With all the love escrita por SouumPanda


Capítulo 13
Surprise




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Entre organizar um casamento e a rotina pesada de plantões e cirurgias, eu estava exausta. Tinha se passado mais um mês e quase tudo estava certo para o casamento, só evitei ainda ver um vestido e claramente convidar alguém para ser minha madrinha. É triste saber que não tenho tantas amigas próximas o suficiente para isso. Que me dediquei tanto a uma carreira, que desde a adolescência estar com Aidam me privou de muitas coisas e isso pesava agora, que não tinha para onde correr. Elisa me dava constantes toques sobre o casamento e tem me ajudado muito e indiretas sobre um possível convite para ser uma das madrinhas e sinceramente ela era o mais próximo de uma amiga que eu tinha.

— Tem sido o máximo te ajudar com isso Dra Davis. – Ela comentava enquanto pegava uma pasta que ela organizou com todas as escolhas do casamento.

— Sei que não é fácil, manter uma rotina do hospital e a cabeça com isso tudo. – Suspirei. – Eu mesmo não estou dando conta, minha vida é mais fácil graças a você Elisa.

— Mas me conta, quando vai ver o vestido? Aqui é uma das coisas que falta. Temos os lugares, os convidados, a comida, roupa do Aidam e do Matteo. – Ela me olhou com seriedade. – Mas seu vestido está com um grande ponto de interrogação e era para ser a coisa mais empolgante.

— Elisa, sei que isso é algo que eu tenho que fazer e escolher. – Mordi os lábios. – Podemos ir no final de semana, você me ajuda a escolher o vestido e já vemos o seu. – Eu disse abrindo um sorriso.

— Escolher o meu vestido? Acho que vou com um que tenho, se não se importar claro. – Ela disse sem jeito.

— Madrinhas tem que ter seus próprios vestidos e da cor adequada Elisa. – Quando falei, seus olhos brilharam, pareciam próprias estrelas e um sorriso se iluminou no rosto dela de uma forma nunca vista.

— Ai meu Deus Dra Davis, eu nem sei como agir, o que fazer, meu Deus. – Ela falava descontroladamente.

— Acho que você está se saindo muito bem. – Comentei pegando uns exames na mão e avaliando. – Mas sábado terminamos de resolver isso, se me der licença tenho um monte de coisas para fazer e se puder agendar a sala de cirurgia para amanhã de manhã. Terei que operar aquela paciente jovem que teve um AVC pelo uso de pílula, o que é muito triste. – Comentei fechando o rosto e olhando os exames com tristeza e ela apenas afirmou saindo saltitando do meu consultório o que me fez rir.

Após o dia exaustivo recebi a carta da Florence, que agora nos comunicamos com cartas para evitar possíveis ataques e assassinatos, mas ela já havia progredido muito e Aidam continua apoiando todo tratamento e acompanhando a gestação. Quando Elisa deixou comigo meu coração disparou, pois não tem sido nada agradável ler todos os pensamentos dela sobre o que acha sobre mim, coisas que eu tentei ocultar de mim e ela vomitava na minha cara.

“ Querida irmã, me desculpe pelas palavras sinceras da última carta, mas espero que seu complexo de inferioridade esteja melhor e principalmente esse seu desejo em ser a pobre e coitada Camille, falo para seu próprio bem. Aidam me disse que as coisas do casamento estão fluindo e lamento não poder acompanhar esse momento da sua vida, mas logo sairei daqui e poderemos comemorar. Lamento tudo que aconteceu, pude ver com toda terapia o quão errado e destrutivo foi meu ato contra sua vida. Não pensando no que causaria em nossa família, com Aidam e Matteo. Espero que saiba o quanto meu coração sofre de arrependimento. Mas viver a sua sombra pude refletir que foi escolha minha, pois tivemos ambas as mesmas oportunidades e você soube aproveitar melhor. Aidam me mostrou como me vê, a irmã mais nova e doce que ele nunca teve e estou tentando me convencer disso, mesmo carregando o filho dele. Sempre irei amar ele irmã, mas de forma pura e genuína para nos mantermos todos juntos. Falta menos de três meses para o nascimento e espero já estar fora daqui e aproveitar um pouco dessa gravidez, que foi um erro mas vou ver como algo milagroso e necessário e espero que me desculpe por isso também num ato de impulso repentino acabou dando certo. Enfim, daqui 30 dias provavelmente terei alta e espero que você possa vir me buscar e me levar para casa e assim ficarmos bem e que antes disso você possa vir me ver e dessa vez, sem ataques e neuras apenas nós duas como sempre fomos, sempre e para sempre. Florence.”

Lagrimas escorriam pelo meu rosto, quando Aidam entrou e me consolou com um abraço afetuoso, e consegui mostrar a carta para ele, que lendo sorria satisfeito e afirmando com a cabeça. Novamente nos abraçamos e se beijamos brevemente e sequei as lagrimas com riso de satisfação no rosto, Florence estava progredindo e voltando aos poucos ser a minha irmã, a doce Florence.

— Nada consegue me deixar mais feliz que isso, estou tão feliz Aidam. – Falava respirando fundo e rindo. – Não vejo a hora de abraçar ela sem ter medo de ser golpeada nas costas.

— Ela tem sido incrível como sempre te falei, e está linda gravida. Esse bebê fará toda nossa família muito feliz e ela tem falado sobre dar para nós cuidar porque nada mais justo nós sermos os pais. – Ele disse com cautela e eu o encarei e neguei com a cabeça.

— Não, ela tem que saber como é ser mãe. – Suspirei. – Serei a tia que tenho que ser, não deixarei faltar nada como tia, e você como pai. Mas nós assumirmos essa responsabilidade, melhor dizendo. Eu assumindo essa responsabilidade está fora de cogitação. Ela tem que entender que filho não é colocar no mundo e deixar para o pai e a irmã cuidar. Filho é coisa séria. – Respirei fundo já com o coração disparado. Meu telefone tocou e coloquei no viva voz. – Sim Elisa.

— O Dr Lewis está perguntando se vai reagendar a consulta de novo, você está mais de dois meses atrasada com sua consulta de rotina anual. – Ela disse pausadamente e eu e Aidam nos olhamos e eu respirei fundo levando a mão na cabeça esquecendo totalmente da consulta.

— Pode confirmar que vou ir falar com ele. – Falei e desliguei e olhei para Aidam que engoliu seco. – É um contato profissional e combinamos de ser amigos, nada demais e preciso que confie em mim. – Selei nossos lábios e fui pegando meu casaco e minha bolsa.

— Confio em você, nele não sei ainda. – Ele disse em bom humor e me acompanhando e se despedimos de Elisa.

Aidam me acompanhou até o consultório de Craig que assim que entrei veio me cumprimentar e fez o mesmo com Aidam. Nós entramos e sentei na cadeira e quando achei que Aidam iria embora sentou ao meu lado e achei esse jeito que cão de guarda desnecessário.

— Bom senhorita Camille Davis vamos as perguntas antes do exame. – Aidam e Craig se olharam. – Que minha assistente irá coletar.  – Craig disse olhando para Aidam e aquilo me fez revirar os olhos. – Faz uso de anticoncepcional?

— Não, apenas camisinhas. – Disse engolindo seco e Aidam apenas bufando ao lado.

— Ultima menstruação. – Fez um silencio enquanto esperava eu responder e os dois me encaravam e eu engoli seco tentando lembrar.

— Que dia é hoje? – Peguei o celular e entrei e nas anotações e no calendário e olhei Aidam e neguei com a cabeça. – Faz uns dois meses. – Bufei.

— Quais as chances de uma gravidez? – Craig disse com tom baixo e engolindo seco e eu querendo fugir daquela situação.

— Nenhuma. – Falei rapidamente e todos se encarando e Aidam estava com a sobrancelha erguida me questionando sobre nosso único vacilo se tomei a pílula e eu não tinha tomado.

— Bom, vou reagendar o exame e quero que colhe um exame de sangue o mais rápido possível e retorne para avaliarmos a situação. – Craig escreveu o receituário do exame e apertou minha mão cordialmente e fez o mesmo com Aidam.  Saímos de lá em silencio e assim foi até em casa, cheguei dei um beijo no Matteo e subi para um banho e assim quando dei por mim estava na banheira a mais de uma hora, a água estava gelando, e Aidam entrou no banheiro com uma cara de preocupado.

— Você está bem?  - Ele se aproximou e eu quando dei por mim estava com a mão na barriga e tirei rapidamente e me ajeitei.

— Só perdi a noção do tempo aqui, desculpe. - Eu sorri sem graça. – Não me leve a mal, mas não quero ser mãe agora, nem sei se quero ter outro filho além do Matteo. – Ele se abaixou ficando próximo a banheira o suficiente para encostar nossas testas. – Tenho medo de não conseguir amar outro filho como amo o Matteo. – Ele sorrio e ajeitou meu cabelo atrás da orelha.

— Fica tranquila, as vezes não é uma gravidez. Melhor uma gravidez do que qualquer doença e não temos problemas financeiros para criar mais uma criança. – Ele falava gentilmente. – E tenho certeza que o amor vai ser o mesmo com quantos filhos nós tivermos. – Ele sorrio ternamente. – E enquanto estava aqui fui na farmácia e comprei um teste para você, ou alguns. Não sabia o que comprar e trouxe um de cada marca. – Demos risada e comecei a chorar no meio do riso por puro desespero e ele me abraçou, me levantei me enrolando na toalha e peguei um dos testes.

— Vou fazer, pode me dar licença. -  Empurrei ele do banheiro e fechei a porta me sentando e começando a urinar no pauzinho assim como a dois anos a trás e meu coração parecia que ia sair pela boca, quando terminei coloquei no balcão e me limpei, quando abri a porta Aidam estava com Matteo no colo esperando como duas estatuas. – Temos que esperar pelo menos 5 minutos.

— A gente espera então. – Ele disse animado e ali vendo meus dois amores sorrindo animados, fiquei até que ansiosa e feliz caso desse positivo, mas quando Matteo começou a fazer uma das birras a chutar a canela de Aidam e se jogar no chão isso passou. – Já falei que não Matteo.

— O coloque no quarto dele, para pensar no que fez. – Falei suspirando, pois, minha rotina estava exaustiva e chegar em casa e ver o Matteo com o gênio cada vez pior me fazia pensar muito para não perder o controle e fazer algo do qual poderia me arrepender. Tudo isso porque ele queria escalar no criado mudo – Acho que já deu o horário. – Entrei no banheiro com o coração a mil e quando vi o resultado eu não sabia se ria de nervoso, chorava ou se agradecia a Deus.

— Como vamos chamar o próximo bebê? – Aidam entrou em seguida querendo ver o resultado, me virei olhando para ele e sorri ternamente.

— Não estou gravida. – Mostrei o teste para ele com sorriso de orelha a orelha e por alguns segundos jurei ter visto um olhar de desapontamento em Aidam. – Sabemos que não é a hora, casamento, nascimento do seu filho com a minha irmã. – Eu ri alto ao falar isso, não sabia se era pela emoção de não estar gravida, ou porque falar isso em voz alta era absurdamente estranho.

— Não me importaria em ter mais um filho com você, até porque não fará amar menos o bebê da Florence. – Ele disse me abraçando e sorrindo ternamente.

— Fico feliz em saber que não fará diferença por isso. Porque esse bebê precisará de todo seu amor e atenção, você vai conseguir aproveitar fases que não aproveitou do Matteo o que será maravilhoso. – Falei selando nossos lábios ternamente e abraçando ele o mais forte que conseguia.

— Maravilhoso seria se nós tivéssemos mais filhos e eu aproveitaria essa fase com você. – Ele disse beijando a ponta do meu nariz e sorrindo e me abraçou, forte o suficiente para me fazer faltar o ar.

Os pesadelos com Florence eram constantes, eu tentava não falar e não pensar, mas quando sua própria irmã tenta te matar isso acaba mexendo com você, eu acordava sempre da mesma forma, meu coração parecia que sairia pela boca. Essa noite não foi diferente, acabei que sentindo até pontada no corte que ela fez com o abajur quebrado. Estava bebendo água na cozinha quando Aidam apareceu com sorriso cansado e me abraçou e beijou meu cabelo.

— Já pensou em fazer terapia? – Ele me olhou sorrindo e eu engoli seco. – Amor, tem gente que faz terapia por menos, sua irmã tentou te matar acho que seria bom conversar com alguém além de mim. – Ele tentava me consolar e pior que tinha razão. Eu apenas respirei fundo, me recuperei fisicamente e segui a vida, nunca falei disso. Apenas quis o conforto da Florence, quis ela bem e não pensei em como me sentia sobre isso e claramente refletir sobre isso, me fez desabar, chorei como se não fosse existir amanhã e Aidam continuou ali me consolando me envolvendo em um abraço de urso. – Calma amor, eu estou aqui com você, sempre estarei. Quero você bem na sua melhor versão e vamos trabalhar na sua melhora juntos.

— Obrigada, você é tão bom para mim. Cuida de mim, é um excelente pai. – Funguei. – Eu vou procurar uma boa psicóloga, vou conversar com alguém e trabalhar para que eu seja a melhor versão de mim, para nossa família. Eu te amo Aidam. – Selei nossos lábios entre as lagrimas e ficamos ali abraçados alguns minutos que pareciam horas e foi reconfortante.

As semanas estavam voando, e eu não estava vendo as horas e dias passarem Craig estava me chamando no corredor mas meu pensamento longe foi perceber minutos depois e parei e sorri vendo ele vir ao meu encontro.

— Estou esperando seu exame para colhermos o seu preventivo Camille. – Ele comentou chegando próximo de mim e sorri afirmando para ele.

— Fiz um teste de farmácia, deu negativo então posso colher o preventivo e depois podemos fazer exames de sangue para saber se é desiquilíbrio hormonal ou pode ser o estresse por tudo que passei. – Fui falando e Craig sorrio afirmando.

— Se você me garante que tem 100% de chance de não estar gravida, tudo bem. E claro que se tivesse não teria problema nenhum em fazer um preventivo. – Craig fez uma pausa e um olhar pensativo. – E se você me acompanhar, podíamos estar fazendo um exame de imagem.

— Seria um gasto de recurso do hospital, desnecessário. – Comento negando com a cabeça e continuando a andar e Craig no meu encalço.

— Por favor Camille, me preocupo com você. Você excelente neurocirurgiã. Mas o que você acha que entende é minha área. Se você estiver gravida, quero começar o pré-natal. Se não temos que ver o porquê da falta de menstruação. – Ele suspirou, e fez um olhar semelhante ao do gato de botas o que me fez rir.

— Tudo bem. – Suspirei e olhei a prancheta na minha mão. – Tenho meia hora no máximo agora, vamos fazer o exame de imagem e depois você manda com a Elisa a lista de exame para vermos o que temos que fazer.

— Perfeito. – Craig começou a andar em direção a seu setor e eu o acompanhando, quando entramos no elevador, Aidam apontou no corredor e as portas fecharam. Chegando no setor de Craig fomos até a sala de imagem e entrei, o que me fez gelar a espinha fazia tempo que não entrava aqui e engoli seco, colocando as coisas na mesa ao lado e me deitando na mesa de exames. Craig sentou um banquinho e ajeitou o aparelho e levantei a blusa e abaixei um pouco a calça até aparecer o púbis. – Vamos lá .

Craig passou o gel na minha barriga e passou o aparelho pressionando o meu púbis, eu não olhava nem para o monitor apenas deixava ele tirar a dúvida que o cercava parecia que ele queria realmente me ver gravida, ele continuava a procurar algo quando parou em um canto e respirou fundo.

— Matou sua curiosidade? – Comentei o olhando sorrindo e ele me olhou e me fez sinal para olhar o monitor, quando olhei ali estava havia algo ali, algo que era pequeno o suficiente para me preocupar. – O que é isso? – Falei espantada, mas já havia visto algo assim, quando estava gravida do Matteo. Craig aumentou o som do aparelho e comecei a ouvir o batimento e isso fez meu coração disparar.

— Parabéns Camille. – Ele olhou para o monitor e me olhou. E não esboçou nenhum sorriso, apenas sendo seco. – Você oficialmente está gravida de 13 semanas. Vou te dar um tempo e depois me ligue para marcar o seu pré-natal caso queira que eu o faça.

— Claro que quero Craig. – Comentei com a voz fraca, ainda sem acreditar, me sentei limpando o gel e me ajeitei pensativa. – Mas deu negativo o teste, como posso estar gravida.?

— Tem chance de falha de 0,01% e você foi premiada, para ver como nenhuma gravidez é igual a outra, na do Matteo você passou mal e descobriu de princípio enquanto essa, está entrando no final do primeiro trimestre e nem sequer percebeu. – Ele me explicava sendo totalmente profissional e sereno e eu apenas engolia seco.

— É, você tem razão.  Obrigada por me pressionar para fazer isso. – Falei sem graça, agora em pé e dando um beijo no rosto de Craig, porém a voz estava começando a ficar chorosa e eu engoli seco e respirei fundo. – Agora tenho que ir, tenho algumas altas para assinar e leitos para visitar. – Peguei a prancheta e olhei para Craig e sorri ao abrir a porta. – Por favor, não fale para ninguém ainda, preciso absorver e aceitar essa notícia. – Craig sorrio e afirmou com a cabeça e assim segui o dia como se nada tivesse acontecido, ocupando a cabeça para não pensar.

 


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