Meninas sem nomes - Interativa escrita por Lady Queen


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Olá! Devo dizer que estou muito feliz por dois motivos.

O primeiro e que eu devo agradecer exclusivamente a vocês é completamos as doze vagas. Isso pode parecer algo não tão relevante, mas me ajuda muito a ter noção de varias coisas. Então, novamente obrigada 'u'

O segundo é que devo dizer que estou me superando. Estou conseguindo escrever capítulos em uma semana. Mas ein, não se acostumem, a minha média é de, no mínimo, 15 dias.

Dessa vez é só isso, aproveitem o capítulo :)



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Kia remoía-se por não ter conseguido ir ao baile. Estava tudo perfeito, até suas criadas começarem a seca-la após o banho e as toalhas saírem manchadas. Seu sangue havia descido.

Madre Matilde foi chamada, que a trancou no quarto para lhe impedir de ter contato com qualquer pessoa não-sacra. Não que já não estivesse acostumada a se isolar nesse período, o Sangue de Eva era uma amostra do pecado original e ela não deveria contaminar as pessoas, muito menos os homens, com ele. Mas a época é que a aborrecia. Não havia apenas perdido o baile, como também sua primeira conversa com o príncipe.

Também não podia tomar remédios para suas dores.

“É o castigo de Deus por termos comido o fruto proibido e não podemos ir contra os desejos Dele.” Disse irmã Tonya, sua única companhia nos últimos cinco dias. Mas também não era a melhor das companhias. A freira estava mais focada em limpar o sangue que escorria nas coxas de Kia do que suprir a falta de contato humano que a jovem estava tendo nos últimos dias.

E agora, que havia sido finalmente liberada, o maior desejo de Kia era enfiar-se debaixo da terra.

Descobrira que as aulas não acabariam só porque estavam no palácio. E a primeira aula, dada por Madre Matilde, era sobre sexo.

Claro que elas já haviam aprendido o que era o sexo. Era ensinado para toda menina assim que seu primeiro Sangue de Eva descia, mas era de forma superficial, muito mais uma questão para evitar que qualquer pessoa as tocasse e se manterem puras para seus futuros maridos, no caso de todas ali, o príncipe. Porém, agora era voltado para Sebastian. Só de pensar em como seria as núpcias, Kia sentia um arrepio. Não queria ser tocada por ele, só tinha dezesseis anos!

Olhou para as demais, nenhuma parecia estar tão envergonhada. Claro, a maioria delas já deveria ter visto isso na escola comum, Kia ainda veria nesse ano. “Reprodução e criação de filhos” era a última matéria que se aprendia em uma escola para meninas, para que assim que se formassem, já estivessem prontas para o casamento e serem esposas cultas.

Pensando melhor, ser desvirginada pelo príncipe não fosse tão ruim, ele era apenas cinco anos mais velho que Kia, enquanto seu segundo pretendente, duque Taoyan Fu, tinha 46 anos. Se ela perdesse, estaria condenada a morar nas Ilhas Ocidentais e, pelo desespero que o homem estava para ter um filho homem, fazer aquele ato nojento diariamente até ela lhe dar um herdeiro.

Só de pensar nisso sentia vontade de chorar. Sabia que não havia o que fazer, mais do que qualquer outra mulher no reino, havia nascido para ser esposa, e que, politicamente pelo menos, o duque Taoyan era uma das melhores propostas que recebera.

“Deixará de ser uma viscondessa para ser duquesa!” seu avô lhe dissera, mas ainda assim, a vontade de chorar lhe perseguia desde aquele momento.

Com o fim da aula, Kia sentia que precisava sair dali. Precisava ir para algum lugar aberto.

Desceu as escadas o mais rápido que conseguia sem ser deselegante. O vestido era mais pesado do que estava acostumada e o espartilho estava apertado demais, dificultando sua respiração.

— Algum problema, senhorita? — Era a voz do príncipe.

Deu um pequeno pulo com o susto, que Kia torcia que ele não tivesse notado.

— Vossa Alteza. — Fez uma reverencia. Talvez tivesse sido o tema da aula, mas sentia seus seios expostos. Sebastian já era bem mais alto que ela, o que naturalmente o fazia olhar para baixo caso quisesse ver o rosto da jovem, abaixada ainda, mesmo duvidando que um homem com aquela educação fosse fazer isso de forma tão descarada, a sensação era dele olhando diretamente para seus peitos, que, decorrente ao aperto do espartilho, quase pulavam para fora, fazendo-os parecer muito maiores.

— Estava apenas indo para um passeio no jardim. — continuou.

— Não tivemos nossa primeira conversa semana passada. — Começou a esticar o braço, oferecendo-o, e Kia já sabia o viria. — A senhorita importara-se caso a acompanhasse?

Sim.

— Claro que não, Vossa Alteza. — E cruzou seu braço, como uma dama, deixando-o guia-la.

Diferente do pensado por Kia, o príncipe a levou para os fundos do palácio, atravessando o pátio, para um segundo jardim que ainda não tinha visto. E mais inesperado ainda, esse tão impressionante quanto o da frente, se não mais.

Olhava maravilhada para os lados. Era certamente um dos jardins mais bonitos que já tinha visto, mas não era tão belo quanto uma flor específica, com as pétalas com um rosa intenso.

— Vossa Alteza possui uma Silene Tomentosa? — disse surpresa — Pensei que estivessem extintas!

Soltou-se do príncipe por impulso, para que pudesse observar a planta mais de perto. Queria poder tocar as pétalas, mas tinha medo de machuca-las.

— Temos uma das cinco amostras espalhadas pelo mundo, a única do continente. — disse Sebastian, se aproximando de Kia.

— Gosta de botânica, Vossa Alteza? — perguntou, virando-se para seu acompanhante.

— Infelizmente não, para o desgosto de minha mãe.

Olhar diretamente para o príncipe, principalmente pela proximidade em que estavam, lado a lado, fez o tema da aula voltar para sua mente. Instantaneamente que teve essa memória, Kia ficou tensa e sentiu seu rosto queimar.

— Algum problema, senhorita? — O rapaz havia percebido seu desconforto.

— Não, Vossa Alteza. — respondeu de imediato, ainda envergonhada — Vossa Alteza se importaria caso sentássemos?

A resposta do príncipe foi negativa, já novamente oferecendo o seu braço para guia-la para o banco mais próximo. O braço da Selecionada, assim como o restante do seu corpo, estava firme como pedra.

Sentaram-se em um banco de metal branco, tão cheio de detalhes quanto o restante de tudo presente ali.

— Adoraria perguntar-lhe como está sendo sua estadia no palácio, mas se me informaram corretamente sei que a resposta não será agradável.

Por algum motivo, Kia não conseguiu deixar de sorrir.

— Infelizmente Vossa Alteza está correta.

— Faz tempo que desgosto de estar certo. Aliás, madre Matilde deixou os chocolates entrarem ou a senhorita realmente não pode ter contato nenhum com o exterior?

Ah, sim, os chocolates. Chocolates vindos de Ferei, os melhores do mundo, segundo diziam. Uma caixa cheia, acompanhada apenas de um curto bilhete.

 “Esses eram os chocolates favoritos de minhas irmãs quando elas tinham que se reservar. Espero que a senhorita goste também.”

Embaixo dessas palavras estava a assinatura do príncipe junta ao selo real, uma fênix coroada.

Novamente o tom do príncipe a divertia. Colocou sua mão enluvada nos lábios, disfarçando a pequena risada.

 — Eu recebi, Vossa Alteza. Meu isolamento não foi tão rígido assim.

— Fico feliz em ouvir isso.

Praticamente logo após o fim da fala de Sebastian, pode ser ouvido o som de sapatos batendo firmemente no caminho de pedra do jardim. O barulho vinha de coturnos negros, tão escuros quanto a roupa do rapaz que o vestia. Roupa de guarda.

O homem que havia acabado de chegar fez uma reverencia para o monarca, ignorando a presença de Kia.

— Algum problema? — perguntou o nobre.

— Vossa Alteza, seu pai, o rei Antônio, o convoca em seu escritório.

— Diga a ele que estou ocupado.

— Nossa Majestade diz ser urgente.

O príncipe bufou discretamente, de forma quase imperceptível.

— Sinto muito, mas tenho que ir. — disse para sua noiva.

— Não se desculpe, Vossa Alteza. Acho que também vou me retirar.

— Nesse caso, permita-me acompanha-la. — Ele, que já estava levantando-se, ofereceu seu braço pela terceira vez no dia. Kia, pela primeira vez, se sentiu confortável ao segura-lo.

É, talvez não fosse tão ruim ser desflorada pelo príncipe.


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Notas finais do capítulo

E ai, ficaram muito bravos que o baile não apareceu ou nem ligaram? O que acharam da Kia? E do príncipe? Comentem! Achou algum erro ou quer me dar uma sugestão qualquer? Comente! Quer falar o que gostou e pode se dar continuidade? Comente também?

De verdade, os comentários de vocês são incríveis! Vocês provavelmente são os melhores leitores que eu já tive em uma história :)

Obrigada por estarem acompanhado e espero vocês num próximo

Bjs e tchau ♥