com as lagrimas. Eu apenas o abraçava firmemente para evitar que desabasse no chão. Matteo ia vir com a gente, mas resolvi deixa-lo com os pais de Aidam, acho que seria informação demais nesse momento. E não culpo a ausência dos meus padrinhos, eles assim como eu, amou Florence, e ela retribuiu com dor, fazendo Aidam ficar entre a vida e a morte, o único filho deles na cama de um hospital. Era triste, Florence tão nova, corrompida e indo embora com tanto desprezo, sem o amor que tanto desejou.

— Papai, vamos tomar água. – Eu disse baixo o afastando do corpo e das poucas pessoas em volta. Sentei ele em uma cadeira, seu semblante caído, desmoralizado e sua dor, dificultava até sua respiração, que era pesada e triste com longos suspiros para puxar o ar rarefeito que o rondava, encostei em pé em um balcão de mármore ficando em frente ao meu pai e bebendo junto dele um copo de água e tentando ser o mais forte que conseguia para ajudá-lo a entender que a culpa não é dele.  – Olha papai.

— Sei o que vai falar Camille, que não é minha culpa, assim como também não é sua culpa tudo que sua irmã fez e o fim que teve. – Ele disse me olhando com misericórdia e o olhar triste. – Eu vi como a olhava agora, no caixão e se o pensamento é que podia ser você, sim podia e não sei se seria pior.

— Você sempre fez o melhor que pode. – Eu disse me tom baixo e meu olhar cruzou com o dele. – Era isso que eu ia falar, porque é lógico que não é nossa culpa, enquanto pudemos ajudar Florence fizemos nosso melhor, mas ela também tinha que caminhar com as próprias pernas e todos erros que cometeu, foi por causa dela mesmo. – Me sentei ao lado dele, pegando na sua mão e tentando abrir um sorriso, uma das minhas mãos passou em seu rosto acariciando. – Você foi e é o melhor pai que alguém poderia ter e sou grata em ter você comigo. Você nos deu bons ensinamentos, costumes e nos ensinou a ser forte. – Suspirei e consegui tirar um sorriso do meu pai, mesmo que seja forçado pela situação, mas ainda assim sincero. – Mas os filhos muitas vezes seguem seu próprio caminho e muitas vezes não são bons, mas são as escolhas dele. E cabe os pais aceitar. E a Florence, fez as decisões, trilhou o caminho e tudo que ela fez e escolheu essa foi a consequência. – Meu pai novamente desabou a chorar.

— Você é tão boa e tão sábia Camille, porque sua irmã não seguiu o seu rumo, trilhou o mesmo caminho que você. – Ele desabafava em meio ao choro e logo lagrimas rolaram pelo rosto involuntariamente, meu corpo doía e meu coração parecia que ia explodir de tanta tristeza. – Espero que ela encontre conforto aonde quer que esteja.

— Ela vai encontrar, vamos orar muito para que isso aconteça. Porque temos que aprender a perdoa-la e ela aonde quer que esteja se perdoar. – Falei baixo abraçando meu pai e abafando a voz de choro. – Eu te amo papai, e vamos superar isso juntos, tudo bem?

Afastei o suficiente para olhar para ele e abri um sorriso acolhedor e ele logo sorrio de forma triste, mas conformado, enxuguei as lagrimas, e com os rostos inchados voltando para dar adeus a Florence, mais algumas horas e iriam crema-la. Quando voltamos para casa eu realmente precisava de uma dose bem generosa de whisky, mas não podia, servi meu pai. Não queríamos recepcionar ninguém que tinha ido ao velório, apenas nós dois, então fiz um chá e tomamos em silencio, eu o chá e meu pai a dose que eu tanto desejava. Quando terminei meu chá, meu pai estava mole de sono, então o aconcheguei no quarto de hospedes.

— Matteo está na fazenda, vou tomar um banho e voltar para o hospital. Mas fique a vontade papai. – O deitei na cama e o deixei confortável e indo para o banho desabei a chorar com angustia em silencio, mesmo querendo gritar.

Chegando ao hospital, Craig estava lendo um livro ao lado da cama de Aidam, ele realmente tinha ficado ali por mim e aquilo me fez sorrir, meus olhos estavam irritados e desconfortáveis de tanto chorar e quando me aproximei ele se levantou e se abraçamos por um bom tempo, pude sentir ele respirar no meu cabelo úmido e eu me afundava no abraço de urso apertado que ele me dava, me fez relaxar completamente, mas o apito do monitor do Aidam me assustou e me desvinculou de Craig e quando olhei os olhos do Aidam estavam abertos e nos olhando. Abri um sorriso e lagrimas de felicidade escorreram pelo meu rosto abracei Aidam suavemente enquanto Craig foi chamar as enfermeiras.

— Aidam, meu Deus. Não se esforce, fique calmo por favor, vão vir tirar seu tubo. – Aidam estava entubado, e a chance de sufocar era grande, logo as enfermeiras vieram e ajudaram a remover o tubo, mas Aidam estava paralisado, não falava nada apenas mexia os olhos e a ponta dos dedos. – O processo de recuperação é lento meu amor, mas vamos conseguir. – Eu falava sentando na cadeira e me aproximando da cama. Olhei Craig em pé ao lado de Aidam e sorri ternamente para ele. – Obrigada por tudo que está fazendo por nós.

— Imagine Camille, no que eu puder ajudar na recuperação de Aidam, vou ajudar. – Ele disse abrindo um sorriso meigo e acolhedor. – Bom vou indo, espero que até amanhã Aidam esteja ainda melhor e já sabe Camille, o que precisar. Pode contar comigo. – Ele disse ainda com o sorriso, me levantei e o abracei fortemente e o beijei ternamente no rosto e novamente o monitor de Aidam disparou e olhamos para Aidam que estava com a face parada, mas com a impressão dos olhos arregalados. – E mais uma vez, eu lamento pela Florence. – Craig saiu e tornei a me sentar ao lado de Aidam, que me olhava com o canto dos olhos, fiz carinho em sua mão e logo sorri, forjei o melhor sorriso que pude. Assim que fosse a hora teria que falar de Florence, mas naquele momento não, apenas queria ele bem e tranquilo.

— Precisa de alguma coisa, está confortável? –Estava procurando o deixar confortável o suficiente para voltar a falar. Mas apenas gestos mostrando as vontades e mais nada. Então pedi uma ressonância para garantir que não tinha sequela nenhuma. Mas nada apresentava no exame, as vezes era apenas temporário, e aquilo estava me deixando angustiada, pois uma hora teria que falar da Florence e o trauma poderia ser maior. Após uma semana se recuperando e já sendo encaminhado para o quarto Aidam voltou a balbuciar palavras, mas nada muito claro.

— Logo ele vai voltar a falar e ser o insuportável que sempre foi Camille. – Craig falava em bom tom, a mãe de Aidam estava com ele para que eu pudesse voltar a trabalhar e Craig me fazia companhia para evitar que chorasse lembrando de Florence e da situação de Aidam, mas era inevitável. – E sua sobrinha como está?

— Cada dia mais linda, não decidimos o nome ainda. Acho que Aidam deve escolher. Ela é tão pequena, tão loirinha. – Suspirei com os olhos marejados. – Muito parecida com Florence.

— Ei, não quis te deixar mal. – Craig me abraçou no meio do corredor enquanto lagrimas escorriam involuntariamente pelo meu rosto.  – Depois de tudo que passou, tudo que Florence fez, mesmo após a morte o seu amor por ela não se desfez. Isso é lindo em você Camille.

— Eu sempre lembrarei e amarei minha irmã, ela estava doente e sem amor na vida. – Me recompus. – E ainda não conversamos com Aidam sobre isso, tenho medo dele melhorar e contar para ele e regredir o tratamento. – Suspirei parando diante o elevador. – Preciso fazer minhas visitas aos leitos, se vemos mais tarde?

— Claro, vamos ir ficar com seu pai? – Craig sorrio e me olhou ternamente, e eu apenas afirmei, ele tem me ajudado a ficar com meu pai e fazer companhia. Após a morte de Florence ele estava mal, ficava muito no meu apartamento, mas já tinha pedido a conta da fazenda dos pais de Aidam e decidido se aposentar e Craig estava me ajudando não deixa-lo desanimar da vida.

— Obrigada. – Balbuciei enquanto a porta do elevador fechava e o sorriso acolhedor de Craig foi tudo que vi.

Terminando o plantão passei ver Aidam que estava com os pais, ele abriu o sorriso ao me ver e com as sessões com a Fonoaudióloga estava progredindo rápido nas palavras. Selei nossos lábios e o abracei com delicadeza e sentei um pouco com ele, contando sobre o plantão e como tudo estava corrido tendo que remarcar o casamento. E logo ele tentou balbuciar algo e eu parei de falar e respirei fundo.

— Flo ... ence bem? – Ele falava pausadamente e com dificuldade e se irritava por não conseguir falar.

— Florence? – Perguntei em tom baixo e respirei fundo segurando o choro. E ele apenas afirmou e mudou o semblante para um mais preocupado.

— Ela bem? Cami ... Fala . – Aidam me olhava apreensivo e olhei para meus padrinhos que afirmaram com a cabeça para falar, ele tinha que saber.

— Amor. – Falei em tom baixo e tentando manter a calma. – Florence se machucou muito, e chegando aqui fizeram uma cesariana de emergência e sua filha é linda, é uma menina muito linda, forte e completamente loirinha. – Pressionei os lábios e parecia que meu coração iria parar a qualquer momento. – Florence teve uma boa Cesária, complicada mas bem. Mas os ferimentos foram muitos, o outro carro a pegou em cheio por mais que se esforçou em tentar salva-la. – Nessa hora meus olhos marejaram e Aidam apertou minha mão e eu limpei a lagrima que escorria. – Minha irmãzinha, a Florence. – Minha voz era tremula assim como todo meu corpo. – Morreu. – Debrucei a cabeça na cama e despenquei a chorar, Aidam colocou a mão sobre minha cabeça em consolo e logo os aparelhos começaram a apitar e eu pulei e o olhei. – Por favor, sua bebê precisa de você, eu preciso de você, nossos filhos precisam de você. – Ele me olhava preocupado e eu o encarei com receio. – Aidam.

— Camille. – Ele falou baixo mas uma palavra certa. – Eu sinto muito. – Ele disse uma frase, baixa, rouca mas falou e eu sorri em meio as lagrimas.

— Não foi sua culpa, só melhore e volte logo para casa, para nós. – Lagrimas escorriam pelo meu rosto e Aidam sorrio mostrando empenho e eu fiz o mesmo e selei nossos lábios. – Preciso ir, tenho que ficar com Matteo e meu pai. Que está lá em casa inconsolável. – Falei triste e ele afirmou e sorrio de forma compreensiva. – Eu te amo Aidam, e quando sair daqui vou casar com você. – Demos nosso melhor sorriso mediante a situação e a mão dele foi até minha barriga e acariciou, minha mão foi sobre a dele e todo amor do mundo preencheu meu coração naquele momento, meu bebezinho que nem nasceu e está passando por tanto e Aidam melhorando por nós e nossa menininha que logo sairia do hospital e iriamos ama-la, adora-la e tratar da forma que merece. Se realmente existe alguém nos olhando e cuidando ele apesar de todas as aprovações tem nos mostrado que em meio as maiores tempestades nascem lindos arco-íris.


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