Laços Cruzados escrita por Cukiee


Capítulo 2
Capítulo 2 - Uchiha Sasuke


Notas iniciais do capítulo

Perspetiva de Sasuke Uchiha.



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2

Sasuke Uchiha

16 Março 2018 | Sábado

~*~

Acordei com alguma dificuldade e quando me consciencializei completamente de tudo do que estava ao meu redor, entendi, estava numa cama de hospital, com um monte de fios ligados. Esfreguei os olhos numa tentativa de organizar as ideias do que tinha acontecido, à procura de uma forma mais clara para reconhecer o meu estado, porém estava anestesiado demais para conseguir ser bem-sucedido.

Tentei sentar-me e uma dor enorme apoderou-se da minha cabeça, de instinto coloquei sobre ela a minha mão e pude sentir uma compressa bem junto ao sítio causador da dor. Foi aí que percebi: acidente?!

— Façam o favor de entrar, Sr. e Sra. Uchiha – Estava tão atordoado que a minha perceção do que acontecia à minha volta ainda estava muito lenta. Apenas os vi quando já estavam ao lado da cama onde estava, com um misto entre a preocupação e a desilusão esboçado nas suas expressões.

— Bom, ao que todos os exames indicam, está estável, foram apenas ferimentos ligeiros e aquele que podia ser motivo de maior preocupação, na lateral da cabeça, foi apenas superficial – O médico detalhava melhor o meu estado, enquanto todos os presentes assentiam silenciosamente – Agora vou deixa-los a sós. Penso que amanhã já poderá sair do hospital, mas para isso é fundamental que descanse e recupere o resto do dia – Avisou-me sério – Com licença.

Quando a porta se fechou com a saída do médico, a tensão naquele quarto disparou e sabia que os próximos minutos seriam dolorosos.

— Sasuke, querido, como te sentes? – Claro que a minha mãe foi a primeira a intervir naquela situação, aproximando-se de mim; custava-me ver a sua preocupação.

— Bem, só um pouco perdido… – Respondi receoso.

— O que aconteceu? – Aquela pergunta desamparou-me e fechei os olhos numa tentativa de encontrar a melhor forma de explicar o sucedido, enquanto era atacado de flashs da noite anterior e o silêncio permanecia. E, ainda antes que pudesse ter a coragem e a lucidez de explicar algo, fui rapidamente interrompido:

— As consequências dos teus atos resultaram em graves sequelas. A falta de consciência trouxe problemas não apenas para ti, como para aqueles que te rodeiam. Pensei que não teria de lidar com problemas destes contigo, muito menos com Itachi, mas estava tremendamente enganado – A voz soava dura, mas também cansada, e o peso daquelas palavras pesaram a minha consciência abatida.

— Eu… – Mesmo que tentasse formular uma frase, não havia uma justificação para tal. Era exatamente como tinha sido dito: uma falta de consciência. E mesmo que tentasse dizer qualquer coisa, meu pai já estava de saída daquela sala.

— Querido… – A minha mãe apenas o observava com ar triste. E, eu, esfregava a mão no rosto como se quisesse acordar de um sonho, ou melhor, de um pesadelo que insistia em parecer real demais.

Quando a porta se fechou com a saída de Fugaku, naquele silêncio vi-me obrigado a ser eu a quebra-lo.

— Mãe? Onde está Itachi? – Soei meio receoso em magoa-la ainda mais, mas ele deveria estar tão perdido quanto eu e naquele momento eu precisava de afastar os pensamentos terríveis do que tinha acontecido.

— O Itachi… – Pude ver os seus olhos ainda mais sofridos e naquele momento arrependi-me imediatamente da pergunta, passou-me tudo pela cabeça – O I-Itachi ainda não acordou, está internado, o seu estado é mais complicado… – Os seus olhos brilharam carregados de lágrimas enquanto debitava aquela informação, e ali, o choque foi tal, que não consegui proferir uma simples palavra que fosse audível.

 

17 Março 2018 | Domingo

~*~

Tinha passado o meu “dia de repouso” e estava prestes a sair daquele hospital, felizmente. Mais um minuto lá e juro que enlouqueceria com pensamentos. Tratei de recolher todos os meus pertences e, de forma temerosa, fui até ao quarto dele, ou melhor, ao vidro que dava para o quarto dele.

— Itachi… Porquê? – Sussurrei como se esperasse que me respondesse, em vão, pois apenas pude ouvir o silencio e a minha própria dor. E, nesse instante repousou sobre o meu ombro um apoio, com uma expressão de remorsos.

— Vim buscar-te – Bufei um pouco com aquela afirmação.

— Estou em perfeito estado de ir sozinho para casa, Naruto! – Impus sem paciência e ele apenas suspirou com a minha nega à sua simpatia.

— Foi a tua mãe que insistiu, saberia que mal-agradecido como és, não valia a pena vir cá – Reclamou, mas no fundo, a verdade é que, mesmo assim, ele estava ali.

— Hm – Ignorei e voltei o meu olhar para Itachi, chamava-o para que viesse também, estava na hora de ir embora daquele hospital e ele deveria estar a voltar comigo para casa, mas quanto mais tempo esperava, mais me corroía aquilo que via diante dos meus olhos.

Eu e Naruto fomos até ao apartamento que eu e Itachi dividimos, em quase completo silêncio, mesmo que ele quisesse quebra-lo constantemente, até mesmo Naruto estava sem palavras possíveis para o que estava a acontecer. Mas depois de um pesado suspiro da minha parte, arriscou:

— S-sasuke… – Começou de forma baixa – Como ele está? – Inicialmente aquela pergunta irritou-me, irritou-me porque não era médico, irritou-me porque ele tinha olhos na cara, irritou-me porque era óbvio, mas como uma das únicas vezes na vida, contive-me:

— Fratura grave no fémur e na coluna, os médicos pediram que a família próxima se reunisse amanhã lá. Primeiro era necessário estabiliza-lo, mas também era com urgência que seriam necessárias tomar decisões sobre os ferimentos mais graves – Expliquei, mas eu próprio não sabia do que falava e aquilo tornava-se, ainda mais, frustrante.

O resto da tarde foi passada com algumas dores. Ainda me visitaram os meus pais e outros familiares, e também apareceram Naruto e Shikamaru. Depois de toda aquela preocupação desnecessária e de expulsar, da forma mais simpática possível, toda a gente daquela casa, finalmente pensei que teria sossego, todavia tudo aquilo que restou comigo naquele apartamento foi o silêncio da ausência de Itachi.

Ainda pouco depois de me sentar no sofá da sala, oiço a campainha soar. Suspiro desanimado e sem verificar quem seria apenas abro a porta com cara de completa falta de paciência para visitas.

— Yo! Sasuke.

— Kakashi… – E suspirei, enquanto regressava ao sofá abandonando-o na porta, enquanto ele próprio a fechava e seguia atrás de mim.

— Estás pior que imaginei – Ele comentou sentando-se junto a mim e quando viu que eu não mostrava qualquer reação, percebendo o meu estado desgraçado, sem ter precisado de perguntar, pois acertara radicalmente, prosseguiu – Estou admirado que te tenham deixado sair do hospital.

— Estou perfeitamente bem, ao contrário… – Não consegui terminar, mas ele assentiu como se entendesse.

— Sasuke, remoer sobre o que aconteceu não fará milagres, amanhã se não acordares convencido disso só será pior. E, se tudo correr bem, haverão avanços rapidamente – Kakashi sempre dizia as coisas de um modo muito racional, o que era uma das coisas que mais me agradava, mas até naquele momento me recusei a concordar com ele.

— Pensei que Fugaku tinha tratado de restringir a informação do hospital à família – Apontei acusatório e ele apenas sorriu, logo percebi que ele era quase da família e teria sabido, ou isso ou o idiota do Naruto teria aberto a boca demais, como costume – Aliás, não estavas em Suna? Fugaku tinha comentado que irias ficar de vistoria aos departamentos lá.

— É, voltei mais cedo, na mesma noite do sucedido, lá estava tudo em ordem e digamos que, dados os últimos acontecimentos, Fugaku alterou a minha “vistoria de rotina” para os departamentos de cá – como eu disse, era família, certamente que também estava a par do ataque na empresa – mas, bem, sobre isso teremos tempo para discutir amanhã.

Aquilo deu-me uma dor de cabeça instantânea, independentemente de tudo, amanhã a vida continuava e mesmo que os filhos tivessem tido um acidente, Fugaku não iria sequer por em causa parar a empresa, muito menos me livrar uns dias dela, até porque me tinha deixado encarregue de uma importante investigação.

 

18 Março 2018 | Segunda-Feira

~*~

Eram 7 da manhã e estava com os meus pais dentro daquele maldito hospital, junto ao vidro que dava para o quarto de Itachi e mais uma vez o sofrimento se abatia sobre nós. O médico tinha acabado de explicar que, de acordo com o estado dele, teria de ser submetido a duas cirurgias complicadas; e depois de todo aquele processo de análise de riscos e decisões, houve consentimento para que seguissem com as operações. E após toda aquela deliberação, ficámos na sala de espera até que chegassem mais notícias.

Passado pouco mais que uma hora apareceu uma enfermeira com o relatório da cirurgia e foi com grande alívio que, apesar de pequenas complicações, tudo tinha corrido bem e os resultados tinham sido positivos, restava apenas o repouso necessário até à próxima.

— Alô? Então? Como foi?  - Naruto perguntava inquieto do outro lado da linha pelo telemóvel.

— Correu bem. Agora têm de o deixar em repouso.

— AINDA BEM! Mantém-me a par! Temos de levar logo Itachi para casa – A animação dele até que me animou e bem que precisava, pois estava a caminho da empresa para continuar a tratar do misterioso ataque.

 

~*~

— A questão é, entre a falta de registos das 4:00 e 4:30, coincide o horário do projeto do departamento do Sasori, mas eles nem sequer se aperceberam de nada e seria estúpido demais uma ligação tão direta – Kakashi colocava-me a par do que tinha reparado pela manhã, enquanto estava ausente e tal como tinha notado na noite anterior, ele tinha conhecimento do sucedido.

— Sasori…? Nunca fui muito presente no departamento dele. Mas porque estavam de turno no projeto a meio da noite? – Questionei enquanto verificava os registos desaparecidos.

— Bom – Começou em meio de um riso fraco – Prazos! Pelo que ouvi faltam apenas umas duas ou três semanas para o período de lançamento do novo dispositivo e bem Fugaku não ficou muito feliz depois de saber, a semana passada, que ainda nem tinham testes de terreno em andamento.

— Mas não tinha sido neste andar a fuga de informação? Esse departamento não é no 5º piso? – Estava cada vez mais difícil e claramente impossível colocar-me a par de tudo e todos daquela empresa.

— É, o que torna tudo ainda mais misterioso… – Ele começou com ar confuso – Mas naquele horário todos os pisos estavam encerrados exceto o 5, do tal departamento.

— Estás a dizer que alguém, desse departamento, que ficou de turno por um projeto, conseguiu subir até aqui à administração, misteriosamente, sem ser notado e soltado uma fuga de dados – Quanto mais o expressava verbalmente menos me convencia.

— Exatamente e no fim ainda conseguiu apagar os registos das 4:00 às 4:30, magicamente, encobrindo-se – Suspirei enquanto me debruçava na cadeira, era um espaguete de informações disparatadas.

— Boa tarde – Fugaku entrou no meu escritório, com uma expressão nada feliz, cumprimentando-nos.

— Boa tarde, Fugaku. – Cumprimentou Kakashi, denunciando no seu tom a falta de boas notícias.

— Ainda estou à espera dos relatórios de Suna – Disparou para Kakashi, este sorriu forçosamente enquanto mexia no cabelo nervosamente e saía da sala despedindo-se com uma falsa promessa de avanços – Estão a caminho senhor.

— Sasuke – Dirigi o olhar diretamente para ele que, após uma leve pausa, continuou – Daqui a uma semana preciso que faças o levantamento dos progressos do piso 5 no meu nome, aproveitarás para verificar a equipa e o trabalho da mesma.

— Certo, preciso só dos documentos de cada um deles – Pedi enquanto voltava os olhos para o computador que tinha na minha frente.

— Já foram enviados para o banco de dados da tua rede. Até lá quero que trates de outro assunto – Voltei a focar-me nele e depois de um silêncio estranho, voltou a fazer-se ouvir – Como é que entras neste mesmo sítio onde nos encontramos?

— Hm? – Olhei para ele sem entender o sentido naquilo, mas pude ver na sua expressão séria que esperava por uma resposta da minha parte – Bom, com a impressão digital…? – Respondi ainda sem entender, identificando o óbvio como resposta.

— E quem entra aqui? – Finalmente entendi o que queria dizer: antes, ainda, de verificar o piso 5, teria primeiro de averiguar o nosso próprio piso, o centro do problema e o começo, digamos, dele.

— Pelo menos serão menos pessoas… – Resmunguei como sinal de que entendera, ainda que achasse que uma semana fosse pouquíssimo tempo, mas vindo do meu pai, não surpreendia, embora ele tenha, de alguma forma, tentado amenizar a situação de seguida, em resposta à minha reação nada agradável.

— Terás o apoio de Kakashi também. Novamente, nem uma palavra sobre este assunto aos demais – Assenti, e puder entender que começara a tornar-se uma situação grave, o próprio pessoal administrativo estava sobre suspeita de Fugaku?! Desastre maior era impossível. E era mais visível pela sua insistência em relembrar o sigilo daquele assunto.

— Amanhã eu e a tua mãe iremos ao hospital, às 7:00, novamente – Acrescentou, à saída, como que de recado e ali entendi que também ele sofria por Itachi, nunca iria tocar naquele assunto em ambiente profissional, se não houvesse uma gravidade para tal.

— Lá estarei – Garanti, quando ele já estava prestes a fechar a porta do meu escritório e voltei a atenção para o computador.

Acabei por ficar na empresa até bem tarde, descobri que era mais fácil tanto para garantir os prazos loucos do meu pai, como para distrair os pensamentos persistentes da desgraça.

 

19 Março 2018 | Terça-Feira

~*~

— Mãe? – Estranhei encontra-la sozinha na sala de espera, mais apreensiva do que seria espectável.

— Sasuke, querido – Começou meio incerta – Parece que operação de Itachi já começou, é um pouco mais complicada, segundo a enfermeira, começou durante a noite já, mas ainda não nos adiantaram nada mais… – Terminou visivelmente preocupada.

— O pai? – Perguntei enquanto a encaminhava a que se sentasse.

— Fugaku, ele chegou e quando nos avisaram que a operação tinha começado, sem adiantarem mais nada, ele irritou-se com a enfermeira e foi falar com um superior, entretanto fiquei aqui na esperança de que chegassem mais notícias – Confessava com o olhar baixo.

Sentei-me ao seu lado, naquela espera que se prolongou por 3 horas, sem mais informações, sem Fugaku, sem nada, só a poder ver o tempo a passar; pelo menos até ouvir aquela voz:

— Sr. e Sra. Uchiha – Tanto eu como a minha mãe, erguemos a cabeça em direção ao som daquela voz e pudemos ver o mesmo médico que inicialmente nos colocou a par de todo o procedimento que Itachi teria de passar.

— Como ele está? – Logo se levantou a minha mãe, desesperada por informações do filho, enquanto eu ansiava em silêncio por respostas.

— Infelizmente Itachi não conseguiu suportar a operação. Lamento imenso trazer-lhes esta notícia – O médico falava calmo, ainda que a sua expressão denunciasse exatamente o que era necessário de se ser dito. E, quando achamos que precisamos tão desesperadamente de saber algo, de abandonar aquela incerteza desesperadora e a resposta que obtemos é tudo aquilo que nos podia destruir, aí, são nesses momentos, que não existem palavras que consertem aquilo que nos foi tirado.

— Itachi…m-morreu? – E, nesse choque de perda, apenas consegui sussurrar instintivamente.

~*~


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Fico à espera de saber as vossas opiniões. ^^
Não me matem por parar o capítulo aqui! Haha
Até ao próximo!

SPOILER
[No próximo capítulo vai mudar o POV]

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