The Sounds of Your Heart escrita por Rina Cruz


Capítulo 1
The Sounds of Your Heart




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The Sounds of Your Heart

         Após o final do Festival Cultural, todos voltaram para seus dormitórios. A maioria estava cansada e foi direto para o banho ou para suas camas. Uns poucos foram para a cozinha beliscar algo, sendo dois deles Kaminari e Kirishima.

— Você já não tomou banho? – Kirishima perguntou ao ver que Kaminari ainda usava a blusa do festival. Eles comiam do bolo que Sato fez e deixou na geladeira.

— Eu já, mas eu gostei da blusa. – Respondeu. – Ei, não me olhe com essa cara de nojo! A blusa ainda está limpinha.

— Tá. – O ruivo bebeu um gole de chá que Yaoyorozu tinha feito para eles. – Ah você devolveu a guitarra pra Jirou?

— Ah, é mesmo! – Kaminari coçou a cabeça. – Eu deixei no meu quarto pra ir tomar banho. Eu posso fazer isso depois.

— Tá certo. – Bocejou. - Ah, eu já vou indo. Boa noite cara.

         Kirishima partiu, deixando Kaminari perdido em seus pensamentos. Eles divagavam para vários lugares, mas sempre caíam sobre a garota de fones, Jiro Kyouka. Aproximaram-se durante a primeira prova time contra time e se tornaram amigos, mesmo que não tão próximo quanto ele com Kirishima ou Mina.

         Sabia que sentia algo diferente por ela. Mas sabia também que um galã meia boca como ele nunca teria uma ínfima chance de ao mesmo ela o olhar como uma pessoa decente.

         Qual é Kaminari! Você é um cara legal! Não é por causa dos foras que você leva de todas as garotas que paquera que você não presta. Suas bochechas coraram e seu coração disparou ao perceber a intensidade dos pensamentos. Ficaria louco!

         Após escovar os dentes, resolveu ir para seu quarto dormir. Deitou-se na cama e encarou o teto com um olhar vazio. Nada. Não sentia sono. Só conseguia pensar no dia em que viveu nos dedos de Jirou dedilhando as cordas do baixo e sua voz rouca ecoando pelo microfone.

— Droga! – Levantou corado.

         Tentou distrair-se com outras coisas.  Mexeu no celular, entrou em suas redes sociais e o primeiro vídeo que pipocou na tela foi o de um aluno veterano que gravou o show bem perto do palco. Nesse vídeo pegava um pouco do rosto dele e dos outros, mas principalmente o rosto da garota que tomava seus pensamentos. Nunca a viu tão feliz, tão leve, tão...

— Eu realmente não a conheço, não é?

         Engoliu a seco. Quem era ela afinal? Quem é a garota por trás daquela faceta séria que guardava uma talentosa heroína e música?

         Esticou a mão até tocar na guitarra sobre a capa. A guitarra dela. Sentiu a silhueta dela por baixo, pensando em Jirou dedilhando aquelas cordas como ele havia feito horas atrás. Não adiantava. Seu coração simplesmente não conseguia se acalmar.

— Isso é loucura.

         Sabia que era loucura pegar a guitarra e ir até o quarto de sua companheira de sala, que ficava no mesmo andar que o seu quarto. Sabia que nada de bom poderia acontecer se fosse pego. Sabia que poderia dar problemas para ela também. Mas...

         Parou na porta do quarto dela, mas não conseguiu bater. Ela já deveria estar dormindo. “Volte Denki, antes que ocorra uma merda”. Seu corpo se voltou duramente para trás, mas a porta abrindo atrás dele selou a sua sina.

— Kaminari? – Ela perguntou. Seu rosto parecia sereno.

— Ahn? Eh... Oi Jirou. Eu... – Ele olhava pros lados nervosamente. – Eu vim te entregar...

— A guitarra? Não poderia ser amanhã?

— Bem... – Engoliu a seco. – É que isso já estava me incomodando. A guitarra, você entende?

— Entendo. – Ela suspirou. Seu rosto estava corado por alguma razão. – Bem, obrigada.

— Eh! Espera! Eu... Eu queria... Eu queria falar algo para você.

         Um som seco assustou os dois. Provavelmente era o vento ou algo do tipo, mas foi o suficiente para aumentar a frequência cardíaca dos dois.

— Se o Aizawa-sensei aparecer à gente vai levar uma bronca. – Ela murmurou com a cara fechada. – Entra ai.

— Como?

— Você não precisa dizer algo? Vamos logo.

         Kaminari entrou nervosamente no quarto e Jiro fechou a porta rapidamente. “Por que eu fiz isso? Ele é um garoto!” Ela gritava internamente. Kaminari olhava o quarto como se fosse à primeira vez que estivera ali. Lembrou-se da competição dos quartos.

— Onde posso por?

— Coloque ali. – Apontou em um canto. – Eu vou checá-la depois.

— Certo.

— E então?

— Então?

— O que você precisava falar comigo?

         A casa caiu. Kaminari não sabia o que fazer, estando face a face com a garota. Observou que ela usava uma blusa de alça branca e um short rosa e corou ao pensar quão bonita ela ficava com aquela roupa.

— Er... Eu queria... Dizer que você fez um bom trabalho! Você foi incrível como eu imaginei que seria!

— Bem, eu não teria feito nada se não fosse todo mundo. – Jiro juntava as pontas dos seus fones quando estava com vergonha. – Mas não poderia ter me dito isso amanhã?

         Kaminari se sentou no chão, mesmo sem permissão. Suspirou pesadamente e aquilo apertou o coração de Jirou, que se abaixou para checar se seu colega estava bem. Ele parecia cabisbaixo de alguma forma.

— Sim, podia. Mas...

— Kaminari, você está bem?

         Jirou tocou no ombro do rapaz, fazendo seus olhares se cruzar. Os olhos dourados e negros se chocaram com tamanha intensidade que Jirou sentiu como se Kaminari tivesse criado uma descarga de energia por todo seu corpo. Ela abaixou o olhar e se sentou encostada nele.

— Sabe... Eu meio que queria te agradecer também. – Ela se encolheu ao lado dele. Kaminari finalmente saiu do transe ao ouvir a voz dela. – Se não fosse por você, talvez eu nunca tivesse feito isso.

— Eu não fiz nada. Foi você que inspirou a todos, até mesmo o Bakugou. Você é incrível, Jirou.

— Eu sempre achei que meu hobbie e minha profissão deveriam ser coisas separadas, sabe? Que eles eram incompatíveis. Mas eu aprendi que ser herói não está relacionado somente a salvar vidas e ser o mais forte. Está relacionado à também fazer as pessoas sorrirem em meio ao caos.

         Kaminari encostou de leve o ombro no da garota. Ela notou só agora que ele ainda vestia a blusa da banda. Ela corou, mas tomou coragem para continuar.

— Mas o heroísmo também está nas coisas mais simples também. O seu pequeno ato de encorajamento também foi um ato heróico.

— Eu queria que esse dia nunca acabasse.

— Por que diz isso?

— Porque eu conheci um lado seu que eu nunca pensei existir.

         Jirou olhou envergonhada para o rapaz, que a encarava com o rosto sério. Seus olhos arregalados relaxaram perante os olhos dele, que se fechavam na medida em que se aproximavam do rosto da garota. Ela sentiu os lábios quentes do jovem encontrando-se aos dela de forma cálida e apaixonada. Seus pelos se arrepiaram ao finalmente entender que estava tendo seu primeiro beijo com Kaminari Denki.

— Eu... – Kaminari se afastou vermelho. Jirou o encarava com os olhos arregalados, sem expressão aparente.

— O que... Foi isso? – Jiro colocou o dorso da mão sobre os lábios. Kaminari puxou o pulso dela para baixo e falou o que segurava em seu coração.

— Eu gosto de você.

         Outro beijo se iniciou mais fervoroso que o primeiro. Kaminari se arriscou a usar a língua dessa vez, entrelaçando-a com a língua da garota. Jirou pôs a mão livre sobre o ombro dele, sem saber o que fazer. Seu corpo estava todo entregue, mas sua mente gritava que aquilo era errado. Eram colegas de classe!

         A mão que segurava o pulso da Earphone Jack foi para a cintura da mesma, como se quisesse checar que ela ainda estava ali. Mesmo com o desespero e a incerteza pairando sobre si, Jirou decidiu levar as mãos aos cabelos loiros do rapaz, o que o deixou completamente arrepiado.

“Isso é tão bom...”— Kaminari a apertava contra si com mais força, sentindo o aroma doce que ela exalava.

         Lentamente Kaminari a deitou sobre o chão, deslizando suas mãos apenas pela cintura dela. Era difícil conter os malditos hormônios da adolescência, mas não podia fazer nada que a moça não queira.

— Kaminari... Espera ai. Ah... – Jirou ao sentir os lábios do loiro deixar os seus e navegarem pela curva do seu pescoço finalmente recobrou um pouco do juízo. – Espera!

— Eu fiz algo errado?  - Perguntou inocente.

— Não. É que... – Ela se encolheu. – Isso não está indo rápido demais?

— Te desagrada?

— Não! É que... – Suspirou. Não sabia o que falar para ele. Queria sentir mais do corpo dele contra o seu.

— Me deixe ficar com você só mais um pouco. Não irei além a não ser que queira.

         Jirou virou o rosto, dando um leve aceno em resposta. Kaminari engoliu a seco e voltou o rosto para aquele pescoço branco, desferindo beijos e sorvendo o aroma adocicado, arrancando arrepios da garota. Jirou agarrava a camiseta dele, tentando controlar os gemidos. Enquanto isso, as mãos dele viajavam entre a barriga e as coxas, apertando e acariciando os locais com carinho, evitando encostar-se em alguma zona proibida.  Sentindo o corpo da garota menos tenso aos seus toques, arriscou descer os lábios pela zona do vale dos seios apenas para pressionar os lábios sobre a parte desnuda acima dos seios.

— Kaminari... – Ela suspirou. Os pelos do corpo do loiro se arrepiaram e certa parte do seu corpo começou a incomodar.

Os beijos mais profundos começaram a se sair mais atrapalhados, as mãos ganharam certa tremedeira. Tudo era intenso demais. Kaminari recebeu um aval silencioso para que começasse a descer o short da garota, mas uma voz a chamou.

— Jirou-chan! Está tudo bem? – Era a voz de Hagakure. – Eu ouvi uns sons estranhos do meu quarto. Você está com dor?

         Droga! Eles esqueceram que dividiam o prédio com outras pessoas? O fato de serem dois quartos de distância não impediu que Hagakure os ouvisse.

— N-não, eu estou bem! É... É cólica, m... Mas eu já tomei remédio. Pode ir dormir! – Gritou desesperada. Kaminari sentou ao seu lado, completamente constrangido.

— Tudo bem. Qualquer coisa eu tenho remédio, pode me chamar.

— Obrigada!

         Os dois se encararam após a ida de sua companheira e suspiraram pesadamente. Aquilo foi muito arriscado, quase foram pegos! E se Hagakure decidisse chamar o Aizawa? 

— Me desculpa. - Kaminari coçou a cabeça. – Eu meio que passei dos limites.

— Você não fez nada que eu não quisesse. – Jiro desviou o olhar.

— O que eu disse antes era verdade. Eu gosto de você. – Kaminari apoiou as mãos nos ombros dela, fazendo com que ela ficasse de joelhos com ele. – E o que você me diz?

— Idiota. Depois de tudo, você ainda pergunta?

         Com um sorriso bobo, Kaminari deposita um beijo na testa da garota. Ele entendia porque a expressão dela estava perdida.

— Eu sei que devemos nos focar na carreira de heróis e tal. Mas eu quero que saiba que quero te conhecer mais, quero estar próximo de você para um dia poder dizer a todos que você é a minha garota.

— Você... – Ela escondeu o rosto em seu peito. – Desde quando é tão galante assim?

— Eu espero que essa não seja a última vez que eu te surpreendo.

— Obrigada. – Ela o abraçou, permitindo-se ouvir os sons do coração dele.

         As batidas do coração dele eram fortes, como se ele tivesse corrido uma maratona. Aquele som era mais belo que qualquer música que conhecia ou que um dia conheceria, e Jirou sabia que seu peito também estava assim.

         Ficaram por alguns minutos abraçados, desejando que o momento nunca acabasse. Desejando que os sons de seus corações ficassem gravados em seus corpos até o dia que poderiam ficar juntos.


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