O roubo da Tiara de Julien escrita por Ru Damas


Capítulo 4
Parte 4/4


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Eu comecei a trabalhar daí ficou uma bagunça esse últimos dias. Agora que consegui sentar e terminar algumas coisas que estava escrevendo.
Obrigada a todos que acompanharam até agora e favoritaram a história. Em breve eu apareço com mais algumas, mas não tão já.. hahaha
Obrigada, de coração ♥



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Wednesday – 10:45 a.m

Recruta inspirou profundamente, puxando suas calças no lugar, sentindo suas bochechas coradas e lábios inchados. Olhou de esguelha para Rico ainda sentado sobre a cama, apoiado nas mãos e o corpo inclinado para trás. Seus olhos estavam presos na ponta de sua bota, as sobrancelhas franzidas.

Sempre queria saber o que se passava pela cabeça do homem. O que o fazia muitas vezes se enrolar dentro de si e parecer um pouco maluco em certas ocasiões. Rico era sério e costumava ser calado, mas às vezes sorria como um lunático e explodia coisas no porão do esconderijo, saindo com o rosto cheio de fuligem e as camisetas furadas e chamuscadas.

Prendeu o botão de sua calça e arrumou seu moletom, passando os dedos pelo cabelo.

— O que está pensando?

Rico ergueu os olhos e os entrecerrou.

— Em nada. — Deu um sorriso de lado e ergueu o dedo, gesticulando para Recruta se aproximar.

— Oh, não. — Ergueu as mãos e balançou a cabeça ao dar um passo para trás. — Acabamos de fazer isso. Eu não suportaria...

— Feche o bico e venha cá, Sweetie.

Com um gemido de derrota, Recruta se aproximou e Rico puxou-o pela cintura, fazendo-o sentar-se escarranchado sobre seu colo. Os dedos calosos se prenderam em seu queixo e roçou o nariz torto contra o seu em uma carícia que poucas vezes demonstrava.

— Venha morar comigo.

— Nós já conversamos sobre isso. — Recruta o olhou ao suspirar.

— Eles vão entender.

Recruta mordiscou o lábio inferior e fechou os olhos.

— E se formos expulsos? — sussurrou.

Rico passou as pontas dos dedos pelo queixo pálido, tão diferente de sua pele mais escura. Deus, ele amava aquele pequeno e meigo pedaço de homem. O problema é que nunca conseguiu dizer isso, não explicitamente. Chamá-lo para morar com ele, dividir um espaço, isso era seu modo de dizer que se importava.

Suspirou, passando o polegar pelo lábio inferior rosado e tentado a chupar mais uma vez. Era como uma droga em que se sentia viciado e nunca era o suficiente. Não importava que estavam juntos há meses. Ele nunca se cansava de ter Recruta contra todo tipo de superfície, lisa ou almofadada.

— Eles não fariam isso.

— Rico...

— Se fossem capazes de fazê-lo, acho que esta seria uma boa hora.

Recruta franziu as sobrancelhas e se afastou um pouco para olhá-lo melhor.

— Do que está falando?

Rico ergueu o dedo, apontando um canto do quarto. Quando os olhos claros pousaram na linda, preta e brilhante câmera com um pino vermelho aceso, alarmes soaram tão alto na cabeça do Recruta que ele ficou surpreso que Rico não poderia ouvir também.

Levantou-se de um salto, a boca se abrindo e fechando, sem som algum saindo. Apertou ambas as mãos sobre a boca, um grito baixo saindo e estremecendo seu corpo inteiro.

— O que foi que nós fizemos?

— Eu diria que sexo monitorado, mas pode ser também um pornô ao vivo. Câmera privê. — Encolheu os ombros, um sorriso no canto da boca.

Horrorizado, Recruta socou o centro do peito e resmungou quando seus dedos doeram.

— Não brinque com algo assim! Deus, estou mortificado!

Balançou as mãos e as fechou em punhos ao se aproximar da porta e puxar o trinco. Rico se levantou da cama e puxou as calças em seu lugar de volta, afivelando o cinto em uma tranquilidade que apenas enervava Recruta ainda mais.

Bateu as mãos sobre as bochechas rosas e gemeu.

— Você vai ficar parado aí?

As negras sobrancelhas se arquearam, enrugando a cicatriz acima do olho.

— Eu estou me movendo.

— Devagar demais! — lançou as mãos para cima e abriu a porta, apontando para o corredor. — Mova essa bunda agora!

Um sorriso matreiro surgiu no rosto de Rico quando este passou pelo menor na porta e se inclinou, a língua passando pelo pescoço arranhado por sua barba.

— Eu adoro quando você fica todo no comando.

Ao se afastar, sorriu um pouco ao ver todo o rosto de Recruta avermelhado. Caminharam lado a lado até a sala de câmeras, Recruta mal conseguindo respirar de desespero. Quando Rico abriu a porta para ele entrar, quatro pares de olhos se viraram para eles. A forma como Julien sorria indicava que eles haviam visto muito, talvez tudo, o que fizeram entro daquele quarto de hóspedes.

— Ca-capitão. Nós não achamos nada. Nenhuma incriminação.

— Tenho certeza de que meu colchão não tinha provas, mas agora ele deve acusar milhões. — Julien apontou.

— Nós... Eu e Rico... Quer dizer... — Recruta engoliu em seco, as palavras se atropelando.

Capitão se aproximou e apoiou a mão sobre o ombro do pequeno apavorada e apertou suavemente. A tensão ali criava diversos nós.

— Acalme-se, rapaz. Nós sempre soubemos de vocês dois.

As sobrancelhas de Rico se arquearam em surpresa.

— Sabiam?

Kowalski bufou de onde estava, o braço apoiado sobre a mesa de teclados.

— Nós somos espiões, detetives. Acha mesmo que não íamos descobrir quando vocês dois não eram nem um pouco discretos?

Recruta esfregou a testa.

— Mas nós sempre tomamos cuidado.

— Claro. E nós sempre fingimos não saber. Mas hoje, Rico foi bastante esperto ao arranjar um forma nada explícita de nos “contar”. Muito esperto, Rico.

— Obrigado, Capitão.

Com olhos arregalados, Recruta se virou pra seu amante e exclamou com a voz esganiçada.

— Você planejou isso?

— Sim. Agora você aceita ir morar comigo?

Com um grunhido irritado, Recruta o socou no peito e cruzou os braços.

— Eu odeio você. E o lado esquerdo do seu armário é todo meu. Apenas avisando — resmungou.

O sorriso largo se colou no rosto de Rico e os outros temeram que não saísse dali tão cedo. Rico sorrindo era assustador, pois sempre achavam que ele estava prestes a matar alguém e gostar disso.

Julien bateu as mãos e apontou para as câmeras.

— Ótimo. Agora que todo mundo já está sabendo e pipi-popo, vamos ao que interessa?

— Que seria? — Capitão questionou.

— MINHA TIARA!

— Oh, claro, claro. Sua linda e maravilhosa tiara. Kowalski, relatório!

Kowalski passou a mão pelo cabelo castanho curto e se recostou na cadeira.

— Sinto muito, mas não há nada nestas câmeras. Julien, nós precisamos da câmera do seu quarto.

— Negativo.

— Julien. — Maurice reprovou com um balançar de cabeça.

— Não me venha com esses olhinhos pidões para cima de mim, Maurice. Aquela câmera nunca será divulgada — disse, empinando o queixo.

A tela apagada se acendeu, revelando o quarto de Julien. Capitão riu do canto, o fio ainda em sua mão.

— Olha só. Não é que alguns fios se ligam sozinhos na tomada?

— Muito conveniente, senhor. — Kowalski sorriu, puxando as mangas da blusa e digitando no teclado.

Julien grunhiu, pronto para falar alguma proibição, quando Maurice cobriu sua boca com as duas mãos e o fez ficar quieto.

A tela da televisão mudou para o momento em que Julien entrava, a tiara brilhante em sua cabeça. Todos observaram atentamente quando o magro homem de cabelos prateados deixava exatamente onde havia dito que deveria estar e desapareceu no banheiro. Minutos depois ele voltava com frascos na mão e se deitava na cama, abaixando as calças e abrindo as pernas.

Todos na sala emitiram som de nojo e Kowalski adiantou a gravação.

— Eu disse que ninguém deveria ver o que eu faço no meu quarto.

— Sinto que a qualquer momento meus olhos estarão sangrando e meu cérebro escorrendo por meus ouvidos — Recruta comentou.

— Idem — Rico grunhiu.

— Ora, não se façam de santos. O que nós vimos no meu quarto de hóspedes é muito mais...

— Nós entendemos seu ponto, Julien. — Recruta cortou.

O outro bufou, cruzando os braços.

— E então? O que está procurando agora?

Kowalski sequer piscava para a tela da televisão.

— O momento em que sua tiara some.

A gravação continuou rodando quando uma pequena mão surgiu na porta da varanda. As cortinas balançaram os cabelos revoltos do pequeno Morty surgiram, a risada travessa mostrando o que ele exatamente pensava em fazer.

Caminhou saltitante até a cômoda e pegou a tiara, colocando em sua própria cabeça e passou a dançar pelo quarto. Gesticulou na frente do espelho, o que lembrava muito de Julien quando estava falando. Então ele tirou de sua cabeça e a girou no pulso, tão forte que a tiara voou pelo quarto, passando pela porta aberta e desaparecendo pela sacada. Morty se encolheu, olhou ao redor e saiu pela porta da varanda, fingindo que nunca havia estado ali.

Toda a sala estava quieta e todos se viraram para Julien quando ele explodiu:

— EU VOU MATAR AQUELE MOLEQUE!

— Julien...

— MORTY! MORTY, VENHA JÁ AQUI!

Julien saiu em disparada pela porta e Maurice puxou os cabelos para trás ao andar na mesma direção. Capitão enfiou as mãos no bolsos e olhou para os colegas com um sorriso contrito.

— Bom, rapazes, acho que nosso trabalho aqui está acabado.

— Todo este tempo a tiara esteve no jardim abaixo da varanda. — Kowalski balançou a cabeça e se levantou. — Espero que dessa vez Julien nos pague e não invente uma desculpa esfarrapada.

— Posso espreme-lo caso ele finja demência outra vez.

— Acho melhor não, querido. — Recruta disse, tocando suavemente o braço retesado de Rico.

Ele sorriu, só então Recruta percebeu o que havia dito em voz alta, na frente de seu Capitão e de Kowalski. Cobriu os olhos, mortificado.

— Não sinta vergonha, rapaz. Nós achamos até bonito o casal que formam. — Capitão bateu em suas costas, o fazendo dar um passo para frente.

— Só não nos convidem para o casamento. Casamentos tendem a falir após algum tempo.

— Kowalski! — Capitão gritou.

— O quê? São as estatísticas. — Deu de ombros.

Capitão balançou a cabeça e sorriu.

— Prontos para nosso toque?

— Isso! — recruta ergueu os braços ao exclamar.

— Toca aqui! — Capitão iniciou.

Enquanto as palmas eram trocadas, algumas exclamações eram ouvidas no andar de cima. A voz de Julien ultrapassava todas as paredes assim como os gritos de pavor de Morty ao tentar escapar do pai irritado.

Mais uma missão havia sido completada pelos espiões e agentes conhecidos como “Pinguins de Madagascar”.


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Notas finais do capítulo

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