Crescendo - Shirbert escrita por Sabrina
***
De pé no quarto de casal mobiliado, Anne segurou as mãos de Gilbert. Sentir-se exposta fez com que seu corpo permanecesse arrepiado e ela resistia ao impulso de se cobrir. O marido, no entanto, ainda trajava a camisa social branca, calças pretas e meias.
— Eu te amo, Gilbert Blythe – disse ela. Quero dizer isso antes que qualquer coisa aconteça.
Ele sorriu, um sorriso sincero, com zero convencimento. Aquela era a melhor visão que poderia esperar: Anne, de roupas íntimas, dizendo que o amava. Tão nervosa que as bochechas estavam quase da cor do cabelo.
Gilbert puxou as mãos dela para junto de seu rosto e beijou-as.
— Não acredito que estamos mesmo aqui – disse, permitindo-se rir um pouco do nervosismo estampado no rosto dela. – Você sabe que é o amor da minha vida, Anne. Não pode imaginar o que estou sentindo agora... – balançou a cabeça, risonho. – Tudo o que eu quero agora é... te tocar. Pra ter certeza de que é real.
Então, num impulso, Gilbert tomou o rosto de Anne entre as dele e pressionou fortemente seus lábios contra os dela.
— É real! – exclamou. – Podemos fazer o que quisermos, Anne!
— Não sei o quero fazer... – disse ela, os olhos baixos. Então, de súbito, abraçou a si própria, envergonhada. – Acho que quero me cobrir. Não é justo que eu esteja aqui semi-vestida e você ainda esteja apresentável.
— Tem razão – concordou ele. – Pode tirar minhas roupas!
Ela arregalou os olhos claros. – Gilbert Blythe!
— Ora, você é minha esposa agora. Tem toda a liberdade para fazer isso.
Ela hesitou. A vontade desesperadora de se cobrir havia diminuído. Estava curiosa.
Lentamente, Anne levou seus dedos a camisa de Gilbert e começou a abri-la, as mãos tremulas. Ele, não aguentando, tornou a beijá-la, e continuou beijando enquanto ela o despia. A camisa branca foi parar no chão do quarto novo, junto com a calça. Os beijos molhados se espalhavam por queixo, pescoço e ombros desnudos de Anne, mas o nariz gelado de Gilbert roçando em sua pele fez com que desse risadinhas.
— Isso faz cócegas!
— Não estava fazendo quando estávamos no sofá – apontou ele, sem interromper a tarefa.
— Oh, mas agora faz!
Anne, para fugir das cócegas e daquele nariz frio, correu pelo quarto, e ele correu atrás dela. Foram parar na cama. Ela se retorcia, fugindo-lhe entre risadas.
— Gilbert! Pare, pare! Oh, eu não consigo... não consigo parar de rir!
Gilbert parou. Ergueu o rosto e observou a cena: Anne deitada, de olhos fechados, aos risos. Saiu de cima dela e deitou-se ao seu lado, o cotovelo dobrado, o rosto apoiado na mão, sério.
— O que... o que foi? – indagou ela, a risada diminuindo.
— Você deveria querer me beijar. Não devia estar rindo.
— Oh, desculpe – ela sorriu. – É que seu nariz está realmente muito frio.
Agora, ela o olhava com olhos brilhantes, risonhos, a boca num sorriso largo de mostrar os dentes. Havia esquecido o medo. Enquanto Gilbert se mantinha sério, ela experimentou pela primeira vez a sensação de tocar o corpo dele, sem panos a cobri-lo. Passeou com a mão por sua barriga nua, subindo pelo peito e ombros e alcançou o pescoço, onde deu um puxão. Riu dos olhos castanhos e arregalados dele quando caiu sobre ela, mas não o soltou. Era estranhamente bom e reconfortante sentir o corpo pesado de Gilbert, tão maior que ela, sobre o seu. Abraçando o pescoço dele bem juntinho, para que não se afastasse, ela o beijou longamente, e após um tempo, sentiu as mãos dele começarem a acariciar seu corpo, baixar as alças da sua camisolinha branca de seda, puxar o tecido para baixo até sair por seus pés e sumir de sua vista. Sentiu frio, mas logo o corpo dele voltou a cobrir-lhe. O contato das peles nuas, uma contra a outra, a excitou. Os beijos desceram de sua boca para seu pescoço, e de seu pescoço para seus seios.
— Gilbert...
Anne acariciou seus cabelos escuros. O que a confortava era saber que ele não estava olhando para seu rosto, não podia ver sua expressão assustada e ansiosa, desejosa. Era um misto de emoções.
Estava quase se acostumando e enfim se permitindo deleitar, quando Gilbert voltou para sua boca. Sentiu a mão dele tocar sua parte mais intima, e arregalou os olhos. O mais estranho de tudo: gostou.
— Posso? – perguntou ele, os olhos pedintes.
— Sim.
A meia luz das lamparinas, ele tirou a última peça de roupa.
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