Kepler-452 escrita por Doutor


Capítulo 7
Qual é o problema com esse campeonato? - parte final




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A nave emprestada por Lares pousou em Lamantis, então Carl, Vincent e Mary pisaram no solo do planeta.

—Estranho.  Achei que haveria muitos guardas a nossa busca ou coisa assim.

—Pouço provável.  Os guardas não iriam procurar tanto por duas pessoas que fugiram de um jogo. - explicou Vincent. - Meu plano, inclusive,  era só fugir por umas duas horas e, depois,  continuarmos a jornada.

—Então... a sua tentativa de fuga só nos trouxe de volta pra cá. - concluiu Mary.

—Não sabia que aquele planeta era propriedade de uma louca... Sem ofensas,  Carl. 

—Tudo bem, senhor. - respondeu o robô. 

Os três chegaram perto do local aonde ocorria o campeonato. 

—Ok, Carl. O que temos que fazer? - perguntou Vin.

—Nós três vamos nos inscrever, senhor. Assim poderei filmar lá dentro.

—Ótimo! Adorarei participar uma segunda vez disso. - murmou Mary, sarcasticamente. 

—Mas Carl, é perigoso! Não podemos. - argumentou Vincent.

—No momento, eu só estou programado para seguir ordens, obrigar vocês a seguirem as ordens e filmar lá dentro, senhor!

—Otimo! - Mary murmurou.

—Não tá ajudando, Mary. - disse Vincent.

***

Após se inscreverem, os três entraram dentro da área dos jogos. Mary e Vin ainda estavam perplexos de terem permitido que Carl participasse. 

Eles estavam em uma área com várias guloseimas, aperitivos e bebidas em uma mesa. Os outros competidores também estavam lá.

—Não quer comer nada? - perguntou Vincent, com um prato cheio de várias comidas.

—Como você pode comer em um momento desses?

—Bom, na pior das chances, eu vou morrer de barriga cheia, enquanto você estará faminta. - Vincent bebeu um gole de uma bebida forte e fez uma careta. -Carl, o que é isso? 

—É uma taça, senhor.

—Não!  Tô falando do líquido aqui dentro. Que bebida é essa?

—É um tônico da região de Cão Maior, senhor!

Mas antes que Vincent pudesse dizer qualquer coisa, a inteligência artificial do local começou a transmitir uma mensagem.

—E aí,  peraltas! Preparados?  Já podem seguir até os teletransportadores da sala quatro!  - disse o computador,  com uma vez extremamente animada.

Vincent colocou a maior quantidade de comida que pôde na boca e os três foram até a sala quatro. Os competidores entravam em vários teletransportadores. Vincent, Mary e Carl entraram no mesmo, um de cada vez. Mas quando foram teletransportados, surgiram em lugares diferentes em uma espécie de nave.

Mary olhou ao redor. Estava dentro de uma nave, com as paredes, teto e piso feitos de um metal branco. Ela estranhou. Aquela não era à primeira tarefa. Repentinamente, inumeros guardas apareceram e a prenderam.

Mary foi levada para a sala de comando principal daquela nave que, aparentemente, era enorme.

Quando entrou na sala, viu que Vincent também estava lá,  preso. Os guardas levaram a garota para perto do garoto. 

—Então vocês tem a ousadia de fugirem do meu campeonato e foram mais ousados ainda para tentarem participar dele novamente? - soou uma voz um tanto fria.

Quando Mary viu o dono da voz, percebeu o que ela chamou de "alienígena de verdade". Um humanoide verde, alto e de cabeça grande,  com olhos grandes e totalmente pretos.

—Uou! - disse ela.

—Mas fiquei impressionado de ver terráqueos aqui. Pensei que sua espécie não tivesse conhecimento nem pra ir pra estrela mais próxima. 

—Desculpe, mas não sou da Terra. Sou de Norzoon.

—Ah, sim. Se parecessem. - disse a criatura.

—Como você conhece a Terra? - perguntou Mary, bastante curiosa.

—Como conheço a Terra? - a criatura começou a gargalhar. -Quem não conhece a Terra nessa Região da Galáxia? - os guardas começaram a rir também. -O pessoal do meu planeta adora passar o tempo pregando peças nos terráqueos. Mandando naves sobrevoarem seus céus e outras.

O guarda quase chorou de rir. Quando Mary olhou para Vincent, também percebeu que o garoto estava achando isso engraçado.

—Teve... Teve uma vez que eu apareci pessoalmente pra uma pessoa...- o ser verde estava ofegante de tanto rir que mal conseguia falar direito -...e ela ficou sendo considerada louca por todos! - ele caiu na gargalhada e os outros guardas também.  Vincent também deu uma gargalhada alta.

Mary olhou para Vin com uma expressão de raiva, que fez o garoto parar de rir. Enquanto todos gargalhavam, ela percebeu que Carl não estava ali.

—Vincent, cadê o Carl? - perguntou ela, aos sussurros. Vincent, que se segurava para não rir, voltou a ter uma expressão séria ao perceber que Carl realmente não estava entre eles.

—Acredito que não trouxeram ele porque ele não era fugitivo... - respondeu.

—Droga!  - exclamou Mary.

Após alguns minutos, as risadas acabaram e o alienígena voltou a olhar para eles.

—Então... continuando!- disse ele, enxugando os olhos. - Como ousam? Acharam mesmo que passariam despercebidos. Eu sou o grande César, ninguém se esconde de mim.

—Você estava matando aquelas pessoas naquelas competições. - gritou Mary, enraivecida. -Espera, César? Esse é um nome terráqueo. - outra expressão de sorriso começou a surgir no rosto de César. 

—Sim... Eu peguei esse costume de vocês,  humanos. Vocês também fazem isso. Inclusive escolhi esse nome pois é o título de quem faz isso.

—Não são todos os humanos que faziam isso... Sim, faziam. Uns dois mil anos atrás! - respondeu Mary.  César olhou para os guardas, se segurando para não gargalhar. 

— E desde quando os terráqueos são capazes de mudar seus costumes idiotas? - César começou a gargalhar e os outros guardas também.  Mary desistiu de tentar conversar com ele. Não iria perder a paciência. Decidiu se ficar em tentar sairá ir dali.

—Você tem alguma idéia de como vamos sair daqui? - sussurrou ela para Vincent.

—Tenho. Quando eu... - Vincent foi interrompido quando alguma porta se abriu e mais guardas traziam Carl. 

—Senhor! Este era o robô que estava com os terráqueos! Tivemos que pegar ele durante a competição. - o susto repetido atrapalhou as gargalhadas de César.

—Otimo! Coloquem-no ao lado dos dois. O robô foi deixado ao lado de Mary.

—Olá,  senhora e senhor! - disse Carl.

—Já filmou tudo? - sussurrou Vincent.

—Sim,  senhor. Agora é só esperar. 

—Calem-se! - gritou César. -Vocês todos morrerão pela ousadia! - o alienígena disse, em tom triunfante. - Exceto a humana, que será meu novo animal de estimação. 

Nesse momento, a nave tremeu fortemente. Os três olharam para a tela principal e viram que várias naves de Zarata atacavam o local. César olhou da tela para os três.

—Ora,  seus...- começou ele, totalmente enraivecido, mas logo soldados de Zarata entraram no local  e apontaram as suas armas para César e seus guardas.

—Parados! Quem tentar reagir morre!  - disse o oficial de maior escalão e braço direito de Laren.

 ***

Após prenderem César, o Campeonato Galático foi vendido para outro rico e idiota da galáxia.

Carl, Mary e Vincent voltaram para Zarata. Estavam na presença de Laren.

—Vocês fizeram um ótimo trabalho! - disse a rainha que não era rainha.

—Obrigado, senhora! - respondeu Mary.

—Vocês estão perdoados do crime de invasão e podem levar voltar para a sua nave. 

—Só isso? - perguntou Mary. - A gente quase...

—Muito obrigado, senhora! - Vincent interrompeu a crise de raiva de Mary. Laren permitiu que os dois se retirassem, então ambos caminharam para a porta. Vincent olhou para trás.

—Adeus,  Carl! - disse ele,  com uma lágrima nos olhos. 

—Adeus, senhor e senhora! - respondeu a bola robótica voadora.

Mary acenou a mão pro robô,  mas como ainda estava irritada,  se recusou a dizer algo.

Quando saíram do templo, viram ainda que sua nave já estava lá. 

***

A nave de Karvatorofopianassamos viajava pelo espaço. Zarata era apenas uma bola grande que fazia parte da paisagem na tela da nave. Mary, que estava sentada ao lado de Vin, estava irritada.

—O que foi? Ainda com raiva por não ter recebido alguma recompensa? - perguntou o garoto. 

—Não!  - gritou Mary. Parece que estava lá esperando Vin dizer algo para poder explodir. -Estou com raiva de você!

—Eu? Mas por quê? - disse Vin,  complexo.

—Como você não sabia que aquele Campeonato Galático matava pessoas? 

—Ah... Eu só tinha ouvido falar sobre ele. Pra ser sincero,  eu só ia pra Lamantis para brincar nos campos de gravidade zero.

—Ok! Mas esse não é o único motivo, Karvatofopro... Vincent!  - gritou. -Você estava achando engraçado o escárnio que estavam fazendo com minha espécie. É assim que os alienígenas são? Vocês colonizam o que querem? Mandam naves para planetas que não conseguem fazer viagem espaciais apenas por diversão? 

—Bom... Pra mim, você que é a alienígena. 

—Você entendeu o que eu quis dizer! - gritou Mary. Vincent tomou cuidado no que ia dizer.

—Olha... Nem todos são assim... Eu te salvei da Terra.

—Me salvou? - Mary olhou para ele e Vin pode ver que os olhos da garota estavam cheios de lágrimas. - Você me salvou? Minha família está na Terra! Meus pais, avós, amigos,  tios... Tudo! - ela desabou no choro. Vincent olhou para a garota. Pela primeira vez ele sentiu a dor que Mary estava sentindo e, pela primeira vez, ele a abraçou. Mary começou a chorar no seu ombro.

—Eu sinto muito. - disse ele.

—Eu preferia ter ficado lá!  A culpa disso tudo é minha!  - disse ela, mas não em tom acusativo. Ela estava desabafando. -Eu estou viva, mas sem tudo aqueles que amo. 

Ela ficou uns dois minutos chorando, até que Vin quebrou o silêncio,  dizendo:

—Acho que tem um jeito de salvar a Terra. - disse ele, ainda abraçando a garota. Aquilo foi tão forte que Mary parou se afastou dele.

—T-Tem? Como?

—Eu acho que tem... - ele disse, pensativo. - Máquinas do tempo em algumas... regiões da galáxia. - disse ele. Aquilo assustou Mary. Apesar de, a essa altura. já ter visto naves que viajam grandes distâncias em segundos,   alienígenas de todos os tipos e ter vivenciado aquela "superposição"; a idéia de uma máquina do tempo foi como entrar em uma piscina gelada de uma vez. 

—Maquina do tempo? Sério?

—Sim! Já até existem em alguns lugares há anos.  Mas viagem no tempo é algo perigoso. Há tantos paradoxos que podem surgir. - disse ele  -Máquinas do tempo são de uso apenas do governo, creio eu.

—Temos que tentar! - disse ela, na emoção do momento. 

—Tem certeza? - perguntou Vincent.

—Sim! - após essa resposta,  Vincent concordou com a cabeça. Logo, ele escreveu algumas coisas no computador de comandos e a nave deu um salto.


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