I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 17
Snow


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada para as novas leitoras que adicionaram a história aos acompanhamentos, e um obrigada ainda maior para quem a adicionou aos favoritos, isso ajuda demaaiis no engajamento, vocês nem imaginam.
Espero que gostem do capítulo de hoje e boa leitura!
Capítulo revisado e atualizado em 09/07/2021



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Snow - Capítulo XVII

Três Vassouras estava lotado naquele fim de semana. O Halloween estava se aproximando, e com ele chegou também a temporada de frio. Toda Hogwarts já estava decorada com abóboras, velas e fitas coloridas, e os comerciantes de Hogsmeade começavam a adaptar suas decorações para o feriado. Começava a nevar, e uma fina camada branca cobria o chão do lado de fora do estabelecimento.

Os alunos em sua grande maioria pareciam felizes, reunidos nas mesas do bar, conversando animadamente enquanto apreciavam bebidas quentes, sendo a mais comum a tradicional cerveja amanteigada. Ilka estava sentada com Emma em uma mesa próxima a lareira, as duas conversavam descontraidamente sobre suas aspirações para o próximo ano, quando fariam o NIEMs.

Ambas estavam bastante agasalhadas, com casacos e meias bem grossas, cachecóis e gorros. Ilka com seu clássico casaco de botões vermelhos, um cachecol xadrez e um gorro de cor preta, que somente deixava a parte da frente de seu cabelo à mostra, que estava modelado com seus clássicos cachos. Emma usava o cachecol que havia ganhado da amiga por cima de um casaco aberto de tom cinza, e os cabelos que agora eram curtos estavam presos em marias chiquinhas baixas, que escapavam pela boina de mesma cor do casaco.

— Como vai o Lestrange? Vocês continuam trocando cartas com frequência? – perguntou Ilka, enquanto bebia um pouco de sua cerveja amanteigada.

— Claro! Afinal, ele é meu noivo. Thierry irá se formar no final do ano e já está procurando por emprego em Londres, assim poderemos morar por aqui, e não na França onde eu ficaria longe de minha família. Ao que tudo indica ele tem alguns conhecidos que trabalham no ministério e talvez ele consiga alguma vaga por lá – respondeu Emma, enquanto mexia em sua caneca com um curto pau de canela. 

Ilka gostava de sua cerveja pura, enquanto Emma sempre pedia um adicional de canela e gengibre.

— Que ótimo! Já sabe para qual área vai aplicar no NIEMs?

— Estou pensando em ir para a área da saúde, ser enfermeira ou medibruxa, ainda não me decidi... E você?

— Eu não sei, antes eu acreditava que sabia para qual rumo eu seguiria, mas parece que quando o momento vai se aproximando você deixa de ter certeza. Não chegou a sentir isso alguma hora?

— Você sempre me pareceu tão decidida, não tem ideia mesmo de pra que área irá?

— Eu ando me interessando bastante por Defesa Contra as Artes das Trevas, quem sabe eu tento seguir para a área de desfazer feitiços. Parece ser a menos entediante do cardápio que nos apresentaram – brincou a garota.

— Gringotes contrata desfazedores de feitiços praticamente todos os anos, dizem que são bem exigentes e pagam bem. E o Riddle? Vocês são próximos, certo? Já sabe o que ele vai fazer após se formar em Hogwarts?

— Para ser bem sincera eu não sei... Acho que nós não conversamos muito sobre provas, notas e carreiras – admitiu Ilka, parecendo meio envergonhada.

— Mesmo? Vocês passam tanto tempo juntos, achei que conversassem sobre tudo.

— Tom almeja tantas coisas que eu não consigo imaginar ele em um emprego.

— Ontem vocês foram para uma daquelas reuniões dele? – perguntou Emma, entre as goladas em sua cerveja amanteigada – Vi que você e Walburga sumiram, mas ela voltou antes que você para o quarto.

— Eu fiquei um pouco mais com Tom, a gente geralmente conversa um pouco depois que todos vão embora – explicou e corou levemente ao lembrar-se de como havia acabado a última noite 

A loira torceu para que Emma não notasse, ou apenas pensasse que estava vermelha devido ao frio.

— Então eu estava certa, vocês realmente são próximos. As conversas de vocês devem ser realmente bem interessantes para nunca terem sequer mencionado os NIEMs – insinuou a Macmillan, arqueando a sobrancelha.

— Ele me beijou – Ilka acabou admitindo, ainda envergonhada – Ontem, quando estávamos sozinhos.

— Como assim ele te beijou? E você nem para me contar?

— Estou contando agora, não estou? Enfim, foi tudo muito rápido, não sei nem se posso realmente considerar aquilo um beijo.

— Calma, não sabe se pode considerar aquilo um beijo? Ele te beijou ou não?

— É que foi rápido e inesperado. Ele só encostou, sabe? Só encostou a boca dele na minha e depois foi embora, como se nada tivesse acontecido – expôs Ilka, ela, de fato, havia se sentido mal quando o garoto apenas foi embora.

Talvez Tom não soubesse, afinal, a menina era sempre tão solta e flertava sempre com ele. Riddle provavelmente nem imaginaria que a garota nunca havia tido aquele tipo de contato com ninguém antes. E por isso aquele momento havia sido tão impactante para ela. Havia sido um momento íntimo, mas não chegava nem perto daquilo que ela lia nos livros ou via outros casais fazendo.

— Ele só foi embora? Te beijou e foi embora? – Emma repetiu, desacreditada na história – Que canalha... Ainda bem que eu nunca fui uma dessas garotas de Hogwarts que era toda encantada por ele. Isso não se faz!

— Foi meu primeiro beijo. Acho que é por isso que fiquei tão desestabilizada com toda a situação, por isso não te contei mais cedo.

— Seu primeiro? – Macmillan pareceu surpresa – Mas você parece ser tão desapegada com esse tipo de coisa. Não que eu possa julgar, meu primeiro beijo foi com Thierry, mas eu imaginei que você fosse diferente, sabe? Você é tão descolada e moderna, imaginei que já tivesse até namorado.

— Descolada e moderna? De onde tirou isso, Macmillan? – Ilka riu de como a garota se referiu a ela, achando a situação engraçada.

— Eu estou errada por acaso? Pensa comigo, você chega em uma escola já nos últimos anos, com seu cabelo pomposo e casacos de grife, começa a flertar com o garoto mais popular de Hogwarts já no dia que chega, e é retribuída! E mais: você ainda tem uma história que parece que saiu de um livro, seu pai aparece nos jornais! – Emma sussurrou a última parte, não querendo chamar atenção de mais ninguém no recinto para a conversa.

— Com você descrevendo assim eu realmente me sinto como a garota mais interessante do mundo, mas não é bem assim que eu me sinto.

As duas amigas continuaram a conversar, e aproveitaram para pedir uma porção de batatinhas assadas, para acompanhar a cerveja amanteigada, já que não pretendiam desocupar a mesa tão cedo. Três vassouras estava lotado e era possível notar que as pessoas que começavam a chegar estavam esperando de pé até que alguma mesa desocupasse, então Ilka e Emma estarem ocupando uma mesa para quatro era uma sorte.

A loira logo notou que Riddle era um dos que estava de pé em frente a porta, mas não parecia estar com amigos procurando uma mesa, e sim procurando alguém. Sua procura parece terminar quando pousa seus olhos escuros sobre a mesa das duas colegas de casa. Tom repousou suas mãos nos bolsos de sua calça e caminhou em direção às garotas.

— Com licença, meninas, posso me sentar com vocês? – perguntou ele, com seu típico sorriso galante.

— Claro, sinta-se à vontade! – Emma respondeu e Ilka segurou uma risada.

A mudança de humor havia sido tão rápida que a loira não conseguiu controlar sua reação, afinal, alguns minutos atrás Macmillan estava falando mal do garoto. Tom puxou a cadeira e se acomodou ao lado de Ilka, deixando assim a última cadeira livre à sua frente, ao lado da ruiva.

— Estávamos falando sobre você agora mesmo, Emma me perguntou se eu sabia para que área você aplicaria nos NIEMs – comentou a Bagshot, como quem não queria nada.

— Estou pensando em conversar com o diretor Dippet, gostaria de dar aulas em Hogwarts assim que me formar, e estão rolando boatos de que a professora Merrythough está pensando em se aposentar. A vaga dela seria interessante e assim eu não teria que me despedir da escola tão cedo, Hogwarts virou minha casa.

Ilka sabia que Riddle realmente via Hogwarts como uma casa, e que se pudesse viveria tranquilamente lá por mais alguns anos, mas ela acreditava que aquele não era o principal motivo pelo qual ele queria ser professor. Talvez fosse pelo contato direto com os alunos, onde ele poderia os doutrinar como bem entendesse e quem sabe assim ganhar novos seguidores, que era algo que a garota sabia que ele almejava. Ser reconhecido. Ter seguidores.

Objetivos que lembravam muito os de seu pai, e que ela não considerava tão bom assim, chamava atenção desnecessária e atraía também muitos opositores. O ministério não era tão inocente e a menina Grindelwald sabia que na primeira oportunidade eles matariam seu pai, e talvez se algum dia Tom se tornasse tão grande quanto ele, exterminariam o garoto também.

— Então vai se especializar em Defesa Contra as Artes das Trevas? Ilka também vai, está vendo só, já tem uma matéria em comum para estudarem juntos ano que vem, vão ter bastante o que conversar – Macmillan alfinetou, e Tom pareceu não entender, entretanto, sua colega subentendeu muito bem suas intenções.

— Emma, onde estão seus modos? – repreendeu a loira e Riddle apenas ignorou.

— Vocês já estão decididas qual carreira vão seguir? Pensa em ser professora também, Ilka?

— Na verdade não, estou pensando em tentar uma vaga para desfazedora de feitiços, no Gringotes. Ou quem sabe algo no ministério, ainda não tenho certeza.

O trio continuou conversando animadamente sobre as futuras provas e matérias que iriam pegar no próximo ano, e foi possível notar pela janela que o tempo começava a escurecer do lado de fora, o que denunciava o horário. O bar também começou a esvaziar, continuando apenas alguns poucos alunos de idades variadas que permaneciam bastante animados, mostrando que pretendiam ficar até bem mais tarde.

Emma se despede do casal, dizendo que a cerveja já estava fazendo efeito e ela estava sonolenta, paga sua conta e vai embora com a intenção de dormir, deixando os dois finalmente a sós. Ilka começou a se sentir incomodada. Ela queria sim conversar com Riddle, e sabia que aquele momento chegaria, mas não esperava que fosse tão cedo e ela ainda não sabia como abordar o assunto.

— Está tudo bem? – perguntou Tom, notando que a garota estava estranha. Ele puxou a cadeira para o lado, querendo colocar-se mais próximo a ela.

— Claro. Se importa se pagarmos nossas bebidas? Queria dar uma volta lá fora.

Tom concordou na mesma hora e os dois acertaram o preço das bebidas com a atendente, saindo do recinto logo em seguida. O lado de fora estava bem mais frio, e caía uma neve rala, que molhava o topo da cabeça de quem estivesse ao ar livre.

O casal caminhou, em silêncio, por Hogsmeade durante alguns minutos. Ilka começou a parar quando se aproximou de uma cerca, a qual parecia cercar uma casa um pouco mais afastada do vilarejo. O lugar não parecia tão velho, muito pelo contrário, entretanto parecia extremamente mal cuidado, inclusive dá a impressão de estar abandonado.

— O que você acha que aconteceu a essa casa? – Ilka tentou puxar assunto, apoiando-se na cerca.

Uma estreita trilha levava de Hogsmeade até ali, em frente a cerca havia uma pequena área vazia, com apenas um banco de madeira abandonado ao meio e coberto de neve, e era cercado de árvores, um lugar sem sombra de dúvidas privado o suficiente para que pudessem conversar sem preocupações.

— Não sei, já vi algumas pessoas dizerem que é assombrada, mas duvido muito – respondeu Tom, se aproximando e apoiando na cerca junto de Ilka.

— Talvez seja, mas não entendo o porquê de ela estar abandonada assim. Hogwarts é assombrada, e isso não impede ninguém de morar por lá.

— Você tem razão, mas os fantasmas de Hogwarts em sua maioria são amigáveis, por isso acho que o pessoal não considera o castelo assombrado, ou não se importa com o fato dele ser.

— Por que fez aquilo ontem? – Ilka mudou de assunto abruptamente, virando-se de frente para Tom.

— Aquilo o que? – perguntou ele, claramente sem entender o questionamento repentino da colega.

— Você me beijou. Eu não estava esperando algo do tipo vindo de você... – admitiu ela, abaixando a cabeça, envergonhada pela situação.

— Eu não devia? Perdão, nunca foi minha intenção ofendê-la ou algo do tipo, eu somente imaginei que tínhamos intimidade o suficiente e que havia uma reciprocidade de sentimentos entre nós – Riddle tentou se explicar, enquanto pega na mão livre de Ilka, já que a outra estava ainda apoiada na cerca.

— Não me ofendeu, eu só não esperava... Sentimentos? Que sentimentos? – Ilka repetiu, desentendida, finalmente olhando diretamente para o rosto do garoto, tentando interpretar se ele estava falando a verdade ou não – Realmente gosta de mim Tom?

— Você realmente acha que eu tentaria algo do tipo se não gostasse de você Ilka?

— Eu não sei... Não sou exatamente a maior especialista no assunto, foi o meu primeiro beijo – admitiu, sentindo suas bochechas ferverem.

— Eu não imaginava, perdão. Talvez se eu soubesse tentaria ser mais delicado, mas não duvide, eu realmente gosto de você – Tom tentou confortar Ilka, puxando-a para um abraço.

— Perdão, acho que acabei interpretando toda a cena da maneira errada. Eu também gosto de você, Riddle— respondeu, chamando o garoto pelo sobrenome trouxa somente para irritá-lo, enquanto o observava com adoração.

Tom não se incomodou com a brincadeira da garota, e somente sorriu em resposta para ela. Com delicadeza, o mestiço soltou um de seus braços, que antes rodeava a garota e esticou sua mão em direção a uma de suas bochechas, rosadas pelo frio, afastando uma mecha de cabelo teimosa para trás da sua orelha.

— E agora, eu posso te beijar? – ele perguntou, alfinetando-a em retorno.

— Só fiquei daquele jeito porque era o primeiro e você fugiu depois, tá bom? – ela retrucou de volta, rindo em resposta.

Riddle sorriu de volta e se abaixou, lentamente, tomando os lábios de Ilka para si. Aquele, nada tinha a ver com o primeiro, e era bem mais intenso, quente e molhado, como a jovem Grindelwald lia nos livros e exatamente como ela sonhava que seria o seu primeiro beijo.

Tom puxou Ilka para mais próximo, não que fosse fisicamente possível, é claro, mas ele pressionou o corpo da garota contra si com força. A sobrinha de Bagshot sentiu como se o herdeiro de Sonserina estivesse reprimindo todo o seu desejo há tempos pela maneira que ele a segurava e a beijava, que chegava quase a ser violento.

Os dois se afastam depois de alguns minutos que pareciam ter durado uma eternidade, Riddle com a respiração pesada e desregulada e Ilka com o rosto ainda mais vermelho que antes e os cabelos bagunçados, inclusive o gorro que ela usava havia caído no chão.

Tom se abaixou, parecendo envergonhado, e recolheu o gorro da garota, entregando-lhe logo em seguida.

— Perdão, acho que me empolguei demais – ele se pronunciou, abaixando levemente a cabeça para evitar que Ilka notasse seu nervosismo – Quer voltar para Hogwarts?

— Acho que é o melhor a se fazer, já está escurecendo – comentou ela, igualmente envergonhada.

Após aquele momento mais íntimo, Tom e Ilka não trocaram mais muitas palavras no caminho de volta à escola, mas isso não impediu que os dois voltassem de mãos dadas.

 


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