Você sacrificaria a humanidade pela sua vida.

Afinal, humanos são podres.

Ok, alguns deles. Mas pelo menos, alguns.

Você estava triste pela sua família, pelos seus amigos, por todos aqueles que sempre te apoiaram. Estava se sentindo mal pelas crianças, pelos inocentes que morreriam por uma escolha sua.

Porém, você pensou nos culpados.

Pensou em todos aqueles que fizeram guerras, massacres, dizimaram inocentes. Pensou naquelas pessoas que acabaram com as outras, pensou nos humanos que destruíram o planeta. Pensou em tudo de ruim que seus semelhantes já fizeram, pensou nas vezes que ferraram com você, que te deixaram na mão e tomou sua decisão.

Você também estava com medo de morrer, era sua vida e você a prezava.

Sabia que era egoísta da sua parte, porém você não queria que fosse seu fim.

“Antes eles do que eu.” Você pensou.

Os Theaneanos te encaravam impacientes e você suspirou desapontado consigo mesmo, não queria acabar com a humanidade, mas não queria morrer. As outras opções tinham grandes chances de falhar e de você acabar morto. Nessa você não morreria, certo? Tinha garantia dos aliens.

Além disso você queria conhecer a nave, era uma cultura avançada e você não queria perder a oportunidade de ver de perto.

“Eu quero ficar vivo.” Disse, sabendo que não teria mais volta e que os humanos morreriam.

Você sentia nojo de si mesmo.

Os Theaneanos riram com gosto. O líder se aproximou de você e deu um tapinha em suas costas.

“Desgraçados egoístas! Venha.”

O líder te guiou até a nave, onde você subiu a rampa acompanhando dos quatro verdes.

A nave era imensa, toda verde e cheia de aparelhos tecnológicos avançadíssimos.

“Bom, você fez sua escolha.” Falou Goo Ar apontando para uma tela onde mostrou pouco a pouco todos os humanos explodindo no ar, por sua culpa. “Mas, nós vamos deixar você fazer um único pedido, afinal você é nosso convidado.”   

“Ah e você não pode pedir os humanos de volta, eles estão mortos.” Disse um verde entre risadas.

Você olhou para toda a nave e não sabia o que sentia. Raiva, tristeza, culpa, alivio por estar vivo. Tinha sido um egoísta.

Você queria conhecer a nave, então pediu um tuor completo. Os Theaneanos te mostraram tudo e você se surpreendeu sobre quão eles eram avançados. Dominavam teleporte, telecinese, tinham curas de doenças que ainda assolavam os humanos, um arsenal de guerra poderosíssimo e viviam 500 anos.

Eles te contaram segredos sobre a própria raça, revelaram métodos de ataque, defesa e tortura.

Você sabia coisas que ninguém nunca soube, mas... a que preço?

Teria sido válido?

No fim do dia você já sabia de coisas inimagináveis, fatos que você nunca nem teria pensado na existência.

“Agora, vou te levar ao seu aposento.” Disse um verde, que te levou até uma porta com uma pequena janelinha e a abriu.

Aquele era seu quarto, um lugar verde, enorme e completamente lindo. Sua cama estava arrumada e o aroma do lugar era maravilhoso. Você se deitou nela e se sentiu nas nuvens, pois era a cama mais macia e fofinha que você já tinha deitado.

Do seu lado estava uma pequena maquina que Goo Ar tinha te ensinado a usar, ela fazia comida, água, arrumava sua cama. Você só precisava aproveitar a viagem em uma grande nave.

Se deitou e suspirou, estava vivo afinal.

Foi quando um cheiro forte de fumaça invadiu suas narinas e você percebeu que seu quarto estava pegando fogo. Deu um enorme grito.

A máquina que era supostamente para te ajudar ativou armas lasers e apontou para você. Você gritou novamente e subiu na cama, que rapidamente começou a pegar fogo. Suas roupas começaram a queimar e você sentia tudo arder.

Correu o mais rápido possível para a porta e começou a bater nela de modo desesperado. Tentou chutar, deu cabeçadas, mexeu na maçaneta, mas a porta não abria. O fogo aumentava, você sentia seu corpo arder. Gritava o máximo possível. 

Você começou a bater na janelinha, que não abria. Você chorava.

Foi quando Goo Ar apareceu na janelinha com um sorriso prazeroso. Você implorou para que ele te tirasse de lá, ficou de joelhos, mas ele deu uma risada e disse.

“Você sabe demais. Tem conhecimento sobre a civilização dos Theaneanos, por isso não poderá viver!”

“MAS, VOCÊ DISSE QUE EU FICARIA VIVO!” Gritou com todas as forças que tinha.

O líder riu novamente.

“E você acreditou?”

Goo Ar foi embora.

Você ficou trancado. Sentiu cada célula de seu corpo arder.

Se sentia traído, mas quem era você para falar sobre traição já que tinha traído a humanidade primeiro?

Você morreu.