Acaso por acaso escrita por Sky


Capítulo 1
Contos de fada, eles não existem


Notas iniciais do capítulo

♥♥♥



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Contos de fada, eles não existem.



Caroline foi habituada a assistir algum dos filmes da Disney ao menos uma vez por semana, e ler toda noite uma destas histórias. Ela sobreviveu a infância acreditando fielmente em que era uma princesa perdida, e aquele pequeno lote em Mystic Falls era onde residia seu palácio, onde seus pais eram coroados rei e rainha.

E como seus pais amavam essa imaginação da menina, essa inocência e bondade, tanto que faziam de tudo para manter aqueles sentimentos puros vivos dentro da menina.

A primeira queda no reino de Caroline foi quando o rei partiu. Ele não morreu, ele partiu, ele deixou seu reino e sua herdeira para trás como se aquilo não significasse nada na vida dele. Como um reino sobrevive sem seu rei?

E isso fez Caroline agarrar-se ainda mais em cada uma de suas crenças e esperanças, porque quando fosse a vez dela de ser coroada, não daria errado, o seu rei não iria embora, eles iriam governar juntos onde quer que fosse seu reino.

E ela esperou, longos anos de espera, esperando o seu príncipe encantado. O “eleito”. E ele seria perfeito, eles seriam perfeitos. Seriam como cada história que ela vira e cada conto que lera. Seriam o que seus pais não foram, e ela faria dar certo, independentemente de como fosse.

Então, quando naquela aula chata de literatura, Stefan apareceu, ele simplesmente parecia o certo. Caroline se apaixonara perdidamente, e havia se jogado naquilo de cabeça sem pensar duas vezes. E ele de fato parecia um príncipe, a forma como a tratava, sua maneira de ser, seu olhar, sua voz aveludada, seus braços que enlaçavam a garota e a faziam acreditar que aquilo era nada mais que o certo.

Então, passaram por cada etapa, o início do namoro, apresentação aos pais, os amigos um do outro passaram a ser seus amigos. Foram morar juntos quando o colegial terminou, pintaram cada parede nas cores escolhidas, pintaram um ao outro, penduraram cada quadro, cada foto, conectaram cada cabo da televisão juntos.

E então, em uma noite de inverno, de frente a enorme árvore de natal no centro da cidade de Mystic Falls, na época favorita da garota, ele se ajoelhou tirou do bolso uma pequena caixinha negra, um pequeno anel com um enorme diamante redondo em seu centro. E ela teve certeza. Eram o rei e a rainha.

Então, em seu primeiro ano na faculdade, cada segundo livre era uma boa oportunidade de olhar revistas de vestidos de noiva, penteados e arranjos. Estava se sentindo realizada, e ele também. Ao menos era o que ela achava.

Com o tempo, coisas bobas eram o motivo para grandes discussões. Mas tudo bem, eles iam se acertam, tinham que se acertar.

E eles de fato pararam de brigar, pararam de se falar, de interagir. Eram meros colegas de quarto que mal se falavam, para amenizar a situação.

E com o tempo os celulares passaram a ser escondidos dela, ele não queria que ela visse algo. Mas quando não se quer que alguém desconfie, você não esconde, ela não suspeita.

E quando ela acordou naquele maldito dia, ela sentiu que algo de ruim estava para acontecer, desejou não sair da cama, mas as provas do final do semestre estavam ali, esmurrando sua porta gritando para Caroline, gritando para fazer alguma coisa.

E ela fez, depois de um dia exaustivo de estudo, tudo o que ela queria era tomar um banho e ver tv até pegar no sono, algo que não demoraria, ela entrou por aquela porta e deixou a bolsa do lado da porta do apartamento.

E se obrigou a ao menos ir pegar um roupa no quarto antes de ir para o banheiro. Empurrou a porta como sempre costumava fazer, e para seu azar pisou com o pé esquerdo naquele cômodo.

Carol, como era chamada, faria de tudo para desver a imagem de Stefan com aquela garota nos braços, na sua cama, no seu quarto, no seu apartamento. Gostaria de nunca ter chegado a ver a cascata de cachos dela caindo sobre a cama, contrastando com a palidez dos lençóis, ou a forma como ambos respiravam serenos, como se o mundo ao redor deles sequer existisse, eram apenas ambos no mundo, e estavam feliz.

Ela queria sair dali, queria sumir e esquecer ele, esquecer dela. Mas não conseguia, como se seu cérebro a forçasse a manter-se ali e registrar cada detalhe, cada peça de roupa jogada no chão, tudo somente para a mesma poder se torturar mais tarde.

A pior parte talvez tenha acontecido quando ele abriu os olhos, e olhou imediatamente para a garota ao seu lado, soltando um sorriso leve, e em seguida, acabar encontrando com o olhar ferido na “noiva”. Sua expressão se fechou, enquanto os olhos dela marejavam e pequenas lágrimas escorreram descompassadas do canto de seu olho. Caroline cambaleou para trás tampando a boca com a mão, tentando não deixar um grito entalado em sua garganta escapar.

Correu para fora do prédio, sem se importar se o bando de jovens que moravam lá a mandassem parar, ou se importar com os grupos de estudantes que aproveitavam o final da tarde nos gramados do campos. Ela precisava sair dali, era tudo que sabia e tinha certeza.

Quando chegou ao carro entrou batendo a porta enquanto se isolava no pequeno espaço que o carro oferecia, estava quente sufocante, devido a tantas horas no sol, que esquentaram o carro de fora para dentro.

A parte mais confusa, no entanto, e que Caroline estava longe de compreender, era: 1º Sentia vontade de voltar, aquele era seu perfeito conto de fadas e ele não poderia acabar daquele modo. Queria voltar lá e reconquistar tudo novamente, fingir que nunca aconteceu e continuar a planejar o casamento dos seus sonhos, ser a rainha. 2º Ela sentia-se livre. Não era um sentimento completo, era como se um dos nós de suas amarras tivesse se desfeito, uma das tampas de sua pequena caixa tivesse sido removida e ela tivesse o pequeno gosto da brisa por um momento outra vez. E eram ambos os sentimentos que confundiam a cabeça da garota.

Ficaria ali naquele espaço sufocante o tempo que precisasse, até o momento em que Stefan apareceu. Ela parecia cansado, não era fadiga, ele parecia cansado, e Caroline entendeu. Ele estava cansado daquele relacionamento, deles dois juntos e daquela vida.

Ela girou a chave na ignição e sentiu o motor roncar sob seus pés, deu ré e saiu daquele estacionamento, ela não sabia ao certo para onde ia, mas sentia que uma etapa de sua vida havia ficado para trás preso naquele apartamento, e uma começava agora, dentro daquele pequeno carro enquanto ela dirigia e abaixa as janelas, permitindo que a brisa batesse contra seu rosto rubro de lágrimas, secando-as lentamente.

Ela era a Alice, e o país das maravilhas não existe.


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Notas finais do capítulo

♥ Comentem, participem, favoritem, acompanhem e recomendem se gostarem.



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