Punição divina escrita por Aislyn


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

E aqui temos o resultado do Nano Camp: Eu consegui terminar essa fanfic! Yey lol
Depois de algumas dúvidas, de caminhos a seguir e o que fazer com alguns personagens, consegui colocar todo mundo no lugar.

Espero que ainda tenha alguém acompanhando a história.
Não desistam de mim!

Boa leitura!



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Keiji desabou no chão quando Kuroo disse que fariam um intervalo, agradecendo aos céus por finalmente ter um descanso. Massageou as pernas por cima da batina, sentindo cada músculo repuxar com o menor movimento, causando-lhe dor. Retirar os sapatos foi outro sacrifício que exigiu extrema delicadeza. Seus pés pareciam queimar e as meias grudar na pele. Akaashi nunca vira tantas bolhas sobre as juntas dos dedos e calcanhares. O sapato era confortável para seus trabalhos diários, mas não era adaptado para uma viagem daquelas. Com um longo gemido doloroso, apoiou os pés no chão, agora frio após o sol se pôr, conseguindo aliviar um pouco a dor das injúrias.

 

Apoiado contra a árvore, colocou-se a desabotoar a batina, seu olhar pousando em seu colega de viagem, parado no mesmo lugar que estava quando anunciou a pausa. Kuroo não parecia afetado pela caminhada, não parecia ter fome e nem sede. Diferente de Akaashi, estava bem apresentável. A batina foi posta de lado e o padre se sentiu bem melhor usando apenas a túnica branca, fina o suficiente para deixar o vento lhe refrescar o corpo.

 

O meio do nada. Essa seria sua localização, caso alguém perguntasse a Akaashi onde se encontrava. Não sabia quantos quilômetros havia percorrido ou quantas horas se passaram, mas a noite começava a despontar no horizonte. Durante todo o trajeto, não avistou nenhuma cidade ou povoado. Nem um mísero riacho. Sua sede havia atingido um nível que nunca sentiu antes. Estava acostumado a jejuar, mas aquilo era extremo até para si. O que lhe desesperava, naquele momento, era não saber quanto faltava, já que não sabia onde precisava chegar. À sua volta, as árvores se faziam mais presentes do que no começo da viagem, proporcionando sombras no caminho, bom por ajudarem a ocultar o sol quente, ruim pelas sombras formadas.

 

— Pronto pra continuar? – Kuroo surgiu ajoelhado à sua frente, conseguindo sobressaltá-lo.

 

— Continuar? Eu acabei de sentar. – o que aquela criatura pensava que ele era? Algum ser milagroso que nunca cansava? Um movimento às costas do anjo chamou a atenção do padre, que se perguntou o motivo de não ter notado antes. Na verdade, havia notado, mas por algum motivo havia também ignorado, como já aconteceu com Koutarou – Por que não podemos ir voando? Não seria mais rápido?

 

— É? Queria tanto assim que eu te carregasse? – Kuroo abriu um sorriso enorme, deixando o padre desconfortável – Por que não disse antes? Nós já poderíamos ter chegado! Venha!

 

Com um movimento dramático, o anjo estendeu os dois braços à frente, as palmas voltadas para cima, a posição ideal caso você fosse quisesse carregar uma donzela no colo, porque parecia óbvio que ele não lhe ofereceria os ombros para se apoiar.

 

— Dispenso. – o padre empurrou-lhe a mão em recusa, virando o rosto para o outro lado – Quanto falta para chegarmos?

 

— Hmm… se eu não estiver enganado, passamos da metade do caminho. – o anjo encarou o chão, pensativo, fazendo um desenho na terra usando o dedo, com o que parecia uma estrada repleta de montanhas ao fundo e árvores do outro lado, desenhou também uma encruzilhada e mais outros rabiscos que Akaashi não pode decifrar – Fazer o percurso à pé é mais complicado do que imaginei. Sei que errei o caminho naquelas árvores e tivemos que voltar um pouco, mas em poucas horas vamos retomar a direção certa.

 

— Você… não sabe por onde tem que seguir? Estamos andando em círculos, é isso?

 

Akaashi se considerava bastante calmo e centrado, mas àquela altura, já havia perdido as contas de quantas vezes quis jogar tudo pra cima. Era naquelas ocasiões que pensava em provocar o anjo de volta, na esperança de que ele acabasse com tudo da forma mais rápida possível. Morrer na fogueira não parecia um destino tão cruel assim, pelo menos tudo teria acabado.

 

— Claro que sei onde ir! Sua falta de confiança parece pior cada vez que conversamos!

 

E de quem seria a culpa daquela desconfiança? O padre não conseguia sentir verdade no que ouvia. Tudo parecia ser dito com escárnio ou brincadeira. Tudo dito de forma a parecer dúbio.

 

— E agora, podemos seguir? – Kuroo mudou de assunto, voltando a se levantar – Estamos perdendo tempo aqui.

 

— Você só pode estar brincando… Eu preciso de água, talvez dormir algumas horas… – Keiji cessou as reclamações, negando com um aceno. O que o anjo poderia saber de necessidades humanas?

 

— Sim, sim… eu entendo suas necessidades, comida, água, claro. Devia ter dito antes. Faz algum tempo que estou do outro lado, acabei esquecendo.

 

— Você lê meus pensamentos… – não era uma pergunta. Estava cansado demais para discutir. Mas outra situação chamou sua atenção – O que quis dizer com ‘outro lado’? Você já foi um humano ou algo assim?

 

— Hm… talvez. – o sorriso brincalhão estava de volta quando Kuroo se afastou, olhando ao redor – Podemos continuar com as perguntas depois. Agora, vou fazer meu papel de anjinho e arrumar o que você precisa pra sobreviver e você vai ser um bom menino e me esperar aqui enquanto descansa, combinado? Está com seu crucifixo aí? E a pena?

 

— Pena? – com os dedos em volta do crucifixo, pensando nas histórias de vampiro que leu, o padre voltou a encarar seu acompanhante.

 

— A que Bokuto te deu. – Kuroo retrucou como se aquilo fosse evidente. Voltou a se aproximar, estendendo a asa e pegando uma das suas – Não vai ter o mesmo efeito, espero que saiba disso.

 

— Era você quem o perseguia. – não era uma pergunta.

 

Akaashi se negou a pegar a pluma, encarando o anjo com atenção em suas reações. Não teria como Kuroo saber da pena se não estivesse por perto vigiando. Se lembrava de Koutarou em seu quarto, assustado e implorando para ser aceito ali… Depois veio Kuroo dizendo que eram amigos, que foi um acidente que o fez cair e se perder ou ficar preso sabe-se lá onde. Pela primeira vez desde que aceitou aquela jornada, Keiji realmente temeu por sua vida. Havia coisas piores e mais dolorosas que a morte e o padre temia descobrir uma delas.

 

Queria ter forças para se erguer e correr, mas que chances teria? O anjo poderia facilmente alcançá-lo. Era visivelmente mais forte e não parecia nada cansado. Por outro lado, se queria torturá-lo, por que não o fizera ainda? O que o anjo estava esperando? Havia deixado alguma informação passar?

 

— Eu vou buscar água. Espere aqui. Por favor. – Kuroo se afastou, dando as costas ao padre sem respondê-lo.

 

— Para onde está me levando? – buscando suas últimas forças, o padre se colocou em pé e caminhou até parar à frente do anjo, encarando-o com seriedade. Ele queria respostas, mas poderia acreditar? Tudo o que ouviu até agora podia ser mentira – Onde Koutarou está? O que fez com ele?

 

Agressão estava longe de ser considerada uma solução, mas Keiji nunca teve tanta vontade de socar alguém. O que ele queria? Não podia acreditar em nada do que ele dissesse. Mentiras! Isso era tudo que ressoava em sua mente.

 

O que faria agora? Caso negasse seguir o anjo, seria morto ali mesmo? Torturado? Levado à força?

 

— Eu não fiz nada com ele. – Kuroo respondeu por fim, sem encará-lo – Bokuto… ele vai ficar bem. Acredite em mim. Por favor.

 

— Acreditar? Como eu poderia?

 

Era isso. Não tinha como acreditar. Não tinha nada que pudesse fazer. Todas as escolhas pareciam erradas. Qualquer decisão que tomasse teria o pior resultado possível.

 

— Chega… eu vou embora. Estou farto dos seus joguinhos.

 

Não tinha um caminho a seguir, mas qualquer direção o levaria ao mesmo destino. Era isso que Akaashi pensava. Morrer nas mãos daquele anjo ou do desconhecido? Sofrer ali ou em outro lugar? Ser levado para um local que não conhecia ou seguir sozinho seu próprio caminho para lugar nenhum?

 

Kuroo estava postado a sua frente quando se afastou poucos passos, as longas asas fazendo um cerco ao seu redor.

 

— Se eu quisesse machucá-lo, já teria feito. Nós dois sabemos disso. – a expressão sombria de Kuroo não intimidou o padre – Se eu não fiz, foi por não quero. Não tenho motivos.

 

— Então o que? Você não quer, então está me levando para alguém que queira?

 

Um aceno em negativo, mas nenhuma resposta verbal.

 

— Me deixe pelo menos buscar água pra você. – Kuroo tentou novamente, abaixando as asas enquanto soltava um suspiro – Me espere aqui. Me dê uma chance. Eu vou explicar.

 

— Outra chance? Eu segui você até aqui e descubro que está andando em círculos! Descubro que era você quem estava seguindo Koutarou! Ele sempre afirmou que aqueles desastres não eram culpa dele. Era você?

 

— Eu prometi que cuidaria de você enquanto estivesse comigo e estou cumprindo. Não mereço um voto de confiança?

 

— Está cumprindo? Que parte exatamente? – da mesma forma que a raiva veio, ela se dissipou e Akaashi se sentiu um grande idiota. Não devia ter confiado em nenhum daqueles anjos. Não devia ser capaz de ver nenhum deles. Estava fadado à desgraça desde o começo – Faça como quiser.

 

Sentindo as bolhas nos pés doerem, Akaashi caminhou com cuidado até a árvore onde estava anteriormente, sentando-se contra ela e escorregando até se deitar no chão. Estava cansado demais para lutar ou chorar por sua vida.

 

Pensou ter escutado Kuroo murmurar alguma coisa, mas não deu atenção. Ele não o deixaria em paz se não quisesse.

 

* * *

 

Só quando se aproximou de um lago é que Kuroo notou não ter onde levar a bebida. Devia ter levado o padre consigo ou talvez procurar algo que pudesse usar como jarro. Pegou algumas pedrinhas na margem, jogando-as na água e fazendo deslizar, a superfície antes tranquila e lisa agora ondulava de leve.

 

Tinha tanto para pensar e decidir e tão pouco tempo.

 

— Ora, ora… o que temos aqui? – Kuroo virou-se para trás, os olhos rapidamente vasculhando ao redor, encontrando seu interlocutor sentado quase no topo de uma árvore – Como vai meu traidor preferido?


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Notas finais do capítulo

Acho que o site me impede de cobrar comentários... posso cobrar em dinheiro? XDD
Quero saber o que estão achando, se ainda tem gente lendo ou se posso parar de postar de vez.

Se tudo correr bem, posto o próximo em 15 dias ou menos.
Até o próximo!



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