P.O.V. David.

Eu sinto tanta raiva, tanta culpa. Eu me odeio.

Tudo ao meu redor me lembra ela. Pensei que era eu a enganá-la, a fazê-la de boba. Mas, que rasteira eu tomei. Eu me lembro dos olhos dela, os olhos que viam por baixo de toda a merda, o bem em alguém. O olhar poderoso e matador que fazia um homem tremer na base, que podia muito bem roubar a alma de alguém. Eu saberia. Roubou a minha.

—Vinte por cento anjo, oitenta por cento demônio. Com os pés no chão e que não tem medo de sujar as mãos de sangue quando precisa.

Então, ouvi aquela voz responder:

—Essa deveria ser eu? Não parece eu.

—Porque não é você. 

Eu estava com uma garota, mas nem se quer lembro o nome dela.

—Quem era ela?

—Eu. Agora, rala daqui piranha antes que eu arranque a sua espinha e use como colar.

—Quem você pensa que é?

Ela se moveu como um borrão. 

—O que diabos?

—Adorei o colar, mas tá todo torcido. Deixa eu arrumar.

Ouvi o barulho de um osso sendo quebrado e a garota teria caído se Amara não a tivesse segurado.

—Paralisada da cintura pra baixo.

E então, o pescoço quebrado.

—E morta. 

—Meu Deus!

Ela tirou o colar de diamantes do pescoço da garota morta. Mas, tinha a outra.

—Aqui, para você. Para ficar quieta.

—Obrigado.

No momento em que a garota loira se virou para sair... Amara quebrou o pescoço dela.

—O prazer foi meu.

E ela ainda pegou o colar de volta.

—E então, vai ficar ai com essa cara ou vai me servir um pouco deste uísque de gente rica?

—Você não bebe uísque.

—Agora eu bebo.

Eu servi uma dose e... ela jogou na minha cara.

—Imbecil! 

—Veio me atormentar?

—Não. Mas, você mereceu. Estou tentando te achar a mais de um ano! Pensei que tava morto! Eu deveria saber que estaria aqui bem debaixo do meu nariz. Porque não foi embora?

—Porque veio aqui?

—Eu tinha que te achar e além do mais... soube que estava dormindo com essas vadias, eu fiquei com ciúmes.

Cara, eu me odeio por amar essa mulher. Essa mulher incrivelmente linda, inteligente, carinhosa, caridosa, mas que pode ser igualmente egoísta, vingativa e manipuladora.

—Você é doida. Mas, você é a minha doida.

Eu dei um beijo nela. Nos beijamos freneticamente.

—Eca, você tá com cheiro de uísque. Precisa tomar banho.

—Quer me ajudar?

—Pensei que nunca pediria.

P.O.V. Amara.

Ele é um idiota, mas ele é o meu idiota. E nós fizemos o melhor sexo no chuveiro que alguém poderia fazer.

Senti falta de sentir ele dentro de mim. Foi maravilhoso. Era exatamente como eu me lembrava, só que melhor. A primeira vez é sempre esquisita, especialmente se você é mulher.