A Nossa Canção escrita por Manu Dantas


Capítulo 14
Capítulo 14 - Recomeçar - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Como diria o rei: São muitas emoções!



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25 de dezembro de 2012

Ponto de Vista do Luan

Joguei as minhas coisas de qualquer jeito no chão da sala e liguei a TV correndo.

— Bem na hora, rapáiz - Comentei ao ver a vinheta do Especial do Roberto Carlos passando na TV. Tinha acabado de chegar da chácara onde passei o Natal com toda a minha família. Eu ainda tinha que entrar no Twitter para dar Feliz Natal para as minhas Negolas, mas não poderia perder aquele especial por nada. Era a primeira vez que eu cantava ao lado do Rei e só de lembrar da sensação de dividir o mesmo palco que ele já me deixava todo arrepiado.

Relaxei no sofá tirando o sapato e a touca que eu estava usando e aumentei o volume. Ao meu lado a minha mãe, o meu pai e a Bruna não paravam de comentar sobre o programa. Até tentei prestar atenção na conversa, mas minha mente estava muito longe dali.

Lembrei do dia que o Anderson me contou do convite para cantar com o Robertão. Ri sozinho ao recordar a cara de "paspalho" que ele fez quando eu contei que queria cantar a "A Nossa Canção" por causa da Júlia. Aumentei ainda mais o sorriso ao relembrar o meu empresário quase tendo um "treco" quando lhe informei que eu já sabia de tudo o quê a Júlia passou por minha causa.

Ele me pediu desculpas e tivemos uma longa conversa. Deixei bem claro que ele tinha total liberdade para decidir os assuntos relacionados à minha carreira, mas no que dependia da minha vida pessoal, só quem poderia tomar qualquer decisão era eu. Já tinha vivido bastante e visto muita coisa rodando por esse "mundão" para saber o que era certo ou errado.

O Anderson quase quis me matar quando eu fiz questão de cantar aquela música com o Robertão, mas no fundo, sei que ele fez de tudo para conseguir que o meu desejo fosse realizado. Aquela foi a forma que ele encontrou de se desculpar por ter me afastado da Jú.

— Ai que droga! Não aguento mais ouvir essa música do Michel Teló - Minha irmã reclamou ao ver o meu "conterrâneo" participar do Especial. Ao lado dela, meu pai fazia a coreografia da música, todo desajeitado.

Eita que o Amarildão tava animado! Minha mãe que se cuidasse...

— Filho, e a Jade? Alguma notícia dela? - Minha mãe quis saber enquanto encarava o meu pai dançando e segurava o riso.

— Ela não quer mais falar comigo - Dei de ombros. A Jadoca ficou uma fera quando terminei o meu namoro com ela.

"Luan, como assim você está terminando comigo? É por causa da Júlia? Você vai realmente me trocar por aquela menina que só mente e te enrola?

" Jadinha, é muito difícil de explicar. Mas é mais ou menos assim... A calmaria é boa, ela tranquiliza o coração, mas parece que tá sempre faltando alguma coisa... A tempestade é arriscada, mais intensa, mas me faz um bem danado! Me faz pensar, me desafia e no fim, quando tudo dá certo, traz uma paz para o coração que é... muito boa. Pra lá de bom, na verdade!. Sei que acreditar na Júlia parece a alternativa errada, mas eu preciso disso! Eu confio nela... No fundo eu sempre confiei, e só ela é capaz de me deixar assim, tão... pleno, completo".

— Mas você fez a coisa certa, filho! Depois de tudo o que aconteceu, vocês merecem uma segunda chance - Minha mãe me trouxe de volta das minhas lembranças. Vi ela piscar para mim e sorri. Ela, como sempre, foi uma "amigona" para mim.

Acabei descobrindo que há um tempo ela encontrou a carta da Jú enquanto organizava o quarto da minha irmã e assim descobriu tudo sobre aquele rolo. Dona Marizete defendia a "tese" de que o meu namoro com a Jú merecia uma segunda chance para que nós mesmos pudéssemos decidir se queríamos ou não ficar juntos, sem a interferência de mais ninguém.

Conversar com a minha mãe sobre esse assunto me tranquilizou e me fez enxergar pontos da história que eu não via antes. A Júlia errou mentindo para mim e me escondendo um assunto tão sério. Por outro lado, só alguém que me amasse muito seria capaz de sacrificar tanta coisa, sofrendo sozinha, só para me ver feliz.

"Filho, nós mulheres somos capazes de tudo quando amamos. O amor para nós não é brincadeira. É algo sério, sólido, firme, transformador... Quando a gente gosta de alguém parece que o nosso ponto de referência muda e nosso mundo passa a girar somente em torno daquela pessoa. O amor de verdade é para poucos, mas sinto que você e a Jú são uma dessas poucas pessoas"

Lembrei das palavras que minha mãe me disse enquanto estávamos na chácara. Será que o amor era mesmo assim? Ele precisava de tempestade para encontrar a paz, para se tornar um céu completo?

— Bom, vocês poderiam ter brigado antes do casamento do Fernandinho, né? - A Bruna resmungou saindo da sala e indo até a cozinha com o Puff saltitanto atrás dela. Ela ainda não tinha me perdoado por ter deixado a Jade ser a madrinha no seu lugar no casório - Ainda não entendi porquê você ainda insistiu em ficar com a Jade.

Fiquei em silêncio. A verdade era que eu nem sabia. O pessoal do escritório disse que poderia ser uma boa para a minha imagem e no fundo, eu estava carente de ter alguém ao meu lado. Mas, no final, foi bom. Era preciso errar para saber reconhecer a alternativa certa quando ela aparece...

— Aê flhão, finalmente chegou a sua hora! - Meu pai apontou para a TV se ajeitando melhor no sofá - Bruna, corre filha, vem ver!

A Brú voltou correndo da cozinha trazendo um pote com pipoca nas mãos e se posicionou ao meu lado. - Mal vejo a hora de te ouvir cantando essa música! Julinha deve estar surtando onde quer que ela esteja - Minha irmã comentou antes de colocar um punhado de pipoca na boca.

Júlia... Suspirei alto. Será que ela estava vendo o programa também? Balancei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos negativos e tentei prestar atenção na TV. Na tela, um Luan Santana vestido formalmente com camisa social, calça e sapato entrava no palco com cara de bobo enquanto o público aplaudia (Será que eu sempre ficava com aquela cara de bobo na TV?).

Automaticamente senti as minhas mãos molhadas de suor e o meu coração praticamente sair pela boca só de me lembrar da emoção que foi dividir o palco com o rei Roberto Carlos. Cantar ao lado daquele cara era uma honra sem tamanho! A ficha que eu tinha realizado mais um sonho ainda não tinha caído!

— Chega pra cá, Luan! É um prazer receber um garoto tão jovem e com tanto talento como você! Esse é um encontro de gerações! - O rei disse ao me ver entrar no palco. Eu estava tão nervoso no dia da gravação que não me lembrava de praticamente nada do que aconteceu naquele palco.

— Que isso, Roberto. O prazer é todo meu! Meu grande sonho sempre foi cantar com você e esse dia vai ficar marcado para sempre, tenho certeza - Me vi respondendo na TV, agora já posicionado ao lado do rei. Em casa, balancei a cabeça em sinal de desaprovação. Tanta coisa para falar eu vou dizer logo aquilo? Fiquei parecendo um bobo...

— Mas me fala, menino... O pessoal da produção me disse que você fez questão de escolher uma música muito especial para cantarmos aqui hoje. Tão vendo, só? Tão novo e já todo caprichoso - O Roberto brincou com o público.

— Foi sim, rapáiz... - Ouvi a minha própria resposta na TV. Ai caramba! Eu chamei o rei de "rapáiz"? Mas eu era muito burro mesmo, viu... - Tenho certeza que as suas músicas servem como tema para várias histórias de amor e uma, em especial, foi feita para uma história que eu conheço... É a história de um amor Tempestade que chega, carrega tudo o que vê pela frente, que te tira o chão e que depois deixa só saudade no coração - Vi eu mesmo tentar explicar a escolha da música mexendo as mãos todo atrapalhado. Tive o cuidado de tentar "disfarçar" que eu estava me referindo a algo que aconteceu comigo mesmo. Aquilo era muito particular, não queria ter ficar dando justificativas para o pessoal da imprensa depois.

— Sabe Luan, alguém me disse uma vez que cada música é uma confissão. Tenho certeza que essa aqui deve ser a confissão de tudo o que está no seu coração - Na TV, o rei me encarou ao dizer essas palavras e percebi que ele sacou que eu estava falando de algo que aconteceu comigo - Então, vamos à ela. Vamos à Nossa Canção - O rei anunciou para plateia dando a deixa para que os músicos começassem a tocar.

*** Para quem quiser relembrar a música: https://www.youtube.com/watch?v=yj4dPvh6KsQ&pbjreload=10 ***

Ouvi o arranjo marcado pelas notas de um piano encher a sala. Fechei os olhos, a emoção tomando conta de mim enquanto o rei cantava os primeiros versos da música.

"Olha aqui, preste atenção

Essa é a nossa canção..."

Lembrei que naquele momento meu coração baqueou dentro do peito. Ver mais um sonho realizado, cantar ao lado do Roberto, uma das maiores referências da Música Popular Brasileira, um dos meus ídolos, e ainda interpretar uma canção que significava tanto para mim... Como o rei costumava dizer "Eram muitas emoções!"

"Vou cantá-la seja onde for,

Para nunca esquecer o nosso amor..."

Em casa, meu pensamento voou de encontro a Júlia relembrando tudo o que passamos juntos. Desde que a última carta que ela me enviara, eu não tive mais nenhuma notícia. Eu sabia que ela e a Bruna andaram trocando algumas mensagens onde a Jú garantiu que estava bem, mas não revelou nada sobre o quê estava fazendo ou onde estava.

Ela estava certa quando escreveu na carta que seria bom eu ter um tempo para pensar e entender toda aquela história. Longe dela, eu coloquei as minhas "ideias" em ordem. Mas agora o meu coração pedia pela Júlia. Eu me sentia como se tivesse voltado à época que terminamos e ela me deixou pela primeira vez. Nada tinha a mesma graça sem a Julinha por perto... Era como se todos os dias o céu estivesse nublado, esperando ansioso por uma tempestade que nunca vinha.

Abri os olhos. Na TV, o público cantava emocionado comigo e com o Rei. Fiquei me encarando, analisando a minha imagem na tela, buscando, sem perceber, todos os pontos negativos da minha apresentação.

Eita trem! Eu precisava parar de ser tão inseguro...

Olhei ao redor. A expressão dos meus pais indicava que eles estavam apreciando a música, orgulhosos. Até a Bruna ficou quieta, assistindo ao programa sem fazer nenhuma piadinha sobre mim como ela sempre fazia.

Acabei relaxando, tentando apenas assistir o resto da minha apresentação sem pensar em tanta coisa...

A música acabou e meus pais me abraçaram, minha mãe toda orgulhosa.

— Ficou lindo, filho - Ela me beijou no rosto me presenteando com o seu carinho de mãe.

— Mandou muito bem, filhão! Ficou "chique show" - Meu pai emendou.

— Cara, esse arranjo ficou de arrepiar - Minha irmã comentou com o Puff no colo.

Era verdade. A gravação do Especial contou com praticamente uma orquestra destacando o piano, que deu um toque de sofisticação para a melodia, e o violino, que parecia chorar a tristeza da letra.

— Eu gostei do resultado final também - Acabei confessado olhando para a TV onde eu deixava o palco e o Rei dava continuidade ao programa puxando uma de suas novas canções, que tinha um ritmo mais agitado e dançante.

— Eitaa, rapáiz! Ô Luan, esse "trem" tá apitando aqui - Meu pai avisou me entregando o meu celular que eu tinha deixado jogado em cima do móvel, perto do sofá.

Peguei o meu aparelho móvel e vi que recebi uma nova mensagem. Meu coração baqueou dento do peito quando vi de quem era.

De: Júlia

Para: Luanzinho

"Amei a sua participação no programa! PARABÉNS! Se cada música é uma confissão, aqui vai a minha: Eu nunca vou esquecer o nosso amor. Volto logo! P.S.C.V."

Reli a mensagem umas três vezes sem acreditar. Ao meu redor a minha família continuava conversando animada, mas eu não conseguia prestar atenção em mais nada.

De repente, era como se a confusão no meu coração estivesse de volta: Me arrastando para o meio da tormenta, revirando o meu mundo para depois não sobrar mais nada... Só aquela saudade!

Meu celular voltou a tocar em minhas mãos. Dei um pulo, tamanho foi o susto e quase derrubei tudo no chão. Será que era a Jú?

— Alô - Atendi ainda meio torto tentando ajeitar o telefone "na oreia".

— E aê, cara? Mandou bem com o rei, hein? - Ouvi a voz do Thiagão do outro lado da linha. Tá que pariu, era sempre ele me ligando...

Trocamos alguns comentários sobre a música, o arranjo e a minha participação em geral no programa. O Thiago elogiou muito e nós dois concordamos que o resultado daquela parceria foi muito positivo.

— É "nóis" quebrando tudo com o rei, rapáiz - Brinquei, agora já mais à vontade depois de tantas emoções.

— Mas e aí, Luan... Tá de férias, né? Que "cê" tá afim de fazer nos seus dias de folga? - Meu amigo mudou de assunto.

— Quero ir para a Espanha... - Respondi sem pensar.

— Espanha? - O Thiagão perguntou sem entender nada.

— É que... É que eu acho que a Jú está lá - Fui obrigado a confessar depois do fora que dei.

— Pô cara, Julinha não tá na Espanha, não! Ela e a Thaeme andaram se falando e pelo que eu ouvi, ela tá aqui por perto...

Júlia estava por perto? Então talvez ela realmente estivesse falando sério na mensagem quando disse que voltaria logo. Abri um sorriso de orelha a orelha só de imaginar isso.

— Luan, eu e o Sorocaba vamos passar uns dias lá em Floripa, na Terra da Magia - Ele riu, irônico - Bora com a gente?

— Bora, ué! Tô aqui sem fazer nada... Vou ver aqui em casa e combinar tudo. Se bobear, levo até o Puff junto! - Respondi empolgado com o convite.

— Fechou, então! Vai ser muito top! A gente vai se falando... - Ouvi o meu parceiro se despedir e depois desligamos.

— Aêê família, borá passar uns dias em Florianópolis? - Gritei voltando para a sala. Nem me dei conta, mas enquanto falava no celular fui caminhando até chegar à cozinha.

Tava "doidinho" para conhecer melhor a Terra da Magia! Afinal, algo mágico realmente poderia acontecer por lá...


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Notas finais do capítulo

Ainda à moda Stefan Mal, vamos por partes:

1 - Julinha está por perto... Humm....

3 - Novo hit do verão: "Voa, voa, voa Tucaninha...". Só para os fortes! kkkk

4 - Não sei, mas algo me diz que essa viagem para Floripa promete!

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