O roubo da Tiara de Julien escrita por Ru Damas
Notas iniciais do capítulo
Desculpem a demora. Eu comecei a trabalhar daí ficou uma bagunça esse últimos dias. Agora que consegui sentar e terminar algumas coisas que estava escrevendo.
Obrigada a todos que acompanharam até agora e favoritaram a história. Em breve eu apareço com mais algumas, mas não tão já.. hahaha
Obrigada, de coração ♥
Wednesday – 10:45 a.m
Recruta inspirou profundamente, puxando suas calças no lugar, sentindo suas bochechas coradas e lábios inchados. Olhou de esguelha para Rico ainda sentado sobre a cama, apoiado nas mãos e o corpo inclinado para trás. Seus olhos estavam presos na ponta de sua bota, as sobrancelhas franzidas.
Sempre queria saber o que se passava pela cabeça do homem. O que o fazia muitas vezes se enrolar dentro de si e parecer um pouco maluco em certas ocasiões. Rico era sério e costumava ser calado, mas às vezes sorria como um lunático e explodia coisas no porão do esconderijo, saindo com o rosto cheio de fuligem e as camisetas furadas e chamuscadas.
Prendeu o botão de sua calça e arrumou seu moletom, passando os dedos pelo cabelo.
— O que está pensando?
Rico ergueu os olhos e os entrecerrou.
— Em nada. — Deu um sorriso de lado e ergueu o dedo, gesticulando para Recruta se aproximar.
— Oh, não. — Ergueu as mãos e balançou a cabeça ao dar um passo para trás. — Acabamos de fazer isso. Eu não suportaria...
— Feche o bico e venha cá, Sweetie.
Com um gemido de derrota, Recruta se aproximou e Rico puxou-o pela cintura, fazendo-o sentar-se escarranchado sobre seu colo. Os dedos calosos se prenderam em seu queixo e roçou o nariz torto contra o seu em uma carícia que poucas vezes demonstrava.
— Venha morar comigo.
— Nós já conversamos sobre isso. — Recruta o olhou ao suspirar.
— Eles vão entender.
Recruta mordiscou o lábio inferior e fechou os olhos.
— E se formos expulsos? — sussurrou.
Rico passou as pontas dos dedos pelo queixo pálido, tão diferente de sua pele mais escura. Deus, ele amava aquele pequeno e meigo pedaço de homem. O problema é que nunca conseguiu dizer isso, não explicitamente. Chamá-lo para morar com ele, dividir um espaço, isso era seu modo de dizer que se importava.
Suspirou, passando o polegar pelo lábio inferior rosado e tentado a chupar mais uma vez. Era como uma droga em que se sentia viciado e nunca era o suficiente. Não importava que estavam juntos há meses. Ele nunca se cansava de ter Recruta contra todo tipo de superfície, lisa ou almofadada.
— Eles não fariam isso.
— Rico...
— Se fossem capazes de fazê-lo, acho que esta seria uma boa hora.
Recruta franziu as sobrancelhas e se afastou um pouco para olhá-lo melhor.
— Do que está falando?
Rico ergueu o dedo, apontando um canto do quarto. Quando os olhos claros pousaram na linda, preta e brilhante câmera com um pino vermelho aceso, alarmes soaram tão alto na cabeça do Recruta que ele ficou surpreso que Rico não poderia ouvir também.
Levantou-se de um salto, a boca se abrindo e fechando, sem som algum saindo. Apertou ambas as mãos sobre a boca, um grito baixo saindo e estremecendo seu corpo inteiro.
— O que foi que nós fizemos?
— Eu diria que sexo monitorado, mas pode ser também um pornô ao vivo. Câmera privê. — Encolheu os ombros, um sorriso no canto da boca.
Horrorizado, Recruta socou o centro do peito e resmungou quando seus dedos doeram.
— Não brinque com algo assim! Deus, estou mortificado!
Balançou as mãos e as fechou em punhos ao se aproximar da porta e puxar o trinco. Rico se levantou da cama e puxou as calças em seu lugar de volta, afivelando o cinto em uma tranquilidade que apenas enervava Recruta ainda mais.
Bateu as mãos sobre as bochechas rosas e gemeu.
— Você vai ficar parado aí?
As negras sobrancelhas se arquearam, enrugando a cicatriz acima do olho.
— Eu estou me movendo.
— Devagar demais! — lançou as mãos para cima e abriu a porta, apontando para o corredor. — Mova essa bunda agora!
Um sorriso matreiro surgiu no rosto de Rico quando este passou pelo menor na porta e se inclinou, a língua passando pelo pescoço arranhado por sua barba.
— Eu adoro quando você fica todo no comando.
Ao se afastar, sorriu um pouco ao ver todo o rosto de Recruta avermelhado. Caminharam lado a lado até a sala de câmeras, Recruta mal conseguindo respirar de desespero. Quando Rico abriu a porta para ele entrar, quatro pares de olhos se viraram para eles. A forma como Julien sorria indicava que eles haviam visto muito, talvez tudo, o que fizeram entro daquele quarto de hóspedes.
— Ca-capitão. Nós não achamos nada. Nenhuma incriminação.
— Tenho certeza de que meu colchão não tinha provas, mas agora ele deve acusar milhões. — Julien apontou.
— Nós... Eu e Rico... Quer dizer... — Recruta engoliu em seco, as palavras se atropelando.
Capitão se aproximou e apoiou a mão sobre o ombro do pequeno apavorada e apertou suavemente. A tensão ali criava diversos nós.
— Acalme-se, rapaz. Nós sempre soubemos de vocês dois.
As sobrancelhas de Rico se arquearam em surpresa.
— Sabiam?
Kowalski bufou de onde estava, o braço apoiado sobre a mesa de teclados.
— Nós somos espiões, detetives. Acha mesmo que não íamos descobrir quando vocês dois não eram nem um pouco discretos?
Recruta esfregou a testa.
— Mas nós sempre tomamos cuidado.
— Claro. E nós sempre fingimos não saber. Mas hoje, Rico foi bastante esperto ao arranjar um forma nada explícita de nos “contar”. Muito esperto, Rico.
— Obrigado, Capitão.
Com olhos arregalados, Recruta se virou pra seu amante e exclamou com a voz esganiçada.
— Você planejou isso?
— Sim. Agora você aceita ir morar comigo?
Com um grunhido irritado, Recruta o socou no peito e cruzou os braços.
— Eu odeio você. E o lado esquerdo do seu armário é todo meu. Apenas avisando — resmungou.
O sorriso largo se colou no rosto de Rico e os outros temeram que não saísse dali tão cedo. Rico sorrindo era assustador, pois sempre achavam que ele estava prestes a matar alguém e gostar disso.
Julien bateu as mãos e apontou para as câmeras.
— Ótimo. Agora que todo mundo já está sabendo e pipi-popo, vamos ao que interessa?
— Que seria? — Capitão questionou.
— MINHA TIARA!
— Oh, claro, claro. Sua linda e maravilhosa tiara. Kowalski, relatório!
Kowalski passou a mão pelo cabelo castanho curto e se recostou na cadeira.
— Sinto muito, mas não há nada nestas câmeras. Julien, nós precisamos da câmera do seu quarto.
— Negativo.
— Julien. — Maurice reprovou com um balançar de cabeça.
— Não me venha com esses olhinhos pidões para cima de mim, Maurice. Aquela câmera nunca será divulgada — disse, empinando o queixo.
A tela apagada se acendeu, revelando o quarto de Julien. Capitão riu do canto, o fio ainda em sua mão.
— Olha só. Não é que alguns fios se ligam sozinhos na tomada?
— Muito conveniente, senhor. — Kowalski sorriu, puxando as mangas da blusa e digitando no teclado.
Julien grunhiu, pronto para falar alguma proibição, quando Maurice cobriu sua boca com as duas mãos e o fez ficar quieto.
A tela da televisão mudou para o momento em que Julien entrava, a tiara brilhante em sua cabeça. Todos observaram atentamente quando o magro homem de cabelos prateados deixava exatamente onde havia dito que deveria estar e desapareceu no banheiro. Minutos depois ele voltava com frascos na mão e se deitava na cama, abaixando as calças e abrindo as pernas.
Todos na sala emitiram som de nojo e Kowalski adiantou a gravação.
— Eu disse que ninguém deveria ver o que eu faço no meu quarto.
— Sinto que a qualquer momento meus olhos estarão sangrando e meu cérebro escorrendo por meus ouvidos — Recruta comentou.
— Idem — Rico grunhiu.
— Ora, não se façam de santos. O que nós vimos no meu quarto de hóspedes é muito mais...
— Nós entendemos seu ponto, Julien. — Recruta cortou.
O outro bufou, cruzando os braços.
— E então? O que está procurando agora?
Kowalski sequer piscava para a tela da televisão.
— O momento em que sua tiara some.
A gravação continuou rodando quando uma pequena mão surgiu na porta da varanda. As cortinas balançaram os cabelos revoltos do pequeno Morty surgiram, a risada travessa mostrando o que ele exatamente pensava em fazer.
Caminhou saltitante até a cômoda e pegou a tiara, colocando em sua própria cabeça e passou a dançar pelo quarto. Gesticulou na frente do espelho, o que lembrava muito de Julien quando estava falando. Então ele tirou de sua cabeça e a girou no pulso, tão forte que a tiara voou pelo quarto, passando pela porta aberta e desaparecendo pela sacada. Morty se encolheu, olhou ao redor e saiu pela porta da varanda, fingindo que nunca havia estado ali.
Toda a sala estava quieta e todos se viraram para Julien quando ele explodiu:
— EU VOU MATAR AQUELE MOLEQUE!
— Julien...
— MORTY! MORTY, VENHA JÁ AQUI!
Julien saiu em disparada pela porta e Maurice puxou os cabelos para trás ao andar na mesma direção. Capitão enfiou as mãos no bolsos e olhou para os colegas com um sorriso contrito.
— Bom, rapazes, acho que nosso trabalho aqui está acabado.
— Todo este tempo a tiara esteve no jardim abaixo da varanda. — Kowalski balançou a cabeça e se levantou. — Espero que dessa vez Julien nos pague e não invente uma desculpa esfarrapada.
— Posso espreme-lo caso ele finja demência outra vez.
— Acho melhor não, querido. — Recruta disse, tocando suavemente o braço retesado de Rico.
Ele sorriu, só então Recruta percebeu o que havia dito em voz alta, na frente de seu Capitão e de Kowalski. Cobriu os olhos, mortificado.
— Não sinta vergonha, rapaz. Nós achamos até bonito o casal que formam. — Capitão bateu em suas costas, o fazendo dar um passo para frente.
— Só não nos convidem para o casamento. Casamentos tendem a falir após algum tempo.
— Kowalski! — Capitão gritou.
— O quê? São as estatísticas. — Deu de ombros.
Capitão balançou a cabeça e sorriu.
— Prontos para nosso toque?
— Isso! — recruta ergueu os braços ao exclamar.
— Toca aqui! — Capitão iniciou.
Enquanto as palmas eram trocadas, algumas exclamações eram ouvidas no andar de cima. A voz de Julien ultrapassava todas as paredes assim como os gritos de pavor de Morty ao tentar escapar do pai irritado.
Mais uma missão havia sido completada pelos espiões e agentes conhecidos como “Pinguins de Madagascar”.
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