Ele e Eu escrita por Thay Chan


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá, e aí, tá td certo com vcs? Então, capítulo fresquinho, e tá meio pequeno, mas acho que eu sou realmente avessa à capítulos muito grandes. Mas provavelmente irá ter algum no futuro que será maior do que esses... Então, suspresinha no capítulo. Espero que gostem! Enjoy!



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MINHA TESTA ESTAVA franzida, enquanto me concentrava em colocar as cortinas na janela da sala. Mesmo sem ver, eu tinha certeza que papai estava me observando atentamente, preparado para qualquer eventual acidente. Não era como se a janela estivesse sequer há um metro e oitenta, mas uma pessoa podia torcer o tornozelo até mesmo no chão, onde tecnicamente ela deveria estar segura. Eu desci as escadas com cuidado, e, quando cheguei lá embaixo, olhei com orgulho o meu trabalho.

— Acho que está bom – eu disse.

Papai concordou às minhas costas. Ele estava sentado no assoalho da sala, organizando os livros em ordem alfabética para colocá-los na estante. Estava usando o suéter vermelho que dei a ele no Natal passado.

— Daqui está muito bom.

Eu me virei para ele.

— O senhor quer que eu coloque as cortinas no seu quarto? –eu perguntei, esperançosa.

Eu gostava de tarefas monótonas, acho. (1) subir as escadas; (2) tirar o suporte de cortinas cuidadosamente; (3) apoiar o suporte em pé na parede.

Papai não levantou os olhos dos livros.

— Não, pode deixar comigo, querida.

Eu suspirei.

— Papai, o senhor tem as mesmas chances que eu de cair e quebrar o pé – eu disse.

Sei que essa não era a melhor forma de convencê-lo, mas ainda assim era verdade. Felizmente, eu tinha herdado os genes atentos de papai.

— Você pode estar certa. Mas pelo menos eu sou adulto.

— E o que isso tem a ver?

— Eu sou mais resistente à dor – papai respondeu, como se fosse óbvio.

— Bobagem – eu disse. — Muitas pessoas choram de dor nos filmes da HBO.

Bom, elas não choravam exatamente. Mas ficavam perto disso.

— Eu nunca vi ninguém chorar de dor nos filmes da HBO – papai falou.

— Eu já – menti. — Agora posso colocar as cortinas na janela do seu quarto? – eu implorei.

— Desculpe, filha. – disse papai. — Mas não.

Eu me virei para a janela, desanimada, e comecei a arrumar a cortina para que suas rugas não ficassem amassadas, enquanto olhava para fora.

O céu estava claro, tão azul quanto nos dias anteriores. No mesmo tom bonito de Dorothy. O sol era forte, porém agradável na pele. A rua estava quase vazia. Exceto por um garoto sentado nas escadas da casa da frente. Ele esperou um carro vermelho parar na porta da casa verde-limão para se levantar e se curvar para a janela do motorista, e, então, entrar no banco de trás.

As janelas de todos os lados do carro estavam abertas, por isso deu para ver a cabeça loura do garoto que estava dirigindo e que fez os pneus do carro cantarem quando partiu.

Fiquei olhando por algum tempo o lugar onde o garoto estava.

— O que tanto olha aí? – papai perguntou, me fazendo acordar.

Virei-me assustada. Vendo-o colocar mais um livro na estante.

— Nada – eu respondi, como se eu que tivesse acabado de arrancar um carro como se estivesse em uma pista de corrida.

Papai me olhou como se não acreditasse, mas apenas perguntou:

— Irá arrumar seu quarto agora?

Eu olhei para a parede atrás dele.

Eu não havia arrumado o quarto na noite anterior. Não tinha conseguido. Eu apenas tinha ficado deitada de barriga para cima, com a cabeça sobrando na beirada da cama.

— Como o senhor sabe que eu não arrumei? - eu perguntei.

Papai colocou mais um livro na estante.

— Eu a procurei no seu quarto hoje de manhã, mas acho que você estava no banheiro – ele disse suavemente, do mesmo jeito como quando sabia que eu precisava desabafar.

E eu precisava. E não precisava ao mesmo tempo. Na verdade, eu nem sabia o que falar. Eu só me sentia esquisita, com um aperto no peito. E não sabia como dizer isso à papai, sem parecer que eu estava reclamando.

— Eu estava meio indisposta ontem – eu respondi, ainda olhando para a parede. Tinha medo que, se eu olhasse para papai, começaria a chorar.

— Quer falar sobre isso? – ele perguntou. Ele tinha parado com os livros.

Olhei para ele rapidamente, e então desviei os olhos para a escada que me levaria para o andar de cima, para a segurança de um cômodo solitário.

— Não – eu disse. — Acho que começarei o serviço – eu apontei para o andar superior.

Papai me olhava com seus olhos condescendentes.

— Certo – ele disse, voltando aos livros. — Qualquer coisa é só chamar.

Assenti, e corri para as escadas.

Quando cheguei no quarto, tranquei a porta e me joguei na cama. Não, eu não estava chorando. Mas o aperto no peito estava tão forte quanto no dia anterior. Shizune… Como eu queria que ela estivesse ali, para me ouvir. Agora você tem o sr. Hatake, eu pensei. Mas ele era tão diferente. Não sei se eu conseguiria me abrir com ele.

Provavelmente nunca como com Shizune. Mas eu poderia tentar, pelo menos. Ele era o maior do país, papai havia dito uma vez. Deveria ter um motivo para isso. Talvez ele fosse até melhor que Shizune... Não, ninguém era melhor que Shizune. Como será que ela estava? Será que ela também sentia a minha falta? Ou será que para ela eu era apenas mais uma paciente com problemas? Não, eu sei que Shizune se importava comigo. Eu poderia ligar para ela... Mas ela deveria estar ocupada em seu consultório a essa hora. Além do mais, eu não queria que ela pensasse que eu estava reclamando também. Eu queria ser forte, como ela sempre dizia-me para ser. Só mais alguns dias e você estará melhor, ela diria.

Eu assenti, determinada, como se ela pudesse me ver. Em seguida, pulei da cama, e arrastei a mala para perto. Enquanto eu dobrava as peças de roupas e as separava em algumas pilhas, eu pensava Sim, só mais alguns dias e estarei melhor.


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Notas finais do capítulo

É aí, o que acharam da surpresa? Gostaram? Não? Me digam! E quem vcs acham q é o garoto, ein? Hishfidjajdfg, aguardem os próximos capítulos! Bjs, e até!



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