Precisava tentar, até porque não havia outra ideia naquele momento. Já havia passado tempo demais e por isso eu corria de volta ao quarto o mais rápido que pude para que tudo voltasse a ser o que era o quanto antes, ou até melhor. A antiga Emma fugiria e se negaria, não iria permitir sentir aquilo, até porque doía tanto! A angústia, a incerteza e a ansiedade estavam lado a lado com a esperança, o que me movia até ele.

                Novamente estava a beira da sua cama, me aproximando aos poucos enquanto o analisava inconsciente e totalmente vulnerável. Vê-lo assim me fazia lembrar de tudo o que já passamos; das brigas, das aventuras e de nossos olhares. E eu queria tudo de novo, sem tirar e nem pôr nada, inclusive nossas desavenças, porque era nossa história. E enquanto pensava tudo isso, acariciava seu rosto como forma de criar coragem para prosseguir, porque por mais que eu queria muito beijá-lo, aquilo parecia difícil pra mim; marcaria o início de uma nova Emma.

                Então uma lágrima do meu rosto escorre e toca a sua pele durante o beijo demorado em seus lábios semicerrados. E enquanto recuo meu rosto, novamente o acaricio, aguardando ansiosamente os próximos segundos até encarar seus olhos castanhos novamente sem acreditar que havia funcionado.

—Puta que...

                Antes que eu pudesse terminar a minha reação incrédula, Gancho me puxa novamente para um beijo ao se dar conta do que havia feito para trazê-lo de volta. E de fato, perceberam que aquele beijo demorou a sair.

                E para a surpresa de todos, a princesa Emma finalmente estava com alguém e dessa vez não era por pressão dos meus pais. Em pouco tempo, Gancho e Henry já estavam morando no castelo e eu pude mostrar nossa coleção de armaduras que havia prometido há tempos.

                Regina reverteu seu feitiço em Zelena e por mais que isso pudesse ser um recomeço entre as duas, preferiram seguir caminhos diferentes, apenas deixando o rancor de lado e iniciando novos rumos. Inclusive, Regina e Robin estavam morando juntos novamente, construindo sua história juntos.

E o meu feitiço do "coração amaldiçoado"? Bom... Digamos que Regina estava certa o tempo todo e de fato, me abrir para o amor retraiu a maldição. Segundo ela, o amor é feito de desafios diários, de pequenos gestos e ações e assim aos poucos, minha maldição diminuiria até não sobrar mais nada em mim.

—Parece que finalmente tudo está se encaminhando... – Mamãe comenta durante o jantar, sorrindo para mim como se estivesse encantada – Vejo seu brilho daqui...

—Mãe... – Digo sem graça, desviando o olhar e me deparando com um sorriso cheio de graça de Gancho.

—Só falta sabermos quando será o casório, já que...

—James! Olha os modos. – Mamãe o corta, repreendendo-o – Não vamos apressar...

—Ah, só achei que... eles estão juntos há meses e...

—Bom... Não foi dessa forma que eu planejei, mas como sou péssimo em planejar as coisas vou aproveitar essa deixa. – Gancho diz recuando sua cadeira da mesa e se levantando, chamando toda a atenção para ele, olhando-o em silêncio sem imaginar o que diria.

                Gancho então se ajeita e com um convite elegante estende sua mão para que eu a segure e levante da cadeira, ainda sem reação. E ao vê-lo se ajoelhar à minha frente com uma caixinha pequena em sua mão, minha ficha cai e eu sinto meu coração disparar. Aquele momento era um pesadelo pra mim, eu evitava de todas as formas possíveis e não conseguia sequer pensar sobre; mas de alguma forma, me senti diferente dessa vez. Meu nervosismo não estava em como iria fugir daquela situação, mas sim do que iria acontecer após o pedido.

—Emma Swan, você aceita se casar com...

—Sim, sim!

                Não conseguia mais esperar. Pela primeira vez, não precisei pensar em uma resposta porque ela já era bem óbvia pra mim. Gancho foi quem me transformou de uma forma inesperada, me fazendo uma nova pessoa e mulher. E eu sei que o “felizes para sempre” não é uma utopia ou sinônimo de uma vida perfeita, mas sim uma forma de dizer que o amor tudo vence.