Mesmo com a lanterna era difícil de enxergar, chuva estava forte e ventava muito. Já fazia uma hora que eu estava andando encostei-me na árvore para descansar e depois retomei a busca. Os minutos foram passando e eu comecei a ficar desesperado. Gritei seu nome no meio do bosque e a única coisa que eu ouvia era o barulho da chuva caindo forte. Olhei no chão embarreado e vi pegadas comecei a seguir as pegadas que davam para uma trilha escura. Alice estava sentada no chão com a cabeça apoiada no joelho parecia não se importa com a chuva forte, caminhei até ela que escondia seu rosto nos joelhos.

- Alice – chamei suavemente seu nome. Ela não respondeu mesmo com a chuva eu ouvia seus soluços.

- Alice, por favor – chamei-a de novo, Alice levantou o rosto estava com os olhos vermelhos.

- O que você quer? Deixe-me aqui eu preciso ficar sozinha.

- Com essa chuva? Nem pensar, vamos procurar um lugar seguro pra ficar. – ela continuou calada e cabisbaixa eu toquei seu rosto e levantei.

- Você disse que nossa história acabou como acabou se ela nunca existiu? Mas pode existir nós podemos fazê-la juntos Alice.

- Você não entende – ela fungou – Eu não quero perder minha amiga imagina quando ela souber de tudo? Você já imaginou? E Tom você não pensa nele? Essa viagem foi um erro, porque aquela droga de avião não caiu!

- Não diga uma besteira dessas! E se você acha que não me preocupo com Tom e Verônica está muito enganada, me preocupo mais do que você imagina. Porque você acha que nunca me declarei pra você antes?!

- Só queria que isso acabasse...

- Meu amor por você nunca vai acabar, então esqueça. – ela sorriu fraca e aquilo já me deixou um pouco feliz.

- Vamos sair dessa chuva tem um chalé por aqui nós podemos ficar abrigados nele – ajudei-a levantar e peguei sua mão que estava fria, ela tremia, e seus lábios estavam roxos quase azuis ela devia estar tomando chuva á muito tempo. O caminho até o pequeno chalé eu já conhecia bem, escapava algumas vezes e ia lá refletir e ás vezes até tinha idéias para compor novas músicas. Na verdade aquele chalé era mais uma casinha de madeira velha e sem cor.

Sentei Alice numa poltrona de couro marrom, desgastada com tempo, e com alguns furos. Fui até o quarto vazio em busca de cobertores havia uma cama sem colchão, e um guarda-roupa de madeira antigo. Abri todas as portas do guarda-roupa e não achei o que procurava, nos pés da cama havia um baú de madeira abri e achei alguns cobertores cheirando a mofo. Voltei para sala com os cobertores na mão Alice tremia estava toda encolhida na poltrona.

- Tire essas roupas molhadas – eu disse, ela levantou e eu a ajudei, já que ela não conseguia comandar seus movimentos por causa da tremedeira, tirei sua blusa ensopada e depois a calça jeans. Enrolei-a no cobertor. Ela voltou á se sentar na velha poltrona e eu achei uns colchonetes e estendi no chão. Alice só me observava não dizia nada, seu olhar era vazio um ponto de interrogação pra mim.

- Eu vou buscar madeira para acender á lareira – ela não disse nada, antes de sair na chuva forte eu disse:

- Não vou demorar, deite e descanse.

Ao voltar com as madeiras na mão, ela dormia deixando um espaço no colchonete para mim. Coloquei os pedaços de madeira na lareira por sorte tinha álcool e eu achei fósforo no meu bolso. O ambiente ia se aquecendo aos poucos, eu tirei minhas roupas molhadas também. Deitei-me ao lado dela sem fazer o menor barulho e a admirei. Ela tinha uma beleza diferente era sensual e também inocente era como se ela fosse provocativa sem querer. O seu rosto estava sereno, a respiração regulada, a coberta grossa cobria seu corpo até os ombros. Eu poderia passar o resto de meus dias assim que eu não iria me lamentar. Olhando aquela mulher deitada ao meu lado tão vulnerável, necessitando de mim eu ganhei forças para lutar por aquele amor.

Eu passei a noite toda sem pregar os olhos fiquei velando o sono de Alice. Tive medo que ela passasse mal ou acontecesse alguma coisa e eu estivesse dormindo. Devia ser umas cinco e meia da madrugada quando ela acordou.

Seus olhos de cor indefinida cruzou com os meus, os olhos dela é mistério pra mim é de um verde acinzentado.

Sorri, e em resposta obtive uma resposta que não esperava, ela se aconchegou nos meus braços, apoiou a cabeça no meu ombro, as pontas dos dedos dela deslizam pela minha bochecha indo até meu maxilar, fechei olhos sentindo aquele toque que eu sempre quis ter.

- Desculpe-me – ela sussurrou.

- Pelo o que? – perguntei intrigado.

- Por te dar tanto trabalho.

- Não tem problema quem ama cuida. – ela sorriu parecia feliz, seu sorriso estava mais verdadeiro agora.

- Eu amo você Bill.

- Eu também – sussurrei.

- Quando digo que te amo é porque te amo pra valer é a coisa mais linda que eu já senti por alguém, eu só sinto isso por você. Chega ser doentio e egoísta querer tanto alguém. – acariciei seu cabelo.

- Amar alguém nunca será egoísta ou doentio o amor é a coisa mais linda que um ser humano pode transmitir para outro.

Passaram-se alguns longos minutos e nenhum de nós dois quis se separar um do outro. Aquele momento era tão mágico e tudo aquilo parecia tão certo. Mesmo sem tocá-la do jeito que eu sempre quis. O simples fato de tê-la em meus braços e poder tocar seu rosto já me fazia me sentir pleno... Na verdade completo.

- Faz amor comigo – ela sussurrou, não se insinuando, e sim de uma forma amorosa não com ânsia sexual e sim com amor. Mesmo assim essa atitude me surpreendeu.