29 MAIO DE 2012.

Eu sempre achei que o tempo curava tudo, até as feridas mas profundas. Sempre achei que com o tempo aquele amor que senti pelo Bill apagaria, eu estava errada. Á dor não era mas a mesma, mesmo assim quando eu o via na TV meu coração dava uma leve acelerada. Passaram-se dois anos desde que sai da Alemanha, e com certeza isso foi á melhor escolha. Hoje eu sou uma modelo famosa, sou uma das anjinhas da Victoria Secrets desfilo para marcas famosas. Nunca imaginei que pudesse ir tão longe, mas eu fui ás pessoas me reconhecem na rua é uma loucura. E nesses dois últimos anos tenho trabalhado sem parar, no começo era manter minha cabeça ocupada e não pensar nele. Hoje eu adoro fazer o que faço, tirar fotos, desfilar como eu posso dizer? Acho que nasci pra isso. No começo eu falava com a Verônica quase todos os dias; depois passou a ser uma vez por semana; depois uma vez por mês e hoje mando email á cada um mês. Eu morro de saudades dela, soube que ela abriu um restaurante que está fazendo muito sucesso na Alemanha, eu procuro não tocar no nome de Bill em nossas conversas e emails. Tom me liga ás vezes quando ele tem tempo, eu sinto muito á falta dele.

Uma vez uma coisa muito estranha aconteceu Bill me ligou eu estava entrando no hotel de Paris quando meu celular tocou, sem ao menos olhar atendi.

- Alô? – eu disse, mas ninguém respondia e passou alguns segundos e eu insisti. – Alô?

- O-oi Alice sou eu Bill – aquilo foi o bastante pra fazer meu coração quase parar, minhas pernas balançarem.

- Bill?

- Sim, sou eu queria saber como você está – ele parecia nervoso com aquela conversa, não entendia direito a onde ele queria chegar com a aquela ligação.

- Eu estou bem e você?

- Eu estou legal, á Verônica sente saudades... Todos nós sentimos. – eu tive vontade pergunta se ele sentia minha falta, me segurei para não faze-lo.

- Eu também sinto a falta de vocês.

- Só liguei pra saber como você está até algum dia então. – Ele desligou o telefone, parecia tão triste será que está acontecendo algo com ele? Eu fiquei me torturando com aquela ligação à noite inteira, pensei até em ligar de volta mas desisti. Eu sempre desisto.

Com tempo aquela ligação de Bill virou apenas uma lembrança, e naquela época eu estava atolada de trabalho e foi mas fácil me esquecer como era bom ouvir a voz dele. Nesses dois anos namorei Roger não deu muito certo, ele era até legal mas o problema era comigo que não me esquecia uma coisinha que tinha deixado na Alemanha. Depois dele decide não querer mas um relacionamento com ninguém até me apaixonar de novo, só me dediquei ao trabalho. E nessa minha vida corrida já se passaram dois anos.

Eu estava deitada no sofá do meu loft comendo pipoca e assistindo qualquer coisa, tinha acabado de chegar do New York fashion Week. Enquanto Denise minha agente e também amiga, estava mexendo no seu notbook.

- Denise olha minha agenda vê o que temos para essa semana – eu estava quase implorando para que eu tivesse um desfile ou algo assim, odiava ficar em casa sem fazer nada.

- Você não tem nada para essa semana – ela disse sem nem ao menos tirar o olho da tela do notbook.

- E pra semana que vem? – eu perguntei quase implorando para que ela me dissesse que minha agenda estava um caos.

- Nem pra semana que vem.

- Como assim? – me sentei no sofá, tentei ajeitar meu cabelo que estava um alvoroço.

- Eu e o pessoal da agencia achamos melhor você tirar umas férias. – Férias? Eu nunca tinha pensando nisso e confesso que isso me assustava.

- Eu não quero tirar férias! – disse um pouco irritada.

- Alice você trabalha á dois anos seguidos sem nenhum descanso, vá visitar seus amigos na Alemanha.

- Mas eu não estou cansada!

- Bom você é quem sabe – ela se levantou fechou o notbook. Pegou a bolsa e encaixou em seus ombros. – Acho que você deveria dá uma relaxada. – Voltei a me deitar no sofá e ouvi o barulho da porta se fechar. Férias, férias, férias! Eu não quero isso. Eu até gostaria de voltar para Alemanha e dá um abraço na V e dizer como ela me fez falta. Será que eu estava preparada para voltar? Por mas que agora Bill estivesse se apagando dentro de mim, eu não podia botar tudo a perder. Queria tanto revê-los e abraçá-los. Por favor Deus me de um sinal divino. Voltei a me deitar no sofá  e meu celular tremeu em cima da mesinha de centro.

- Alô?

- Sua vadia desnaturada! Faz dois meses que você não me liga, o que está acontecendo?

- Oi V desculpe não ter ligado, eu estava muito ocupada e como vão ás coisas?

- Está tudo na mesma, na verdade te liguei porque estava morrendo de saudade e pra te fazer uma proposta.

- Qual proposta? – medo, foi o que senti quando ela disse a palavra proposta.

- Bom os meninos estão de férias, e Gustav achou uma casa de praia linda em Cannes, eu queria saber se você não quer ir junto. Faz dois anos que a gente não se vê o pessoal está morrendo de saudade de você! Não aceito não como resposta, se você não aceitar eu vou até aí e te busco pelos cabelos.

Proposta. Férias. Casa de praia. Cannes.

Tudo isso rodava na minha cabeça, senti meu estômago revirar.

- Alice Britto você está me ouvindo? – quando diz meu sobrenome é porque está da puta vida.

- Estou, estou? – eu acho que estou.

- Você vai com a gente? – ela perguntou, meu estômago deu sinal de fraqueza de novo.

- Vou – eu disse sem pensar. Vou? Oh meu Deus.

- Ah! – ela gritou super histérica no meu ouvido, tive até que afastar o celular. – Que bom vai ser á melhor férias das nossas vidas, á casa é linda você vai adora quer dizer  tudo é lindo. – ela falava rápido, sempre fazia isso quando estava empolgada. Nós acertamos a toda a viagem. Eu ainda estava um pouco atordoada com aquela situação na qual eu mesma me enfiei. Por que atendi a merda do telefone? Parte de mim uma parte bem pequena estava feliz, eu iria vê-los de novo eu deveria está feliz com aquilo. Eu só tinha medo de fraquejar quando eu o visse. Não queria sofrer, não queria amar algo que eu sabia que nunca pertenceria.