A Nossa Canção escrita por Manu Dantas


Capítulo 8
Capítulo 8 - Como da primeira vez


Notas iniciais do capítulo

Capítulos hots sempre me deixam apreensiva! Espero que gostem!

Tem revelação da Júlia nesse cap, hein! Fiquem atentas!



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No capítulo anterior:

— Não... Eu que peço desculpas. É que... - Ouvi outra música começar a tocar no celular e senti meu coração dançar um frevo dentro do peito. Se destino realmente existia, ele estava realmente disposto a rir da minha cara sempre colocando a música certa na hora errada. Digo isso porque agora "Evidências" do Chitãozinho e Xororó servia de trilha de sonora para a minha D.R. com o Luan. O celular devia estar no modo "Reprodução Automática", ou algo assim... - É que essa coisa de música mexe muito comigo - Ri da situação sem muito humor.

"Quando eu digo que deixei de te amar,
É porque eu te amo.
Quando eu digo que não quero mais você,
É porque eu te quero.

— Eu tenho direito a mais uma pergunta, né? - Ele disse com a voz baixa, meio receoso, ainda segurando a minha mão com firmeza, mas sem machucar. Concordei com a cabeça e então ele respirou fundo antes de continuar - Você ainda me ama?

"Eu me afasto e me defendo de você,
Mas depois me entrego.
Faço tipo, falo coisas que eu não sou,
Mas depois eu nego

Mas a verdade
É que eu sou louco por você
E tenho medo de pensar em te perder.
Eu preciso aceitar que não dá mais
Pra separar as nossas vidas"

— Desculpa, Luan, mas eu não posso te falar essa resposta - Sequei as lágrimas do meu rosto com a mão livre e cheguei mais perto dele, tão perto que eu sentia o seu perfume que eu tanto adorava - Isso eu preciso te mostrar! - Completei a frase antes de beijá-lo nos lábios. Ele não recusou o meu beijo, e então eu me permiti voltar àquela tarde que ficamos juntos pela primeira vez. Eu sabia, eu podia sentir... Naquela noite nós ficaríamos juntos mais uma vez.

Senti as suas mãos deslizarem pela minha cintura e eu o abracei com força, como se não pudesse deixá-lo escapar de mim.

O nosso beijo era intenso, como se quiséssemos de uma só vez matar toda a saudade que sentíamos um do outro. Eu sentia o seu calor, o seu toque, o perfume... Tudo era tão perfeito que permiti viver apenas aquele momento, sem me preocupar com o que era certo ou era errado.

— Jú...- O Luan começou falar interrompendo o nosso beijo de repente. Sua expressão era de uma pessoa completamente confusa.

— Shiiiuu... - Falei colocando um dedo sobre os seus lábios - Você não queria saber se eu ainda te amava? Então, eu estou te mostrando... - Fiz uma pausa aproximando a minha boca do seu ouvido - Agora sou eu que te pergunto: Você ainda me ama, Luan? Se ama, me mostra - Pedi com a voz baixa, acariciando os seus cabelos.

Como resposta, o Luan me puxou pela cintura voltando a colar os nossos corpos e segurando o meu cabelo ele guiou a minha boca até a sua. Eu desci uma das minhas mãos por debaixo da sua camiseta e passei as unhas pelas suas costas o fazendo arrepiar.

O nosso beijo mantinha o mesmo ritmo intenso, quente, a nossa respiração acelerada, fazendo a vontade que estávamos um do outro aumentar ainda mais.

Senti o Luan puxar o meu cabelo novamente me fazendo levantar a cabeça para que ele pudesse descer pelo meu pescoço distribuindo beijos e breves chupões. Dessa vez fui eu quem ficou arrepiada e deixei escapar um suspiro, meu corpo implorando pelos carinhos dele.

Soltei o ar pesadamente, já não resistindo mais ao jeito que o Luan me segurava e me beijava. Suas mãos deslizavam pelo meu corpo e desceram a alça do meu vestido pelo meu ombro e ele me beijava com muito desejo, nossos corpos completamente sintonizados um no outro.

— Vem! - Chamei quando não aguentei mais esperar. Peguei a sua mão e o puxei escada acima, apressada. Ele não disse nada, apenas me seguiu.

Quando chegamos ao meu quarto eu me antecipei para tirar toda a bagunça de cima da cama. As roupas que eu e as meninas usamos para fazer o "Pinóquio Unfashion Week" ainda estavam ali, todas enroladas e jogadas de qualquer jeito. Digo que estavam porque no instante seguinte todas elas voaram para o chão deixando o colchão livre.

Atrás de mim o Luan caiu na risada. Eu sabia exatamente o que ele estava pensando: Que eu era a pessoa mais bagunceira desse "nerverso".

— Já sei até o que você vai falar: "Depois reclama que não acha nada, mas você deixa tudo fora do lugar, nega" - Imitei o tom de voz dele, o que fez ele rir ainda mais.

— "Cê" não tem jeito mesmo, né Jú? - Ele falou me encarando - Sempre teve esse jeito de bagunceira!

— Não sou eu que sou bagunceira, é você que é certinho demais - Falei chegando mais perto dele - Ou pelo menos era na minha época...

— Isso eu ainda sou, uai - Ele me respondeu sem tirar os olhos de mim.

— Deixa eu adivinhar: Essa é a parte que você vai falar que apesar disso, muitas outras coisas mudaram? - Provoquei usando a frase que ele sempre dizia desde que eu havia voltado para o Brasil.

— É... Era mais ou menos isso - Ele confessou fazendo graça.

— Sabe o que eu acho? - Dei um passo e perguntei no seu ouvido.

— Sei não... - Ele tentou manter o tom de voz firme sem muito sucesso.

— Eu acho que na verdade nada mudou. Você pode ter ficado mais forte, ter conhecido outras mulheres, mas no fundo você ainda é o meu gurizinho. O mesmo por quem eu sempre fui apaixonada, o mesmo que disse que queria ficar comigo para sempre aquele dia no ônibus...

Ele segurou o meu rosto com gentileza com os olhos brilhando, do mesmo jeito que eles brilhavam no tempo que nós namoramos - Por que você faz isso? Por que você me deixa desse jeito?

— Não sei, Luan. Eu também queria entender porque você faz isso comigo, mas esse não é o tipo de coisa que se explica. Isso a gente apenas sente... - Respondi acariciando os seus cabelos.

Ele então voltou a me beijar suavemente nos lábios, as mãos ainda segurando o meu rosto. Aquele era um beijo sincero, calmo, com sentimento, um beijo que era capaz de fazer o coração disparar dentro do peito e tirar os seus pés do chão. Eu seria capaz de passar o resto da minha vida daquele jeito...

Tudo era exatamente como eu me lembrava... Passei anos recordando como era ter o Luan nos meus braços e agora ele estava ali, de verdade, e eu mal conseguia acreditar.

Aos poucos o beijo foi aumentando de intensidade, o sentimento dando lugar ao desejo. Eu movimentava as minhas mãos passando pelas suas costas, bumbum, braços e cabelos enquanto o Luan me apertava contra o seu corpo, me segurando com firmeza, com vontade. Depois ele desceu uma das mãos pela minha coxa e foi subindo a barra do meu vestido lentamente, parando no vão entre as minhas pernas e permanecendo ali por algum tempo.

Com agilidade e usando a mão livre, ele encontrou o zíper nas minhas costas e o abriu, puxando a peça para cima e se livrando dela em seguida.

Sem perder o ritmo, ele voltou a me beijar, dessa vez nos conduzindo até a minha cama. No caminho eu aproveitei para tirar a sua camisa e também a lancei longe.

Ele me colocou deitada na cama, e antes de se juntar a mim tirou o sapato, as meias e a calça ficando só com uma boxer branca.

— Como da primeira vez? - Perguntei, a minha voz entregando a minha ansiedade.

— Como da primeira vez - Ele concordou, o rosto iluminado por um sorriso.

Então ele passou a distribuir beijos por todo o meu corpo, do pescoço até a barriga. O Lú se movimentava sem pressa, com carinho, me olhando com desejo.

Depois foi a minha vez de "redescobri-lo". Girei os nossos corpos, me posicionando por cima dele e o beijei na orelha, pescoço, peito, barriga...

Ele voltou a me segurar pelo cabelo puxando o meu corpo para mais perto dele e me beijando nos lábios com muita vontade.

Aproveitei a minha posição para deslizar as minhas mãos para baixo puxando uma parte da sua boxer junto. Quando percebeu o que eu queria fazer, ele me soltou e com um movimento rápido eu despi a peça deixando a sua ereção a mostra.

Antes que eu pudesse perceber, o Luan me segurou pela cintura e me colocou deitada de costas na cama, já colocando as mãos no meu quadril e depois tirando a minha calcinha.

— Pronta? - Ele quis saber, ainda mais ansioso do que eu.

— Pronta! - Consegui dizer mal conseguindo controlar a minha vontade.

Ele se posicionou por cima do meu corpo, dessa vez com bem mais habilidade do que da nossa primeira vez. Senti aos poucos ele dentro de mim e fechei os olhos, querendo que o tempo parasse e ele ficasse para sempre ali, comigo.

Ele começou se movimentando devagar, com uma das mãos apoiadas ao lado da minha cabeça e a outra acariciando o meu rosto.

Quando abri os olhos, dei de cara com ele me encarando, lindo, os cabelos bagunçados, o sorriso de menino no rosto, os olhos de jabuticaba brilhando. Sorri de volta, movimentando o meu corpo contra o dele em uma sincronia perfeita.

Não sei quanto tempo ficamos assim, porque para mim era como se o tempo tivesse parado. Nada mais importava e nada seria capaz de quebrar o encanto daquele momento. Quem estava ali comigo não era o Luan Santana, o cara que tinha milhões de fãs e que era conhecido nos quatro cantos do Brasil e nesse "mundão afora". Quem estava comigo era o meu gurizinho, o menino que eu conheci lá em Campo Grande, que era tímido demais para dizer que me amava e que me conquistou com seu jeito bobo de ser...

Senti as investidas dele contra mim aumentarem de intensidade. Ele me deu um beijo breve nos lábios, minhas mãos estavam firmes nas suas costas. A respiração dele estava rápida, o meu coração disparado dentro do peito. A velocidade aumentou, ele chamou baixinho o meu nome, eu pedia para ele continuar... O Luan segurou o meu cabelo, eu beijei a sua boca e então nós chegamos juntos no ápice do prazer.

Ele encaixou a cabeça no meu peito e deixou o corpo sobre o meu, todo esparramado, enquanto eu sentia o cheiro do shampoo nos seus cabelos. Ele estava suado, quente, com a respiração entrecortada... E estava lindo!

Depois que acalmou a sua respiração, ele girou o corpo ficando de costas na cama e me puxou para junto dele. Deitei a cabeça no seu peito e ele ficou fazendo cafuné no meu cabelo, exatamente como da primeira vez que ficamos juntos.

— Eu te amo, sabia? Eu te amo tanto que chega até doer dentro do meu peito - Confessei com a voz baixa sem coragem de encará-lo nos olhos. O Luan era o meu único ponto fraco, o único capaz de me fazer sentir medo. Não medo dele, mas de nunca mais vê-lo, de nunca mais poder falar com ele, de chegar perto dele...

— Eu não sei ainda o que é isso que eu sinto por você, Jú - Ele também confessou com a voz amargurada - Eu senti muita raiva, jurei que nunca mais queria saber de você, que nunca iria te perdoar... Mas quando eu estou com você eu esqueço de tudo. Com você eu sei que eu posso ser eu mesmo. É estranho, mas eu confio em você, mesmo não devendo confiar por causa... da sua traição - Ele fez uma pausa antes de terminar a frase e eu sabia que aquele assunto o machucava demais. Senti meu peito apertado só de ouvir a angústia na sua voz. Eu detestava ter que mentir para ele...

— Você pode confiar em mim. E você sabe disso - Levantei a minha cabeça para olhá-lo cara a cara, assim ele teria certeza que eu estava sendo sincera.

— Como eu posso confiar, se você não confia em mim? Eu sei que tem alguma que você não quer me contar... - Ele me questionou com a voz firme.

— Shiii.... Eu não quero falar disso hoje! Eu quero aproveitar que você está aqui, comigo - Desconversei o abraçando muito forte. De repente o medo que ele fosse embora me deixou até com dificuldades de respirar.

— Sempre me enrolando, né? - Ele protestou.

— Eu nunca te enrolei! Pelo o que eu me lembro, quem fazia isso era você, não era? Você que nunca deixava eu voltar para casa no horário marcado... Ficava fazendo charme, me pedindo para ficar só mais cinco minutos...

— E seu pai sempre brigava com a gente depois! - Ele riu ao se lembrar disso.

— Lembra quando meu pai me colocou de castigo e você pulou a janela do quarto para me ver? - Eu adorava aquelas recordações. Elas eram o meu tesouro.

— Lembro, sua prima abriu o portão... Sua mãe quase pegou a gente nesse dia. Se ela pega a gente ia tá lascado!

— E a vez que você comprou aquele buquê de rosas para mim? Eu coloquei no vaso e depois não queria jogá-las fora quando ficaram murchas!

— Lembra daquele ursinho de pelúcia enorme que eu te dei? - Ele quis saber.

— Claro! Olha ele ali - Apontei para o canto do quarto onde um urso branco, de pelo menos meio metro, estava no topo de uma pilha de caixas de sapatos.

— Nossa, eu nem reparei nele! Não acredito que você ainda tem esse urso! - Ele ficou abismado por eu ter guardado aquele presente.

— Eu guardei tudo o que você me deu. Até aquele anel de coquinho que eu achava horrível!

— Você sempre foi enjoada pra esses "trem" de moda, né? - Ele fez careta pra falar isso e eu dei risada. Eu sempre implicava com a mania que o Luan tinha de usar a mesma roupa várias vezes.

Ficamos ali, relembrando o passado por um tempo até que o clima voltou a esquentar e nós ficamos juntos de novo.

Depois da segunda vez, o Lú pegou no sono e dormiu como um anjo, só de cueca todo esparramado na cama, se sentindo à vontade.

Eu também estava com muito sono, mas não queria dormir. Tinha medo de adormecer e perder aquele momento perfeito. Era como se tudo fosse como antigamente... E era tão bom ter o Luan de novo que eu não queria acordar daquele sonho nunca mais.

Fiquei deitada ao seu lado, admirando cada detalhe do seu corpo, o jeito como ele respirava, o contorno dos seus lábios, cada fio de cabelo que caía pelo seu rosto. Coloquei o edredom por cima dele para protegê-lo do vento frio da noite e velei o seu sono, torcendo para que o tempo não passasse e ele não despertasse. Porque eu sabia que quando ele acordasse eu teria que deixá-lo ir embora, e meu coração pedia desesperadamente para que esse momento demorasse muito para chegar.

Foi o toque do celular que me despertou do meu "transe". Eu estava tão hipnotizada pelo Luan que esqueci de tudo e todos, literalmente. Levantei da cama, vesti a camiseta dele e desci as escadas.

Ao chegar na sala dei de cara com o Luan "cantando" para as paredes. Ri sozinha. Na pressa do momento ele tinha deixado o celular tocando e com o silêncio da madrugada eu fui capaz de ouvi-lo lá de cima.

Peguei o aparelho nas mãos e não resisti. Procurei pela música que ele fez para mim e a transferi para o meu celular, que estava jogado dentro da minha bolsa em cima da poltrona, via Bluetooth. Quando a transferência dos arquivos terminou, vi a mensagem de "15 chamadas perdidas" aparecer na tela. Na mesma hora concluí que a Dona Marizete e o "seu" Amarildo deviam estar atrás do filho desaparecido. Chequei o meu celular e não me surpreendi ao ver 11 chamadas não atendidas da Bruna. Com certeza a Anjinha concluiu que se nós dois não respondíamos às chamadas, era porque estávamos juntos. Digo isso porque na sequência encontrei uma mensagem não lida na minha caixa de entrada.

De: Bruninha

Para: Jú Prin

"Meu irmão desapareceu e você não atende ao telefone. Algo me diz que vocês estão juntos, né? Por favor, deem sinal de vida! Avisei os meus pais que o Luan está na sua casa, mas me ligue assim que você receber essa mensagem para avisar que os dois estão vivos e para me contar os detalhes".

Ri da cara de pau da irmã do Luan. Na mesma hora respondi.

De: Jú

Para: Bruna Anjinha

"Seu irmão está aqui em casa, sim. Avisa seus pais que eu devolvo ele pela manhã. Agora ele está dormindo como um anjo".

Provoquei sabendo que a Brú ia adorar saber daquela notícia. Menos de dois minutos depois o meu celular apitou. Claro que era a Bruna...

De: Bruninha

Para: Jú Prin

"Dormindo? Como assim dormindo? Jú, o que aconteceu nessa casa? Não me diga que você e o meu irmão se entenderam... (Quer dizer, me diga, por favor!)."

De: Jú

Para: Bruna Anjinha

"De certa forma, nos entendemos sim. Ficamos juntos hoje. Duas vezes. Foi perfeito! Te conto todos os detalhes pessoalmente"

Digitei toda feliz a mensagem, sorrindo como uma boba. Eu nem acreditava que eu e o Luan tínhamos passado a noite juntos...

De: Bruninha

Para: Jú Prin

"AHHHHHHHHHHH! Eu nem acredito! Jú, essa é a hora! Conta toda a verdade para ele".

Li a mensagem e fiquei realmente tentada com a oferta. Mas depois pensei bem e desisti. Não havia forma de contar aquilo para o Luan sem magoá-lo ainda mais. O que eu fiz foi pior do que traí-lo... Tudo bem que na época eu fui influenciada e não tinha maturidade o suficiente para lidar com aquela situação, mas mesmo assim eu não tinha coragem de abrir o jogo. A verdade é que eu temia que ele nunca fosse me perdoar...

De: Jú

Para: Bruna Anjinha

"Eu não tenho como contar a verdade para ele e você sabe disso! Como eu vou chegar no seu irmão agora e falar: Oi Luan, eu estava grávida de você quando eu viajei para a Europa...".

Ri sem humor ao imaginar a cena de eu entrando no quarto, acordando o Luan e jogando uma bomba daquelas no seu colo. Não, não seria justo descarregar todo esse problema em cima dele... Fui embora justamente para protegê-lo daquele rolo e estava disposta a continuar blindando o Luan dessa confusão.

De: Bruninha

Para: Jú Prin

"Prin, você precisa contar a verdade para ele. Meu irmão merece! Não é justo você pagar para sempre por um erro que não cometeu. Já te disse: Você carrega uma culpa que não é sua. Pensa nisso! Tenho certeza que o meu irmão vai te entender."

Li a mensagem várias vezes e precisei ser forte para não chorar. A Anjinha estava certa, como sempre, mas o meu medo falava mais alto. Eu não poderia perder o Luan. Não agora que, de algum jeito meio maluco, nós estávamos nos acertando... Qualquer chance de ficar com o meu gurizinho era valiosa demais para mim para eu desperdiçá-la.

De: Jú

Para: Bruna Anjinha

"Eu sei disso, Anjinha! Vou pensar nos seus conselhos. Agora vai dormir porque amanhã você tem aula, né mocinha? Juro para você que vou fazer o que for melhor para o seu irmão".

E o melhor para ele poderia não ser o melhor para mim, pensei comigo mesma.

Voltei para o quarto e me ajeitei entre os braços do Luan. Minha cabeça fervia pensando em tudo o que a Bruna me falou. Mas eu já havia me decidido: Eu não iria dizer nada para ele, pelo menos por enquanto. Primeiro, eu precisava saber se ele seria capaz de me ouvir contar a história inteira. Se eu conseguisse explicar tudo para o Lú sem que ele me odiasse já nos primeiros momentos, aí talvez eu tivesse uma chance...

Acabei cochilando, vencida pelo cansaço, e quando acordei o dia já amanhecia lá fora. Olhei no relógio: 05h22 da manhã. A minha noite perfeita com o Luan havia acabado. Agora era hora de encarar a realidade: Ele precisava voltar para a casa dele, para a vida dele, para a namorada dele... Meu coração estava apertado dentro do peito e eu me sentia encurralada, sem saída. Era sempre a mesma coisa: Ter o Luan e deixá-lo ir para o bem dele...

Com muita relutância, quebrei a "bolha" que nós dois havíamos criado na noite anterior e que havia nos isolado de tudo. Chamei pelo Lú até que ele abrisse o olho com a cara toda "amassada" de sono.

— Você precisa ir embora, meu amor - Falei baixinho enquanto afagava os seus cabelos - A Bruna avisou os seus pais que você estava aqui, mas acho que eles devem estar preocupados porque você saiu sem avisar...

— Só mais cinco minutinhos, vai... - Ele virou para o lado me ignorando.

— Luan, você realmente precisa ir. Tenho certeza que você deve ter algum compromisso marcado na agenda para hoje. Já, já o Rober ou o Anderson liga aí para saber onde você está - Argumentei.

— Tá bom, tá bom... Tô levantando - Com muita relutância ele saiu da cama, foi até o banheiro jogar uma água no rosto e voltou para o quarto vestindo a calça todo de qualquer jeito. Vendo aquela cena eu tive a certeza: O Luan não passava de uma criança crescida!

Tirei a camiseta dele que estava vestindo para que ele pudesse colocá-la. Ele ajeitou o cabelo com as mãos e calçou os sapatos.

— Tô pronto - A voz dele estava enrolada de sono.

— Obrigada por ter ficado comigo - Foi só o que eu consegui dizer. Nenhuma palavra seria capaz de expressar a minha felicidade, mas acho que ele conseguiu sentir o quanto eu havia gostado da noite pelo sorriso no meu rosto.

Ele sorriu também. - Ahh Julinha, o que eu faço com você, hein? Olha o que você faz comigo, muié...

— Eu sei que você gosta - Provoquei.

— O pior é que eu gosto mesmo - Ele confessou sorrindo ainda mais - Mas eu não sei o que vai ser daqui pra frente, Jú. Eu tô muito confuso. Eu jurei que nunca mais ia ficar com você... - De repente o seu rosto ficou sério.

— "O seu coração vai te mostrar exatamente para onde ir..." - Repeti a estrofe de uma música do NX Zero que eu gostava muito.

— E se eu não puder obedecer ao meu coração? - O Luan me perguntou com a expressão um pouco triste. Eu entendia onde ele queria chegar. Muita coisa me separava dele: o nosso passado mal resolvido, a sua carreira, a Jade... Ele tinha muitas responsabilidades, e algumas delas exigia que ele abrisse mão daquilo que realmente gostava.

— Eu só quero que você seja feliz, Lú. De verdade. E eu sempre vou fazer o que for melhor para você, eu juro - Repeti o que eu havia enviado para a Bruninha via SMS. Nossos olhares se cruzavam e havia muita cumplicidade ali. Era como ele dissera: Ele confiava em mim, e por mais que estivesse confuso, eu sabia que ele me amava. E ele sabia que eu o amava mais que qualquer pessoa nesse mundo.

   *** Link para música: https://www.youtube.com/watch?v=9tTuG6o_ieM

— Mas agora vem, eu vou abrir o portão para você - Resolvi não adiar mais o momento da partida. Levantei da cama, vesti qualquer roupa e descemos juntos as escadas. Saímos na garagem e antes de apertar o botão para abrir o portão, dei um último beijo nele, lento e demorado, aproveitando cada segundo que eu ainda tinha com ele.

— Só se cuida, por favor - Praticamente implorei. Dento do peito, meu coração batia devagar, como se estivesse perdendo as forças. Ver o Luan me deixando era triste demais para mim. E eu não sabia o porquê, mas eu sentia que aquela não era uma simples despedida. Era algo mais forte, algo mais decisivo, mais definitivo... Eu tinha medo do que vinha pela frente, porque sempre que eu e o Luan nos acertávamos algo aparecia para nos atrapalhar.

— Podexá, Julinha! Se cuida você também, princesa - Ele acariciou o meu rosto do jeito que eu mais gostava. Depois ele me deu um selinho um pouco mais demorado nos lábios e pegou o controle da minha mão, abrindo o portão. Ele caminhou em direção à rua, acenando antes de entrar no carro. O portão foi fechando lentamente e a última coisa que eu vi foi o Luan ligando o motor e se preparando para voltar para casa. Mais uma vez eu estava deixando o Lú sair da minha vida sem saber se ele iria voltar.

***

Ponto de vista do Luan

Dirigi em silêncio para casa. Já não sabia nem mais o que pensar. Antes da Júlia voltar para o Brasil eu estava bem, estava tentando me acertar com a Jade, estava tranquilo... Eu havia superado a raiva e a mágoa que eu sentia dela e aos poucos eu estava me acostumando com a presença da Jadinha na minha vida. Era verdade que nós éramos muito diferentes um do outro, mas ela me escutava, me mostrava outros "horizontes", me fazia esquecer um pouco a correria que era a minha vida. Nós estávamos indo tão bem que o pessoal da minha equipe até queria a Jade aparecesse na mídia como a minha namorada oficialmente. Eles diziam que aquilo seria bom para a imagem pessoal e ela insistia em assumir o nosso namoro.

Eu ainda não havia me decidido, mas tudo já estava acertado, a Jadinha já havia sido orientada de como tudo funcionaria e eles só aguardavam o meu sim. Antes eu só não aceitava aquilo por causa das minhas fãs, que não iam acreditar naquele namoro "nem a pau". Agora eu já não conseguia nem pensar na possibilidade de tocar aquele plano adiante por causa da Julinha. Se eu assumisse um namoro com a Jade, eu queria pelo menos tentar que desse certo. Mas desde que a Jú reapareceu na minha vida eu não conseguia mais parar de pensar nela... Todo o sentimento que eu tinha pela minha ex, que eu pensei que já haviam acabado, voltaram com tudo bagunçado toda a minha cabeça.

A Júlia era simplesmente... irresistível. Quando eu estava perto dela eu me esquecia de tudo e só conseguia prestar atenção nela.

— Ô tempestade "braba" essa, rapáiz... - Ri sozinho ao me aproximar da garagem de casa. Julinha tinha o poder de me tirar de mim e eu adorava a sensação que ficar com ela me trazia: Era como se ela recarregasse as minhas energias, renovasse as minhas forças, me fizesse eu encontrar a mim mesmo... Fazia tanto tempo que eu não me sentia daquele jeito que até havia me esquecido como era sorrir sozinho ao lembrar dos momentos que passei com alguém.

Por outro lado, ela também me assustava. Eu sabia que ela estava mentindo para mim. E o pior é que ela sempre conseguia me enrolar, me fazendo perder a cabeça e esquecendo de tentar arrancar a verdade dela... Qual seria o mistério que a Julinha escondia? Eu tinha até um pouco de medo de descobrir o que existia por trás de todas aquelas mentiras...

Estacionei o carro e entrei em casa tentando não fazer barulho e acordar a minha família. Fechei a porta da sala e quando me virei dei de cara com o meu pai descendo as escadas em direção à cozinha.

— Tá que pariu - Falei baixinho.

— Ahh, resolveu aparecer? - Ele falou em tom brincalhão.

— Desculpa pai, eu esqueci de avisar onde eu estava - Falei meio sem jeito. Eu nunca havia passado por aquela situação antes. Era tudo muito estranho para mim.

— A gente ficou preocupado, Luan! E a Jade também ficou ligando pra cá, querendo saber onde você estava. Sua irmã inventou uma desculpa para ela. A gente achou melhor você mesmo contar que passou a noite na casa da Júlia...

— É que...que... - Procurei algo para falar, mas comecei a gaguejar me atrapalhando todo.

— Ah, fica tranquilo, rapáiz. Todo mundo faz isso uma vez na vida... É bom sair da linha às vezes, filho - Meu pai sorriu para mim - Eu lembro que uma vez, quando eu e sua mãe ainda namorávamos, a gente brigou e terminamos. Aí eu saí com outra moça e ela ficou "fula" da vida comigo.

— Sério, pai? - Eu não sabia daquela história. Era difícil imaginar o meu pai com outra mulher que não fosse a minha mãe.

— É sério, ué... Mas tô te dizendo isso por uma coisa: Quando eu estava com a outra, eu ficava pensando na sua mãe. Eu gostava da Joana, mas era com a sua mãe que eu queria ficar. Tenho certeza que com você também deve ser a mesma coisa, deve ter uma que mexe contigo de uma maneira diferente, não é?

Parei para pensar por um segundo e depois me peguei sorrindo ao lembrar da noite anterior.

— E só pela sua cara eu já sei que não é a Jade - Meu pai sugeriu - Ê Julinha, essa menina sempre foi terrível...

— É pai, a Jú é terrível mesmo - Concordei mexendo nos cabelos meio sem jeito.

— Mas ó, você sabe que precisa dar um jeito nessa situação, né? Não é certo ficar desse jeito - Ele chamou a minha atenção - Você vai precisar escolher uma para ficar ao seu lado...

— Sei pai, sei sim... Eu vou conversar com a Jade amanhã, vou explicar tudo para ela... - Eu só não sabia como ela iria reagir... Com certeza eu estava encrencado depois de combinar de sairmos juntos e nem dar sinal de vida a noite inteira.

— Então agora sobe, vai moleque... Vai dormir que você tá com cara de quem namorou a noite inteira - Meu pai brincou comigo e nós dois caímos na risada. Segui para o meu quarto e me joguei de qualquer jeito na minha cama. A camiseta que eu estava vestindo ainda tinha o perfume da Júlia, e foi pensando nela que eu peguei no sono, sorrindo que nem um bobo apaixonado.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?

Estou ansiosa esperando a opinião de vocês sobre a parte "hot".

E ahh, sacaram que em um dos SMS's a Julinha deu uma dica preciosa sobre o "segredo" dela, né? E aí, quais as apostas de vocês?


(***)
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