War of Heart escrita por MissIlusionn


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Tudo bem? Então, talvez esse seja o último capítulo nessa plataforma hahaha Percebi que a história teve maior aderência no spirit. Então, pretendo continuar lá. Deixei uma sugestão de música no meio do capítulo, caso queiram escutar.Boa leitura!



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O pôr do sol era de fato belo. Apesar do clima frio, era possível avistar a mesclagem alaranjada no céu. Caroline o admirava, enquanto seus pensamentos viajavam e ela enfrentava um conflito interno. Em suas mãos, uma caneta pena e uma carta terminada. Apenas duas opções: retornar para sua vida pacata e fácil na Alemanha ou viajar para Inglaterra. Aparentemente, uma decisão fácil. Aparentemente.

Caroline poderia esquecer o quase beijo e seguir sua vida, conforme planejara. Lançaria a carta ao rio, afinal seria apenas uma pequena omissão, certo? Não! Caroline não poderia enganar seu noivo, mas seus pais jamais aceitariam o fim do relacionamento.

Em contrapartida, aceitar o convite do soldado e mudar-se para Inglaterra era loucura. Ela não conhecia o país, tampouco sabia falar inglês. Contudo, ela poderia fazer o que quisesse e ser livre, em outros trocados: recomeçar sua vida.

Era como uma moeda e seus dois lados. De um lado coroa: Stefan Salvatore. Stefan sempre fora o menino prodígio e um bom colega de classe. Além de cursar medicina, aprendera sobre economia e conceitos básicos para administrar o legado de sua família. Quase um príncipe! Caroline tinha muita sorte do rapaz e de sua poderosa família aceitarem a proposta de relacionamento, afinal todas desejariam estar em seu lugar.

Caroline e Stefan eram deveras semelhantes, afinal ambos viviam fechados em seus pequenos mundinhos — alheios a situação mundial. Stefan não se preocupava com o genocídio, desde que a economia fosse fortalecida e não atrapalhasse seus negócios. Já Caroline estava preocupada com os detalhes de seu casamento e com sua carreira.

Contudo, a guerra a moldou.  A enfermeira aprendera a “humanizar” as pessoas. Não eram simples soldados e pacientes, eram pessoas com ideologias e histórias de vida que não poderiam ser reduzidas a meros números.

Então, surgiu o outro lado da moeda: a cara. Essa faceta representava a humanidade e todas suas nuances, essencialmente Niklaus Mikaelson. O britânico estava longe de ser perfeito, contudo ele detinha a coragem e a independência que a enfermeira sempre desejou. Além disso, ele tinha a grande qualidade de ouvi-la — aparentemente, nada em especial, exceto pelo fato que a enfermeira jamais encontrara alguém que lhe perguntasse sobre suas crenças, ideologias e visão de mundo.

Caroline, acima de tudo, era humana e ela não poderia negar que gostava da companhia do inglês.

— Belo pôr do sol, não? — comentou Niklaus, interrompendo os pensamentos da enfermeira. Em seguida, notou o papel na mão da jovem e um sorriso brotou em sua face. — Por acaso essa carta é um sinal que virá comigo para Inglaterra?

— Talvez.

Niklaus sentou-se ao lado da enfermeira, suspirou e sorriu.

— Bom, é melhor que um não — afirmou o britânico.

Caroline sorriu e repousou sua cabeça no ombro do soldado, voltando a admirar o pôr do sol.

(https://www.youtube.com/watch?v=Xwg6qRkgOkU)

Anoiteceu rápido.  Os ventos fortes e gelados tornavam a noite extremamente fria, entretanto a cabana improvisada aquecia a temperatura e diminuía as chances de pegarem uma enfermidade.

Caroline terminava de jantar. Nada em especial, apenas peixes assados. A jovem, involuntariamente, lembrou-se do pescado preparado por sua mãe e por alguns instantes sentiu saudades de sua família.

— Não deveria pensar tanto para comer — comentou o soldado.

Caroline sorriu.

— Minha mãe fazia um pescado muito bom — comentou a jovem com certa melancolia. — Não que meus pais fossem divertidos e unidos, mas sinto falta deles...  E você? Não sente falta de seus pais?

— Faz um bom tempo que não os vejo. Minha relação com meus familiares nunca foi muito boa, essencialmente com meu pai — Niklaus suspirou e sorriu fraco. — Bom, é passado.

— Eu sinto muito, Klaus.

 Caroline tocou-lhe o ombro em uma atitude de reconforto, aproximando-se do soldado.

— Permite-me um conselho pessoal? — perguntou a enfermeira. Niklaus assentiu. — Não deveria utilizar a academia militar e a guerra como uma válvula de escape para seus problemas familiares. Também não deveria tentar esquecer o passado e fingir que ele não lhe aflige.

— E o que sugere, sweetheart? Deveria admitir que ele ainda me afeta e viver como um atormentado?

— Não fale isso! Você jamais seria um atormentado, apenas estaria admitindo a verdade que é completamente compreensiva para um ser humano. Afinal, somos moldados pelo passado e jamais devemos nos esquecer dele. — Caroline sorriu. — Além disso, eu jamais te veria como um soldado atormentado. Klaus, você é uma pessoa incrível e, independentemente de qualquer coisa, eu nunca me esquecerei de você.

Niklaus encarou a enfermeira com um meio sorriso nos lábios. A proximidade permitia que ele notasse o brilho nos olhos claros da enfermeira, embora estivesse escuro. O soldado, lentamente, tocou-lhe o rosto e sorriu.

— Nem que eu me esforçasse, honey. Jamais esqueceria a bela enfermeira alemã que me ajudou e me mostrou que não devo odiar todos os alemães igualmente.

— É uma ótima história para os recrutas. — Caroline suspirou e sorriu, em seguida, desviando o olhar.

Um instante de silêncio fez-se entre os dois. A enfermeira encarava a relva molhada, contudo podia sentir o olhar do soldado sobre ela. Caroline piscou vagarosamente e engoliu em seco. A enfermeira acreditava que conseguiria sobrepor sua razão e conter-se, todavia, ao elevar o olhar e fixar-se na imensidão esverdeada, o desejou.

Niklaus se aproximou. Caroline abriu a boca em uma tentativa de protesto, contudo as palavras não fluíram de sua garganta. A jovem piscou lentamente, arfou e sorriu fraco.

Caroline deveria recuar, entretanto a mente da enfermeira, por instantes, deixou de raciocinar.

Niklaus penteou as madeixas da loira com os dedos e deslizou o polegar sobre seus lábios, aproximando-os. Caroline fechou os olhos e, no auge de sua coragem, o beijou. O toque suave transmitia a serenidade da enfermeira que contrastava com a voracidade do comandante britânico e, por instantes, ambos quiseram mais.

— Klaus! — Caroline se afastou lentamente, recompondo-se. O soldado fitou os olhos claros e desalentados da jovem. — Perdão.

— Caroline, estamos em meio a uma guerra é comum que os instintos imperem às vezes — Niklaus sorriu.

Caroline elevou a sobrancelha e suspirou fundo.

— Instintos? Pensei que essa desculpa só valesse para homens — ironizou a enfermeira.

O fato era que a enfermeira sentia um terrível aperto no peito, consequência de uma consciência pesada e de sua dificuldade em lidar com a culpa. Caroline escrevera uma bela carta e guardara sua aliança, entretanto ainda estava noiva e permaneceria comprometida enquanto não esclarecesse as coisas com Stefan. 

O britânico podia perceber a aflição da enfermeira, contudo não sabia exatamente o que dizer. Niklaus respirou fundo e se aproximou, envolvendo a enfermeira em um abraço e afagando suas madeixas loiras.

— Não se culpe tanto, Caroline.

Caroline não digeriu suas palavras, apenas escutou-as.

— Boa noite, Klaus — cortou a enfermeira.

— Boa noite, sweetheart — desejou o soldado, depositando um beijo no rosto da loira.

Caroline, com esforço, desvencilhou-se dos braços do soldado e se deitou de costas e o mais distante que pode do britânico. Contudo, após fechar os olhos a enfermeira sentiu o peso em sua consciência dobrar.

Aprendera que deveria respeitar seu companheiro e fizera justamente o contrário, logo sentia-se culpada — e realmente era.  Todavia, Caroline não sabia lidar com a culpa.

Após horas e horas, a enfermeira permanecia imóvel e com os olhos pregados. O tempo passava lentamente, enquanto ela pensava em sua vida pessoal e em seus companheiros que foram mortos pelos aliados. Ela era uma péssima pessoa e uma traidora que traíra seu noivo, sua nacionalidade e seu povo.

Entretanto, ela fizera uma boa ação. Não poderia deixar uma pessoa para morrer e ajudar um inglês poderia ser considerado uma atitude digna de coragem. Se morresse na explosão, possivelmente morreria como uma boa samaritana. Contudo, estava viva e morreria, posteriormente, como uma traidora da pátria.

Caroline encarou o britânico e certificou-se que ele dormia profundamente. A jovem sentia o coração apertado, contudo prosseguiu. Com cautela, levantou-se. Sentia-se sufocada, logo precisava de ar fresco.

A enfermeira não raciocinava bem, tampouco tinha noção de suas ações. Caroline estava desolada como após a explosão, porém, desta vez, o soldado não estava acordado para ajudá-la.  


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Achei esse capítulo muito fofinho. Bom, coisas não tão positivas estão chegando hahaha Não esqueçam de comentar.
Link da história no spirit
(https://www.spiritfanfiction.com/historia/war-of-heart--klaroline-15042457)
Beijinhos!



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