Miríade escrita por Melry Oliver


Capítulo 17
17. O beijo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771245/chapter/17

A correria estava solta na minha casa tanto que a minha mãe esqueceu um dos seus pen drives de apresentação. Ela me ligou desesperada atrás do objeto esquecido, o encontrei no tapete felpudo do seu quarto, devia ter caído quando Sarah pensou ter posto na bolsa.

Eu tinha acabado de trocar o uniforme por um vestido justo e com estampa floral, pus por cima uma jaqueta calcei um par de botas marrons peguei o pen drive e guardei no bolso da jaqueta.

Apanhei um bondinho para chegar ao centro financeiro de Melbourne, foi um percurso tranquilo, Sarah Stoltz trabalhava em um prédio comercial de arquitetura moderna bem bonita.

Levantei a vista para encarar a estrutura que parecia emergir da terra.

A escadaria de entrada me intimidava, no entanto eu seguir em frente, o salão de entrada possuía moveis no espaço vertical, junto com tetos altos e cantos desamparados, um brilhante piso de mármore se estendia. Havia ali uma atendente responsável por orientar os novatos, passei por ela e peguei o elevador que me levaria ao décimo primeiro andar, o corredor seguia um padrão minimalista.

 Através da vidraça eu via o escritório da minha mãe de ambiente clean com plantas grandes em vasos altos, pinturas na parede e um jogo com bancos duplos do qual estava sentado uma figura reclusa.

Era Michael Campion de olhar cabisbaixo, ele mordiscava um alcaçuz.

O Meu coração batia numa velocidade tão forte que parecia sair do peito, a razão da minha distração estava ali completamente alheio a minha presença.

Eu nunca veria um moletom da mesma maneira e aquele cinza lhe caía tão bem, Michael poderia modelar perfeitamente, talvez em um estado de espírito menos antissocial do que ele apresentava já que o capuz estava numa ocultação proposital.

Carlos o assistente da minha mãe me esperava inquieto, o conjunto social vermelho trazia traços da sua personalidade afetiva.

Ele me puxou para um canto reservado e me disse. — Mocinha você me poupou a perda de cabelos que me são úteis, agradecido eu estou.

Carlos possuía o profissionalismo na profissão mais o seu estado elétrico revelavam seu jeito afeminado.

Entreguei o pen drive a ele.

—Quem está aí? Perguntei como se não soubesse.

Ele mostrou incerteza, provavelmente indeciso se me contava ou não.

— Você não vai pirar?

Ele não me conhecia.

— Claro que não. – Murmurei solene.

— Sua mãe está falando diretamente com o empresário do Michael Campion. Ele se aproximou.

— E o melhor é que o próprio Michael está bem ali naquele sofá. – cochichou ao apontar com os olhos.

Michael ainda olhava para baixo mais um sorriso perdido brincava nas maçãs do rosto.

Tanto que eu almejei uma ligação ao menos de solidariedade.

Mas ele preferiu o silêncio...

Só de saber que ele me pediu o número apenas para criar ilusões encantada sem mim fervia-me o sangue.

— Minha nossa acho que dei bandeira ele está vindo pra cá!

E estava mesmo.

Eu não tinha mais nada o que fazer ali, me despedir de Carlos e caminhei para fora daquele lugar, eu não precisava de mais uma ilusão idiota.

— Espera. – Pediu Carlos mais o que fiz foi seguir em frente.

Concentrei-me em manter os ritmos dos passos, não queria criar a ilusão de fuga.

— Está fugindo de mim?

Parei bruscamente anestesiada pela frase.

Se ele queria uma distração encontrou a pessoa errada, movi os pés em um próximo passo.

— É. Devo ter razão em pensar que a bela Destinee Haas realmente não quer me ver nem pintado de ouro.

Apenas siga, não olhe, não olhe, não olhe. Olhe!

Estávamos a uns dois metros de distância.

—Não tenho motivos para fugir de você.

Suspirei resignada, tentando entender o jogo dele e ao mesmo tempo desejando não o ver nunca mais.

O sorriso amplo mostrava que ele havia vencido a postura impessoal de alguém extremante bonito ocupava o corretor de acesso ao elevador.

— Não foi o que me pareceu minutos antes.

Eu não era uma garota de momentos, eu era uma garota intensa.

Esses encontros casuais me provocavam uma confusão que mexia com toda a minha estrutura física e mental, pois não era imune ao seu talento nato de sedução que aparentemente se tratava de um divertido e cruel jogo de ilusão.

—Eu só não queria atrapalhar. Dei de ombros.

 Suas lindas sobrancelhas se arquearam.

— Então optou pela fuga. – Trouxe à tona mais uma vez.

Michael insistia, não tinha sido eu que me escondi por meses, e vinha ele com essas acusações descabidas?

O encarei de olhos reservados, porém acusatórios.

Eu estava sentindo o clima palpável como uma faca que corta o sólido, eu queria esfregar umas verdades na cara dele, mas no fim decidi pelo silêncio, ele não me devia nada e muito menos eu a ele.

Ele suavizou a expressão ao dizer. — Me desculpe eu me expressei mal, na verdade você prefere ignorar as minhas ligações e se esconder mesmo. –Deferiu.

Eu estava chocada!

Ele me procurou?

Uma sensação indescritível encheu-me o peito, a voz perdida, o sorriso incrédulo.

Parecia bobagem se alegrar por um simples telefonema, mas a verdade era que pra mim não se tratava de “um” telefonema e sim “O” telefonema que eu mais almejei em toda a minha vida.

— Você me ligou? Perguntei surpresa.

Não estávamos mais distantes, sem perceber ambos havíamos nos aproximado.

— Como um louco. – Declarou a emoção dos olhos me desarmaram.

Eu poderia cair naquela conversa dele, no entanto todo o tempo que eu gastei sentada ao lado do telefone sonhando com uma chamada de voz rouca...

Fizeram-me enxergar a tão tola eu estava sendo por pensar nisso.

Levou a mão em um toque nos fios os levando para traz, revelando o franzino da sua testa.

— E não sabe o quanto me decepcionou saber que você me passou um número errado.

Fez cara feia pra mim.

Ele estava me acusando outra vez?

— Como ousa me falar uma coisa dessas? Quando eu te dei o número da minha casa! Ah quer saber? Dane-se. Eu não quero saber mais de nada.

Eu estava exasperada, pois era conhecida pela falta de paciência, e ele não iria inverter as coisas.

A sua expressão chocada quase me fez gargalhar na cara dele, quase.

Retomei o caminho.

— Ei. Ele me puxou pelo braço.

O envolver da sua mão em minha pele era febril, como magnetismo.

Por que raios ele tinha que me tocar?

— Você está sendo radical, vamos conversar Destinee.

Fui atingida pelo hálito adocicado pelo alcaçuz.

Encarei sua mão que me tocavam, os dedos pálidos me seguravam com firmeza.

—Me desculpe! Ele me soltou. — Só me dê à chance de falar com você.

Ele havia inclinado a cabeça e mirava-me com um olhar emotivo.

 Eu balancei a cabeça em êxtase momentâneo.

— Tu... Tudo bem.

Ele sorriu tão lindamente... O sorriso que iluminava o rosto.

Olhou para a esquerda, direita e abriu a porta mais próxima, enfiou a cabeça lá dentro e depois delicadamente me puxou.

Como ele?

—Nunca pensei que seria tão difícil falar com você. Ele sorriu jocoso.

—Explique-se Sr. Campion. – Demandei autoritária ele se surpreendeu.

Eu sentia ansiedade e muita expectativa.

— Eu liguei para o número residencial que eu pensei ser da sua casa, mas quando um garoto de voz infantil atendeu perguntando quem era, e eu me identifiquei como Michael Campion, o garoto riu e disse ser o Capitão América, eu pensei seriamente que você tinha me dado um perdido. – Ele cerrou os lábios. — Mas eu sou um cara determinado e continuei a ligar outras vezes, eu falei com o Homem de ferro, Thor, Hulk, Gavião Arqueiro e até com o Loki. – Ele enumerou nos dedos. — Praticamente todos os The Avengers. –Sorriu fraco.

— E Ainda nem cheguei à parte do Sui...

A emoção que emanava dele me fez aproximar-me, ajeitei os ombros e olhei em seus olhos tão calorosos e respectivos.  As minhas mãos vieram para o seu cabelo, e quando menos percebi o beijo já acontecia, ele me beijava tão gostoso deixava-me sentir a língua dele lentamente na minha boca.

Eu esqueci que estava no trabalho da minha mãe, esqueci que aquela sala pertencia a alguém e que a qualquer momento alguém poderia chegar. No entanto, tudo o que me importava era nós dois naquele momento de entrega, dos nossos lábios compartilhados, nas sensações prazerosas que me invadiam o corpo, o meu coração batia tão forte que eu sentia a pulsação sobre o seio.

Michael lentamente separou os nossos lábios e com certa força encostou-me na parede para descer seus desejosos lábios até o meu pescoço. Eu me sentia quente e enfeitiçada pelos seus beijos, ele apertou a minha cintura e deu um singelo beijo solitário na minha clavícula antes de refazer a trilha de subida. Eu beijo seus cabelos, enquanto puxei uma lufada de ar para os meus pulmões. Ele retorna para a minha boca com mais intensidade no beijo molhado e adocicado, eu nunca gostei tanto de alcaçuz como naquele momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Miríade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.